As mãos de Alexandre seguraram a minha cintura me forçando em cada movimento, eu de frente, exposta naquele banco de carro, numa escuridão sem fim, enquanto ele me movia com firmeza. — É disso que você gosta, não é? De me fazer perder o juízo. — Abri a boca tentando argumentar, mas ele estava me fodendo com força. — Claro que gosta! — Ele se respondeu atrás de mim, quando eu gozei ele não demorou a fazer o mesmo. — Satisfeito? — Perguntei tentando me ajeitar, o carro mesmo com a janela da frente aberta, as de trás estavam suadas. — Ainda não! Mas por hora, preciso te levar para casa. — Para a minha, por favor. — Sentou no banco da frente me olhando, com pouco agrado. — Uma porra. — murmurou ele, ajeitando a calça com um suspiro rouco. — Vou ficar com você até me satisfazer.Imaginei que estivesse suja, e isso me causou um arrepio de desconforto. Cruzei os braços, irritada.— Nem pensar. Minha mãe deve estar preocupada comigo. E, com certeza, o meu pai...— Eu me resolvo com o seu
Sentamos no sofá. Ele me beijava — boca, pescoço. Aquele rabicho de barba raspando na minha pele não fazia nada legal, mas eu tentei. Eu precisava tentar. Não podia parar no primeiro. Tinha que pular as casinhas.A mão dele chegou até minha calcinha, ainda seca. Eu sabia. Estava forçando. Mesmo com vinho, com aquela música sensual de fundo, ele descendo até minhas pernas, arranhando minha boceta com os dentes, com a língua...Eu tinha me depilado pra isso.E estava sendo um fracasso.— Linda... você é uma gostosa do caralho... uh-ru! — disse, já colocando o preservativo.Socar, socar, socar.Quando gozou, parecia que tinha ido a Marte. Eu fiquei ali. Estirada numa cama de casal.Perguntando que porra eu tinha feito pra merecer isso.E como se nada mais importasse, me deu um beijo melequento. Tinha gosto de xebiu. O pior é que era o meu.Eu achava nojento.Colocou a bermuda, saiu pela porta como quem vai buscar uma cerveja na cozinha.Fiquei sozinha, parada, nua, no silêncio do quarto.
Maria Vitória entrou no prédio, e eu ainda observava cada passo seu.— Transaram, não foi, seu filho da puta? — rosnou Heitor assim que ela desapareceu atrás da porta.Ela ainda olhou para trás quando assenti, em silêncio.— Podemos conversar em outro lugar? Não quero... — murmurou ele. Mas eu sabia. Ele queria o mesmo que eu: evitar que sua filha tivesse que escolher entre nós — ou se sentir culpada pelo desfecho.Heitor foi até o carro, e eu o segui na penumbra da madrugada. Quando ele parou num trecho deserto da cidade, eu soube que não havia mais volta.Ele veio em minha direção e, sem pensar duas vezes, acertou meu rosto com um soco.— Trepou com ela, depois de ter me prometido, não foi?Cuspi o gosto metálico do sangue invadindo minha boca e encarei-o.— Prometer era fácil. Resistir à sua filha... é difícil.Ele me agarrou pela gola da camisa, os olhos cravados nos meus.— Bate. Pode bater. Transamos, sim. E não foi a primeira vez. Nem vai ser a última...O segundo soco veio mai
Era manhã de sábado. O sol já subia alto no céu, invadindo o quarto com uma luz dourada. O telefone tocava sem parar em algum canto. Alexandre saía do banheiro, secando o cabelo com a toalha, e eu o observava com uma atenção quase devocional — o peito largo, a cintura firme, a nudez sem pressa. Cada detalhe dele parecia moldado entre o descuido e a intenção.— Não vai atender? — perguntou, sem me olhar.— É o seu. — respondi, ainda o acompanhando com os olhos.Como ele seria no futuro? As pessoas pareciam estar rejuvenescendo. Os homens de quarenta pareciam ter trinta. Os de cinquenta, quarenta. Meu avô, com sessenta, estava acabado... mas eu não conseguia ver Alexandre assim. Ele era diferente. Inquietante. Intenso.— Atende, mulher, tô ocupado. — disse, ainda enxugando o cabelo, vasculhando a gaveta.Peguei o celular no bolso da calça dele. O nome na tela me travou os dedos.— É a Maria Clara. — anunciei. Ele nem sequer se virou.— Alô? — atendi, hesitante. A última lembrança dela a
