Capítulo 12
Anne raramente ficava doente. Pelo bem dos filhos, ela não ousava se deixar abater e, muito menos, ficar inconsciente por três dias. Isso nunca tinha acontecido.

Sua saúde era de ferro e ela sempre se sentia bem, mas isso foi antes de voltar para a amaldiçoada cidade de Luton e ser capturada pelo demoníaco Anthony. Em quinze dias, sua constituição inabalável ruiu e ela ficou muito doente devido às ameaças e torturas mentais que vinha suportando.

― Você precisa comer alguma coisa! ― Kathryn disse, enquanto pegava a bandeja das mãos da criada e caminhava em direção a Anne.

Enquanto isso, outra criada ajustava o travesseiro da jovem, para permitir que ela se sentasse em uma posição mais confortável

Vendo que Kathryn a estava alimentando, Anne ficou chocada. Kathryn percebeu, sorriu e disse:

― Está tudo bem. É meu trabalho ver você se recuperar ―.

Anne não falou muito e abriu a boca, para comer.

Mesmo com esses cuidados, ela estava apática e até seus olhos doíam. A jovem não tinha nenhum apetite, mas pelo bem de seus filhos, decidiu que se esforçaria e recuperaria as forças.

Depois de comer, recostou-se no travesseiro e fechou os olhos. Adormecendo pouco tempo depois.

Quando ela acordou novamente, Kathryn trocava a intravenosa.

― Você acordou! Está se sentindo melhor? ―

― Sim, muito obrigada ― Anne disse.

― Você está se recuperando bem e pode ter alta amanhã. ―

Anne olhou para Kathryn, grata. Ela era completamente diferente de Anthony. Ela era profissional e gentil. No entanto, como era a médica particular de Anthony, Anne não poderia confiar nela totalmente. Ela não era tola.

― Quando eu me recuperar, posso andar por aí? ― Anne perguntou, com a voz fraca.

Kathryn olhou para ela, confusa:

― Você quer dizer, fora da Mansão Real? ―

Ela tinha que perguntar isso. Ela sabia que Anne tinha colocado uma enfermeira para dormir, fugindo do hospital e imaginava que ela tivesse sido capturada e espancada por Anthony.

Entretanto, irritar Anthony era um assunto muito sério...

― Desculpe, não cabe a mim dizer isso. Estou apenas no comando de sua saúde ― Kathryn disse, tentando ser sincera.

Ninguém teria coragem para desafiar Anthony, ele controlava Luton. E, embora Kathryn se sentisse muito mal por essa mulher, não arriscaria sua carreira para ajudá-la.

Anne rapidamente se levantou e segurou a mão de Kathryn, com ambas as mãos.

Kathryn ficou chocada e exclamou:

― Cuidado com sua mão! A intravenosa vai te machucar! ―

Mas, Anne parecia não sentir nada. Ela tinha lágrimas nos olhos enquanto implorava:

― Por favor, eu imploro! Não quero dizer mais nada e não estou tentando fugir. Mas, me sinto muito mal por ficar aqui presa, todos os dias. Sinto que estou deprimida. Você é uma médica e quer salvar as pessoas. Você não gostaria que eu morresse de depressão, certo? Você só precisa dizer a Anthony que estou com depressão e então eu poderia conseguir um trabalho lá fora, para tomar um ar. Este é apenas um pequeno pedido. Não vai te machucar. Certo? ―

Kathryn pensou que não era um pedido impossível. Afinal, ela só precisava mencionar a depressão para Anthony, ela não tinha que tomar a decisão final e nem impor nada. Não seria um grande problema, de qualquer maneira.

― Vou tentar. ―

― Obrigada. Muito obrigada! ― Anne soltou um suspiro de alívio, ao dizer, com gratidão.

À noite, Kathryn saiu do quarto de Anne e quando desceu as escadas, viu Anthony sentado no sofá, ainda com o terno que usava na rua. Ele cruzou as pernas e parecia intimidador.

― E então? ― A mão direita de Anthony descansava no apoio de braço, com um copo de vinho na mão. Sua voz era baixa e intimidadora.

