Anne foi ao hotel experimentar a identidade temporária que tinha guardada e funcionou. Então, Anthony falara a verdade quando disse que a deixaria em paz. Estava livre finalmente. Isso a lembrava que não havia contado a Sarah sobre Lucas ainda. Se colocou no lugar da mãe e pensou como deveria ser ruim sentir que não poderia voltar para Luton. Talvez devesse ligar para ela. Na verdade, iria ligar logo mais. Depois de sair do trabalho, Anne pegou o metrô para casa. Quando desceu dele, sentiu o celular vibrar no seu bolso. Quem seria? Esperou a movimentação de pessoas passar, subiu a escada da estação e viu que era Lucas ligando. — Estou chegando em casa. — Disse Anne. — Quando o seu trabalho vai acabar? Está tudo bem? — — Estou jantando com o pessoal da Secretaria de Educação, saí aqui fora um pouco para poder ligar e ver como você está. — — Que trabalhador você é. — Anne sorriu. — Vejo você quando acabar aqui? — — Não, vá para casa. Não se sobrecarregue, Lucas. — Anne s
Anthony pressionou a mão no ombro de Anne com força, e seus olhos negros a encararam, afiados e ferozes. Estava tão assustada que ofegou e seu corpo tremeu por inteiro. Ela esperava que Anthony a machucasse. Muito. Estava com medo, mas mordeu a língua por estar preocupada de dizer algo e acabar implorando por misericórdia... Quando estava prestes a desmaiar, a mão em seu ombro foi liberada e a pressão no corpo desapareceu. Então, Anthony saiu de cima dela e foi embora do apartamento num rompante estrondoso, bufando e batendo a porta com tudo. Anne ficou deitada no sofá e se sentia num estado de consciência instável. Havia suor frio em sua testa. Mas, tinha ganhado, era isso que importava. O demônio tinha a deixado ir. Quando ela voltou a si, rapidamente encontrou seu celular e verificou a localização de Anthony, vendo que ele já estava fora do edifício. Anne sentou-se no chão, ainda com tremores persistentes. Encostou-se no sofá e chorou. Tinha lutado contra Anthony desta vez,
Lucas encarou Anne levemente com olhos amorosos e então se virou para entrar no carro, deixando o rosto de Anne queimando de timidez. Assim que saiu, ela ficou observando o carro ir embora com um sorriso no rosto. Não contaria a Lucas o que aconteceu na noite anterior, pensou. De qualquer forma, não foi nada, então por que tinha que falar sobre isso? Se sentia bem-humorada e não precisava se preocupar com coisa alguma por enquanto. Sua vida parecia perfeitamente feliz. Quando voltou para dentro, pegou a bolsa, o celular e foi trabalhar. A sexta-feira estava chegando. Em determinado momento do dia, Anne estava numa ligação com Nigel, que dizia: — Seja você mesma, não precisa ficar nervosa. — — Pai, não estou nervosa. É só uma refeição. — Anne riu. Ele ficou um pouco envergonhado por ter entendido errado. — Ah, certo. Me desculpe... — Só se sentia hesitante por sua filha estar se casando de forma tão rápida. Afinal, eles se conheciam há tão pouco tempo! Era tão difícil aceit
— Que cheiro é esse? — perguntou Anne. O motorista não respondeu. Notando pelo espelho retrovisor, ela podia ver que os olhos dele pareciam muito indelicados e maliciosos. A jovem rapidamente cobriu a boca e o nariz, mas era tarde demais e sua visão começou a embaçar. Então, seu corpo caiu mole no assento. O celular deslizou da sua mão e desceu até o carpete do carro, com a mensagem de texto não enviada ainda na tela. — Sinto muito, tenho um jantar muito importante hoje. Serei o anfitrião da próxima vez. — Lucas saiu apressado após cumprimentar o líder da Secretaria de Educação. Enquanto dirigia, ele tentou ligar para Anne. Para sua surpresa, ela não respondeu. Tentou mais algumas, mas só caia na caixa postal, sem sucesso. “Ela já chegou ao restaurante”, pensava. Tentou ligar para o motorista, por precaução, mas ele também não atendia o celular. Bom, tudo que podia fazer era ir direto ao jantar. Quando chegou ao restaurante, as duas famílias já estavam sentadas nas mesas e
