Alessandra Martins
Espero que o meu dia não termine tão péssimo como começou. Sofremos um grande imprevisto para exposição de arte que acontecerá hoje à noite, o que não é nada bom. André estava precisando se dobrar em dois para poder trazer um dos quadros, Julie Leroy é a mais nova aposta para o mundo das obras-primas. Não ter o seu quadro conosco hoje seria pedir o fim da galeria e manchar a imagem da minha família. Ao ter uma linhagem como a minha, com grandes curadores de arte e eu sendo a que precisa continuar essa linhagem, qualquer errinho pode ser o maior erro da minha carreira. A pressão é grande, reconheço.Porém, não consigo dizer não para minha realidade.André é um historiador de grande porte, conheci ele em uma das minhas viagens ao Egito e nos tornamos grandes amigos. André Brown é um anjo na minha vida, também não posso esquecer que já fiz muito por ele e a nossa amizade é uma via de mão dupla. Cuidei pessoalmente de todos os preparativos da galeria, conferindo cada obra, o que acabou levando horas. Hoje estaremos apresentando mais de 50 artes, sendo que 10 delas tem um valor muito significativo e de grande responsabilidade. É nesses momentos que costuma dar muito errado. Ou ladrões de artes dar o ar da graça de tentar nos roubar.É o único dia que não me importo de ter tantos seguranças na galeria.Aqui é composto por dois andares, nosso sistema de segurança é rigoroso e a escolha dos convidados é bem específica e estratégica. Pessoas da alta sociedade com sua própria segurança, acabando nos ajudando mais ainda. Na parte da tarde precisei voltar para Upper East Side, onde moro, para poder me arrumar. Por pouco não me atrasei e obviamente não deixaria tal coisa acontecer. Meu trabalho começa de imediato quando coloco os meus pés na galeria, mal tenho tempo de falar com o André que foi uma peça brilhante para me ajudar nas escolhas do quadro. Acompanhava as pessoas pela galeria mostrando as obras presentes, cada quadro representava uma história e fazia questão que todos pudessem saber e ter a mesma emoção que eu.Sou muito apaixonada pelo meu trabalho e não nego.Conversamos sobre a arte do Dom Camarelli, aviso aos meus companheiros os traços modernos que representam a árvore-da-vida. Todos parecem muito interessados e tenho certeza que essa obra seria vendida hoje mesmo, a minha intenção é que vendêssemos todas as obras e não costumo errar nos meus palpites. Me afasto para poderem ver a obra com mais clareza e é nesse momento que André surge, me despeço urgentemente do grupo que estava acompanhando indo falar com o André.— É tão bom te ver! — Nos abraçamos. — Me diz que tem boas notícias.André estava lindo em seu terno sob medida na cor preta, seus olhos azuis são um contraste lindo na sua pele morena com os cabelos castanhos. Ele dá um passo para trás ainda segurando as minhas mãos e faz um assobio, nada que chame muita atenção. Bobo!— Você está tão linda…— André! — Fiquei sem jeito.Ele ri.— Tenho ótimas notícias, minha amiga. — apertou as minhas mãos com carinho. — Conseguimos trazer a obra de Leroy em perfeito estado e já foi vendido, há uma briga por uma das obras dela. Diz que tem o mesmo comprador comprando todas as artes.Levei minhas mãos à boca impressionada com essa informação. Adoro quando tem concorrência a esse nível, estão sempre dispostos a pagar o que for pela mercadoria. Não deveria ser assim, mas não nego que gosto. Nossa conversa precisa ter um fim, temos muito trabalho a fazer. Antes que pudesse encontrar outro grupo de futuros compradores, percebi um homem vindo em minha direção. Não posso considerar que ele seja qualquer homem, porque não é. Sua presença é magnética, é uma obra de arte em movimento. Esses são quem mais temos que tomar cuidado, porque sabem exatamente o que fazem.Seus olhos são intensos em uma avelã como a profundidade de mistério, me hipnotiza. O maxilar quadrado e as maçãs do rosto pronunciadas, estruturam muito bem o rosto desse homem. Seus lábios modelados e um sorriso sutil enquanto caminhava lentamente em minha direção faz com que preste atenção em cada detalhe. É um homem alto e grande, um empresário da alta sociedade. O sobretudo da cor avelã que combina perfeitamente com seus olhos fica perfeitamente bem nele.