― Ela está bem agora. Ela vai se recuperar totalmente, em dois dias, mas... ― Kathryn parou. Seu olhar encontrou os olhos sombrios de Anthony e ela disse, rapidamente:

― Sua saúde mental está se deteriorando e ela mostrou sinais de depressão. Seu quadro pode piorar em pouco tempo. ―

Os olhos de Anthony eram imprevisíveis. Ele disse baixinho:

― O que mais ela disse? ―

― Nada ― Kathryn viu que Anthony estava quieto e complementou ― vou voltar para o hospital, agora. ―

Como Anne havia dormido durante o dia, não tinha sono à noite. Ela se sentou, apoiando-se no travesseiro e sentindo-se entediada.

Quando sentiu a tensão no ar, seu corpo inconscientemente ficou tenso, a jovem reconhecia de longe aquela aura e não precisou se virar para saber quem era. Mesmo assim, a figura alta apareceu em seu campo de visão e seu corpo enfraquecido tremeu.

― Você quer sair? ― Anthony a olhou, com frieza.

Anne mordeu os lábios, com medo e sem saber o que responder. Afinal, nada era mais intimidador do que esse homem perigoso.

De repente, ele agarrou o queixo de Anne, pressionando a nuca da jovem contra o travesseiro. A sombra dele envolvia todo o frágil corpo sentado.

Anne franziu a testa e seu corpo tremeu.

Anthony olhou para ela, com frieza, enquanto perguntava:

― Você quer fugir, não é? ―

― Não, eu... só quero me sentir melhor. Quero dar um passeio e nada mais. Meu passaporte e documento de identidade estão com você. Não poderei fugir. Além disso... Já que estou em Luton, não posso ficar e comer aqui de graça. Preciso encontrar um emprego. Eu não sou sua esposa ― Anne disse, despejando todas as palavras em um fluxo contínuo.

― Minha esposa? Quem você pensa que é? ― Anthony olhou para ela, como se estivesse prestes a empurrá-la, jogando-a para fora da cama. Seus olhos estavam ainda mais sombrios que o normal ― talvez você tenha uma chance, se usar seus truques com os homens. ―

Dizendo isso, ele removeu o cobertor da cama. Exibindo as belas pernas da jovem.

― Não… ―

― Você não disse que é virgem? Chegou a hora de eu examinar! ―

― Não... você não pode! Eu imploro, não faça isso... ― As lágrimas de Anne caíram, quando ela estendeu a mão para pegar o cobertor.

Os olhos de Anthony escureceram e ele apertou o queixo da jovem com mais força.

Anne caiu na cama, com os ombros nus e as pernas expostas, em uma pose de submissão que, na perversão de Anthony, parecia sedutora.

― Não! Eu não estou me sentindo bem, por favor, me deixe em paz. ―

Anne parecia realmente muito abatida, afinal, acreditava que, se Anthony descobrisse que ela mentira, ele a mataria!

― Eu não estou tentando fazer você ficar bem? ― Anthony deu um tapinha no rosto da jovem, enquanto sorria de um jeito macabro e perguntava, com ironia.

Ela sentiu um ardor no rosto. Ela sabia que não deveria ir contra ele e disse com medo:

― Meu corpo ainda não se recuperou e, se eu tiver uma febre alta, novamente, pode ser problemático... Acho que você ainda não me quer morta, estou certa? ―

― Você quase me convenceu. ― Anthony olhou para ela, com sua expressão demoníaca.

Anne mordeu os lábios e não ousou responder.

A atmosfera tensa tornava difícil para ela respirar e, mesmo depois que Anthony a soltou, ela ainda tremia.

O homem se levantou e disse, com a voz profunda:

― Não tente me enganar. Se não, eu vou fazer você se sentir pior do que no inferno! ―

Depois de avisá-la, ele saiu.

Quando Anne ouviu a porta fechar, finalmente soltou um suspiro de alívio. Mas, se inclinou na cama, apática. Afinal, quando analisava as palavras finais de Anthony, não pode deixar de pensar “Eu já não estou no inferno?"
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