— Que cheiro é esse? — perguntou Anne. O motorista não respondeu. Notando pelo espelho retrovisor, ela podia ver que os olhos dele pareciam muito indelicados e maliciosos. A jovem rapidamente cobriu a boca e o nariz, mas era tarde demais e sua visão começou a embaçar. Então, seu corpo caiu mole no assento. O celular deslizou da sua mão e desceu até o carpete do carro, com a mensagem de texto não enviada ainda na tela. — Sinto muito, tenho um jantar muito importante hoje. Serei o anfitrião da próxima vez. — Lucas saiu apressado após cumprimentar o líder da Secretaria de Educação. Enquanto dirigia, ele tentou ligar para Anne. Para sua surpresa, ela não respondeu. Tentou mais algumas, mas só caia na caixa postal, sem sucesso. “Ela já chegou ao restaurante”, pensava. Tentou ligar para o motorista, por precaução, mas ele também não atendia o celular. Bom, tudo que podia fazer era ir direto ao jantar. Quando chegou ao restaurante, as duas famílias já estavam sentadas nas mesas e
Depois que Bianca entrou no carro, quanto mais pensava em Anthony, mais frustrada ficava. Mandou até mesmo o motorista ir ao Grupo Arquiduque para poder checar se ele estava lá. Não gostava daquela sensação... Anthony tinha dito que estaria ocupado naquele dia e não poderia ir jantar, mas o desaparecimento coincidente de Anne levantava muitas suspeitas. Será que eles poderiam estar... O motorista, então, entrou no estacionamento subterrâneo da empresa. Bianca saiu do carro e viu o Rolls Loyce preto de Anthony, o que era uma visão aliviante de certa forma. Mesmo assim, ela ainda estava preocupada, afinal o magnata tinha vários carros ali e podia ter saído com qualquer um. Quando chegou ao andar mais alto, a secretária lhe disse que Anthony estava em uma reunião. Assim, Bianca resolveu esperar na frente do escritório, enquanto sua mente ia de matar Anne para roupas que estavam na moda. Cerca de uma hora depois, Anthony encerrou a reunião e entrava novamente no escritório. Foi qu
Como Nigel poderia não estar se sentindo desesperado? Ele conhecia muito bem a personalidade de Anne. Se ela não quisesse ir, já teria avisado há muito tempo e não iria simplesmente desaparecer. Então, algo devia ter acontecido. Era a única explicação razoável. — Lucas se preocupa bastante com ela. Ele vai dar um jeito de encontrá-la, papai. Com o que você está se preocupando? — Bianca revirou os olhos e se virou. — À noite, as luzes da casa pareciam fracas, com apenas algumas lâmpadas de parede emitindo um brilho fraco. — Urgh... — Anne tornava-se consciente aos poucos de novo, mas ainda confusa sem saber direito o que acontecia. Quando abriu os olhos, se viu deitada num sofá macio. Tentou observar a sua volta, mas a sala estava mal iluminada. O que tinha acontecido com ela? Parecia que estava drogada, com o cérebro ainda não funcionando direito.— Acorda. — Uma voz baixa e medonha soou no silêncio. Anne se assustou, virou o rosto e viu um homem sentado no sofá à sua fre
Anne soltou um grito impotente de dor. Anthony estava tomado por uma fúria intensa, a ponto de seu rosto adquirir uma coloração vermelha. Seus olhos frios exalavam uma aura demoníaca, enquanto as mãos tremiam ao enxugar o suor da testa de Anne.— Como você se sente agora? — Ele perguntou, rindo. — Vá para o inferno... — Anne usou as últimas forças para espremer as palavras entre os dentes cerrados. O magnata beliscou seu lindo queixo e sorriu maliciosamente:— Você deveria se considerar especial, sabia? Se qualquer outra pessoa dissesse isso para mim, eu teria garantido sua morte há muito tempo. — — Me mate de uma vez, então! Eu prefiro do que ter que suportar isso! — Anne gritou em desespero. — Economize sua voz. Você vai precisar dela para chorar mais tarde. — O demônio bufou friamente. Como num sonho longínquo, todo o som que ela ouvia foi ficando distante, até deixar de existir. Passado um tempo, e depois de toda aquela dor, Anne abriu os olhos sem expressão alguma.
