O corpo de Anne estava rígido e as batidas de seu coração eram pesadas e inquietas, como se pudesse escutá-las martelando ao pé do ouvido. Quando estava prestes a sufocar, ela ouviu a voz de Anthony ordenando: — Sirva-me uma xícara de café. — Estava atordoada. Ainda sentia náuseas, mas quando ouviu a voz dele foi trazida de volta para a realidade. Anthony falava com ela? Ah sim, eram os únicos no escritório, e o magnata nunca faria uma coisa dessas sozinho. — Eu... não sou profissional nessas coisas. — Falou em voz baixa. — Então encontre uma maneira de ser. — disse Anthony. A jovem se virou, sem dizer mais nada, e saiu do escritório com o intuito de lhe trazer café. Pelo menos não era estranha à copa e já a havia usado antes. Era algo ao seu favor nessa situação, por mínimo que fosse isso a confortava. Quando chegou ao recinto, havia dispensadores de água e uma variedade de máquinas de chá e café. Havia grãos de café moídos na geladeira, também. Nunca fizera café sozinha,
Anne hesitou um pouco. Assim que saiu do prédio da empresa, já tinha visto um veículo familiar esperando à distância. Agora uma pessoa saia do carro e a jovem percebeu que era Lucas. Ele parou ao lado do carro, olhou para ela e sorriu.A jovem se aproximou um pouco e disse:— Por que você está aqui? — — Eu estava apenas passando. — Anne sorriu. Duvidava da coincidência, mas não disse nada. Então, o diretor abriu a porta do carro insinuando que ela entrasse, num gesto formal. A jovem sentou-se no assento do copiloto e afivelou o cinto de segurança. Assim que os dois se acomodaram, ele entregou a ela uma caixa: — Fiz uma viagem de negócios há dois dias e comprei porque achei que parecia bom. — Disse enquanto ligava o carro. A mãe dos trigêmeos não estava acostumada a receber presentes, então se sentiu desconfortável por um tempo e disse: — Não me dê presentes, por favor. Não consigo retribuir sua ajuda... — — Na verdade, você já está me pagando de volta indo comer junto co
Lucas assentiu:— Eu saí com ela, sim. — — E daí? O que aconteceu? — — Eu disse que tinha alguém de quem gostava mais. E depois, disse a minha mãe que gostava de homens. Isso a assustou pra caramba. — — Você não se preocupa com sua reputação? Além disso, você é um diretor, se acharem você gay não vai afetar sua carreira? Eu não sou homofóbica, só acho assustadoras as possíveis consequências disso. — Anne estava surpresa. — Nah, isso não vai acontecer. — Debochou. — Eu sabia o que estava fazendo.— Sei. — Anne não podia deixar de rir enquanto imaginava o quanto Joanne devia ter ficado chocada naquele momento. Quando estavam em frente ao prédio de Anne, Lucas parou o carro e os dois saíram. Antes que entrasse, a jovem perguntou curiosa: — Por que você estacionou aqui? — — Quero entrar com você — Disse Lucas, sorrindo. — Você é bem romântico, sabia? — Ela sorriu de volta. — Se você acha que sim. — Lucas virou o rosto e viu o doce sorriso de Anne. Ele não aguentou e a
Anne pensou que quando pudesse levar as crianças para o ônibus isso poderia ajudar a diminuir a carga de trabalho da babá, que andava sobrecarregada ultimamente. — Anne! — Ouviu alguém chamar atrás de si, ao mesmo tempo que caminhava de volta para o apartamento. Os passos da jovem congelaram de repente e, quando se virou, viu Joanne se aproximando. A mente ficou em branco por um momento. O que a mãe de Lucas fazia ali? — Não é uma surpresa? Também estou chocada que você realmente persuadiu meu filho a se casar com você. Estava pensando... o que devo fazer como mãe? Concordar ou discordar de ver vocês dois juntos? — Ontem à noite, Joanne esperou até que Lucas voltasse e perguntou como foi o encontro. Ela não ficou muito feliz com a resposta que obteve. A mãe dos trigêmeos estava sem palavras. — Anne, você tem filhos. No futuro, se algum dos seus filhos encontrarem uma mulher como você, você aceitaria? — Perguntou. Anne de repente reuniu sentiu sua coragem subir e disse: —