— Seu modo de apresentação da arte me chamou muita atenção. — A voz grave combina perfeitamente com ele, assim como tudo nesse homem.Por Deus, Alessandra! Começa a pensar direito.— Bem, nem sempre foi assim, mas tive anos para aperfeiçoar. — Sorrindo, estendi minha mão. — Sou Alessandra Martins.O aperto de sua mão é firme, mostrando o homem dominante que é.— Sebastian D'Amore. — Esse sobrenome é reconhecido por mim, mas no momento não saberia dizer de onde. — Você faz parece ser fácil e os donos dessa galeria têm a sorte de tê-la aqui.— É modéstia da sua parte. — Inclinei minha cabeça levemente para o lado, querendo manter minha concentração apenas em seu rosto. — Já nos encontramos em outro lugar?Não, com certeza não. Eu não esqueço de um rosto facilmente. Sebastian me olha como se pudesse ver a minha alma.— Infelizmente não, mas estou disposto a mudar isso. — Havia muita promessa em suas palavras. — E em um prazo muito longo. — Sebastian olha ao redor. — Quando estará livre? Poderíamos tomar um drink.Essa pergunta significa quando acabará essa exposição. Ele quer me encontrar hoje! Maluco? Talvez, não estarei com essa elegância toda até o final da noite. Vejo outro homem a caminhar em nossa direção, dessa vez não tem tanta presença quanto o homem na minha frente. Analisando leve suor em seu rosto e o jeito que ajeita os óculos, nervoso, significa que teve uma briga e tanto para lutar por algumas artes.— Não costumo sair com clientes. — vejo um homem quase da minha altura ajeitando os óculos repetidamente em seu rosto e se aproximando de Sebastian.É o tipo de comprador que manda alguém de sua confiança fazer a compra enquanto aprecia as belas-artes. Sebastian segue o meu olhar para o homem que se aproximava, vejo a sua insatisfação momentânea. Sorri, provavelmente estava pronto para dizer que não é um cliente e seu funcionário acabou entregando. Sebastian volta a me olhar com um sorriso contido em seu rosto, seus olhos são hipnotizantes e gosto de tê-los em mim. Ele é um homem com uma presença dominante e sua figura atlética mostra os anos dedicados à academia. Tão lindo quanto aquele ator que fez o Superman, Henry Cavill.— Mantenho o meu convite, seria bom conhecer mais da arte e você poderia me convencer a comprar mais.Ergo a minha mão expondo o lugar onde estamos.— Quer mais motivos do que essas belas-artes estampadas nas paredes? — Não conseguia dizer sem alegria e um tom sonhador na minha voz.Voltei a olhar para Sebastian e o homem elegante na minha frente me olha com tanta atenção que conseguiria ficar sem graça facilmente, mas o sentimento era ao contrário e não desviei o olhar em nenhum momento. O mistério e o desejo em seu olhar me mantinha ali, quando deveria ir fazer meu trabalho. Não sou de me distrair fácil com um cliente.— Nem todas as artes estão nessa parede. — Sua resposta me pega de surpresa. — Pelo menos, não, a que eu quero.Quando desejei que meu dia terminasse melhor do que começou, não imaginava que envolveria um homem. Estou há tanto tempo sem um contato íntimo que devo estar delirando. Nossos olhares compartilhavam a cumplicidade e uma eletricidade que me deixa admirada, nunca um homem me prendeu tanta a atenção. Sebastian é bem objetivo no que quer, é um desafio que me atiça além das artes.— Sr. D'Amore, acredito que essa conversa esteja tomando outro rumo.— É um problema? — A malícia da sua voz me faz mexer um pouco.Meu Deus! Ele não faz questão de esconder suas intenções. Desviei meu olhar para o indivíduo que estava atrás dele. Sebastian pareceu notar meu desconforto e ameaça se virar para falar alguma coisa, provavelmente dispensar seu funcionário. Porém, senti alguém se aproximar e logo a mão de André em volta da minha cintura. O olhar de Sebastian acompanha esse movimento, não existia mais um sorriso em seu rosto.