Os olhos arregalados de Clarisse assistiram atentamente quando o homem atravessou a porta e saiu sem nem mesmo olhar para trás. Desviou para as notas em cima da mesa, os doces que pediu até sua mão que foi baixando aos poucos até chegar à mesa.
Porque ele iria elogiá-la? Seria um truque ruim para que fosse a festa depois do convite? Porque embora fosse importante para Ronny, não seria o lugar que gostaria de estar na noite de Natal.Também não terminou de comer ou tomar seu café. Pescou o convite na mesa e saiu pegando o primeiro táxi que lhe apareceu. Sua mente confusa a levou até a casa de sua melhor amiga a poucos metros da sua.Tocou a campainha insistentemente até finalmente a porta ser aberta revelando a garota do lado de dentro. A expressão de ódio é felicidade ao mesmo tempo, Clarisse entrou mesmo assim.— Sei que somos amigas, mas me interromper no meio do meu sono de beleza é complicado. – Praguejou fechando a porta.— Já são quase seis da tarde, por favor. - Achou graça — Você é uma estudante de moda maravilhosa e tenho certeza que irá gostar de me ajudar a achar uma roupa incrível para a festa de Natal dos Tornneght.— O que? – A surpresa veio junto ao convite exibido — Oh meu Deus! Você vai participar da festa de Natal do Ronny. Hmmm, espera, qual é a condição? Vai servir alguém?— O que? Não. Não. Dessa vez quem me convidou e deu o convite foi o senhor Tornneght, pessoalmente. – De repente, os olhos de Vivian que brilhavam em cima do convite em suas mãos, subiu para Clarisse, sorriu na esperança de ser compreendida.— Você não pode ir nessa festa porque aquele homem te convidou. Ele pode ter preparado uma armadilha. – Clarisse revirou os olhos antes de se jogar no sofá — Estou falando sério, lembra do que aconteceu na última festa? Ele apresentou uma garota pro seu namorado, na sua frente, como se você fosse invisível.— Ronny disse que só vai nessa festa se eu for sua acompanhante e é muito importante a presença dele para o pai – Omitiu algumas coisas, afinal não era da sua vontade contar todos os segredos daquela família.— Eu vou te ajudar. Vou te vestir como uma princesa. E aquele cara ridículo, não vai ter como negar a sua beleza e a perfeição que é para o filho dele.Clarisse sorriu ao lembrar do elogio que ganhou, Vicent não parecia ser uma pessoa normal ou que contava mentiras, sempre foi muito sincero em dizer que não lhe aprovava, então porque mentiria sobre sua beleza?Afinal porque ele a achava tão bonita para o filho?Após assistir alguns desfiles e escolher o modelo que possivelmente combinaria para o Natal glorioso de seu sogro, Clarisse voltou para casa, e estar ali, era sempre bem aconchegante, o abraço quente dos pais, os olhares doces que vinha de sua mãe sempre que a encarava.Ronny também tinha isso com Vicent? Ou ele era tão amargurado que não tinha amor para dar ao seu filho?— Mãe, estou de volta – Fechou a porta já a vendk aparecer da cozinha com um sorriso no rosto. — Está cozinhando, que milagre.— Venha me ajudar. Seu pai saiu para uma dessas reuniões dos patrulheiros antigos antes do fim do ano. Então será apenas eu e você.— Ainda bem que está só você, preciso lhe contar algo – A mais velha encarou sua filha com toda atenção que poderia dar. — Vicent Tornneght me convidou para sua festa na noite de Natal.— Ah isso é muito bom, mas não é uma festa de noivado?— Oh não, não. – Riu um pouco mais — Porque você achou isso. Eu e o Ronny namoramos tem poucos meses.— Eu e seu pai namoramos quatro semanas quando decidimos nos casar. Eu o amava tanto, me sentia completa junto a ele, e até hoje sinto.— A ideia de casar me assusta.— Te assusta, porque Ronny não é o homem com quem vai casar. Quando se tem certeza, dias, semanas, meses não significam nada.Contava toda animada ao voltar a fazer sua janta, Clarisse estreitou os olhos aos poucos. Ronny não era o amor da sua vida?Será que... Vicent estava certo?O sol já tinha ido embora quando Ronny chegou em casa. Deixou o carro para guardarem depois e correu para dentro. A sala de jantar estava vazia, logo encontraria seu pai no escritório.E era onde estava, sentado atrás de sua mesa trabalhando como sempre, mas dessa vez, havia um ar divertido.— Espero que tenha cumprido sua promessa. – Vicent apenas ergueu um canto de sua boca num sorriso. Ter aquela garota por perto deixava mesmo o filho feliz. Ah, deixaria ele feliz também se pudesse tê-la.— A convidei pessoalmente e deixei o convite. Ela decide se vai ou não.— Ela vem, vem porque vou reforçar. Vou chamá-la para jantar hoje e deixaria claro que quero sua presença e você aprova nosso namoro.— Contará mentiras a sua namorada agora? – Ronny perdeu o sorriso na mesma hora. — Não estou aprovando nada, apenas a convidei para a festa.