Anne raramente ficava doente. Pelo bem dos filhos, ela não ousava se deixar abater e, muito menos, ficar inconsciente por três dias. Isso nunca tinha acontecido.Sua saúde era de ferro e ela sempre se sentia bem, mas isso foi antes de voltar para a amaldiçoada cidade de Luton e ser capturada pelo demoníaco Anthony. Em quinze dias, sua constituição inabalável ruiu e ela ficou muito doente devido às ameaças e torturas mentais que vinha suportando.― Você precisa comer alguma coisa! ― Kathryn disse, enquanto pegava a bandeja das mãos da criada e caminhava em direção a Anne.Enquanto isso, outra criada ajustava o travesseiro da jovem, para permitir que ela se sentasse em uma posição mais confortávelVendo que Kathryn a estava alimentando, Anne ficou chocada. Kathryn percebeu, sorriu e disse:― Está tudo bem. É meu trabalho ver você se recuperar ―.Anne não falou muito e abriu a boca, para comer.Mesmo com esses cuidados, ela estava apática e até seus olhos doíam. A jovem não tinha nenhum a
Depois que Anne se recuperou completamente, a comida parou de ser servida em seu quarto e ela voltou a descer para a sala de jantar, para comer. Para seu alívio, o que era servido não era mais um banquete de frutos do mar, mas comida normal.Além disso, quando ela tentou sair da Mansão Real, para passear pela Curva, ninguém tentou impedi-la. Parecia que ela não estava mais restrita e podia se mover como quisesse. No entanto, sabia que o lugar era fortemente protegido e ela não conseguiria fugir. Se um dia ela ficasse livre, seria com a permissão de Anthony.Uma tarde, Anne chamou um táxi e foi para a cidade. Nenhum segurança tentou impedi-la.Anthony raramente era visto na Mansão Real. Ali não parecia sua casa e ninguém sabia sua programação diária.No entanto, mesmo que ela não pudesse vê-lo, Anne ainda sentia que ele estava no controle. Não apenas da Curva, mas de toda Luton.Ela andava sozinha por Luton. A jovem já estava na cidade há quase um mês, mas nunca tinha respirado um ar tã
Pouco à vontade com os rumos da conversa com o primo, no restaurante, Anne baixou os olhos e sorriu, sentindo-se desconfortável.― Mesmo? ―Percebendo, Tommy decidiu dar uma guinada no assunto:― Ouvi dizer que... Anthony também foi à festa de aniversário do tio. Espero que ele não tenha feito nada contra você. ― ― Não houve nada... Eu saí pouco depois que ele chegou ― Anne não queria falar sobre Anthony. Mesmo mencionar seu nome, acelerava seu coração e tornava difícil respirar.― Se ele estiver incomodando você, me diz que eu vou te ajudar ― disse Tommy.Anne ficou tocada. Quando eram mais novos, sempre que ela era importunada, Tommy a ajudava. Por um acaso do destino, agora que Anthony a atormentava novamente, ela tinha esbarrado em Tommy que, mesmo sem saber das desventuras da jovem, a ajudou a conseguir um emprego na clínica estética. Mas, talvez, por se sentir desamparada, Anne buscasse, inconscientemente, no primo, um protetor.― Por que Anthony voltou para Luton? ― Anne fingiu
Pressionando para que os documentos fossem confeccionados rapidamente, Anne conseguiu se mudar da Mansão Real para seu pequeno apartamento na mesma noite.Sentindo-se satisfeita, trancou a porta e deitou na cama, dormindo tranquilamente a noite toda, mesmo tendo que acordar à meia-noite, para fazer uma videochamada com os filhos. Mas, sua tranquilidade era justificada, aquele lugar era muito mais seguro do que a Mansão Real.Depois de trabalhar na clínica estética, por alguns dias, Anne começava a parecer e se portar como uma trabalhadora, ao invés da mulher maltratada do início.Um dia, depois de terminar o turno da manhã, a jovem estava no banheiro, quando seu celular vibrou.Curiosa, imaginando quem a ligaria numa hora como aquela, pegou o aparelho, mas, assim que percebeu se tratar de um número desconhecido, estacou. Ela não sabia quem ligava e presumiu que fosse Anthony. Mil coisas passaram por sua cabeça. A jovem não queria atender, mas ao mesmo tempo, tinha medo. Enfim, criou co
