Querida leitora, Jéssica está mais segura. Será que ela vai seguir seus sonhos? Comente para que eu saiba o que está achando.
— Não há mais tempo para isso. — Os olhos dela começaram a marejar. — É tarde demais. Um fungado surgiu, e sua postura ficou encurvada. Jéssica carregava muita culpa por ter engravidado aos dezesseis anos e precisar interromper os estudos.— Jéssica, você tem 18 anos! Há tempo para tudo! Pense no que você conseguiu fazer até agora, até mesmo trabalhando no supermercado. Eu te garanto que você pode tentar, e vai conseguir. — Foi a vez dele de tocar as mãos dela, tentando encorajá-la a seguir seus sonhos.Ela estava abalada. Tinha muito medo do que ele estava dizendo. “Será que eu realmente consigo ser médica?” Pensou, em dúvida, com os olhos fixos no chão. Hugo, como se pudesse ler seus pensamentos, respondeu:— Sim! Você consegue ser médica. E eu estarei aqui para apoiar cada passo desse caminho.— Não, Hugo. Você está delirando. Agora tenho um filho, e minha vida deve ser focada no sucesso dele. Não posso ter sonhos de adolescente. — Ela se desvencilhou bruscamente e caminhou pelo ta
— Ela não conhece uma escola, Hugo. Não pode decidir se quer ou não ir. Ela precisa visitar ao menos. — Jéssica mantinha o tom gentil, ciente da situação delicada em que estava envolvida.— Essa decisão não está em suas mãos. Você não é a mãe dela. Não sei como era na sua antiga casa, mas aqui respeitaremos a decisão dos meus filhos! — O tom irritado de Hugo deixou as crianças em choque. Breno chorou, e Hugo fez menção de se levantar para acalmá-lo.Jéssica interveio para pôr fim à discussão. Fez um gesto para que ele não se metesse e foi amparar a criança assustada.— Tem toda razão, eu não sou ninguém para dar opinião na educação da sua filha. Mas isso não impede que eu queira o melhor para ela. O melhor para todos nós. — Ela saiu da sala de jantar com Breno nos braços.A criança escorregou, pedindo peito. Jéssica segurou as lágrimas. Achava injusta a postura de Hugo, querendo mandar na vida dela, escolhendo o destino que ela deveria tomar e não aceitando sua opinião sobre o futuro d
As visitas às escolas foram bem animadas. Quando Maria viu como era o ambiente e o que acontecia lá, ficou super empolgada para ir. Percebeu que as amiguinhas estavam mentindo quando falaram de todas as coisas ruins e que havia muitas coisas legais para fazer.Uma pesquisa criteriosa ocupou as mentes de Jéssica e Hugo. Verificavam cada detalhe das instituições, questionavam os profissionais e checavam todas as informações que pudessem oferecer segurança na escolha do local que abrigaria os filhos.Juntos, decidiram qual seria o melhor para a menina e para os meninos que ingressariam depois. Tiveram um pequeno impasse quando Hugo preferia uma escola especializada em educação infantil e Jéssica dava mais importância à metodologia de ensino.Após uma conversa tranquila e a exposição das opiniões, conseguiram chegar a um acordo e optaram pela escola com a melhor metodologia e especializada em desenvolvimento infantil.— Fase um, concluída. Agora, a fase dois! — disse Hugo, afivelando o cin
Jéssica saiu do curso conversando com as novas colegas. Se entrosou rapidamente com o pessoal. Eram leves, mais não tão despreocupados como ela julgou. Esse lance de vestibular e faculdade pesa na cabeça de todos.Imaginou que sua situação de mãe adolescente formada no supletivo iria atrapalhar seu entendimento e o domínio das matérias. Foi apenas o primeiro dia e deu pra ver que seria desafiador, mas não impossível.— Jéssica, você se saiu bem na redação. Precisa de ajustes, mas tem potencial. Fique para o laboratório que faremos mais tarde. O professor elogiou depois de fazer a correção.Esse elogio encheu seu coração de esperança. Agarraria as oportunidades com tudo. Mas infelizmente não poderia comparecer à aula de hoje. Tinha uma coisa muito importante para fazer.— Hugo, tenho que ir a um lugar. Você pode me levar? Ela ligou porque queria mostrar que era realmente importante.— Claro, vou preparar os meninos. Ele se animou para sair um pouco.— Não. Deixe os meninos com a Célia.
