Maria Vitória estava impecável. Um pecado costurado em branco. O vestido moldava suas curvas como se tivesse sido desenhado em sua pele. As costas nuas, a pele macia e exposta, e aquele andar provocante... era uma armadilha da qual eu nunca conseguiria escapar.Quando ela entrou no banheiro, sozinha, fui atrás como quem é puxado por um ímã inevitável. Não havia racionalidade. Só impulso. Tesão. Uma urgência que eu não conseguia mais fingir que não existia.Ela se virou para mim com o rosto corado, respiração acelerada. A tensão entre nós era elétrica. E quando nossas bocas se encontraram, não havia mais retorno. Maria Vitória cedeu ao meu beijo como quem se joga no abismo — com fome, com raiva, com necessidade. Eu conhecia cada sinal. O jeito como os dedos dela pressionavam meus ombros, como a respiração escapava quente contra a minha boca, como o corpo dela se arqueava sob o meu. Ela estava molhada. Excitada. Pronta. E eu a queria como nunca desejei nada na vida.Minhas mãos encontra
u mal conseguia me sustentar nas pernas quando saí do banheiro. Os joelhos ainda frágeis, o corpo inteiro em estado de choque. Não de medo — mas daquela vertigem doce que vem depois do êxtase. O coração batia acelerado, como se eu tivesse corrido uma maratona... ou estivesse fugindo de mim mesma.Apoiei uma das mãos na parede, tentando recuperar o fôlego. Meu sexo ainda pulsava, quente, sensível. E a sensação da boca dele ali — faminta, desesperada — me atravessava como uma corrente elétrica.O que eu havia feito?Ou pior… o que ele havia feito comigo?Levei a mão à boca, e um riso escapou antes que eu pudesse conter. Um riso nervoso, quase incrédulo. De mim. De nós. Daquilo tudo. Como se eu tivesse acabado de cometer um crime delicioso. Um erro... que valia a pena repetir.Ainda ofegante, caminhei de volta para a área aberta, onde a música pulsava e conversas abafadas preenchiam o ambiente. A festa seguia como se nada tivesse acontecido — e, no fundo, era isso que me enlouquecia. O m
Eu já não conseguia mais me controlar — tampouco partir. Sabia o que ela fazia, sabia que estava me provocando de propósito, dançando daquele jeito, sensual, entregue, com aquele garoto. Ela nunca gostou de tipos como ele — isso eu sabia, com a certeza de quem a conhece mais do que deveria.Quando me aproximei, não pensei. Apenas tomei. Beijei sua boca com fome, com fúria. E quando ela tentou se afastar, vi o susto nos olhos dela — o medo do que estávamos nos tornando. Mas não parei. Segurei sua cintura com um braço e a puxei de volta para mim. E a domei, mais uma vez, num beijo.— Alexandre... o meu pai... — sussurrou, a voz hesitante, os lábios tão próximos dos meus que quase não houve distância entre nós. Mas ela não teve coragem de se afastar.Eu sabia. Heitor já havia ido embora. Ele e Ana Liz estavam brigando, eu tinha visto o momento em que ela saiu da pista, furiosa. Aquele caos todo nos favorecia.— Está preocupada com o seu pai agora? — perguntei, cravando minha pergunta nela
Um grupo de rapazes entrou no elevador, falando alto sobre futebol. Nos cumprimentaram com um “boa noite”, e respondi com a voz rouca, fazendo força pra disfarçar a ereção que crescia sem controle dentro da calça.O alívio só veio quando chegamos ao décimo segundo andar.Peguei a mão dela, puxando com pressa, quase tremendo ao tentar tirar a chave do bolso. Assim que a porta do apartamento se abriu, puxei Maria Vitória para dentro e tomei sua boca como um homem faminto — sem pausa, sem permissão. Desci a mão entre as suas pernas, lhe tocando. Ela entrou primeiro, tropeçando nos próprios pés, rindo com aquele brilho debochado nos olhos que me consumia de dentro pra fora. O som da porta batendo atrás de mim ecoou como um tiro no silêncio tenso do apartamento.Joguei as chaves sobre a mesa da sala com força desnecessária.— Foi divertido pra você? — disparei, a voz mais baixa do que o necessário, mas carregada.Ela girou nos calcanhares, ainda com os cabelos desgrenhados e o vestido col
