● Por Alivia
Passar em frente a porta do quarto de Paul foi como um soco no estômago de Alivia, ela não conseguiu ficar muito tempo no corredor e logo correu para seu quarto, batendo a porta e trancando-a mesmo indo contra os pedidos de sua mãe.
Ela não queria magoar Vanessa, mas ela própria estava tão machucada que não sabia como prosseguir.
Assim que fechou a porta atrás de si, Alivia deslizou até o chão e chorou toda sua tristeza e armagura, ali largada e sozinha, do jeito que se imaginava pelos próximos anos.
Depois de alguns minutos, ela começou a olhar em volta, observando seu quarto e percebendo que tudo estava exatamente igual, do mesmo jeito que havia deixado na noite do acidente.
A cama de solteiro do lado da janela não havia sido movida um centímetro, o criado-mudo branco permanecia ao lado da cabeceira, um metro da janela que tinha as cortinas azuis afastadas.
A jovem esticou as pernas e notou que no chão, o felpudo tapete branco tinha o mesmo número de almofadas que antes, do lado da porta estavam o guarda-roupa branco e a escrivaninha, além da porta branca do banheiro do lado oposto a cama, as paredes azuis e rosa com várias fotos e luzes espalhadas.
Então, ainda com a visão embaçada por conta das lágrimas, Alivia se levantou e começou andar em direção a janela, não a deixaria aberta, queria distância do sol, da luz...
Assim que chegou a janela, Alivia se surpreendeu. Havia alguém a observando.
● Por Joshua
Ele entrou em casa com a caixa de papelão em mãos, suas coisas estávam lá dentro, uma parte delas, o loiro colocou a caixa sobre uma das pequenas e redondas mesas da sala, se espreguiçando em seguida.
--- O quê você tanto olhava lá fora? --- Se assustou ao ouvir uma voz curiosa atrás de si.
--- Que susto, Jake! --- Se virou para o irmão mais novo, que o olhava curioso, os olhos castanhos até brilhavam --- Isso não é da sua conta, pirralho. --- Sorriu bagunçando os cabelos loiros do irmão, que fez uma careta.
--- Aposto que você estava olhando a nossa vizinha. --- O menino sorriu, contornando o irmão para chegar a uma mesa.
--- Ela é nossa vizinha? --- Perguntou se virando e tombando a cabeça de lado, um pouco confuso.
--- Eu sabia que você tava olhando pra ela! --- O garoto se divertiu vendo o irmão revirar os olhos --- Stalker!
--- Vai me responder ou não? --- Joshua arqueou uma sombrancelha, impaciente, batendo o pé no chão --- Eu quero uma resposta, nanico.
--- Ok, eu respondo. Mamãe disse que aquela garota é a filha da vizinha que esta... de voooolta pra caaaasa! --- Contarolou a última parte indo em direção a cozinha.
--- A que estava em coma? --- Joshua não conseguiu esconder a surpresa, andou até o irmão mais novo, passando por várias caixas de papelão.
--- A própria! --- Jake respondeu, já sumindo de vista.
--- Uau... --- Sussurrou o loiro, franzindo levemente as sobrancelhas.
Por fim, deixou a curiosidade de lado e decidiu subir para seu quarto, as coisas no andar de baixo ainda estavam muito desorganizadas e em cima não era diferente, subiu as escadas e entrou na terceira porta do corredor. Seu quarto.
A cama de solteiro estava arrumada assim como as demais coisas do quarto exceto pela falta de decoração e as prateleiras ao longo das paredes que estavam vazias. Não estava a bagunça que esperava.
Olhando ao redor percebeu uma janela, fechada, mas que dava a visão da casa ao lado e de outra janela a três metros da sua, o loiro caminhou até lá, sabia que aquela casa era a de sua vizinha, a jovem que ele vira descer do carro mais cedo.
Ao se aproximar da janela, ele pode perceber que se tratava da janela de um quarto, viu a porta ser aberta e fechada com força, continuou olhando pela sua janela, a outra também estava aberta.
Desde quando era curioso assim? Para ficar monitorando janelas alheias. Que Jake não visse aquilo. Um tempo depois ele viu a mesma jovem de mais cedo aparecer na janela para fecha-la se assustar quando o viu.
Ele próprio havia se assustado, os dois fecharam as janelas ao mesmo tempo.
--- Poxa! --- Joshua respirou fundo.