Certo dia, um cliente especial marcou um procedimento noturno na clínica e alguns funcionários tiveram que trabalhar até mais tarde. Às seis da tarde, Anne estava prestes a comer o pão que havia preparado, quando seu celular tocou. Ela viu o identificador de chamadas e atendeu dizendo:― Vou trabalhar até tarde, hoje. ―― Eu sei! É por isso que te trouxe um jantar decente e, espero, delicioso. ― Anne caminhou até a recepção e viu Tommy sentado, esperando por ela. Mesmo tendo ficado lisonjeada, a jovem sempre se lembrava das palavras de Anthony e arrepiava, por isso, se aproximou, dizendo:― Eu já não disse que você não precisa me trazer comida? ―Tommy sorriu, segurou a mão da jovem e a puxou para mais perto, enquanto dizia:― Disse! Mas... Não é pra trazer, nem uma vez? ― Quando ele a tocou, ela estremeceu e sentou-se, impotente, enquanto olhava o capricho com que a comida tinha sido escolhida para satisfazer seus gostos. Sentindo-se impotente, Anne perguntou:― Por que você é tão l
Quando a chamada foi atendida, Anthony olhou para Anne, com ódio crescente.A jovem respirava pesadamente e seu rosto era uma máscara de pavor e desespero. Ela sentia tanto medo que sua expressão chegava a ser de dor. Mesmo assim, ela rezou para que Anthony não descobrisse sobre seus filhos. De jeito nenhum!― Alô, Anne? Por que você desligou? ― Nancy perguntou.Anthony não pareceu gostar da voz da mulher e com os olhos, sinalizou para que Anne respondesse.― Estou... bem. Estou prestes a ir para casa! Eu estava ligando para avisar que não poderei voltar tão cedo. Mas, que você pode ficar tranquila que eu vou te pagar, assim que puder! ― Anne disse, com a voz trêmula.― Oh, minha querida, dinheiro não é importante. É só que minha saúde está piorando a cada dia e sinto tanto sua falta... ―Anne ficou chocada com a atuação de Nancy:― Também sinto sua falta. Vou tentar voltar mais cedo, eu... ―Antes que ela pudesse terminar a frase, Anthony desligou.― Desista desse pensamento! ― Ele nã
Anne tinha consciência do motivo pelo qual seria punida. Ela e Tommy tinham se tornado pessoas próximas e ele era um Marwood. Mas, era injusto, afinal, se eles tinham se reaproximado, não era culpa dela. No entanto, também não era culpa de Tommy.Com uma voz poderosa, Anthony exigiu:― Levem-na para o quarto do cliente! ― Dois seguranças, que a jovem nem tinha notado, até então, caminharam em sua direção e Anne tremeu de medo.Vendo que Tommy pretendia ajudá-la, outro segurança barrou seu caminho, impedindo que se aproximasse.Um segurança agarrou Anne pelo braço e, muito assustada e reativa, a jovem começou a gritar e chutar os joelhos do segurança:― Tire as mãos de mim! Eu não quero ir! O segurança, que nunca tinha visto Anne acuada, não esperava que uma jovem de aparência tão frágil e inocente, tivesse tanta energia e, sentindo as explosões de dor nas pernas, soltou o aperto. Entretanto, nesse momento, as costas de Anne se chocaram com o braço de Anthony, que segurava uma taça de
Tommy ficou indignado:― Eu não quero ver você maltratando Anne! Ela é inocente! ―― Para mim, ninguém é inocente! ― Anthony disse friamente.No segundo andar do bar, Anne foi empurrada para um quarto e a porta foi trancada por fora. A jovem forçou o trinco, sem sucesso, antes de perceber que havia alguém atrás dela e se virar. Um homem saia do banheiro. Ele não vestia nada além de uma toalha enrolada na cintura, exibindo sua barriga protuberante e seu tórax de peitos caídos.Percebendo que a jovem tinha finalmente chegado, seus olhos brilharam. O traje de enfermeira que Anne vestia despertou os instintos mais perversos do homem, que comentou:― Eu não esperava que eles tivessem uma mulher com tanta beleza, no cardápio. Não é de admirar que a assinatura me tenha custado cinco milhões de dólares. ―Anne ficou chocada, quando se apoiou na porta, ainda forçando a maçaneta:― Não. Não se aproxime! Eu não trabalho aqui. Fui sequestrada! Estou aqui contra minha vontade, não me toque! ―― Par