— Tudo bem por aqui? — André mantém a voz formal e sorri.Alessandra MartinsAndré e eu temos código entre nós quando precisamos ser salvos se algum cliente que está nos dando dor de cabeça ou quando estamos em um bar e um cara chato vem dar em cima de mim ou vise e versa. Temos esse sistema de parceria até nessas horas, mas no momento não é o caso. É sim… não… eu deveria estar trabalhando e não jogando conversa fora com Sebastian, então por um lado foi bom André aparecer.— Sim, está tudo bem, André…— Não, não está. — Com uma fria, Sebastian diz para André.André deu um passo à frente e coloquei a mão em seu peito em um pedido silencioso para que não fizesse nada. Sou uma anã perto desse dois. Não queria uma competição de quem mais mija longe agora. Olhei para Sebastian, esse jogo está divertido, mas preciso trabalhar.— Foi bom conversar com você, Sr. D'Amore. Espero que aproveite o máximo da nossa exposição de artes, agora preciso voltar ao trabalho.Pensei que seria melhor não esperar uma resposta sua, conversar com Sebastian não é ruim
Sebastian D’AmoreMeia hora. Alessandra disse que em meia hora iria sair, faz vinte minutos do seu atraso. Essa mulher não tem palavra? Deveria ir embora, não sou de esperar por mulher e agora não seria diferente. Já perdi tempo demais nessa exposição de arte, o plano era comprar as benditas artes de Julie Lorey e no máximo vinte minutos depois ir embora. Simples, rápido e adeus. Porém, nos meus planos não contava com Alessandra Martins, mas uma para minha cama. Apenas! Mas ela não deveria se dar ao luxo de me fazer esperar. Coloco o dedo sobre o botão para poder falar com o motorista para irmos embora.Mexo desconfortável no banco e desisto de apertar o botão. Por que não vou embora?! Alessandra não tem nada de especial. A Sra. Rossi fez questão de expor comentários desagradáveis sobre Alexandra, sem pensar duas vezes a defendi. Sinceramente deixei minha raiva falar mais rápido, como aquele idiota tem a ousadia de segurar na cintura da Alessandra com tanta intimidade? Ela estava no s
Sebastian D'AmoreColoquei Alessandra sentada em cima da mesa, onde havíamos acabado de jantar. Alguma coisa caiu no chão e se quebrou. Suas mãos estão em volta do meu pescoço querendo mais contato comigo, suas mãos são tão delicadas que me lembro em ser cuidadoso ao apertá-la contra meu corpo. Não queria machucá-la por mais que ansiava pelo seu corpo, pelo calor que emanava dela poderia ser cuidadoso por essa noite. Haveria outro dia e outra chance para tê-la como realmente quero. Nada iria nos atrapalhar agora… Mas é claro que sim!— Oh, meu Deus! — Ouvi a voz da moça que nos atendeu antes. — Me desculpe…Alessandra se recompôs rapidamente e se esconde atrás de mim, envergonhada por termos sido pegos. Por que sempre tem alguém para nos atrapalhar? Será que dois adultos não pode se beijar em paz ou ter uma conversa tranquila sem ter um idiota por perto. Tenho que lembra o nome daquele imbecil que provavelmente trabalha com Alessandra. Não gosto dele.— Some daqui agora! — Não é preci
Sebastian D’AmoreCaminho pelo meu apartamento até a mesa ao lado do sofá, enquanto tirava o relógio do meu pulso. Me mantinha em silêncio não querendo começar uma longa discussão que dependendo de Victor iria acontecer a qualquer momento, e o motivo da discussão seria o motivo dele estar no meu apartamento sem permissão alguma. Odeio esse Seu jeito de achar que é dono de tudo e que pode estar presente em qualquer lugar que queira. Não! Não na minha casa. Victor tem as suas propriedades e pode ficar zanzando por lá quanto quiser.— Está querendo manchar a imagem da nossa família? Sabe quanto perderia e tenho certeza que você é mais esperto do que isso. Vou te dar um conselho Sebastian nem todo rabo de saia vale a pena, escolha bem onde você quer colocar as suas partes.Deixei o relógio em cima da mesa e desabotoei alguns botões da minha camisa, ainda com o terno no meu corpo. As suas palavras me incomodavam. A sobrancelha grossa de Victor se ergue ao ver que não teria a minha resposta
