Segurando a chave na mão, James a examinou e murmurou silenciosamente. — O que um baú selado, no mausoléu do Príncipe das Orquídeas, na fronteira das Planícies do Sul, teria a ver com o Moonlit Flowers on Cliffside’s Edge? — Pensou que não seria coincidência o encontro com Scarlett, que levava a chave. Naquele dia, o homem rastreava uma intenção assassina, no entanto a sensação desapareceu quando chegou ao estacionamento subterrâneo em que encontrou Black Rose. Teve certeza de que não vinha da moça a motivação de seu alerta.James concluiu que alguém providenciara aquele encontro. Provavelmente depois de assistir, de longe, o roubo do túmulo, um indivíduo exterminou todos os envolvidos e, de alguma maneira, direcionou Scarlett, com a chave, até Cansington. Reflexivo, James respirou fundo.O primeiro passo para chegar ao fundo disso, seria localizar a tal caixa. Descobrindo os segredos do receptáculo, o homem entenderia sua relação com o quadro milenar herdado por sua família. De
Em um restaurante renomado em Cansington, James pediu alguns pratos e uma garrafa de vinho branco, para comer à vontade com seu amigo. Os dois conversaram, enquanto comiam, relembrando as provações pelas quais passaram nos últimos dez anos. Uma garrafa da bebida, é claro, não foi o suficiente. Por volta das três horas da tarde, a dupla estava embriagada. Naquele momento, Thea ligou, parecendo muito tensa. Ao ouvir a voz ansiosa da esposa, James sentiu um arrepio na espinha e imediatamente despertou do torpor. — James, onde você está? Tivemos um problema. — — O que houve, querida? — — Foi uma situação aqui no Hospital Eternality. Venha rápido! — — Tudo bem, estarei aí o mais rápido possível. — James desligou o telefone e Henry perguntou: — O que aconteceu, James? — — Não sei. Thea disse que foi alguma coisa no hospital deles. Vou precisar ir lá, dar uma olhada. — James balançou a cabeça, sentindo-se exausto. — Deixa que eu te levo. — O amigo se levantou. — Não p
O segurança lhe deu passagem e James entrou, apressado. Os Callahan se reuniam no corredor principal do hospital, com alguns tão preocupados que andavam de um lado para o outro. O general se aproximou e perguntou: — O que rolou? — Com uma voz chorosa, Thea tentou explicar: — Nós também não sabemos. Um monte de gente apareceu do nada e o protesto começou. Disseram que alguém morreu aqui e estão exigindo indenizações. Fizeram um alarde tão grande, que até repórteres vieram para cá. Não tivemos escolha a não ser fechar o hospital, temporariamente, deixando só os internados. — Lex tagarelava ao telefone, contatando qualquer um que pudesse ajudar a resolver a crise. — Você fede a álcool, James. Por que está aqui? Em que você poderia ajudar? — Gladys repreendeu o genro ao sentir cheiro de bebida no hálito do recém-chegado. — Papai, vovô, isso é ruim! Tem mais gente chegando lá fora. Na internet estão dizendo que há algo errado com as medicações. — Tommy entrou em pânico. Corr
Um silêncio se estabeleceu por alguns segundos, até que um homem musculoso, de trinta e tantos anos, portando um pé de cabra, deu um passo à frente. Ameaçador, apontou a arma improvisada para James e berrou: — Quem é você, caralho? O que te faz pensar que pode agir assim? — O brutamontes espumava pela boca e se indicava que queria partir para a violência. Thea morrendo de medo de ser agredida, escondeu-se atrás de seu marido. — Isso mesmo! Não há nada para conversar. Exigimos indenização! — — Se vocês não pagarem, vamos quebrar tudo aí! — — A gente vai destruir a porra toda! Essa espelunca nem deveria funcionar aqui! Como a fiscalização não fechou um lugar desses?! — A multidão se uniu em reclamações, enquanto nem mesmo um único Callahan ousou aparecer. A situação era mesmo um barril de pólvora, então seria muito problemático se as coisas saíssem do controle. — Calem-se, todos vocês. Um de cada vez! — James os encarou, irritado.O homem não ligaria para nada daquilo,
