Enry estava em seu escritório, o som da pena deslizando sobre o papel preenchendo o silêncio pesado. Ele estava imerso nos assuntos da alcateia, planejando as estratégias de logística para os próximos meses. A sua mente estava focada em garantir que tudo estivesse sob controle com o nascimento de seu filho.A porta se abriu sem cerimônia, como sempre acontecia quando Henrico entrava. Sem bater, seu irmão mais novo atravessava o ambiente com o rosto tenso, os olhos carregados de pensamentos. Ele se jogou na cadeira em frente à mesa de Enry, cruzando os braços como se estivesse prestes a desabafar algo que estava segurando há muito tempo.Enry levantou os olhos da pilha de papéis, impaciente.— Desembucha, Henrico — disse com uma voz claramente sem disposição para rodeios.Henrico hesitou por um momento, mas então soltou a notícia de uma só vez.— Laelia está grávida.Enry parou, as palavras ecoando na sala antes de realmente afundarem em sua mente.— O quê? — Ele repetiu, como se prec
Mais tarde naquela noite, Enry entrou silenciosamente nos aposentos que dividia com Danika. Ela estava sentada na cama, folheando uma revista de decoração infantil. O brilho suave do abajur iluminava seu rosto, e ele sentiu seu coração aquecer ao vê-la concentrada nas imagens. — Sabe que posso contratar o melhor designer de interiores do país — disse ele, se gabando—, você não precisa se preocupar com isso. Danika levantou o olhar, revirou os olhos e sorriu com uma determinação. — Mas eu quero, Enry. Quero participar de tudo! — Ela respondeu com convicção. Enry riu baixinho, aproximando-se e sentando ao lado dela. Ele a beijou suavemente, o gosto de seus lábios o lembrando de como a amava. Enquanto a observava, sentiu a familiar onda de desejo e amor misturados com a força do vínculo, seu lobo inquieto por sua companheira. — O que foi? — Danika perguntou, notando a intensidade com que ele a admirava. — Você é perfeita. Como não vi isso desde o início? Danika riu, puxando-o para
Danika respirou fundo antes de se dar por vencida. O orgulho e a frustração ainda fervilhavam dentro dela, mas sabia que a situação com Enry exigia mais do que confrontos. Precisava voltar aos seus aposentos. Caminhou até lá, o peso de suas emoções ainda pulsando no fundo, mas, ao entrar, seu olhar encontrou Enry na sacada, sentado relaxadamente, vestindo apenas uma cueca box preta. A visão fez algo acender dentro dela, uma chama ardente que fazia sua marca queimar com desejo. Ele já havia notado sua presença, assim como o desejo que crescia dentro dela.Enry não moveu um músculo, apenas observou enquanto ela se aproximava lentamente, o ar ao redor deles carregado de tensão. Danika não hesitou, subiu em seu colo, ficando de frente para ele, o corpo dela tocando o dele, seu coração batendo mais rápido à medida que suas peles se encontravam.— Está mais calma? — Ele perguntou, a voz grave e profunda.Ela não respondeu, pelo menos não com palavras. Em vez disso, encarou-o, inclinando-se
Enry seguia com passos firmes ao lado de Henrico pelos corredores da masmorra. A voz de Danika ecoava em sua mente, um sussurro insistente que pedia para que ele tomasse cuidado através do elo mental que compartilhavam, ela pode sentir a inquietação e a determinação que fervilhavam dentro dele.Ao chegar em frente à cela onde Vaiolet estava presa, suspirou e fez um sinal para que o guarda abrisse a porta de ferro. A porta rangeu ao ser aberta, revelando a figura de Vaiolet, que parecia mais destruída do que da última vez que a viu. Seu cabelo estava desgrenhado e suas roupas, sujas e rasgadas, mal cobriam seu corpo. Ele se perguntava se ainda havia alguma humanidade naquela criatura.“Sentiu saudades?” Vaiolet falou debochando, com a cabeça baixa, os olhos escuros fixos no chão.“Vou ser bem breve, não vim aqui para rodeios.” Henrico interveio, tentando manter a situação sob controle, mas Vaiolet permaneceu em silêncio, o sarcasmo emanando dela como uma aura.“Vaiolet, a notícia que t
