Henry caminhou até o carro, para pegar alguns utensílios dedicados à prestação de homenagem aos mortos. Depois disso, o homem caminhou até o túmulo de Thomas e se ajoelhou, com os olhos cheios de lágrimas. Na mesma data, dez anos atrás, os homens dos Quatro Grandes apareceram na residência de Caden, amarraram-nos e os obrigaram a viver o inferno. James tinha apenas tinha apenas dezessete anos, naquela época. Jamais esqueceria os gritos de seus parentes, queimados até a morte. Levantando-se abruptamente, apontou para os homens no chão. O general rugiu, com uma voz quebrada: — Dez anos atrás, seus desgraçados, vocês destruíram minha vida! — James soava como um demônio encarnado, enquanto todos os responsáveis apenas o encaravam, sem coragem de se mover. Rowena, no entanto, correu até o homem e se ajoelhou, implorando: — James, eu estava errada! Por favor, dê-me uma chance! — — Uma chance? — Os olhos de James estavam vermelhos. — Você deu aos Caden uma chance de escapar? Dê-me
Diante dos túmulos, sua voz falhou, porque o homem se engasgava em soluços. Esperou aquilo por dez anos, desde que era apenas um garoto recém-formado no ensino médio. Sua vida era cheia de promessas e esperança, mas aquelas pessoas lhe tiraram tudo que lhe era mais importante: sua família. A imagem da residência em chamas e o som dos gritos frequentemente enchiam seus sentidos. As cenas eram tão frescas e vívidas como no dia anterior. Naquele dia, nem as crianças foram poupadas. James nunca poderia esquecer. No meio do inferno de chamas, sob dor excruciante e lágrimas, uma jovem apareceu. Aquela moça saltou no mar de fogo, sem hesitar, e o arrastou para a beira do rio. Compelido pelo desejo de viver, o homem se atirou no fluxo de água, parando em uma caverna onde, por algum motivo encontrou uma vasta quantidade de livros de medicina. Cansington era, de fato, a capital da medicina, além de que seu avô era um doutor de extrema relevância e vasto conhecimento. Pode-se dizer que James
James o cumprimentou e imediatamente se virou para a garota que segurava o braço do velho. — Quem é essa? — — Minha neta, Serena Quinn. — Newton explicou. — Certo. — James assentiu. — Senhor Quinn, preciso que, em três dias, vá aos Quatro Grandes e resolva isso que acabei de dizer a eles. Quero que assuma os antigos negócios de minha família, já que conhecia todos. — — James, como assim? — Newton estava perdido. James sabia que o homem teria informações privilegiadas, porque Newton estivera ao lado de seu avô o tempo todo. O velho teria que conhecer a história dos Caden e ter informações sobre o Moonlit Flowers on Cliffside's Edge. Talvez até ajudasse a saber algo sobre o paradeiro do mentor. — Colega, posso convidá-lo para uma refeição? — James olhou para o Rei Alegre. O Rei Alegre deu um leve aceno de cabeça, antes de ordenar que seus homens se retirassem. Em seguida, o comandante em chefe olhou para os homens dos Quatro Grandes e do submundo. Inexpressivo, avisou: —
— Dragão Negro?! — Newton ficou surpreso com as palavras de James. Poderia o jovem Caden ser um dos Cinco Comandantes do Sol? O Dragão Negro das Planícies do Sul, que chocou o mundo com os resultados de uma missão, há um ano? Sua neta, Serena, não pôde deixar de encarar James. O Dragão Negro era um nome conhecido por todos, no entanto, o grande público não sabia como o homem era. Talvez nem fosse um homem. Então, ninguém nunca pensou que seria um órfão de uma família assassinada. James olhou para Newton e perguntou: — Senhor Quinn, você pode me contar mais sobre minha família? — Embora James agora estivesse no auge do poder e exercesse grande autoridade, ainda não conseguia encontrar nada sobre a história dos Caden. Acreditava, então, que algo sobre seus parentes não era comum. Além disso, já sabia que o Moonlit Flowers on Cliffside's Edge também não era qualquer peça de arte. Newton respirou fundo e refletiu que, se James era o Dragão Negro, o rapaz poderia enfrentar o verd
