por Milena A noite havia sido um tormento. As horas se arrastaram em uma escuridão que parecia sem fim, o frio me abraçava de forma implacável, e a dor no meu corpo era apenas um lembrete do quão vulnerável eu estava. Mas mais do que o desconforto físico, era o terror do desconhecido que me corroía por dentro. Eu não sabia se o sol voltaria a brilhar para mim, se eu veria a luz do dia novamente. O medo me dominava, mas eu me recusava a ceder. Precisava ser forte, pelo meu bebê, pela vida que crescia dentro de mim.Foi então que a porta se abriu com um rangido, e o líder dos sequestradores entrou no quarto. Seu olhar era gélido, sem vestígios de humanidade. Ele carregava uma bandeja com algo que parecia comida, mas qualquer traço de gentileza em sua ação era apagado pelo desprezo evidente em seu rosto.— Hora de comer, princesa - disse ele, com uma voz carregada de sarcasmo. Colocou a bandeja no chão ao meu lado, mas eu mal conseguia olhar para a comida. Meu estômago estava t
por DéboraEu estava tão perto. A vitória estava ao meu alcance, pronta para ser saboreada. A sensação de ter Milena exatamente onde eu queria era intoxicante, quase como uma droga que eu não conseguia largar. Cada movimento estava sendo meticulosamente orquestrado, e tudo parecia estar indo conforme o planejado. Mas então, veio a notícia que fez meu sangue ferver: Milena, aquela tola obstinada, ainda se recusava a assinar os papeis. Como ela ousava resistir? Como ousava desafiar a mim, Débora?Eu segurava o telefone descartável com força, meus dedos cravando na superfície plástica enquanto a voz do líder do bando reverberava na linha. Ele me contava, com uma mistura de irritação e admiração, como Milena havia se recusado, como ela se recusava a dobrar-se diante de nossas ameaças. Ele ria, achando graça da situação, mas eu não conseguia compartilhar daquela risada.— Eu não estou vendo onde está a graça da teimosia dessa estúpida! Se eu quisesse rir, estaria vendo uma comédi
por LetíciaEu não conseguia mais suportar o peso da angústia. A atmosfera na mansão estava sufocante, e cada olhar desesperado de Lucian apenas amplificava meu medo. Era como se as paredes estivessem se fechando ao nosso redor, sufocando cada resquício de esperança que tentávamos manter. As horas se arrastavam lentamente, transformando cada minuto em uma eternidade de desespero. Saí da sala quase sem perceber, como se meus pés tivessem vida própria, me guiando automaticamente até o jardim. Precisava de ar, de espaço, de um lugar onde pudesse tentar organizar o caos que estava se instalando dentro de mim.O sol começava a se esconder atrás das nuvens, o que normalmente criaria uma sensação de paz ao jardim, mas naquele momento, tudo parecia sombrio. O silêncio ali, que geralmente trazia tranquilidade, agora parecia um grito de desespero. Caminhei até um canto mais isolado, longe da vista dos seguranças e de qualquer outra pessoa. As flores ao meu redor, que sempre admirei por
por Donovan Já faz dois dias que Milena desapareceu, e cada segundo que se passa parece me empurrar mais fundo em um abismo de desespero. As horas se tornaram irrelevantes, uma corrente interminável de escuridão e medo. Eu não sei mais o que fazer. Me sinto impotente, esmagado pelo peso do desconhecido, e, pela primeira vez em minha vida, completamente perdido.Nunca me senti assim! Minha mente não para, mesmo que meu corpo esteja gritando por descanso. Cada vez que fecho os olhos, sou assombrado pelas imagens terríveis do que ela pode estar enfrentando agora. Tento afastá-las, mas é inútil. Elas voltam com mais força, me perseguindo a cada instante de fraqueza. O cansaço é esmagador, mas a ideia de dormir, de ceder ao sono, me parece uma traição. Como posso descansar sabendo que Milena está em perigo?Ando de um lado para o outro na sala, as mãos trêmulas e os pensamentos emaranhados. Tentei de tudo. Contratei as melhores equipes, coloquei todos os recursos que tenho em a