— Não vai dizer nada? — A voz dele saiu quase como um sussurro, quebrando o silêncio, mas carregada de um peso que ele tentava, em vão, disfarçar.Eu olhei para ele, sentindo cada palavra que ele não dizia mais do que qualquer coisa que pudesse sair da sua boca. O vapor da água nos envolvia, mas nada disso parecia dissipar a tensão entre nós. A cada segundo, a tensão aumentava, como se uma força invisível nos atraísse, nos puxasse para um lugar onde não havia mais volta.Meu corpo estava quente, e não era apenas pela água. Cada olhar dele, cada toque leve, cada movimento que ele fazia parecia me incendiar por dentro. Eu queria dizer algo, mas não sabia o que. As palavras não eram suficientes.— Ainda não uso anticoncepcional — Era uma verdade que precisava ser dita. Alexandre começou a tocar em meu cabelo, acredito que tentando uni-los, mas formou em algo mal feito, um rabo de cavalo em suas mãos, puxou-me pelo cabelo para si. — Podemos cuidar disso. — Disse contra a minha orelha, a á
Alexandre assentiu. Não precisávamos discutir. Estava claro — eu também queria ficar. Queria ele. Mas sabia que as consequências daquilo podiam não ter volta.— Mas como é que eu vou embora com isso? — perguntei, puxando a barra da blusa dele que agora cobria meu corpo. Era larga demais, mas macia, cheirando a ele. O olhar dele percorreu o tecido, e seus lábios se curvaram num sorriso leve.— Posso comprar algo pra você — respondeu com segurança, mas seus olhos denunciavam que a ideia o divertia. — Mas… preciso admitir que essa blusa fica melhor em você do que em mim.Ri, acompanhando o tom. Mas, sinceramente, eu não achava nada sexy na minha aparência naquele momento — com o cabelo embaraçado e os olhos ainda inchados da noite anterior.— Melhor que compre um vestido parecido com o que você rasgou ontem — retruquei, provocando, vendo-o inclinar levemente a cabeça, um gesto quase culpado.— E o que mais? — ele perguntou, chegando mais perto. — Posso te dar mais alguma coisa?Não esper
Eu não queria que Maria Vitória fosse embora. Ela estava calada, pensativa em muitos momentos, e eu... inquieto. Queria saber como estava sua vida, se havia conseguido se resolver com a mãe, com o padrasto. Mas o tempo que tínhamos estava chegando ao fim. Faltava apenas passar no shopping, pegar o vestido e levá-la. E então, pensar em uma desculpa convincente para Heitor — caso ele perguntasse.Só não contava com Maria Clara. E ela parecia disposta a destruir qualquer plano meu.— Eu te fiz uma pergunta, Maria Clara. — Fitei-a firme. — Não ando perguntando com quem você transa ou deixa de transar.Ela soltou uma risada seca, zombeteira. Passou as costas da mão pelo nariz com desdém.— É claro que não anda, Alexandre. Você nunca se importou mesmo.Ela jogou a bolsa no chão. Em um impulso, dei dois passos até Maria Vitória, me colocando entre as duas.— O que é? Está com medo? — Clara disparou, com veneno na voz.Maria Vitória se encolheu ligeiramente, os olhos arregalados, a respiração
Cheguei à entrada da casa com passos curtos. Olhei em direção à sala, temerosa. Uma sensação desconhecida me atravessou. Eu nunca tive um pai. E ter consciência disso agora me fez esticar a coluna, andar normalmente, como uma mulher adulta.Minha mãe me perguntaria como foi, me puxaria para o sofá e iria querer saber tudo. Subi os degraus pensando na falta que ela me fazia. Mas quanto ao meu pai... aquilo ainda era tão estranho.Cheguei até a porta do meu quarto, minha mão buscando a maçaneta, hesitante, quando a porta ao fundo do corredor se abriu. E ali estava ele. Só de bermuda folgada azul-escuro. Meu coração saltou no peito.Sem camisa, alguns fiapos de pelos em volta dos mamilos, o cabelo todo bagunçado, como quem acabara de sair da cama.— Hein, finalmente acordou a margarida. — Ele abriu um sorriso claro, gentil, estendendo os braços para me receber com carinho.Ainda me sentia receosa. — Pai? — perguntei, como se aquela palavra me denunciasse. Ele me envolveu em seus braços,