Segurando a chave na mão, James a examinou e murmurou silenciosamente. — O que um baú selado, no mausoléu do Príncipe das Orquídeas, na fronteira das Planícies do Sul, teria a ver com o Moonlit Flowers on Cliffside’s Edge? — Pensou que não seria coincidência o encontro com Scarlett, que levava a chave. Naquele dia, o homem rastreava uma intenção assassina, no entanto a sensação desapareceu quando chegou ao estacionamento subterrâneo em que encontrou Black Rose. Teve certeza de que não vinha da moça a motivação de seu alerta.James concluiu que alguém providenciara aquele encontro. Provavelmente depois de assistir, de longe, o roubo do túmulo, um indivíduo exterminou todos os envolvidos e, de alguma maneira, direcionou Scarlett, com a chave, até Cansington. Reflexivo, James respirou fundo.O primeiro passo para chegar ao fundo disso, seria localizar a tal caixa. Descobrindo os segredos do receptáculo, o homem entenderia sua relação com o quadro milenar herdado por sua família. De
Em um restaurante renomado em Cansington, James pediu alguns pratos e uma garrafa de vinho branco, para comer à vontade com seu amigo. Os dois conversaram, enquanto comiam, relembrando as provações pelas quais passaram nos últimos dez anos. Uma garrafa da bebida, é claro, não foi o suficiente. Por volta das três horas da tarde, a dupla estava embriagada. Naquele momento, Thea ligou, parecendo muito tensa. Ao ouvir a voz ansiosa da esposa, James sentiu um arrepio na espinha e imediatamente despertou do torpor. — James, onde você está? Tivemos um problema. — — O que houve, querida? — — Foi uma situação aqui no Hospital Eternality. Venha rápido! — — Tudo bem, estarei aí o mais rápido possível. — James desligou o telefone e Henry perguntou: — O que aconteceu, James? — — Não sei. Thea disse que foi alguma coisa no hospital deles. Vou precisar ir lá, dar uma olhada. — James balançou a cabeça, sentindo-se exausto. — Deixa que eu te levo. — O amigo se levantou. — Não p
O segurança lhe deu passagem e James entrou, apressado. Os Callahan se reuniam no corredor principal do hospital, com alguns tão preocupados que andavam de um lado para o outro. O general se aproximou e perguntou: — O que rolou? — Com uma voz chorosa, Thea tentou explicar: — Nós também não sabemos. Um monte de gente apareceu do nada e o protesto começou. Disseram que alguém morreu aqui e estão exigindo indenizações. Fizeram um alarde tão grande, que até repórteres vieram para cá. Não tivemos escolha a não ser fechar o hospital, temporariamente, deixando só os internados. — Lex tagarelava ao telefone, contatando qualquer um que pudesse ajudar a resolver a crise. — Você fede a álcool, James. Por que está aqui? Em que você poderia ajudar? — Gladys repreendeu o genro ao sentir cheiro de bebida no hálito do recém-chegado. — Papai, vovô, isso é ruim! Tem mais gente chegando lá fora. Na internet estão dizendo que há algo errado com as medicações. — Tommy entrou em pânico. Corr
Um silêncio se estabeleceu por alguns segundos, até que um homem musculoso, de trinta e tantos anos, portando um pé de cabra, deu um passo à frente. Ameaçador, apontou a arma improvisada para James e berrou: — Quem é você, caralho? O que te faz pensar que pode agir assim? — O brutamontes espumava pela boca e se indicava que queria partir para a violência. Thea morrendo de medo de ser agredida, escondeu-se atrás de seu marido. — Isso mesmo! Não há nada para conversar. Exigimos indenização! — — Se vocês não pagarem, vamos quebrar tudo aí! — — A gente vai destruir a porra toda! Essa espelunca nem deveria funcionar aqui! Como a fiscalização não fechou um lugar desses?! — A multidão se uniu em reclamações, enquanto nem mesmo um único Callahan ousou aparecer. A situação era mesmo um barril de pólvora, então seria muito problemático se as coisas saíssem do controle. — Calem-se, todos vocês. Um de cada vez! — James os encarou, irritado.O homem não ligaria para nada daquilo,