Por mais que Anne gritasse, ninguém respondia. Era como se Anthony já tivesse ido embora. Então, a jovem puxou as algemas com força mais uma vez, mas apenas arranhou a pele de seu pulso. Não tinha jeito, estava fadada a ficar presa ali. No entanto, sentia que não podia desistir, como se sua vida dependesse de conseguir ou não se livrar das algemas, o que era provavelmente a realidade. Depois de lutar por mais algum tempo invocando toda energia que tinha dentro de si, deitou-se no chão e lágrimas saíam de seu rosto. Por que diabos tinha que passar por aquela situação? Tinha feito algo para merecer aquilo? Anne pensara que ameaçar Anthony com sua morte o faria recuar. Mas, em vez de recuar, ele se tornou ainda mais violento. Era nítido que estava apenas blefando quando disse que queria morrer, tinha ainda os pais e os três filhos pequenos. E o magnata não era burro, ele sabia que ela mentia. Agora a jovem se martirizava pensando que nunca deveria tê-lo subestimado. Já era quase
Imaginando que fosse Anne, Nigel atendeu ansioso ao telefone. Porém, era Sarah. Ela ainda não sabia sobre o desaparecimento da filha. E já que ligava e não mandava mensagem como fazia habitualmente, Nigel julgava que queria saber sobre Anne.— Oi, Sarah. Está tudo bem? — Perguntou com uma voz natural, fingindo despreocupação. — Oi, Nigel... Estou um pouco ansiosa...Qual é o problema com Anne? Ela não atendeu ou retornou minhas ligações. Sabe o que pode estar fazendo agora? — Sarah disse. — Ela pode estar ocupada com o trabalho. — — Mas, não importa a quão ocupada ela esteja, sempre retorna minhas ligações num tempo razoável... — Sarah estava desconfiada. — Algo está errado? — — Está chegando o final do mês e o departamento dela está ocupado. É normal isso acontecer, não se preocupe. — Nigel disse uma mentira inocente. — Tudo bem... — A mulher comprou o que ele disse. Além disso, como algo poderia dar errado? Nigel estava lá para cuidar dela. — Desculpa, eu só estava rea
A porta do quarto foi aberta, fazendo um pouco de luz entrar no quarto e despontando um fio de esperança em Anne. Mas, não importa a quão esperançosa ficou, só de ver Anthony suas pupilas se contraíram de medo e a angústia tomou conta de si, como se o trauma de ter sido violada estivesse profundamente enraizado em sua mente. O magnata carregava o café da manhã na mão e o colocava na mesa de cabeceira, igual fazia com todas as refeições que lhe trazia enquanto era carcereiro dela. Assim que terminou aquela espécie de ritual, Anne olhou para ele e disse: — É proibido você me servir mais que três refeições por dia? — Os olhos escuros de Anthony pareciam perigosos. Mas, ele pareceu impassível diante do atrevimento dela.— Eu vou ter minha vingança. — Disse, como se tivesse uma certeza inabalável. Anne se estremeceu diante daquela resposta. Então, antes de sair do quarto ele falou: — Me ligue se precisar de alguma coisa. — Então jogou um celular na cama. Logo, virou o corpo e foi e
A voz feroz de Anne soou alta nos alto-falantes, dizendo: — Que DROGA! Estou com FOME, ANTHONY! — Mais de uma dúzia de executivos de alto escalão, incluindo Oliver, imediatamente prenderam a respiração. Quem era? Quem se atrevia a falar com tanta arrogância ao presidente do Grupo Arquiduque? — Me dê algo para comer! Você não acha que eu só preciso comer três refeições por dia, né?! Você não sente fome à tarde, não?! Não quer alguns lanches de frutas? Eu gosto de doces, compre-me alguns bolos e chá com leite! Eu quero um cheesecake e chá com leite e açúcar light, você ouviu isso?! Por que você não fala nada!? — A atmosfera na sala de conferências era tensa e arrepiante, com todos os executivos alarmados, imaginando se Anthony ficaria furioso com aquilo. Tentavam manter uma postura séria e neutra, mas era claro como se esforçavam para fazer isso, com medo de se moverem e despertar a raiva do homem. Ninguém sabia quem era a mulher histérica na chamada, mas Oliver soube assim que