O som da porta se trancando atrás de Vaiolet ecoou pelo quarto, um estalo que trouxe consigo um frio arrepio, como uma sombra pairando sobre Danika e seu filho. Deitada, com Liam em seus braços, Danika murmurou de forma distraída, sem olhar para quem entrava:“Você demorou, Enry... Liam já estava reclamando.”Ela riu levemente, o riso suave de uma mãe cuidando de seu filhote, mas algo a fez parar. O cheiro. Não era o cheiro reconfortante de Enry. Ao virar a cabeça, seu mundo desabou.Vaiolet estava ali, seu rosto distorcido pelo ódio, os olhos em chamas de vingança e dor. O coração de Danika acelerou, e seus braços automaticamente apertaram Liam contra o peito, como se quisesse protegê-lo da escuridão que emanava de Vaiolet. O instinto primal de uma mãe lobo gritou dentro dela.“O que está fazendo aqui, Vaiolet?” A voz de Danika saiu num tom grave, uma mistura de incredulidade e raiva. Seus olhos passaram rapidamente pelo quarto, buscando uma saída, mas o corpo ainda debilitado pelo p
Danika desviava dos ataques de Vaiolet com a habilidade instintiva de uma rainha, mas o cansaço físico era evidente. Cada movimento parecia um esforço colossal, os músculos cansados pelo parto ainda recente. O quarto se enchia do som dos corpos se movendo, da respiração ofegante, e do tilintar ameaçador da adaga de prata nas mãos de Vaiolet, que tremia com o peso do ódio."Por que você simplesmente não morre?" Vaiolet cuspiu, a fúria distorcendo suas feições, os olhos inflamados com um brilho insano. "Você não merece estar viva. Você e esse... bastardo!"Danika rosnou, seu lobo interno se agitando mais intensamente, querendo explodir e destruir a ameaça que pairava sobre seu filho. "Cale a boca, Vaiolet!" Sua voz era um grito de pura ira, mais animalesco do que humano. "Você não tem direito de sequer pronunciar o nome dele!"O cheiro metálico de sangue flutuava no ar, misturado com o perfume do medo. O ar pesado pulsava ao ritmo de seus corações acelerados. Vaiolet avançou novamente,
POV EnryAli, parado na escadaria, eu a observava. Danika estava ajoelhada no chão, com um sorriso radiante no rosto, enquanto Liam, nosso filho, dava seus primeiros passos cambaleantes em sua direção. O riso dele ecoava pela sala, cada gargalhada pura e cristalina aquecendo algo profundo dentro de mim. Quem diria que eu, o rei dos Lycans, frio e calculista, estaria aqui agora, contemplando a imagem mais preciosa que já vi na vida? Minha companheira e nosso herdeiro, unidos em um momento de ternura e paz.Se, no passado, alguém tivesse me dito que estaria aqui, nessa posição, eu teria rido. Ter uma família, sentir esse tipo de amor... era algo que eu nunca imaginei ser possível para mim. A Danika mudou tudo. Não foi fácil. Eu sei que não fui perfeito. Nos primeiros meses, havia raiva em mim, uma batalha constante para entender e aceitar o que a Deusa da Lua havia planejado para nós. Eu resisti, fui cruel em momentos em que deveria ter sido protetor. O peso de ser rei, de liderar uma a
Enry observava Danika segurando Liam com ternura, uma visão que sempre o comovia, mas que agora também trazia uma preocupação. Ele sabia que Danika lutava com a ideia de deixar Liam crescer sem sua proteção constante. A força que ela dedicava à maternidade era admirável, mas também havia um medo silencioso, quase imperceptível, de permitir que ele explorasse o mundo sem sua supervisão.Enry, porém, sentia que precisavam de um momento para eles dois, longe das responsabilidades. Já fazia algum tempo desde que haviam passado tempo sozinhos, sem a pressão do reino e da paternidade sobre seus ombros. Com essa ideia em mente, ele se aproximou lentamente, tentando encontrar o melhor momento para sugerir o que tinha em mente.Ei," disse com a voz calma, mas firme. "O que acha de tirarmos uns dias para nós dois? Irmos para a cabana. Só nós dois."Ela imediatamente ficou alerta. "E o Liam?" perguntou, quase como uma defesa. "Ele ainda é muito pequeno."Enry suspirou, lutando para manter a paci
