Alguns dias depois, Enry seguia em direção à alcateia Lunares, decidido a encerrar de uma vez por todas o que restava do legado de Vaiolet. Ela estava no carro logo atrás, vigiada de perto pelos guardas, e tudo parecia finalmente entrar nos eixos. Os anciões o aguardavam para assinar os papéis, e ele sabia que, depois disso, assumiria de vez o controle da alcateia. No entanto, algo perturbava profundamente seu coração.Desde que deixara o castelo, uma inquietação não parava de latejar em sua mente. Embora Markus e Hilda tivessem calculado que ainda restavam 15 dias até o nascimento do bebê, seu lobo interior estava em alerta. Era como se algo estivesse prestes a sair do controle.Já no castelo, Danika tentava concentrar-se nas últimas preparações para a chegada do bebê. O sexo ainda era um mistério, eles descobririam na hora do nascimento, uma escolha que ela e Enry tinham feito juntos, mas o que deveria ser um momento de expectativa serena virou um pesadelo em segundos. Uma dor cort
O tempo parecia infinito para Danika. Cada segundo arrastava-se em um redemoinho de dor e desespero. Seu corpo tremia, encharcado de suor, e cada contração a fazia acreditar que estava à beira de ser despedaçada. As compressas frias que Hilda colocava em sua testa pareciam inúteis diante da dor implacável. Sua respiração vinha em ofegos curtos e descontrolados, e, mesmo assim, tudo o que ela podia pensar era em Enry. Onde ele estava?A voz de Hilda tentava acalmá-la, mas as palavras eram apenas um borrão distante, engolidas pelo turbilhão de dor e medo. Markus, ao lado da cama, mantinha a compostura enquanto verificava seus instrumentos e o estado de Danika, mas o olhar furtivo que trocava com Henrico dizia tudo. Eles estavam correndo contra o tempo.“Aahhh… Markus, faça alguma coisa! Está doendo demais! Eu não aguento mais!” Danika gritou, sua voz partindo-se em desespero.“Essas dores, alteza, são o que trará seu bebê ao mundo. Precisamos de sua força agora. Apenas mais um pouco…” d
Enquanto a emoção reinava no castelo com a chegada do novo herdeiro, Vaiolet, esquecida na estrada, começava a colocar seu plano de fuga em ação. Suas mãos estavam fracas pelos dias de confinamento, mas sua mente ardia em vingança. Ela sabia que, se quisesse escapar, precisaria mais do que força física — precisaria de manipulação, algo em que sempre fora hábil.Ela estudava cada detalhe ao seu redor, cada guarda que estava no carro, até que encontrou sua oportunidade. O guarda que a vigiava enquanto voltavam para o castelo era jovem e inexperiente, com olhos inseguros e uma postura que traía sua falta de confiança. Vaiolet sorriu para si mesma, maliciosa. Este seria seu ingresso para a liberdade.“Ei, você,” sua voz soou suave, como um sussurro atraente que fez o guarda se sobressaltar.“O que você quer?” ele perguntou, tentando manter a compostura.Vaiolet se aproximou, seus olhos verdes cintilando na penumbra da masmorra. “Eu poderia te ajudar a ser mais do que apenas um guarda esqu
O som da porta se trancando atrás de Vaiolet ecoou pelo quarto, um estalo que trouxe consigo um frio arrepio, como uma sombra pairando sobre Danika e seu filho. Deitada, com Liam em seus braços, Danika murmurou de forma distraída, sem olhar para quem entrava:“Você demorou, Enry... Liam já estava reclamando.”Ela riu levemente, o riso suave de uma mãe cuidando de seu filhote, mas algo a fez parar. O cheiro. Não era o cheiro reconfortante de Enry. Ao virar a cabeça, seu mundo desabou.Vaiolet estava ali, seu rosto distorcido pelo ódio, os olhos em chamas de vingança e dor. O coração de Danika acelerou, e seus braços automaticamente apertaram Liam contra o peito, como se quisesse protegê-lo da escuridão que emanava de Vaiolet. O instinto primal de uma mãe lobo gritou dentro dela.“O que está fazendo aqui, Vaiolet?” A voz de Danika saiu num tom grave, uma mistura de incredulidade e raiva. Seus olhos passaram rapidamente pelo quarto, buscando uma saída, mas o corpo ainda debilitado pelo p
