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Capitulo Um: Acordar.

● Por Alivia

Ela sentiu uma luz bater em seu rosto e começar a incomodar seriamente seus olhos, mas não os abriu, não estava conseguindo, não se lembrava direito de nada, tudo parecia dormente... aos poucos seus sentidos foram voltando a funcionar.

Com certa dificuldade, abriu os olhos azuis e quase os fechou de novo, a luz que vinha do teto os incomodou, mas sentiu algo estranho em seu nariz, franziu as sombrancelhas finas, olhando ao redor, percebeu as paredes brancas e altas de um quarto, o teto branco com lâmpadas ao longo de sua extensão.

Estava em um hospital, tinha certeza disso, não sabia como, mas tinha certeza.

Em um canto perto da cama em que estava, sua mãe dormia em uma poltrona, numa posição nada confortável, engolindo em seco e se esforçando ela tentou falar, e não conseguiu.

Parecia que faziam séculos que não conversava, que não usava sua voz, sua língua parecia chumbo. Tentou de novo.

--- Ma-mãe... --- Chamou baixo, quase em um sussurro.

Movimentou a mão, e as várias mangueiras com remédios que entravam diretamente em suas veias, se balançaram, além de um sonda em seu nariz que era muito desconfortável.

--- Mãe... --- Sua voz saiu um tom mais alto, e como Vanessa tinha o sono leve, levantou alarmada, encarando a filha com os olhos marejados.

--- Filha... --- Sussurrou indo até Alivia, que respirou fundo sentindo os olhos pesarem novamente, e se fecharem lentamente --- ENFERMEIRA! --- Foi a última coisa que ouviu antes de tudo escurecer novamente.

                                       ●○●

--- Não precisa ter medo Ali --- Paul disse sorrindo.

Naquela época, há tanto perdida e quase esquecida, ele tinha apenas dez anos, mas já era um rapaz bonito, um reflexo do que se tornaria anos no futuro.

--- Mas... e se eu cair, Paul? --- A Alivia, de alguns anos atrás, perguntou, montada sua bicicletinha rosa, as sobrancelhas franzidas.

--- Se você cair, mas não vai, eu te levanto! --- Paul sorriu mais abertamente para a pequena Alivia de sete anos --- É para isso que servem os irmãos mais velhos!

Após as palavras de seu irmão a pequena Alivia perdeu o medo, e começou a pedalar andando de bicicleta pela primeira vez.

A cena mudou, e agora ela tinha dez anos...

--- Oi, eu a Claire! --- Uma menina de pelo menos onze anos disse se aproximando, seus cabelos castanhos e cacheados brilhavam ao reflexo do sol dourado daquela manhã de agosto.

--- Eu sou a... Alivia. --- Respondeu sorrindo, tímida, estavam no amplo pátio de uma escola com um nome grande demais para lembrar --- Você é... nova aqui?

--- Sim, acabei de me mudar! --- Ela contou extrovertida, se sentando ao lado de Alivia --- Sabe eu gostei de você...o quê acha de sermos melhores amigas para sempre?

--- Acho... --- Ela pensou um pouco, parecia uma proposta viável --- Acho uma ótima ideia! --- Sorriu abertamente.

A cena mudou novamente agora, Alivia tinha quinze anos...

--- Luigi? --- A jovem questionou, parada na soleira da porta de sua casa.

Do lado de fora do quintal, debaixo da chuva forte que caia insistentemente, estava Luigi, molhado até os ossos, e com um buquê de lindas rosas vermelhas na mão, também encharcado.

--- Alivia, oi... eu... e-eu... --- O jovem sorriu envergonhado, coçando a nuca antes de continuar --- Eu não sabia que iria chover...

--- Bem... --- Alivia sorriu, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha --- E o quê você está fazendo aqui? --- Ela encarou o rapaz nos olhos, azuis contra verdes.