Depois que Bianca entrou no carro, quanto mais pensava em Anthony, mais frustrada ficava. Mandou até mesmo o motorista ir ao Grupo Arquiduque para poder checar se ele estava lá. Não gostava daquela sensação... Anthony tinha dito que estaria ocupado naquele dia e não poderia ir jantar, mas o desaparecimento coincidente de Anne levantava muitas suspeitas. Será que eles poderiam estar... O motorista, então, entrou no estacionamento subterrâneo da empresa. Bianca saiu do carro e viu o Rolls Loyce preto de Anthony, o que era uma visão aliviante de certa forma. Mesmo assim, ela ainda estava preocupada, afinal o magnata tinha vários carros ali e podia ter saído com qualquer um. Quando chegou ao andar mais alto, a secretária lhe disse que Anthony estava em uma reunião. Assim, Bianca resolveu esperar na frente do escritório, enquanto sua mente ia de matar Anne para roupas que estavam na moda. Cerca de uma hora depois, Anthony encerrou a reunião e entrava novamente no escritório. Foi qu
Como Nigel poderia não estar se sentindo desesperado? Ele conhecia muito bem a personalidade de Anne. Se ela não quisesse ir, já teria avisado há muito tempo e não iria simplesmente desaparecer. Então, algo devia ter acontecido. Era a única explicação razoável. — Lucas se preocupa bastante com ela. Ele vai dar um jeito de encontrá-la, papai. Com o que você está se preocupando? — Bianca revirou os olhos e se virou. — À noite, as luzes da casa pareciam fracas, com apenas algumas lâmpadas de parede emitindo um brilho fraco. — Urgh... — Anne tornava-se consciente aos poucos de novo, mas ainda confusa sem saber direito o que acontecia. Quando abriu os olhos, se viu deitada num sofá macio. Tentou observar a sua volta, mas a sala estava mal iluminada. O que tinha acontecido com ela? Parecia que estava drogada, com o cérebro ainda não funcionando direito.— Acorda. — Uma voz baixa e medonha soou no silêncio. Anne se assustou, virou o rosto e viu um homem sentado no sofá à sua fre
Anne soltou um grito impotente de dor. Anthony estava tomado por uma fúria intensa, a ponto de seu rosto adquirir uma coloração vermelha. Seus olhos frios exalavam uma aura demoníaca, enquanto as mãos tremiam ao enxugar o suor da testa de Anne.— Como você se sente agora? — Ele perguntou, rindo. — Vá para o inferno... — Anne usou as últimas forças para espremer as palavras entre os dentes cerrados. O magnata beliscou seu lindo queixo e sorriu maliciosamente:— Você deveria se considerar especial, sabia? Se qualquer outra pessoa dissesse isso para mim, eu teria garantido sua morte há muito tempo. — — Me mate de uma vez, então! Eu prefiro do que ter que suportar isso! — Anne gritou em desespero. — Economize sua voz. Você vai precisar dela para chorar mais tarde. — O demônio bufou friamente. Como num sonho longínquo, todo o som que ela ouvia foi ficando distante, até deixar de existir. Passado um tempo, e depois de toda aquela dor, Anne abriu os olhos sem expressão alguma.
Por mais que Anne gritasse, ninguém respondia. Era como se Anthony já tivesse ido embora. Então, a jovem puxou as algemas com força mais uma vez, mas apenas arranhou a pele de seu pulso. Não tinha jeito, estava fadada a ficar presa ali. No entanto, sentia que não podia desistir, como se sua vida dependesse de conseguir ou não se livrar das algemas, o que era provavelmente a realidade. Depois de lutar por mais algum tempo invocando toda energia que tinha dentro de si, deitou-se no chão e lágrimas saíam de seu rosto. Por que diabos tinha que passar por aquela situação? Tinha feito algo para merecer aquilo? Anne pensara que ameaçar Anthony com sua morte o faria recuar. Mas, em vez de recuar, ele se tornou ainda mais violento. Era nítido que estava apenas blefando quando disse que queria morrer, tinha ainda os pais e os três filhos pequenos. E o magnata não era burro, ele sabia que ela mentia. Agora a jovem se martirizava pensando que nunca deveria tê-lo subestimado. Já era quase