● Por Joshua..
Mas sua mente insistia em pensar nela, sem parar.
--- JOSHUA! --- Ouviu a voz Jake o chamar, antes do garoto abrir a porta do quarto com força e entrar, fazendo com que o loiro se assustasse --- Mamãe está te chamado lá embaixo.
--- Não entre mais no meu quarto assim, pirralho! --- Johsua observou o irmão mais novo se encostar no batente da porta e revirar os olhos castanhos --- O quê a mamãe quer?
--- Não sei, só mandou te chamar. --- Jake disse, já se afastando da porta e começando a andar pelo corredor.
--- Hum, tá. --- Joshua saiu do quarto, fechando a porta de madeira e seguindo o irmão escada abaixo, encontrando a mãe na sala --- Mandou me chamar pra quê, mãe?
--- Para me ajudar com as caixas. --- Angeline apontou as caixas de papelão espahadas pelo chão --- Não só você, Jake também vai me ajudar. --- Falou vendo o menor fazer uma careta.
--- Tudo bem...sem outras opções, não é?! --- Joshua suspirou.
Haviam várias caixas, grandes e pequenas, mudança era mesmo uma chatice, e Jake se mostrava a beira de colapso a cada caixa que abria. Depois de alguns minutos desencaixotando suas coisas, Joshua finalmente fez a pergunta que tanto queria.
--- Mãe...de onde disse que conhecia a senhora Vanessa, mesmo? --- O tom quase denunciava sua curiosidade.
Angeline não estranhou a pergunta, mas Jake sim, embora não tenha dito nada. O irmão provavelmente só queria saber mais sobre a vizinha.
--- Conheci Vanessa no colegial, estudamos na mesma sala por anos, mas depois que saí da cidade perdi o contato com ela. --- Angeline explicou, pondo as caixas vazias uma dentro da outra --- Só voltei a encontra-lá agora, que voltei a cidade.
--- Entendi... --- Joshua colocou algumas coisas sobre uma das mesas e observou Jake, que estava mais afastados deles.
Joshua sabia que o irmão era esperto demais, e se o visse fazendo perguntas a mãe sobre a vizinha, o mais novo provavelmente nunca o deixaria em paz.
--- E sobre o coma da filha dela...? --- Perguntou o loiro por fim, em voz baixa, parando de mexer na grande caixa com livros, enquanto Jake se aproximava com duas caixas pequenas --- O que a senhora sabe sobre isso?
--- Bem... --- Angeline mordeu o lábio inferior, os olhos castanhos como os do filho mais novo se estreitaram --- A história do coma é um assunto muito delicado para a família dela... --- Ela encarou Joshua --- Um assunto muito sério. --- Indicou Jake com os olhos.
--- Claro, eu entendo. --- Joshua entendeu o quê a mãe quis dizer de imediato --- Então conversamos sobre isso outro dia --- Forçou um sorriso pegando outra caixa --- Amanhã?
--- Amanhã. --- Angeline concordou, levando uma caixa para o andar superior.
Naquela noite, Joshua tentou não pensar na vizinha, nem se quer se lembrou de perguntar o nome dela para a mãe e quando se lembrou, resolveu não tocar mais no assunto. Ele não precisa saber, de todo modo.
● Por Alivia...No dia seguinte a volta para casa, Alivia acordou cedo, mal dormira para falar a verdade. Será que após tanto tempo no hospital, seu corpo não reconhecia mais sua cama?
Era essa a impressão que tinha.
Ela se sentou na cama e encarou o quarto, estava pensando seriamente em pintar as paredes de preto ou qualquer outra cor menos... alegre.
Ela havia se perguntado o que levara os médicos a não desligarem os aparelhos após tanto tempo com ela em coma, Vanessa havia mencionado por alto que seu pai tinha algo com isso.
Alivia forçou seu corpo a levantar e seguiu para o banheiro, tomou um banho demorado e vestiu uma calça jeans preta, colocando um moletom verde por cima.
Enquanto descia as escadas, ela pensou no rapaz que vira no dia anterior, na janela.
Ele era bonito. Com cabelos loiros e rebeldes, os olhos pareciam ser de um azul intenso, não tivera muito tempo para reparar nos detalhes do rosto dele, mas tinha uma beleza tão...
Ela balançou a cabeça, afastando os pensamentos sobre seu novo vizinho enquanto seguia para a cozinha.
Pra quê pensar nele?
--- Bom dia, meu anjo! --- Recebeu um sorriso de Vanessa antes de sentir seu abraço forte, sorriu de lado.
--- Bom dia, mãe. --- Disse ainda abraçada a mãe, então se afastaram --- A senhora está bem? --- Perguntou de cenho levemente franzido, vendo que ela tinha a expressão abatida.