--- Eu... --- Ele respirou fundo, criando coragem, ou tentando --- Eu queria saber se você aceita...aceita namorar comigo? --- Ele lhe estendeu o buquê, a jovem não pode deixar de conter a surpresa.

--- Sim! --- Ela correu até ele acabando com a a curta distância que os separava --- Mil vezes sim! --- Ela pegou as flores e passou os braços pelo pescoço dele que a envolveu pela cintura em um abraço terno, sem se importar que estavam em baixo da chuva.  

                                    ●○●

--- Mas já fazem três dias... --- Alivia ouviu alguém falar, distante e abafado, conhecia aquela voz --- Ela não deu mais nenhum sinal, não acordou de novo... estou preocupada.

Alivia sentiu seus sentidos voltando a atividade, ela ouvia claramente agora, e novamente a luz forte a incomodou, ela abriu os olhos e via tudo nitidamente.

--- O caso da sua filha é complicado senhora, já é um progresso muito grande ela ter acordado. --- A segunda voz era masculina.

Após abrir os olhos, Alivia sentiu uma forte dor de cabeça, pode ver que ainda estava no mesmo quarto da última vez, e viu duas figuras perto da cama, um homem que com certeza era o médico e uma mulher, sua mãe, que percebeu a jovem de olhos abertos.

--- Filha! --- Os olhos da mulher, que já estavam vermelhos e com várias olheiras, se encheram de lágrimas --- Meu anjo...que bom que você acordou... --- A mulher segurou a mão pálida da jovem.

--- O quê...o quê aconteceu...? --- Perguntou com certa dificuldade, vendo a mãe trocar olhares com o médico que tomou a palavra prontamente.

--- Bem...senhorita Alivia, nós temos que fazer alguns exames na senhorita, mas logo poderá falar com sua mãe, sim? --- Ele tentava passar uma falsa tranquilidade para a jovem, que sem muitas escolhas, para não dizer nenhuma, assentiu.

Após uma série de exames, Alivia finalmente pode receber a visita da mãe, que parecia nervosa.

A jovem já estava sem alguns dos equipamentos que usava para respirar direito, ao se sentar na cama, uma hora após ter acordado, se viu pensando na surpresa que teve ao perceber o tamanho de seu cabelo, antes o cabelo preto ia ate acima dos ombros estreitos, e agora chegavam até a cintura da jovem.

--- Mãe...o quê aconteceu? --- Perguntou encarando a mulher morena a sua frente.

--- Do quê você se lembra, meu anjo? --- Vanessa já tinha os olhos marejados, Alivia franziu as sobrancelhas.

--- Me lembro de sairmos da boate, do carro bater em algo, e aí eu acordei aqui... --- A jovem desviou os olhos --- Onde está meu irmão...? E a Claire? E meu namorado? --- Alivia começou a sentir o desespero a dominar.

--- Filha...o acidente foi bem feio... seu irmão... ele... ele não... --- Vanessa mal conseguia falar, sua voz estava baixa e fina --- Não resistiu... --- A mulher se desmanchou em lágrimas assim como a filha.

O terror tomou conta de Alivia de modo muito rápido, e ela se viu em meio ao despreparo da falta de informações.

--- Mãe...mãe me conta isso direito... --- Alivia segurou firmemente as mãos da mãe, ela soluçava e a mãe também.

--- Não foi só seu irmão que... que morreu. Na verdade você foi a única que sobreviveu querida... --- Vanessa se segurava para não mais chorar a expressão de Alivia era de descrença e choque, as lagrimas vinham involuntariamente --- Eu sinto muito...

As lágrimas eram quentes e salgadas, desciam sem parar pelo rosto da jovem de cabelos negros. Ela sentia como se houvesse um buraco em seu peito. Um que não iria se fechar tão cedo.

--- Mas isso... mas isso não... não pode ser real! Não pode! --- A jovem soluçou, cada batida de seu coração doía --- Há quanto tempo eu... --- Ela fez uma pausa --- Há quanto tempo eu estou aqui...? --- Perguntou.

--- Pouco mais de...um ano.

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