Alessandra MartinsCorri para arrumar as almofadas em cima do sofá, minha casa estava totalmente desorganizada. Havia chegado alguns minutos da rua, lembrando que havia combinado com o Caleb que viria aqui em casa dar uma olhada no meu notebook. Em pouca conversa com ele descobri o quanto ele é bom nessa área e mesmo oferecendo pagar pelo seu serviço, ele se negou. Então tive uma brilhante ideia em preparar um almoço, por que não? Só tinha que me auto lembrar que não tenho tempo para mim mesma, quem dirá preparar um almoço. Sei cozinhar e não queria ter que comprar comida já pronta, agora a minha correria está sendo maior tendo panelas no fogo e arrumar a casa.André falou que não precisaria me preocupar e poderia demorar o tempo que fosse para voltar à galeria. Porém, nem que precise deixar Caleb na minha casa ou depois de almoçar entregar meu notebook, daria um jeito de pegar depois. Caleb parece ser uma pessoa bem legal, mesmo tendo só dois minutos de conversa ou bem menos.SE recu
Sebastian D’AmoreO tempo na Alemanha está horrível, me faz querer voltar para Nova York com o rabo entre as penas. Conferir às luvas em minhas mãos mais uma vez antes de sair do carro, a neve intensa nos impede de seguir nosso caminho. O sobretudo não é o bastante para me aquecer, estamos em Berchtesgaden, Alemanha. Um cliente teve a brilhante ideia de se refugiar nessa cidade e me fazer ter que vir até aqui para encontrá-lo. Meu assistente quase caiu quando saiu do carro, não posso culpá-lo se não prestar muita atenção você se funde com essa neve.Não conseguimos subir a colina por completo onde a casa do cliente está, ele escolheu a última para ficar e estou mantendo todo o meu autocontrole para não xingá-lo quando o ver.— Sr. D’Amore, o motorista pediu para avisar que não conseguiríamos subir a colina…— Ah, sério? — Ergui uma sobrancelha. — Não havia percebido.Engole em seco.— Hum, logo mais adiante tem uma pensão. Teremos que ficar lá até essa tempestade passar, acreditamos q
Alessandra MartinsFui pega completamente de surpresa ao encontrar com Sebastian na Alemanha, quais são as chances? Essa tempestade surgiu do nada, o clima estava bem frio, mas essa tempestade forte foi algo inesperado para mim. O macacão que estou usando não é o suficiente para me aquecer e não recusei o sobretudo do Sebastian por teimosia ou fazendo charme. Não estou sentindo tanto frio como estava lá fora e com a grande chaminé aquecia o lugar o suficiente para nos esquentar. Caleb e o outro homem que estava ao seu lado estava tremendo de frio, é óbvio que não deixaria ele sair lá fora para pegar as minhas coisas.— Ok, vamos para o quarto. — Sebastian passa por mim indo pegar uma das malas com o Caleb. — Você precisa se esquentar antes que pegue um resfriado.Sebastian colocou a mão em minhas costas me guiando para as escadas. Não iria recusar. Sei que essa tempestade não iria embora tão cedo, meu celular está sem sinal e não iria sobreviver se tentasse seguir a pé. A escada era e
Sebastian D’AmoreSe as coisas poderiam ficar piores? É claro que sim. Sabia! Eu sabia que não deveríamos ter saído daquele quarto. Mas para uma mulher pequena como Alessandra ela sabia como colocar medo de uma pessoa. Sua doçura havia ido embora em um piscar de olhos. Não poderia deixar que viesse sozinha. Entrei no carro impossível de esperar do lado de fora, mas ao bater a porta do carro caiu neve bloqueando a nossa saída.Não tem como a gente sair por outras portas, porque a gente limpou apenas a porta do motorista para podermos entrar. Então todas as portas estão bloqueadas. Alguém de fora teria que vir ao nosso socorro. Meu celular ficou no quarto e se tinha falta de sinal antes, quem dirá agora. Ligamos o aquecedor do carro.