por Milena Eu já perdi a noção do tempo. Dias, talvez semanas? Eu não sei. Aqui dentro, tudo se mistura em uma confusão de escuridão e angústia. Eles têm controlado minha percepção de tempo, alternando as horas das refeições, me deixando sem nenhum ponto de referência. É como se quisessem me desconectar da realidade, me enlouquecer aos poucos. Mas eu tento me manter lúcida, agarrando-me às poucas certezas que restam. A mais importante delas: eu preciso sobreviver. Não por mim, mas por meu filho.Minhas amarras foram soltas, finalmente, não houve mais a necessidade de me manterem amarrada. Eles perceberam que eu não sou uma ameaça. Por que seria? Meu corpo está fraco, minha mente exausta, e tudo o que me resta é o medo. As cicatrizes das cordas ainda marcam minha pele, um lembrete cruel do que tenho suportado. Mesmo assim, a liberdade das mãos me dá uma falsa sensação de controle, de que talvez, de alguma forma, eu ainda tenha uma chance.O cativeiro é pequeno e abafado,
pela autora O cativeiro era um lugar sombrio, impregnado de medo e desespero. Milena estava ali, sem noção de quantos dias haviam se passado desde que foi arrancada de sua vida. Seu corpo frágil, exausto, refletia a luta interna para manter a sanidade em meio ao caos que a envolvia. No entanto, por trás daquela porta fechada, uma conversa cruel se desenrolava, carregada de malícia e cobiça.Os sequestradores, dois homens movidos por uma mistura de ganância e perversidade, estavam mais preocupados com o dinheiro que iriam receber do que com a vida que tinham sob seu controle. No pequeno cômodo adjacente ao onde Milena se encontrava, suas vozes reverberavam pelo espaço apertado, cheias de um desprezo gélido.— Ela não vai aguentar por muito tempo - afirmou o chefe do bando, sua voz carregada de uma certeza implacável. Para ele, Milena era apenas mais uma vítima em um longo histórico de crimes, uma mulher frágil prestes a se quebrar sob a pressão.— Essa mulherzinha tá se quebrando
pela autora Débora já não suportava mais a espera. O tempo parecia se arrastar, e a paciência que ela nunca teve estava agora completamente esgotada. Na sua mente, Milena deveria ter cedido há muito tempo. Cada dia que passava sem aquela assinatura era uma afronta, uma prova de que sua vitória ainda não estava garantida. E isso era algo que ela não podia tolerar.Com o telefone descartável em mãos, discou rapidamente o número do líder dos sequestradores. Seu coração estava acelerado, mas não por nervosismo - era a raiva que a consumia. Quando a voz rouca e desinteressada do homem finalmente atendeu, Débora não perdeu tempo com formalidades.— Isso está demorando demais - ela disse, sua voz fria como gelo. — O que está acontecendo aí?Do outro lado, o homem suspirou, claramente irritado, mas ele sabia que não tinha opção além de responder. — A mulher é teimosa - ele respondeu. — Tá resistindo mais do que a gente imaginava. Mas estamos no controle.Débora sentiu a bile subir n
pela autora A mansão que um dia fora um refúgio de elegância e tranquilidade estava agora envolta em um manto de tensão e desespero. Cada relógio que marcava o tempo parecia zombar de todos, registrando impiedosamente as horas que passavam sem nenhuma notícia de Milena. A cada segundo, a angústia se tornava mais insuportável, especialmente para Lucian, que mal conseguia distinguir um dia do outro desde que ela desapareceu.Beatrice e Alexander chegaram à mansão com o coração pesado. Eles haviam se ausentado por algum tempo, mas voltaram pois estão incapazes de deixar seu filho passando por isso sozinho, sem seu apoio. A preocupação com a nora e, mais secretamente, com o neto ainda não nascido, era sufocante. Sabiam que Milena estava grávida, mas não podiam, não agora, revelar isso a Lucian. O impacto poderia ser devastador. Eles precisavam agir, mas sentiam-se impotentes, sabendo que qualquer passo errado poderia custar duas vidas preciosas.Assim que entraram na sala principa