CAPÍTULO 5

De todos os seus antigos namorados que nunca passaram de semanas, dormir e acordar com Ronny era totalmente diferente, como se fosse uma experiência gostosa de viver. Não saberia dizer se isso era normal, mas ao estar ao seu lado, ali na cama, vê-lo dormir ou sorrir em sua direção ao acordar, tudo aquilo fazia seu coração acelerar.

Isso era paixão, com certeza era paixão. Sua cabeça poderia estar no lugar, mas seria voar ao vê-lo se aproximar com devoção, a tratando como uma dama, uma linda mulher. Ela merecia isso, certo? Ser tratada com tanto amor.

A intensidade apaixonante que vinha daquele homem lhe deixava mole, um beijo, um carinho… Poderiam continuar aquilo no chuveiro como um café da manhã, certo?

— Espero que seu dia seja muito bom. Preciso ir cedo para o trabalho – Disse rapidamente ao se afastar da garota para sair da cama. Clarisse sorriu conformada.

Não ia negar que vê-lo tão empenhado em seguir os passos do pai lhe deixava alegre. Isso queria dizer que ela não estava atrapalhando nada e que Vicent poderia gostar dela sim, pois incentivava seu filho a fazer coisas boas e a obedecê-lo. 

Já achava ela bonita, porque não poderia achá-la também uma boa influência?

Iria trabalhar nisso, Vicent iria aceitá-la.

Se arrumou ao lado do namorado que por sua vez, apenas mencionou o quanto aquela semana iria ser importante, ficar na empresa e ser reconhecido como filho do chefe era muito bom, porém, aprender coisas simples sem estar sob o olhar do seu pai também era bom.

Ao sair do quarto foi guiada para a mesa do café e agradeceu quando avistou um de seus bolos preferidos. Ronny era de fato uma boa companhia, engraçado, divertido, carinhoso, tudo aquilo que uma garota iria querer em um namorado. No entanto, sua presença jamais seria tão implacável como a de Vicent Tornneght. 

Bastou aparecer no cômodo para ser o centro das atenções. Bem vestido com seu cabelo arrumado para o lado, no penteado charmoso para sua idade. Os olhos claros como estrelas do céu que brilharam em direção a garota assim que a avistou. Não sabia que a teria naquele café da manhã será que precisava ter se arrumado mais?

Não, não. Ele não poderia demonstrar. Era a namorada do filho e graças a ela, Ronny estaria na festa. Tinha que pensar apenas nisso.

— Bom dia pai – Ronny foi o primeiro a se manifestar, fingiu não notar o olhar do pai para a namorada. Tudo bem ele não gostar de vê-la em sua casa, mas não podia disfarçar? — Clarisse se juntou a mim, espero que não se importe.

Tentou amenizar qualquer palavreado que viesse, não gostaria de ver sua namorada passando por aquele tipo de constrangimento, no entanto, Vicent apenas ajeitou sua gravata tomando seu lugar central na mesa  ao lado de Clarisse, assim que escutou seu "bom dia".

Bom dia seria, se ele tivesse acordado com ela.

Bom dia seria, se tivesse sido ele a dormir com ela.

Bom dia seria, se os gemidos que escutou do quarto ao lado, fosse ele o motivo.

Bom dia seria TAMBÉM se fosse ele a dar pedaços de bolo na boca dela e vê-la sorrir.

Aquele dia também seria bom, se estivesse sozinho naquela mesa, e o café da manhã fosse aquela garota que sorria como uma boa menina. 

Será se ela seria uma boa menina na sua cama?

Ah, uma droga mesmo, o sabor dos lábios dela deveriam ser doces. Bem doces, mais doces que ele bolo dado em sua boca…

— Você não tem que… – sua voz travou assim que assustou os jovens ganhando sua atenção. Limpou a garganta tentando não parecer tão… — Se você não for agora, chegará atrasado no seu estágio. 

— Achei que você daria me carona, e pretendo deixar minha namorada em casa ainda.

— É assim que quer levar as coisas a sério? Sua namorada é mais importante que o trabalho? Não é só porque você é filho do chefe que tem que chegar a hora que quiser.

— Pai. – A súplica do garoto fez Vicent amenizar seu olhar. Não brigava por ele chegar atrasado. Não era por isso…

Até porque quem seria louco de chamar atenção de Ronny Tornneght na empresa?

Não era por isso.

— Vamos indo – Ele levou já segurando a mão da namorada, no entanto, Vicent levantou de seu lugar também agarrando a mão livre da menina que se assustou mais que próprio.

Porque ele estava fazendo isso?

— Você pode ir. Deixe que ela termine de comer. 

Seu tom de voz foi como uma ordem.

Quem seria louco de ir contra?

— Preciso deixar ela em casa.

— Não se preocupe, ela arruma um jeito de ir, certo, Clarisse?

Deixando de olhar para Ronny, Vicent focou totalmente sua atenção a garota que apenas piscou em sua direção sem saber o que fazer. Aos poucos, notou que nenhum ou outro lhe soltará os braços.

Que tipo de brincadeira era aquela entre os homens?

— Tudo bem. Vou pedir para o motorista levar ela primeiro. Porque você pode dar seu jeito de ir pro trabalho – Ronny murmurou puxando Clarisse para mais perto.

Para lhe falar algo.

Algo que Vicent também queria saber, claro que ele queria saber porque faria melhor, muito melhor que um garotinho de meia idade.

Se afastou de vez tornando a se sentar. E não demorou a receber um olhar de reprovação do filho antes de vê-lo sair da mesa deixando Clarisse para trás.

O olhar perdido enquanto comia uma coisa ou outra sem jeito. Será que ele a assustou?

— Porque você faz isso? – Vicent a olhou outra vez, agora em seus olhos e sendo retribuído com o mesmo olhar. 

Ou não?

Era coisa da sua cabeça?

— Isso o que?

— O trata mal? Ele não pode ficar um pouco mais comigo? Ou eu não posso ficar com ele?

Os dois.

— Não trato mal meu filho. Mas não gosto de vê-lo chegar atrasado em suas obrigações. Se você está atrapalhando é minha função deixar isso claro.

— Porque me segurou? Me impede de ir e vir com seu filho, isso quer dizer que na festa fará o mesmo?

— Ainda bem que tocou nesse assunto, espero que tenha algo decente para usar. Caso contrário mandarei que uma amiga minha escolha alguns vestidos para que não apareça de qualquer jeito. 

— Você acha que não sei me vestir?

— Ficarei mais confortável em saber o que está vestindo… – Clarisse suspirou, mas isso poderia ser bom, ganharia mais ponto com ele. — Dentro e por fora do vestido.

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