Alexandre XavierA noite avançava e eu continuava ali, na sala de Heitor, indo e vindo num ciclo exaustivo de papéis acumulados. A contadora já havia ido embora quando o céu escureceu de vez. Dívidas, rescisões trabalhistas em atraso, contas que pareciam brotar de todos os cantos — tudo em desordem. Àquela altura, eu começava a duvidar se Heitor alguma vez soube o que estava fazendo. E talvez não soubesse mesmo.Quando a fome me alcançou, fui informado que a lanchonete do hospital já estava fechada. Pensei em pedir algo por delivery, mas o sábado já estava morrendo, e o domingo ameaçava nascer com o mesmo gosto amargo de cansaço.A porta rangeu ao ser aberta. Ergui os olhos do celular, esperando mais problemas.Mas ali estava ela.Maria Vitória.De pé, me olhando.O cabelo solto descia como uma cascata sobre os seios, os braços cruzados na altura da barriga. Usava um vestido terroso que eu já havia visto antes, mas havia algo de novo nele — talvez o jeito como ela me olhava. O sorriso
Alexandre ainda estava curvado sobre mim. O cheiro dele invadia minhas narinas — quente, urgente — como se nosso desejo ainda pairasse ali, pesado, sufocante. Nossos batimentos estavam descompassados, se misturando num ritmo caótico, como se os corações tentassem fugir do próprio corpo. Eu já não sabia mais quem éramos. Só sabia que era errado — terrivelmente errado. Uma situação tão constrangedora que nem nos meus piores pesadelos eu teria imaginado.— Saia, por favor — Alexandre pediu, a voz tensa, quase rouca.Quem quer que fosse, não respondeu. Apenas passos duros ecoaram pelo chão, arrastando consigo a decepção. A porta se fechou logo em seguida, num estrondo seco que cortou o ar.Alexandre se ergueu de sobre mim, trêmulo. Os olhos fugiam dos meus, mas eu o segui com o olhar, aflita, com o estômago se retorcendo num medo que crescia como um nó.— Quem era? — perguntei, sentindo a garganta arranhar.Ele puxou minha calcinha de volta, ajeitou meu vestido com mãos trêmulas, como se
Eu insistia, batendo no vidro do carro, enquanto Maria Vitória, acuada, chorava sem parar. Eu não ia desistir dela. Também não podia deixá-la seguir por aquela via, em alta velocidade, sem rumo. Quanto a Heitor, pouco me importava naquele momento. Que visse o que tinha feito. A minha culpa, essa eu já carregava comigo. Sabia que havia passado de todos os limites — mas nunca, nunca foi por vingança.Clara, minha tia Dulce, minha prima Regina... eram mulheres, adultas. Sabiam o que estavam fazendo. Por mais libertino que Heitor fosse, eu não o imaginava forçando nenhuma delas. Não havia mais espaço para rancor, nem para comparações.O carro dela ainda estava ali, motor ligado, os olhos marejados tentando focar o caminho — mesmo sem enxergar nada. Quando ela engatou a ré, tentando recuar, eu temi. Olhei ao redor, como se procurasse um freio para a tragédia iminente. Num impulso, peguei uma pedra do chão e a arremessei contra o vidro lateral.— Ah! — ela gritou, assustada.Aproveitei o mo
Eu não sabia o que dizer, mas sabia que, sem Alexandre no hospital, tudo aquilo logo ia ruir.— E o que você pretende fazer? Você não pode simplesmente... — tentei dizer, mas ele negou com a cabeça, ainda sem camisa, apenas de bermuda, e me deu as costas, indo em direção à cozinha.— Já recusei inúmeras propostas de trabalho. Nunca saí do hospital por consideração ao seu pai. Além disso, posso me manter afastado por um tempo. São anos lidando com sangue, salvando vidas de desconhecidos... No fundo, talvez a Maria Clara tenha razão: eu não tenho vida além de uma sala de cirurgia.Só de ouvir o nome dela, o desconforto voltou. Eu preferia que ele não se referisse à ex-mulher, mas nunca teria coragem de dizer isso.— Entendi. Não vou mais tomar o seu tempo. De qualquer forma, essa conversa precisa acontecer — falei, observando o homem deixar o copo vazio sobre a bancada branca da ilha.— Ei, espera... — ele se apressou na minha direção, me segurando pela cintura. Olhei em seus olhos, ten