Alguns dias depois, Enry seguia em direção à alcateia Lunares, decidido a encerrar de uma vez por todas o que restava do legado de Vaiolet. Ela estava no carro logo atrás, vigiada de perto pelos guardas, e tudo parecia finalmente entrar nos eixos. Os anciões o aguardavam para assinar os papéis, e ele sabia que, depois disso, assumiria de vez o controle da alcateia. No entanto, algo perturbava profundamente seu coração.Desde que deixara o castelo, uma inquietação não parava de latejar em sua mente. Embora Markus e Hilda tivessem calculado que ainda restavam 15 dias até o nascimento do bebê, seu lobo interior estava em alerta. Era como se algo estivesse prestes a sair do controle.Já no castelo, Danika tentava concentrar-se nas últimas preparações para a chegada do bebê. O sexo ainda era um mistério, eles descobririam na hora do nascimento, uma escolha que ela e Enry tinham feito juntos, mas o que deveria ser um momento de expectativa serena virou um pesadelo em segundos. Uma dor cort
O tempo parecia infinito para Danika. Cada segundo arrastava-se em um redemoinho de dor e desespero. Seu corpo tremia, encharcado de suor, e cada contração a fazia acreditar que estava à beira de ser despedaçada. As compressas frias que Hilda colocava em sua testa pareciam inúteis diante da dor implacável. Sua respiração vinha em ofegos curtos e descontrolados, e, mesmo assim, tudo o que ela podia pensar era em Enry. Onde ele estava?A voz de Hilda tentava acalmá-la, mas as palavras eram apenas um borrão distante, engolidas pelo turbilhão de dor e medo. Markus, ao lado da cama, mantinha a compostura enquanto verificava seus instrumentos e o estado de Danika, mas o olhar furtivo que trocava com Henrico dizia tudo. Eles estavam correndo contra o tempo.“Aahhh… Markus, faça alguma coisa! Está doendo demais! Eu não aguento mais!” Danika gritou, sua voz partindo-se em desespero.“Essas dores, alteza, são o que trará seu bebê ao mundo. Precisamos de sua força agora. Apenas mais um pouco…” d
Enquanto a emoção reinava no castelo com a chegada do novo herdeiro, Vaiolet, esquecida na estrada, começava a colocar seu plano de fuga em ação. Suas mãos estavam fracas pelos dias de confinamento, mas sua mente ardia em vingança. Ela sabia que, se quisesse escapar, precisaria mais do que força física — precisaria de manipulação, algo em que sempre fora hábil.Ela estudava cada detalhe ao seu redor, cada guarda que estava no carro, até que encontrou sua oportunidade. O guarda que a vigiava enquanto voltavam para o castelo era jovem e inexperiente, com olhos inseguros e uma postura que traía sua falta de confiança. Vaiolet sorriu para si mesma, maliciosa. Este seria seu ingresso para a liberdade.“Ei, você,” sua voz soou suave, como um sussurro atraente que fez o guarda se sobressaltar.“O que você quer?” ele perguntou, tentando manter a compostura.Vaiolet se aproximou, seus olhos verdes cintilando na penumbra da masmorra. “Eu poderia te ajudar a ser mais do que apenas um guarda esqu
O som da porta se trancando atrás de Vaiolet ecoou pelo quarto, um estalo que trouxe consigo um frio arrepio, como uma sombra pairando sobre Danika e seu filho. Deitada, com Liam em seus braços, Danika murmurou de forma distraída, sem olhar para quem entrava:“Você demorou, Enry... Liam já estava reclamando.”Ela riu levemente, o riso suave de uma mãe cuidando de seu filhote, mas algo a fez parar. O cheiro. Não era o cheiro reconfortante de Enry. Ao virar a cabeça, seu mundo desabou.Vaiolet estava ali, seu rosto distorcido pelo ódio, os olhos em chamas de vingança e dor. O coração de Danika acelerou, e seus braços automaticamente apertaram Liam contra o peito, como se quisesse protegê-lo da escuridão que emanava de Vaiolet. O instinto primal de uma mãe lobo gritou dentro dela.“O que está fazendo aqui, Vaiolet?” A voz de Danika saiu num tom grave, uma mistura de incredulidade e raiva. Seus olhos passaram rapidamente pelo quarto, buscando uma saída, mas o corpo ainda debilitado pelo p