— Clarisse é uma garota incrível. Ela é a melhor da turma. – Se apoiou na mesa tendo finalmente a atenção de seu pai — Me diz um defeito e o motivo de não ter gostado dela, sendo que você nunca questionou as minhas outras namoradas.E realmente, não se importava com quem seu filho namorava, não até conhecer Clarisse. Foi atração à primeira vista? Paixão? Fogo? Desejo? Tesão?Desejar ter nua a namorada do seu filho na sua cama já é um motivo ótimo pra não querer vê-la com ele.— Fique feliz por ela ter gostado da ideia de ir para a festa. Contente-se com isso.Avisou seco, voltando rapidamente pra seu computador.Ele não tinha mais o que falar ao filho que embora quisesse discutir mais esse assunto, estava na cara que era um caso perdido.Ronny voltou para a sala subindo as escadas degrau por degrau. O pensamento voando longe. Vicent nunca implicou com suas amizades ou namoradas de antes. Embora sua condição financeira deixasse uma grande brecha para o mundo dos negócios, onde casamentos por contratos eram mencionados a todo custo. Seria esse tipo de relacionamento que Vicent estava buscando? Só assim para entender o motivo de não gostar de Clarisse, seria claramente uma escolha que não iria acrescentar na empresa, mas adoçaria grandemente a sua vida. Isso não era o suficiente?Já no quarto, mandou uma mensagem apaixonada para a namorada que embora tivesse dúvidas, confirmou na mesma que estaria em sua casa em poucos minutos. Ao menos enquanto tentava entender os pensamentos do pai ele poderia se deleitar da companhia de sua querida.De todos os seus antigos namorados que nunca passaram de semanas, dormir e acordar com Ronny era totalmente diferente, como se fosse uma experiência gostosa de viver. Não saberia dizer se isso era normal, mas ao estar ao seu lado, ali na cama, vê-lo dormir ou sorrir em sua direção ao acordar, tudo aquilo fazia seu coração acelerar.Isso era paixão, com certeza era paixão. Sua cabeça poderia estar no lugar, mas seria voar ao vê-lo se aproximar com devoção, a tratando como uma dama, uma linda mulher. Ela merecia isso, certo? Ser tratada com tanto amor.A intensidade apaixonante que vinha daquele homem lhe deixava mole, um beijo, um carinho… Poderiam continuar aquilo no chuveiro como um café da manhã, certo?— Espero que seu dia seja muito bom. Preciso ir cedo para o trabalho – Disse rapidamente ao se afastar da garota para sair da cama. Clarisse sorriu conformada.Não ia negar que vê-lo tão empenhado em seguir os passos do pai lhe deixava alegre. Isso queria dizer que ela não estava atr
— Por dentro… e por fora? – Clarisse murmurou tentando entender o que tinha sido dito, e olhando atentamente para o homem sentado no canto da mesa, não soube o que dizer. Ele estava querendo vê-la nua? Era isso? A namorada do seu filho?— Esteja aqui algumas horas antes. Mandarei vestidos para escolher. A noite tem que ser perfeita para Ronny.Dando esse ultimato, Vicent levantou da mesa sendo seguido pelos olhos escuros da mulher que não tinha entendido. Ele a queria ver nua? Já não basta a achar bonita demais para Ronny, agora queria vê-la nua? Respirou fundo se afastando um pouco da mesa. O que estava acontecendo naquela casa?Levantou rapidamente indo atrás daquele homem, porque se tinha alguma coisa rolando naquela casa ao seu respeito, iria descobrir. Chegou na sala vendo apenas a silhueta do homem dobrar no fim da escada, ah, estava indo para o quarto? Melhor pois não teria ninguém para interromper. Subiu as escadas degrau por degrau e chegou ao corredor e nem sequer bateu na
Clarisse não lembrou exatamente quando e porque achou que ir para a faculdade naquele dia, depois de todos os acontecimentos da manhã, iria lhe ajudar. Desde que sentou na cadeira até o levantar para ir embora tudo que ela conseguia pensar era no rosto daquele homem, nos seus olhos claros a devorando, seus lábios abrindo e fechando como se quisesse dizer muitas sacanagens e talvez fosse lindo de ouvir, sua voz grossa falando sacanagens.Não. Não.Não.Não.Ela não podia pensar naquilo. Vincent Tornneght era seu sogro, pai do seu namorado e jamais poderia pensar em dormir com ele. Seria estranho, já era estranho ele querer vê-la nua. Dizer que ela era bonita.Estava claro que ele a queria, mas como? Porque? E odiava também saber que quase cedeu, quis beijar sua boca, sentir seu toque. Não. Não. Aquele não era o comportamento que sua família ensinou.Talvez se ficasse na sua, nada daquilo iria acontecer novamente. Claro que se não tivesse subido até o quarto dele, não teria ouvido de s
