Sarah aguardava a sobrinha, não muito longe da verificação de segurança. Ela não tinha ideia do motivo de Anne ter tanta pressa, como se alguém a estivesse perseguindo. Mas, meia hora depois, viu que ela corria em sua direção.Anne acalmou a respiração e disse:― Tia, me dê a passagem! ― Ainda ofegante, a jovem pegou o passaporte e a passagem com a tia.Sentindo-se, ao mesmo tempo, aliviada por ver que a sobrinha estava bem e preocupada, por não entender o que se passava na vida da jovem, Sarah perguntou:― O que aconteceu? Você está bem? ― Se Anne dissesse que não havia nada de errado, estaria mentindo descaradamente e a tia perceberia, por isso, inventou uma desculpa:― Meu professor me quer de volta imediatamente. Não sei o que houve de errado, mas parece que é bastante urgente. ― Anne usou a desculpa que já tinha deixado pronta.Com a idade que tinha, ainda estaria na faculdade se não tivesse largado os estudos, devido à gravidez.Mesmo o motivo sendo lógico, Sarah não queria que
― Dessa forma, você nunca mais vai escapar de mim ― Anthony disse, inclinando o corpo e encostando a testa na porta de vidro. Seus olhos eram misteriosos, como os de um demônio.― Não! Eu não posso morrer... ― Anne caiu no chão, apática. A alta temperatura a forçou a se encostar na porta de vidro, para tentar aproveitar o mínimo ar fresco que vinha de fora, enquanto, com a voz fraca, continuava implorando ― deixe-me ir... eu não posso morrer... eu nunca mais ia te incomodar. Por que você me trouxe de volta? ―Mas, suas palavras não surtiam nenhum efeito e, quando olhou para cima, o que viu foram os olhos escuros e demoníacos de Anthony olhando para ela com uma expressão assassina de prazer.Anne abraçou o próprio corpo, sem suportar a dor que sentia:― Eu prometo nunca mais fugir. Eu não vou fugir. Deixe-me sair... eu não quero morrer, não vou tentar fugir de novo... ―Logo em seguida, Anne caiu no chão, com falta de ar. Sua visão ficava embaçada, mas a figura alta e sombria, do lado d
A porta do banheiro foi aberta, sem aviso e Anne, que estava lá dentro, congelou, observando nervosamente o homem intimidador, que apareceu de repente.Anthony olhou para ela e disse:― Você trancou as portas da minha casa? Quem lhe deu permissão? ―Apesar de ser uma questão absurda, Anne foi incapaz de refutar. Afinal, aquele não, era de fato, o quarto dela.Tudo na Curva, incluindo Anne, aparentemente, pertencia a Anthony.No entanto, ela podia contar para ele o verdadeiro motivo de ter trancado a porta, por isso, improvisou:― Eu estou... com medo... ― Anne disse, com a voz fraca.Anthony fixou o olhar afiado no celular, nas mãos da jovem, e ordenou:― Me dá essa porcaria. ―Anne percebeu o que ele pedia e apertou o aparelho, com mais força. Ela não esperava que Anthony chegasse àquela hora e tinha sido pega despreparada.― Não me faça repetir! ― A voz agressiva de Anthony ecoou pelo banheiro.O coração de Anne deu um salto. Ela não ousou esperar mais e não teve escolha, a não ser
Anne ficou vermelha, de vergonha e raiva, pois, tinha entendido qual era o objetivo de Anthony, com aquele encontro e, ao que parecia, era acabar com sua reputação. No entanto, a jovem não sabia que o pior ainda estava por vir, pois, a expressão de Lennon se tornou estranha, enquanto ele perguntava:― O que ele quer dizer com isso? Com que roupas ele te conhece? ―Ignorando a pergunta de Lennon, o homem bagunçado continuou falando, em voz mais alta que o necessário:― Esse cara é seu novo cliente? Não é de admirar que eu não tenha visto você por tanto tempo. Ele paga mais do que eu? Se for isso, apenas me diga o quanto ele está pagando que eu dobro o valor. ―Anne olhou para cima, mais uma vez, e Anthony ainda estava lá, com uma taça de vinho na mão, enquanto olhava para baixo, com uma expressão divertida.― Ele está falando sério? ― Lennon mudou sua atitude, em relação a Anne.O homem bagunçado respondeu, rindo:― Como assim, você acha que eu estou inventando? Se não acredita em mim,