--- Estou, é só que... --- Vanessa suspirou, sem olhar nos olhos dela --- Que tal nos sentarmos? --- Segurou na mão da filha e a guiou até a mesa.
--- O que foi, mãe? Estou ficando preocupada. --- Alivia começava a se sentir nervosa. Ela se sentia assim o tempo todo.
--- Meu amor, você lembra que nós duas haviamos combinado de... de conversar sobre tudo que aconteceu? --- Após a fala de Vanessa, Alivia se lembrou do que tinham combinado no dia anterior.
Sim, elas haviam combinado. E era hora de cumprir.
--- Sim, eu me lembro. A senhora... está pronta para falar sobre isso? --- Alivia se preocupou.
A jovem sabia que os meses que ficou em coma deveriam ter sido muito difíceis para sua mãe, aguentar tudo que estava acontecendo sozinha devia ter sido horrível, e reviver era pior ainda.
--- Eu tenho que estar, você merece respostas tem que entender o quê aconteceu... sei que deve estar sendo difícil para você também, filha. --- Vanessa suspirou mais uma vez suas mãos estavam inquietas --- Vou pegar um suco para você, quer algo para comer também?
-- Não, só o suco já está bom. --- Alivia respondeu.
Ela estava se preparando para a conversa. E não sentia um pingo de fome naquele momento. Vanessa se levantou e foi até a geladeira, pegando uma jarra com suco e a colocando sobre a mesa, pegou um copo no armário e voltou a se aproximar.
Alivia percebeu que sentia falta disso.
--- Sabe, mãe, para mim é como se eu tivesse dormido por algumas horas...ou uns dois dias no máximo. --- A jovem juntou as mãos --- Na minha lembrança é como se fosse um sonho.
--- Quando se está em coma não se vê o tempo passando, é como se estivesse dormindo mesmo. --- Vanessa encheu o copo com suco de laranja e entregou a Alivia, indo se sentar --- De acordo com os médicos, você ter sobrevivido é um milagre.
--- Mas e os outros? Como...como é que só eu sobrevivi? --- Alivia perguntou, sentindo a garganta seca e tomando um gole do suco.
--- Bom... --- Vanessa se segurava para não chorar, já havia derramado lágrimas demais --- Como você estava no banco de trás teve menos impacto na batida, mas Claire e Paul que estavam na frente foram os primeiros a receber o impacto, e como o caminhão bateu no lado do carona, Claire foi a primeira a ser atingida... ela morreu na hora.
As lágrimas, tanto as de Vanessa quanto as de Alivia, caíram. Lágrimas que representavam a dor da perda.
--- E o...Paul? --- A jovem perguntou, com receio, deixando o suco de lado.
--- Seu irmão foi socorrido no local mas o caso dele era grave e quando a ambulância chegou ele e Claire já estavam mortos... --- Era muito doloroso para Vanessa tocar naquele assunto, mas ela continuou --- O resgate de Luigi demorou um pouco. Ele estava do mesmo lado que Claire, por isso foi complicado.
--- Ele ainda estava vivo? Quando o resgataram. --- Alivia já estava com os olhos vermelhos.
--- Sim. Você e Luigi eram os únicos que estavam vivos, ele teve que passar por duas cirurgias, uma no quadril e outra na perna, já você por uma na cabeça. --- Vanessa limpou algumas lágrimas --- Luigi ficou três semanas no hospital em coma induzido e passando por cirurgias.
--- E depois das três semanas? --- Perguntou a jovem, tentando evitar que mais lágrimas caíssem.
--- Ele não resistiu, e você também estava em coma, e ficou assim por um ano e três meses. --- Vanessa chorava ao terminar de falar --- Oh, filha, foi tão difícil!
Alivia digeriu tudo que sua mãe tinha lhe falado devagar, eram muitas coisas para uma pessoa lidar em tão pouco tempo e tão rápido. A jovem franziu as sombrancelhas e respirou fundo três vezes, se acalmando, havia tomado uma decisão.
--- Mãe, nós vamos sair. --- Alivia se levantou, deixando a mãe surpresa.
--- E aonde vamos? --- Vanessa limpou as bochechas molhadas pelas lágrimas salgadas.
--- Nós vamos ao cemitério.
