Atencioso, Ivan entrou entre Anthony e a enfermeira, contendo a fúria de seu chefe, ao mesmo tempo que afastava a mulher que só queria fazer seu trabalho.— Você acha que ninguém reparou que ele está todo sujo de sangue? Se ninguém se aproximou ainda é porque ele quer ser deixado só. — Ivan murmurou para a mulher.Enquanto Anne era operada, Anthony ficou do lado de fora, esperando. Horas se passaram, mas Anthony ainda estava ali, imóvel, sem ao menos se sentar, até que, finalmente a porta da sala de cirurgia se abriu.O corpo de Anthony tremeu violentamente e sua voz estava tão reprimida que ficou rouca.— Como ela está? —A enfermeira que saía ficou nervosa. Afinal, ela só tinha deixado a sala para ser substituída por uma colega descansada. Mesmo assim, respondeu:— A doutora Brown e os outros médicos ainda estão fazendo o possível para tirá-la do perigo. — — Me diga como ela está! — Anthony gritou, cerrando os punhos e avançando de forma ameaçadora.Mais uma vez, Ivan interv
Sentindo uma dor aguda em seu corpo, Anne Vallois gradualmente ganhou consciência. Quando abriu os olhos, viu um homem de cabelos pretos e grossos, ao lado da cama. A jovem tomou um susto tão grande que quase gritou, mas rapidamente cobriu a boca. Conforme ganhava consciência, sua memória recuperava os acontecimentos da noite anterior, mas, quando se lembrou dos detalhes, teve vontade de bater em si mesma.Depois de descobrir que seu namorado a traíra, ela foi para um bar, querendo afogar as mágoas, bebeu demais e acabou naquela situação.A jovem não se atreveu a lembrar muito, nem teve coragem de olhar para o rosto do homem. Apenas saiu da cama, desajeitadamente, e pegou as roupas do chão, com vergonha, antes de sair correndo, sem olhar para trás.Três anos depois, em um voo de volta para casa, Anne passava o tempo vendo alguns vídeos salvos em seu celular. As imagens, guardadas com segurança em seu telefone, retratavam crianças, desde o nascimento até os dois anos de idade.― Mamãe!
Na direção em que seguia, Anne acabaria em um beco sem saída, portanto, a jovem se virou e correu em direção à rua movimentada. Assim que chegasse à avenida, ela poderia pegar um táxi e fugir.No entanto, apesar de o plano ter parecido perfeito, quando chegou onde desejava, percebeu que não seria tão fácil pegar um táxi, afinal, os brutamontes ainda a perseguiam. Por isso, Anne procurava desesperadamente um lugar para se esconder.Por acaso, a jovem viu um Rolls Royce estacionado do outro lado da estrada e correu em direção a ele. Sem hesitar, se escondeu do outro lado do carro.Agachada atrás do veículo, Anne engasgava, tentando recuperar o fôlego. As janelas eram opacas e ela não conseguia ver nada lá dentro. Quando olhava para o vidro, o que via era apenas seu reflexo de pânico.O aparelho em sua bolsa tocou e a jovem atendeu, em estado de choque. Com cautela, Anne espiou e viu que os seguranças ainda procuravam por ela. Por isso, se escondeu atrás do carro, mais uma vez.Do outro l
Anthony jogou o terno preto no sofá, ficando apenas com a camisa preta, que delineava seu torso forte e bem construído, prendendo a atenção de Anne, por alguns segundos, embora o homem mantivesse uma postura agressiva.Recobrando a concentração, Anne abaixou o olhar. Ela não havia se esquecido completamente daquela noite e sabia como Anthony tinha o corpo musculoso e sensual.― Por que você me trouxe aqui? ― A jovem perguntou, mesmo com medo. Ela se sentia insegura em falar qualquer coisa, na frente do homem poderoso e cruel, no entanto, assim que superou o medo e falou, ouviu um som estrondoso vindo de sua barriga faminta.Anne se sentiu envergonhada. Desde que descera do avião, ainda não tinha comido nada. Além da fome, a exaustão da viagem e do voo finalmente a estavam afetando.Então, Anthony disse, friamente:― Você deve estar com fome ― e, virando-se para trás, ordenou com a voz potente ― sirvam a comida! ―Um homem de meia-idade, com uniforme de trabalho, trouxe uma tigela de so