Entretanto, Anthony, sabia que Anne, seu animalzinho de estimação, espiaria o interrogatório, ele não estava tentando matar o homem. Estava apenas fazendo um show para ela!Anne parou na beira da avenida e olhou para frente, com a visão embaçada, lutando para não desmaiar e, nesse momento, um táxi estacionou, praticamente em frente a ela, para deixar um passageiro. Sem hesitar, Anne entrou no veículo.Assim que fechou a porta, olhou para o motorista e disse:― Para a delegacia, por favor. ―Sem dizer nada, o motorista ligou o motor e começou a dirigir.As mãos de Anne, apoiadas nos joelhos, tremiam. Ela precisava buscar proteção e, mesmo que não pudesse deixar Luton, tinha que expor a crueldade de Anthony, pelo menos.O táxi parou e Anne saiu correndo.A delegacia estava iluminada, mas ninguém parecia ter notado quando a jovem entrou, embora ela parecesse um cervo perdido na floresta e estivesse com as roupas rasgadas e molhadas.Anne caminhou para o balcão de atendimento, enquanto olh
Anne raramente ficava doente. Pelo bem dos filhos, ela não ousava se deixar abater e, muito menos, ficar inconsciente por três dias. Isso nunca tinha acontecido.Sua saúde era de ferro e ela sempre se sentia bem, mas isso foi antes de voltar para a amaldiçoada cidade de Luton e ser capturada pelo demoníaco Anthony. Em quinze dias, sua constituição inabalável ruiu e ela ficou muito doente devido às ameaças e torturas mentais que vinha suportando.― Você precisa comer alguma coisa! ― Kathryn disse, enquanto pegava a bandeja das mãos da criada e caminhava em direção a Anne.Enquanto isso, outra criada ajustava o travesseiro da jovem, para permitir que ela se sentasse em uma posição mais confortávelVendo que Kathryn a estava alimentando, Anne ficou chocada. Kathryn percebeu, sorriu e disse:― Está tudo bem. É meu trabalho ver você se recuperar ―.Anne não falou muito e abriu a boca, para comer.Mesmo com esses cuidados, ela estava apática e até seus olhos doíam. A jovem não tinha nenhum a
Depois que Anne se recuperou completamente, a comida parou de ser servida em seu quarto e ela voltou a descer para a sala de jantar, para comer. Para seu alívio, o que era servido não era mais um banquete de frutos do mar, mas comida normal.Além disso, quando ela tentou sair da Mansão Real, para passear pela Curva, ninguém tentou impedi-la. Parecia que ela não estava mais restrita e podia se mover como quisesse. No entanto, sabia que o lugar era fortemente protegido e ela não conseguiria fugir. Se um dia ela ficasse livre, seria com a permissão de Anthony.Uma tarde, Anne chamou um táxi e foi para a cidade. Nenhum segurança tentou impedi-la.Anthony raramente era visto na Mansão Real. Ali não parecia sua casa e ninguém sabia sua programação diária.No entanto, mesmo que ela não pudesse vê-lo, Anne ainda sentia que ele estava no controle. Não apenas da Curva, mas de toda Luton.Ela andava sozinha por Luton. A jovem já estava na cidade há quase um mês, mas nunca tinha respirado um ar tã
Pouco à vontade com os rumos da conversa com o primo, no restaurante, Anne baixou os olhos e sorriu, sentindo-se desconfortável.― Mesmo? ―Percebendo, Tommy decidiu dar uma guinada no assunto:― Ouvi dizer que... Anthony também foi à festa de aniversário do tio. Espero que ele não tenha feito nada contra você. ― ― Não houve nada... Eu saí pouco depois que ele chegou ― Anne não queria falar sobre Anthony. Mesmo mencionar seu nome, acelerava seu coração e tornava difícil respirar.― Se ele estiver incomodando você, me diz que eu vou te ajudar ― disse Tommy.Anne ficou tocada. Quando eram mais novos, sempre que ela era importunada, Tommy a ajudava. Por um acaso do destino, agora que Anthony a atormentava novamente, ela tinha esbarrado em Tommy que, mesmo sem saber das desventuras da jovem, a ajudou a conseguir um emprego na clínica estética. Mas, talvez, por se sentir desamparada, Anne buscasse, inconscientemente, no primo, um protetor.― Por que Anthony voltou para Luton? ― Anne fingiu