A cabana parecia impregnada das lembranças do passado, e ao chegarem, Danika mal conseguiu conter o suspiro nostálgico ao observar o lugar que havia testemunhado momentos tão íntimos entre ela e Enry. O local guardava histórias gravadas em cada centímetro de madeira, um refúgio onde eles haviam se entregado um ao outro em uma noite interminável, conectando-se em corpo e alma. “Estava com saudades desse lugar...” disse ela, com um sorriso tímido, os olhos brilhando com as recordações. “Eu também,” Enry respondeu, sua voz rouca e carregada de nostalgia, enquanto se aproximava por trás dela. Seus braços fortes envolveram-na em um abraço firme, o calor do corpo dele quase incendiando a pele de Danika. O toque de Enry sempre a fazia derreter, como se cada fibra de seu ser estivesse programada para responder ao dele. No entanto, dessa vez, havia uma inquietação persistente no peito dela, uma que não conseguia ignorar. "Como será que ele está?" murmurou ela, referindo-se a Liam, sua voz c
O silêncio no carro estava pesado, a tensão entre Danika e Enry palpável. O motor ronronava suavemente enquanto o caminho de volta ao castelo se desenrolava à frente deles, mas ambos estavam perdidos em pensamentos e emoções conflitantes. Não haviam mais motivos para continuar na cabana. Danika permanecia imóvel, com o olhar fixo na janela. Cada vez que seus olhos se desviavam para o céu cinzento ou para as árvores que passavam velozmente, sua mente voltava ao ocorrido com Enry e a Liam. Era tudo que ela conseguia pensar agora. A dor das palavras de Enry ainda estava presente, queimando dentro dela. Era como se sua alma estivesse dividida, uma parte lutando contra as feridas do coração, e a outra se desesperando para estar ao lado do filho.Ao lado dela, Enry dirigia em silêncio, seu maxilar tenso, os músculos rígidos. Ele sabia que havia dito coisas que não poderia desfazer, seu lobo enchia sua mente, lembrando o quanto ele era um idiota e o arrependimento o consumia como um veneno
Danika colocou Liam para dormir com um cuidado amoroso, mas, quando saiu do quarto, o peso das últimas semanas ainda estava lá, pressionando seus ombros. A inquietação em seu peito era refletida pela loba dentro dela, agitada e sem descanso. Precisava de ar, de espaço, de algo que aliviasse a tensão crescente. E ela sabia exatamente onde encontrar esse alívio.Deslizando pelas escadas silenciosas do castelo, Danika seguiu para a cachoeira. Aquela que guardava tantas lembranças. Ali, ela havia se rendido pela primeira vez a ele, o lobo negro que agora dominava sua vida de maneiras que ela jamais poderia ter previsto. As memórias daquela noite se misturavam com o presente, fazendo seu coração bater mais forte.Ao chegar, o som da água caindo foi um convite à paz que ela tanto ansiava. A vegetação ao redor era densa, viva, completamente diferente da primeira vez em que a neve reinava e o mundo parecia mais frio. Agora, a lua iluminava tudo com uma luz prateada.Sem hesitar, Danika desfez
POV DanikaSete anos se passaram desde o nascimento de Liam, e eu ainda podia sentir o peso de cada momento, como se o tempo tivesse voado e, ao mesmo tempo, permanecido preso em uma lembrança doce. Meu olhar seguia seu pequeno corpo correndo pelo campo, rindo ao lado de Melinda. Havia algo mágico na amizade deles, uma conexão que parecia ultrapassar a compreensão de qualquer um.Meu coração se enchia de amor ao observá-los, mas agora também batia por outro motivo. Levei instintivamente a mão ao ventre, ainda plano, mas onde crescia mais uma vida. Enry e eu estávamos esperando outro filho. A sensação de ter um filhote outra vez me invadia com uma mistura de excitação e serenidade, como se a Deusa da Lua estivesse nos abençoando cada vez mais. Enry estava ao meu lado, seus braços me envolviam com firmeza enquanto observávamos juntos Liam e Melinda. "Nosso filho vai ser um grande líder", ele murmurou, baixinho, próximo ao meu ouvido, enquanto suas mãos suavemente acariciavam minha bar