Depois de desligar o telefone, Anne se deu conta de que só tinha seus pais como família. Sarah estava em Santa Nila e Nigel tinha seus próprios parentes. Como fariam nesse jantar? Sarah viria sozinha e Nigel traria seus familiares com ele? Traria Anthony? Era provável... mas ela não gostava dessa ideia. Depois de pensar nisso, Anne só pôde suspirar. Bem, se toda a família de Nigel viesse, que assim fosse. Ela mandou uma mensagem para ele pelo celular, avisando-o do jantar. Depois de um tempo ligou para o pai:— Oi, pai, como está?— Oi, filha! Estou bem e você?— Eu também... — — Então, quem você quer que vá comigo? — Nigel perguntou a ela ao telefone. — Quem quer que você queira trazer com você. — — Você se importa se eu levar Bianca e Dorothy? Não se preocupe, elas não vão causar problemas. Aliás, quando você ficar noiva e se casar, encontraremos uma maneira de sua mãe voltar. — — Tudo bem. — Anne hesitou por um momento, então perguntou: —Anthony... ele irá também? — —
Anne foi ao hotel experimentar a identidade temporária que tinha guardada e funcionou. Então, Anthony falara a verdade quando disse que a deixaria em paz. Estava livre finalmente. Isso a lembrava que não havia contado a Sarah sobre Lucas ainda. Se colocou no lugar da mãe e pensou como deveria ser ruim sentir que não poderia voltar para Luton. Talvez devesse ligar para ela. Na verdade, iria ligar logo mais. Depois de sair do trabalho, Anne pegou o metrô para casa. Quando desceu dele, sentiu o celular vibrar no seu bolso. Quem seria? Esperou a movimentação de pessoas passar, subiu a escada da estação e viu que era Lucas ligando. — Estou chegando em casa. — Disse Anne. — Quando o seu trabalho vai acabar? Está tudo bem? — — Estou jantando com o pessoal da Secretaria de Educação, saí aqui fora um pouco para poder ligar e ver como você está. — — Que trabalhador você é. — Anne sorriu. — Vejo você quando acabar aqui? — — Não, vá para casa. Não se sobrecarregue, Lucas. — Anne s
Anthony pressionou a mão no ombro de Anne com força, e seus olhos negros a encararam, afiados e ferozes. Estava tão assustada que ofegou e seu corpo tremeu por inteiro. Ela esperava que Anthony a machucasse. Muito. Estava com medo, mas mordeu a língua por estar preocupada de dizer algo e acabar implorando por misericórdia... Quando estava prestes a desmaiar, a mão em seu ombro foi liberada e a pressão no corpo desapareceu. Então, Anthony saiu de cima dela e foi embora do apartamento num rompante estrondoso, bufando e batendo a porta com tudo. Anne ficou deitada no sofá e se sentia num estado de consciência instável. Havia suor frio em sua testa. Mas, tinha ganhado, era isso que importava. O demônio tinha a deixado ir. Quando ela voltou a si, rapidamente encontrou seu celular e verificou a localização de Anthony, vendo que ele já estava fora do edifício. Anne sentou-se no chão, ainda com tremores persistentes. Encostou-se no sofá e chorou. Tinha lutado contra Anthony desta vez,
Lucas encarou Anne levemente com olhos amorosos e então se virou para entrar no carro, deixando o rosto de Anne queimando de timidez. Assim que saiu, ela ficou observando o carro ir embora com um sorriso no rosto. Não contaria a Lucas o que aconteceu na noite anterior, pensou. De qualquer forma, não foi nada, então por que tinha que falar sobre isso? Se sentia bem-humorada e não precisava se preocupar com coisa alguma por enquanto. Sua vida parecia perfeitamente feliz. Quando voltou para dentro, pegou a bolsa, o celular e foi trabalhar. A sexta-feira estava chegando. Em determinado momento do dia, Anne estava numa ligação com Nigel, que dizia: — Seja você mesma, não precisa ficar nervosa. — — Pai, não estou nervosa. É só uma refeição. — Anne riu. Ele ficou um pouco envergonhado por ter entendido errado. — Ah, certo. Me desculpe... — Só se sentia hesitante por sua filha estar se casando de forma tão rápida. Afinal, eles se conheciam há tão pouco tempo! Era tão difícil aceit