Entretanto, Anthony, sabia que Anne, seu animalzinho de estimação, espiaria o interrogatório, ele não estava tentando matar o homem. Estava apenas fazendo um show para ela!Anne parou na beira da avenida e olhou para frente, com a visão embaçada, lutando para não desmaiar e, nesse momento, um táxi estacionou, praticamente em frente a ela, para deixar um passageiro. Sem hesitar, Anne entrou no veículo.Assim que fechou a porta, olhou para o motorista e disse:― Para a delegacia, por favor. ―Sem dizer nada, o motorista ligou o motor e começou a dirigir.As mãos de Anne, apoiadas nos joelhos, tremiam. Ela precisava buscar proteção e, mesmo que não pudesse deixar Luton, tinha que expor a crueldade de Anthony, pelo menos.O táxi parou e Anne saiu correndo.A delegacia estava iluminada, mas ninguém parecia ter notado quando a jovem entrou, embora ela parecesse um cervo perdido na floresta e estivesse com as roupas rasgadas e molhadas.Anne caminhou para o balcão de atendimento, enquanto olh
Anne raramente ficava doente. Pelo bem dos filhos, ela não ousava se deixar abater e, muito menos, ficar inconsciente por três dias. Isso nunca tinha acontecido.Sua saúde era de ferro e ela sempre se sentia bem, mas isso foi antes de voltar para a amaldiçoada cidade de Luton e ser capturada pelo demoníaco Anthony. Em quinze dias, sua constituição inabalável ruiu e ela ficou muito doente devido às ameaças e torturas mentais que vinha suportando.― Você precisa comer alguma coisa! ― Kathryn disse, enquanto pegava a bandeja das mãos da criada e caminhava em direção a Anne.Enquanto isso, outra criada ajustava o travesseiro da jovem, para permitir que ela se sentasse em uma posição mais confortávelVendo que Kathryn a estava alimentando, Anne ficou chocada. Kathryn percebeu, sorriu e disse:― Está tudo bem. É meu trabalho ver você se recuperar ―.Anne não falou muito e abriu a boca, para comer.Mesmo com esses cuidados, ela estava apática e até seus olhos doíam. A jovem não tinha nenhum a
Depois que Anne se recuperou completamente, a comida parou de ser servida em seu quarto e ela voltou a descer para a sala de jantar, para comer. Para seu alívio, o que era servido não era mais um banquete de frutos do mar, mas comida normal.Além disso, quando ela tentou sair da Mansão Real, para passear pela Curva, ninguém tentou impedi-la. Parecia que ela não estava mais restrita e podia se mover como quisesse. No entanto, sabia que o lugar era fortemente protegido e ela não conseguiria fugir. Se um dia ela ficasse livre, seria com a permissão de Anthony.Uma tarde, Anne chamou um táxi e foi para a cidade. Nenhum segurança tentou impedi-la.Anthony raramente era visto na Mansão Real. Ali não parecia sua casa e ninguém sabia sua programação diária.No entanto, mesmo que ela não pudesse vê-lo, Anne ainda sentia que ele estava no controle. Não apenas da Curva, mas de toda Luton.Ela andava sozinha por Luton. A jovem já estava na cidade há quase um mês, mas nunca tinha respirado um ar tã
Pouco à vontade com os rumos da conversa com o primo, no restaurante, Anne baixou os olhos e sorriu, sentindo-se desconfortável.― Mesmo? ―Percebendo, Tommy decidiu dar uma guinada no assunto:― Ouvi dizer que... Anthony também foi à festa de aniversário do tio. Espero que ele não tenha feito nada contra você. ― ― Não houve nada... Eu saí pouco depois que ele chegou ― Anne não queria falar sobre Anthony. Mesmo mencionar seu nome, acelerava seu coração e tornava difícil respirar.― Se ele estiver incomodando você, me diz que eu vou te ajudar ― disse Tommy.Anne ficou tocada. Quando eram mais novos, sempre que ela era importunada, Tommy a ajudava. Por um acaso do destino, agora que Anthony a atormentava novamente, ela tinha esbarrado em Tommy que, mesmo sem saber das desventuras da jovem, a ajudou a conseguir um emprego na clínica estética. Mas, talvez, por se sentir desamparada, Anne buscasse, inconscientemente, no primo, um protetor.― Por que Anthony voltou para Luton? ― Anne fingiu