Danika desviava dos ataques de Vaiolet com a habilidade instintiva de uma rainha, mas o cansaço físico era evidente. Cada movimento parecia um esforço colossal, os músculos cansados pelo parto ainda recente. O quarto se enchia do som dos corpos se movendo, da respiração ofegante, e do tilintar ameaçador da adaga de prata nas mãos de Vaiolet, que tremia com o peso do ódio."Por que você simplesmente não morre?" Vaiolet cuspiu, a fúria distorcendo suas feições, os olhos inflamados com um brilho insano. "Você não merece estar viva. Você e esse... bastardo!"Danika rosnou, seu lobo interno se agitando mais intensamente, querendo explodir e destruir a ameaça que pairava sobre seu filho. "Cale a boca, Vaiolet!" Sua voz era um grito de pura ira, mais animalesco do que humano. "Você não tem direito de sequer pronunciar o nome dele!"O cheiro metálico de sangue flutuava no ar, misturado com o perfume do medo. O ar pesado pulsava ao ritmo de seus corações acelerados. Vaiolet avançou novamente,
POV EnryAli, parado na escadaria, eu a observava. Danika estava ajoelhada no chão, com um sorriso radiante no rosto, enquanto Liam, nosso filho, dava seus primeiros passos cambaleantes em sua direção. O riso dele ecoava pela sala, cada gargalhada pura e cristalina aquecendo algo profundo dentro de mim. Quem diria que eu, o rei dos Lycans, frio e calculista, estaria aqui agora, contemplando a imagem mais preciosa que já vi na vida? Minha companheira e nosso herdeiro, unidos em um momento de ternura e paz.Se, no passado, alguém tivesse me dito que estaria aqui, nessa posição, eu teria rido. Ter uma família, sentir esse tipo de amor... era algo que eu nunca imaginei ser possível para mim. A Danika mudou tudo. Não foi fácil. Eu sei que não fui perfeito. Nos primeiros meses, havia raiva em mim, uma batalha constante para entender e aceitar o que a Deusa da Lua havia planejado para nós. Eu resisti, fui cruel em momentos em que deveria ter sido protetor. O peso de ser rei, de liderar uma a
Enry observava Danika segurando Liam com ternura, uma visão que sempre o comovia, mas que agora também trazia uma preocupação. Ele sabia que Danika lutava com a ideia de deixar Liam crescer sem sua proteção constante. A força que ela dedicava à maternidade era admirável, mas também havia um medo silencioso, quase imperceptível, de permitir que ele explorasse o mundo sem sua supervisão.Enry, porém, sentia que precisavam de um momento para eles dois, longe das responsabilidades. Já fazia algum tempo desde que haviam passado tempo sozinhos, sem a pressão do reino e da paternidade sobre seus ombros. Com essa ideia em mente, ele se aproximou lentamente, tentando encontrar o melhor momento para sugerir o que tinha em mente.Ei," disse com a voz calma, mas firme. "O que acha de tirarmos uns dias para nós dois? Irmos para a cabana. Só nós dois."Ela imediatamente ficou alerta. "E o Liam?" perguntou, quase como uma defesa. "Ele ainda é muito pequeno."Enry suspirou, lutando para manter a paci
A cabana parecia impregnada das lembranças do passado, e ao chegarem, Danika mal conseguiu conter o suspiro nostálgico ao observar o lugar que havia testemunhado momentos tão íntimos entre ela e Enry. O local guardava histórias gravadas em cada centímetro de madeira, um refúgio onde eles haviam se entregado um ao outro em uma noite interminável, conectando-se em corpo e alma. “Estava com saudades desse lugar...” disse ela, com um sorriso tímido, os olhos brilhando com as recordações. “Eu também,” Enry respondeu, sua voz rouca e carregada de nostalgia, enquanto se aproximava por trás dela. Seus braços fortes envolveram-na em um abraço firme, o calor do corpo dele quase incendiando a pele de Danika. O toque de Enry sempre a fazia derreter, como se cada fibra de seu ser estivesse programada para responder ao dele. No entanto, dessa vez, havia uma inquietação persistente no peito dela, uma que não conseguia ignorar. "Como será que ele está?" murmurou ela, referindo-se a Liam, sua voz c