A abertura da loja trouxe novidades para Hugo. Descobriu um mercado bastante competitivo, repleto de concorrentes ferozes. Ser mentorado por Edgar teve seus benefícios.Conheceu Alexandre, um homem de 28 anos, com grandes ambições, mas recursos limitados. De bom coração e mente perspicaz, Alexandre se tornou sócio da loja e um bom amigo.— Cara, se as vendas continuarem nesse patamar, vamos bater a meta logo. — disse, empolgado, enquanto analisava os gráficos.— Espero que sim. Vai dar para contratar alguém. Só nós dois está apertado e o feirão está chegando. — Hugo se desdobrava nos atendimentos.— Dá para contratarmos vendedores freelancers para o feirão. Nós cuidaríamos apenas da parte burocrática. — Alexandre ponderava, com a mão no queixo.— Não gosto dessa ideia. Um atendimento de qualidade é o que garante a venda. Freelancers não estariam comprometidos conosco. — Hugo explicou, quando foi interrompido por uma voz suave e gentil.— Não gosta de quê, ideia? — Jéssica chegou, sorri
Era véspera da prova da Unicamp. Jéssica mal conseguia acreditar que se passou quase um ano desde que tudo aconteceu. Sua vida mudou tanto que, às vezes, ela não conseguia acreditar no que estava vivendo.Se esforçou bastante para ter um dia tranquilo, mas a saúde de Breno trouxe preocupações.— Nada da febre baixar? — Hugo chegou enquanto ela amamentava. Breno teve uma crise de choro que só parou quando recebeu o peito.— Nada. Acho que terei de levá-lo à emergência. — Ela falou com pesar. Ver o filho doente abalava muito sua confiança.— Não acho que seja uma boa ideia. São 19h e você vai ficar muito tempo esperando atendimento. — Hugo pensava na prova. Jéssica não assumia, mas ele sabia que seu maior objetivo era passar nessa universidade.— O que posso fazer? Tenho que ir com ele. Isso fica para depois. — Ela falou desanimada. Nada importava mais que a saúde de Breno.— Eu vou levá-lo. Você fica aqui com os meninos e descansa. Ele sabia que era o que precisava ser feito agora. — N
Jéssica nunca assumiu, mas sua cabeça estava voltada apenas para o dia do resultado. Fez várias outras provas com a mesma atenção e determinação. Não se dedicou menos em nenhuma delas. A que fazia seu coração bater acelerado era a da Unicamp. Buscava no calendário, todos os dias, a data em que sairia o resultado.Hugo, preocupado com a reação dela diante do resultado, procurou distraí-la. Propositalmente, marcou um dia de Bopi-Bari para toda a família. Célia e sua filha também foram convidadas.As crianças estavam superempolgadas, vendo tanta novidade. Maria era a mais feliz. Corria de um brinquedo para outro com uma velocidade difícil de acompanhar.— Anda, gente! Quero ir naquele elevador agora! — ela anunciava, chegando primeiro na fila.Sua risada era contagiante. Estava vivendo um sonho de menina.— Que bom que viemos. Olha a alegria dela! — Jéssica sorria, observando a menina girando no carrossel. Fez questão de ir sozinha.— Nunca vi Maria tão feliz como vejo nos últimos meses.
Seis anos se passaram. Jéssica está parada em frente a uma parede, verificando a lista de admitidos na residência médica. Mariana e Jonathas chegam para conferir também. Os três estão tensos e ansiosos. Às vezes, nem toda a dedicação garante o resultado. Há muita coisa envolvida nesse processo. Prendendo a respiração, eles percorrem a lista com cuidado. De cabeça baixa, se encaminham para a sala vazia mais próxima. Jonathan fecha a porta, garantindo que ninguém está chegando. Assim que se vira, eles soltam gritinhos de alegria. Aprovados e para o mesmo hospital! — Não acredito que vamos ficar juntos. Mariana é a primeira a sair do abraço em grupo. Aprenderam a comemorar as conquistas em segredo depois de um episódio com uma aluna muito desagradável. — Gente, olha pra mim. Futura ginecologista! Jéssica está sem acreditar no tamanho da mudança que sua vida está dando. — Empresária e ginecologista, você quer dizer, né? Pare de se menosprezar, gata. Você é incrível. Mariana não gostav