Pressionando para que os documentos fossem confeccionados rapidamente, Anne conseguiu se mudar da Mansão Real para seu pequeno apartamento na mesma noite.Sentindo-se satisfeita, trancou a porta e deitou na cama, dormindo tranquilamente a noite toda, mesmo tendo que acordar à meia-noite, para fazer uma videochamada com os filhos. Mas, sua tranquilidade era justificada, aquele lugar era muito mais seguro do que a Mansão Real.Depois de trabalhar na clínica estética, por alguns dias, Anne começava a parecer e se portar como uma trabalhadora, ao invés da mulher maltratada do início.Um dia, depois de terminar o turno da manhã, a jovem estava no banheiro, quando seu celular vibrou.Curiosa, imaginando quem a ligaria numa hora como aquela, pegou o aparelho, mas, assim que percebeu se tratar de um número desconhecido, estacou. Ela não sabia quem ligava e presumiu que fosse Anthony. Mil coisas passaram por sua cabeça. A jovem não queria atender, mas ao mesmo tempo, tinha medo. Enfim, criou co
Certo dia, um cliente especial marcou um procedimento noturno na clínica e alguns funcionários tiveram que trabalhar até mais tarde. Às seis da tarde, Anne estava prestes a comer o pão que havia preparado, quando seu celular tocou. Ela viu o identificador de chamadas e atendeu dizendo:― Vou trabalhar até tarde, hoje. ―― Eu sei! É por isso que te trouxe um jantar decente e, espero, delicioso. ― Anne caminhou até a recepção e viu Tommy sentado, esperando por ela. Mesmo tendo ficado lisonjeada, a jovem sempre se lembrava das palavras de Anthony e arrepiava, por isso, se aproximou, dizendo:― Eu já não disse que você não precisa me trazer comida? ―Tommy sorriu, segurou a mão da jovem e a puxou para mais perto, enquanto dizia:― Disse! Mas... Não é pra trazer, nem uma vez? ― Quando ele a tocou, ela estremeceu e sentou-se, impotente, enquanto olhava o capricho com que a comida tinha sido escolhida para satisfazer seus gostos. Sentindo-se impotente, Anne perguntou:― Por que você é tão l
Quando a chamada foi atendida, Anthony olhou para Anne, com ódio crescente.A jovem respirava pesadamente e seu rosto era uma máscara de pavor e desespero. Ela sentia tanto medo que sua expressão chegava a ser de dor. Mesmo assim, ela rezou para que Anthony não descobrisse sobre seus filhos. De jeito nenhum!― Alô, Anne? Por que você desligou? ― Nancy perguntou.Anthony não pareceu gostar da voz da mulher e com os olhos, sinalizou para que Anne respondesse.― Estou... bem. Estou prestes a ir para casa! Eu estava ligando para avisar que não poderei voltar tão cedo. Mas, que você pode ficar tranquila que eu vou te pagar, assim que puder! ― Anne disse, com a voz trêmula.― Oh, minha querida, dinheiro não é importante. É só que minha saúde está piorando a cada dia e sinto tanto sua falta... ―Anne ficou chocada com a atuação de Nancy:― Também sinto sua falta. Vou tentar voltar mais cedo, eu... ―Antes que ela pudesse terminar a frase, Anthony desligou.― Desista desse pensamento! ― Ele nã
Anne tinha consciência do motivo pelo qual seria punida. Ela e Tommy tinham se tornado pessoas próximas e ele era um Marwood. Mas, era injusto, afinal, se eles tinham se reaproximado, não era culpa dela. No entanto, também não era culpa de Tommy.Com uma voz poderosa, Anthony exigiu:― Levem-na para o quarto do cliente! ― Dois seguranças, que a jovem nem tinha notado, até então, caminharam em sua direção e Anne tremeu de medo.Vendo que Tommy pretendia ajudá-la, outro segurança barrou seu caminho, impedindo que se aproximasse.Um segurança agarrou Anne pelo braço e, muito assustada e reativa, a jovem começou a gritar e chutar os joelhos do segurança:― Tire as mãos de mim! Eu não quero ir! O segurança, que nunca tinha visto Anne acuada, não esperava que uma jovem de aparência tão frágil e inocente, tivesse tanta energia e, sentindo as explosões de dor nas pernas, soltou o aperto. Entretanto, nesse momento, as costas de Anne se chocaram com o braço de Anthony, que segurava uma taça de