Anne ainda conversava com Sarah, ao telefone, quando a tia disse: ― Eu sei que você ainda está em Luton. Seu passaporte está comigo. ―Surpresa, a jovem perguntou:― Como? Meu passaporte está com você? ―― Sim, não consegui falar com você, então fui para o seu hotel. Como você pôde deixar seus documentos num hotel barato? Não é seguro. Então, fiz o check-out para você. Assim que puder, venha ficar comigo. ―Mesmo que quisesse, Anne não poderia voltar para o hotel. Afinal, ela não conseguia escapar do aprisionamento de Anthony.― Tia, eu ainda não vou. Vou ficar na casa de um amigo, por alguns dias. Mas, vou pegar meu passaporte, antes de ir embora ― respondeu Anne.― Você não vem nos ver, há tantos anos, e agora não quer ficar em nossa casa. Quem é esse seu amigo? ― Sarah perguntou.― Alguém do ensino médio... ― Anne tentou parecer convincente.― Eu sei que você teve problemas com Anthony. No entanto, já se passaram muitos anos e você não tem mais nada a ver com ele. Não leve isso mui
Com força, Anthony agarrou os ombros de Anne e a empurrou. A jovem gritou de dor quando se chocou contra a mesa, fazendo com que dois copos caíssem sobre ela. O líquido espirrou em seu rosto e umedeceu seu cabelo.Anthony se sentou, preguiçosamente, no sofá, com as pernas cruzadas, enquanto observava Anne, com um olhar frio e sombrio.Pat tentou agradar a Anthony, oferecendo uma bebida. Mas, ao invés de receber o copo, o homem continuou olhando para Anne, dizendo apenas: ― Não quero ser servido por você! ―As mãos de Pat estremeceram antes que ele entendesse, mas, finalmente, surgiu uma expressão de entendimento em seu rosto e ele entregou a garrafa de vinho para Anne.A jovem tremia tanto, de pavor, que mais parecia que estava encharcada em água gelada. Ela sabia que Anthony pretendia humilhá-la e, se ela desobedecesse, nunca seria capaz de sair daquela sala. Por isso, pensando nos três filhos inocentes e adoráveis que tinha deixado em casa, Anne engoliu o orgulho e estendeu a mão tr
Anne sentiu calafrios por todo o corpo e ficou, por alguns segundos, sem saber o que dizer para a tia, que acabou desconfiando do assunto:― Querida... Por que você está perguntando sobre isso? ―Anne tentou controlar a voz, ao máximo, tentando impedir que soasse trêmula, quando respondeu:― Não tem nenhum motivo. Só curiosidade... ―― Ah, tudo bem. E você já sabe quando vem? Eu quero cozinhar para você! ―― Infelizmente, não tão cedo. Descobri que temos bastante coisa para fazer por aqui, mas eu ligo para você quando sair daqui. ―― Tudo bem, estou esperando por você. ―Depois de desligar, Anne empalideceu ao sentar-se apática, no assento do vaso sanitário.Ela sabia que Anthony era rico, mas não esperava que ele tivesse tanto poder em Luton. Entretanto, mesmo assim, ela ainda teria que fugir, por mais difícil que parecesse e, uma vez que escapasse de Luton, Anthony nunca a encontraria.Ela poderia pedir a sua tia que levasse seu passaporte para o aeroporto, assim que fugisse da Mansã
Sarah aguardava a sobrinha, não muito longe da verificação de segurança. Ela não tinha ideia do motivo de Anne ter tanta pressa, como se alguém a estivesse perseguindo. Mas, meia hora depois, viu que ela corria em sua direção.Anne acalmou a respiração e disse:― Tia, me dê a passagem! ― Ainda ofegante, a jovem pegou o passaporte e a passagem com a tia.Sentindo-se, ao mesmo tempo, aliviada por ver que a sobrinha estava bem e preocupada, por não entender o que se passava na vida da jovem, Sarah perguntou:― O que aconteceu? Você está bem? ― Se Anne dissesse que não havia nada de errado, estaria mentindo descaradamente e a tia perceberia, por isso, inventou uma desculpa:― Meu professor me quer de volta imediatamente. Não sei o que houve de errado, mas parece que é bastante urgente. ― Anne usou a desculpa que já tinha deixado pronta.Com a idade que tinha, ainda estaria na faculdade se não tivesse largado os estudos, devido à gravidez.Mesmo o motivo sendo lógico, Sarah não queria que