James se levantou e se virou para Thea. — Você é a presidenta. Veja com o departamento financeiro e com os advogados para saber como pular os procedimentos judiciais. Negocie o valor. — — James, como assim? — Thea ficou confusa. A mulher pensou que James resolveria o problema. No entanto, depois de sua postura e palavras vazias, o veterano simplesmente aconselhava que a família a pagar as indenizações. Uma repreensão enfurecida veio de dentro do prédio: — O que você está fazendo, James? Surtou, porra?! Você está brincando com nosso dinheiro?! Não ficaria surpresa se descobrisse que você está junto com essas pessoas para roubar dinheiro da família! — Quem gritou foi Gladys. — Há algo de errado com o remédio. — James sussurrou no ouvido da esposa. — Como você pode ter certeza de que este medicamento foi prescrito por nós? E se alguém estiver tentando nos sabotar? — Thea perguntou a James. Se eles pagassem indenizações antes de investigar ao fundo aquele incidente, seria e
James tinha uma voz alta. Seu comando surpreendeu a multidão, que imediatamente ficou em silêncio. O general apontou para um homem cujo rosto estava inchado como uma moranga. — Você, venha aqui e se sente, vou te examinar. — O homem imediatamente se colocou diante de James e vociferou: — Você vai me indenizar, não importa o que aconteça. Você sabe quem sou eu, rapaz? Eu tinha uma carreira de sucesso! Minha doença atrapalhou meu trabalho e fui demitido, mas ainda tenho contatos! Amigos advogados! Não vou me contentar com qualquer ninharia! Está me ouvindo? — James o encarou com seu olhar penetrante, ignorando-o, enquanto lhe examinava. Aquilo fez o homem se acovardar e murmurar silenciosamente: — Não é para tanto, também. Eu ficaria bem com um valor simbólico. — — Mostre-me seu braço. — O homem estendeu o braço e James tomou seu pulso. — Então, você veio aqui porque está com irritação na pele. O que essa sua cara feia tem a ver com a gente? — James bateu na mesa e o r
— Porra, o homem é uma espécie de druida? — — Rapaz, é coisa de outro mundo o que ele fez ali. — — O homem parece até um deus da medicina. Será que tem relação com o doutor Fallon? Aprendiz, talvez? — As testemunhas discutiam sobre os milagres que testemunhavam. Muitos ficaram especialmente surpresos depois de descobrir que foi James quem tratou Thea. Enquanto isso, o general continuava examinando e despachando pacientes. Nessa hora, uma mulher de cinquenta e poucos anos se aproximou. Sentando-se, a senhora tirou o chapéu. Com um olhar malicioso, ela reclamou, espumando pela boca: — Minha cabeça dói muito! Depois de tomar o remédio de vocês, perdi a maior parte do meu cabelo! — — Silêncio! — James retrucou. Para manter tudo sob controle e seu ritmo acelerado, James precisava de silêncio. Sua técnica demandava absoluta atenção e sensibilidade, então precisava ser ríspido para aquietá-lo, como fez com a mulher, que ficou em absoluto silêncio. — Estenda o braço. — Ela e
Thea se apressou para organizar a transferência que seria da família do falecido. Ao mesmo tempo, arrumou alguém para lidar com a maca e chamar a funerária, que auxiliaria os parentes do velho no andamento do velório. Lá fora, James trabalhou rápido. Com seu conhecimento médico incomparável e incrível habilidade oratória, o general remanejou todos aqueles que apareceram para causar problemas. — Certo, todo mundo está dispensado! Não há nada para ver aqui. — James se levantou e acenou para os espectadores se afastarem. O Hospital Eternality era uma das maiores instituições da rua Medical. A comoção atraiu muitos transeuntes, incluindo alguns médicos ilustres dos hospitais e clínicas vizinhas. — Espere! — Naquele momento, uma voz pareceu desesperada. James se virou e viu um médico de cinquenta anos, usando branco se aproximando dele. James franziu a testa. — Há algum problema? — — Esta é a Rua Medical, onde todas as clínicas e hospitais contam com suas verdadeiras habilida