• Por Alivia...As palavras da jovem deixaram Vanessa assustada num primeiro momento, e num segundo, ela estava confusa e preocupada.Ir ao cemitério era a última coisa que Alivia devia fazer naquele momento. Seria doloroso demais, uma emoção desnecessária no momento em que estava.--- Como assim, minha filha? --- Vanessa ainda estava em choque, e seu cérebro se esforçava para acompanhar.A decisão havia sido muito repentina, e a mais velha não esperava que a filha fosse querer algo assim tão depressa. Alivia não estava preparada. Não, Vanessa não podia deixar a filha ir. Ela sabia o que era melhor para sua menina.-
● Por AliviaVer o túmulo de Paul fez com que a ficha de Alivia finalmente caísse, e não foi algo bom. Doeu. Mais do que ela podia aguentar. A jovem ainda tinha esperança de ser tudo um sonho ruim, do qual acordaria a qualquer momento, assim que achasse um jeito. Mas não era um sonho. E ela não acordou. Ver o túmulo de Claire foi igualmente doloroso para ela, sua melhor amiga era uma pessoa tão boa, tão meiga, tão gentil, e foi sua primeira amiga de verdade e a primeira garota que Paul levou a sério, os dois estavam tão felizes juntos... Era muito injus
● Por JoshuaHaviam duas semanas inteiras que Joshua não via Alivia, e ele estava mais preocupado do que achou que ficaria. Nem sequer a janela do quarto dela estava aberta, e ficou as duas semanas fechada e coberta com cortinas escuras que não permitiam ver nada lá dentro, nem uma luz ou qualquer sinal de que a jovem estava lá. Joshua passou a ficar muito preocupado, ele queria ir até lá, mas não teve coragem, não conhecia muito bem Alivia, mas sabia, pelos olhos dela, que a jovem precisava conversar, parecia solitária, triste e até deprimida demais... --- Joshua? --- Ouviu a voz de sua mãe o chamar e se virou, vendo Angeline parada na porta da cozinha --- Fi
● Por JoshuaEle havia ficado assustado com a jovem de cabelos pretos e olhos puxados que entrou na sala como um furacão de macacão florido. O olhar de desconfiança não sumiu nos segundos que se seguiram a entrada dela. --- Por que você está aqui? --- Ela perguntou, tentando acalmar a crise de choro de Alivia --- Qual seu nome? Sinto que te conheço. --- Sou Joshua, vim trazer umas coisas para a mãe dela e ela estava assim, a mão está cortada. --- Avisou. --- Sou Lin Mei, prima dela. --- A morena pegou a mão da outra, haviam cacos presos lá --- Preciso tirar isso, fique aqui, vou pegar o kit médico.
● Por AliviaLin Mei ficou com Alivia até Vanessa voltar do trabalho, e explicou para a tia tudo que aconteceu naquela manhã, como Alivia cortou a mão, como ela e o vizinho ajudaram a prima com o machucado, e que ela deveria sair mais de casa, que a jovem estava muito deprimida. --- Eu não acredito que você socou um espelho! O quê você tem na cabeça?! Porquê fez isso Alivia?! --- Vanessa estava furiosa. --- Tia, vai com calma...não precisa gritar com ela. --- Lin interveio com a voz calma --- Desnecessário.Alivia estava sentada no sofá com Vanessa em pé a sua direita e Lin Mei a esquerda, ao seu
● Por JoshuaJá fazia alguns minutos que Alivia e Joshua estavam andando pelas calçadas da rua principal, a jovem se sentia bem ao lado do loiro, ele era um rapaz divertido, bem humorado, capaz de lhe arrancar sorrisos. --- Seu irmão é impossível. Não acredito que ele fala coisas assim, é muito inteligente. --- Alivia deu um sorriso --- Jake parece um adulto falando! Mais esperto que nós dois juntos! A conversa dos jovens havia se prolongando por todo caminho, não faltava assunto com Joshua, ele sempre tinha algo a falar ou comentar, era contagiante. --- Pois é, você não sabe o que eu tenho que aturar em casa! --- Joshua deu risada rápida, eles es
● Por JoshuaJoshua percebeu que Alivia estava, de alguma forma, mais leve, mais alegre e mais feliz também, podia ver que o azul de seus olhos apareciam mais nitidamente do quê das outras vezes que estivera com a jovem. E ele ficava muito feliz por ela. --- E você pretende voltar a estudar? --- Ele perguntou, pegando uma batatinha empanada e colocando na boca. A conversa havia rodado até chegar nos estudos, Joshua começaria a faculdade em alguns meses. --- Não sei, mas acho que sim. --- Alivia respondeu dando um gole no seu milkshake --- Eu ia começar o 2° ano do Ensino Médio e não sei como vai ser voltar a estudar
● Por AliviaDepois do passeio pela cidade, que já fazia dois dias, Alivia não havia visto Joshua, talvez tenha sido pelo fato da jovem nem ao menos sair de casa depois daquele dia. Nem na janela ela aparecia, estava sempre fechada, não recebia visitas, não queria ver ninguém. Alivia não sabia explicar o que estava sentindo, era um estranho misto de emoções por ter se divertido tanto quando devia estar de luto. Nas últimas duas semanas, desde que voltara, havia recebido a visita de três exs-colegas, com quem tinha mais intimidade quando estudava, agora eles estavam na faculdade, mas não podiam ser considerados seus amigos. --- Filha vou sair com a Angeline e co