A semana da festa passou mais rápido que o esperado, logo, Vicent teve que deixar suas obrigações na empresa para andar lado a lado com sua secretária para saber os detalhes que estavam prontos. Nada poderia dar errado, caso contrário, seu nome seria mencionado por todo o ano como alguém que não soube como dar uma festa de Natal.E melhor ainda, a festa tinha que ser lembrada muito mais por ser justamente o momento em que colocaria seu filho no mundo dos negócios, exatamente na idade e evento que seu pai fez um dia consigo. Isso já estava predestinado.— O evento vai começar às vinte horas como o senhor planejou, ficará na entrada para cumprimentar seus convidados ao lado de seu filho. Logo após a entrada de todos, pois a maioria já confirmou, começará com seu discurso seguido da apresentação de seu filho. - A secretária caminhava ao lado do homem que avaliava ao seu gosto.— A festa é amanhã, quem em sã consciência ainda não confirmou sua presença? - Vicent parou assim que avistou no
Passar o dia em casa revendo todas as listas de comidas e convidados, só valeu a pena para Vicent quando escutou novamente alguém dizer que Clarisse estaria chegando naquela tarde para experimentar os vestidos lá em cima e escolher um que pudesse lhe agradar. É claro que Vicent não poderia está mais feliz, se ficasse um tempo sozinho com aquela mulher, que maravilhas não poderia acontecer?Ele estava a ser muito cretino naquele momento? Mas quem iria se importar? Se aquela garota fosse realmente apaixonada por Ronny, nada do que aconteceu no quarto haveria de ter realmente acontecido. Então, que tal dar mais uma chance? Um momento? Quem sabe assim tinha aquilo que desejou.Com certeza ele estava sendo um cretino, tinha muitos riscos, acabaria com a confiança de seu filho, o romance dele, tudo. Mas levaria a mulher dos seus desejos para a cama.— Você tem família? - A pergunta partiu do homem mais poderoso naquela casa, a empregada que terminava de servir seu café, o encaro
— Na minha frente? - Ela sorriu um pouco menos — Nada.— Nada? - Perguntou, surpresa. Colocou as mãos na cintura o olhando da cabeça aos pés. O viu entrar no quarto fechando as portas atrás de si com se soubesse muito bem o que queria.E está no mesmo ambiente que aquele homem não era bom para si, não era bom para seu namoro, ou para qualquer coisa que viesse a acontecer.Ah, mas o que diabos, poderia acontecer naquele quarto de tão ruim?Ele a achava bonita.E a queria ver nua.E agora não gostaria de vê-la usar nada?— Nada… - Ele parou diante daquela, a estudando com atenção, o vestido vermelho tinha ficado lindo, de verdade, mas escondia suas pernas, seus peitos, seu corpo… — Mas se não vestir nada pode assustar meus convidados e isso não irei permitir.— Meu namorado também não iria gostar disso - Avisou o fazendo encará-la na mesma hora. O mencionar do namorado, que por acaso era seu filho, o fez recuar assistindo com deleite era vagar pelo quarto indo até as araras novamente, m
— Eu não entendo como vocês viviam sem mim por aqui - Ronny terminava de digitar todo documento e finalizou salvando-o, virou para seu amigo — Sou especial, minha mente brilha acima de vocês. Consigo terminar sempre mais rápido. A pilha de relatório foi toda digitalizada e revisada. De nada.— Você tem certo talento para esse tipo de coisa, então nos der um desconto - ouviu um reclamar do lado.— É muito fácil você dizer isso depois de escolas particulares, faculdades chiques e educação administrativa dentro de casa. - Virou o outro para encarar seu amigo — E eu nem posso lhe dar um soco porque é filho do chefe.— Ah, você pode tentar, mas além de escolas particulares, faculdades chiques e educação administrativa dentro de casa, também fiz aula de balé clássico, capoeira e Caratê. - Riu animado achando tudo ainda mais engraçado. Estava começando a gostar daquele trabalho, uma pena que logo, logo iria embora.— E sobre a festa de amanhã? Fiquei sabendo que o senhor Tornneght vai dar um
Ele a queria ainda mais agora…Mas naquela condição parecia tão perigosa que não conseguia pensar direito.— O que você disse? - Perguntou. Talvez não tivesse escutado direito.A viu sorrir um pouco menos. Não era aquela resposta que ela desejava? Claro que não. Isso estava na cara.— Eu jogo limpo, Vicent. E você também tem que jogar. Se me quer, vai ter que lutar cara a cara com quem me tem.Vicent a olhou dos pés a cabeça. Se estivesse falando sério, teria que enfrentar seu filho para ter a garota? Disso ele já sabia.— Você quer mesmo uma prova? Eu dou quantas vezes você desejar - Avisou com um olhar misterioso, no entanto, pegou seu copo de uísque quase vazio e deu as costas indo embora.Clarisse foi até a porta e girou a chave trancando-a com todo cuidado do mundo. Virou de volta para o quarto encarando cada pedaço dele antes de caminhar até o espelho outra vez. O que ela tinha feito? Beijado e se agarrado com o pai do seu namorado sem vergonha ou pudor algum. Que tipo de mulher