Por que não conseguia tirar a imagem dela de sua mente? Aquela expressão tão fragilizada, os olhos tristes de alguém que precisava de apoio e carinho...
--- Chega! --- Ordenou a si mesmo andando ate a cama e se sentando lá, para respirar fundo mais uma vez.
● Por Alivia
Alivia se encostou na parede ao lado da janela, ainda surpresa. Seu coração batia tão rápido que chegava a quase doer.
Ela não sabia que a casa ao lado havia sido vendida, se bem que... ela ficou muito tempo fora, não sabia mais como estavam as coisas, havia perdido tantos acontecimentos, tantos fatos importantes, o enterro do irmão, da amiga, do namorado...
Ouviu uma batida de leve na porta, e quase se assustou com o barulho.
--- Querida? Sou eu, sua mãe, abra para mim. --- A voz de Vanessa saiu abafada do outro lado da porta.
Alivia não sabia se era a melhor decisão a se tomar, mas andou até a porta e a abriu.
--- Quer alguma coisa...? --- Arqueou a sombrancelha, sua voz saiu baixa, e ela percebeu uma bandeja nas mãos de sua mãe.
--- Vim ver se você quer comer algo... aceita um lanche? --- Vanessa sorriu discreta mostrando o conteúdo da bandeja: um sanduíche de pasta de amendoim e um suco de laranja.
--- Eu...não estou com muita fome. --- Alivia mordeu o lábio inferior, sabia que só deixaria a mãe mais preocupada --- Mas posso fazer um esforço... --- Sorriu pegando a bandeja e caminhando ate a escrivaninha, deixou a passagem livre e Vanessa entrou.
--- É tão bom te ver em casa de novo... --- A mulher sentiu os olhos ficarem marejados, mas os limpou rapidamente.
--- Mãe... --- Alivia se aproximou a abraçando --- Nós duas precisamos conversar, mas... --- Se afastou a encarando nos olhos --- Não agora.
--- Amanhã. --- Vanessa decidiu e Alivia assentiu pegando o copo com o suco, a jovem bebeu um gole e voltou a encarar a mãe.
Uma vontade súbita de saber mais sobre o rapaz que vira na janela fez com que ela não pudesse segurar a pergunta.
--- A casa ao lado foi vendida? --- Perguntou, como quem não quer nada.
--- Sim. --- Vanessa respondeu, estranhando a curiosidade da filha.
--- Quando? --- Alivia deixou o copo sobre a bandeja e se forçou a dar uma mordida no sanduíche.
--- Umas... duas semanas atrás. --- Vanessa viu a filha assentir lentamente --- A mulher que a comprou, Angeline, estudou comigo no colegial, voltou para a cidade recentemente com os dois filhos, o marido morreu a três meses. --- Explicou.
--- Dois filhos, é? --- Alivia insistiu tomando outro gole do suco.
--- Sim, Jake um garotinho de nove anos... --- Explicou Vanessa --- E o mais velho de dezenove, Joshua.
Joshua... esse era o nome dele.
● Por Joshua..Joshua se levantou da cama e começou a andar em círculos pelo quarto, não deveria ficar pensando na jovem que vira a pouco, sabia disso, ele nem sequer a conhecia, e pelo que observou dela, não parecia querer fazer amigos.Mas sua mente insistia em pensar nela, sem parar.--- JOSHUA! --- Ouviu a voz Jake o chamar, antes do garoto abrir a porta do quarto com força e entrar, fazendo com que o loiro se assustasse --- Mamãe está te chamado lá embaixo.--- Não entre mais no meu quarto assim, pirralho! --- Johsua observou o irmão mais novo se encostar no batente da porta e revirar os olhos castanhos --- O quê a mamãe quer?--- Não sei, só mand
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● Por AliviaVer o túmulo de Paul fez com que a ficha de Alivia finalmente caísse, e não foi algo bom. Doeu. Mais do que ela podia aguentar. A jovem ainda tinha esperança de ser tudo um sonho ruim, do qual acordaria a qualquer momento, assim que achasse um jeito. Mas não era um sonho. E ela não acordou. Ver o túmulo de Claire foi igualmente doloroso para ela, sua melhor amiga era uma pessoa tão boa, tão meiga, tão gentil, e foi sua primeira amiga de verdade e a primeira garota que Paul levou a sério, os dois estavam tão felizes juntos... Era muito injus
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