Capítulo 0002
Ponto de Vista de Matilde

Por que ela estava aqui? O que ela estava fazendo aqui?

Tento encontrar os olhos de Diogo para obter uma indicação de suas emoções com a chegada dela, mas os dele estão fixos na mulher que parece estar agitada com a minha interrupção. Seu cabelo preto brilhante, que era longo nas fotografias, agora estava cortado em um estiloso bob longo. Ela estava usando um top rosa brilhante que revelava bastante o decote, jeans brancos apertados e saltos rosa com pedras brilhantes. Suas roupas não eram nada parecidas com as minhas e me senti bastante feia com minha camiseta preta larga e calças de ginástica pretas.

— Oh, você deve ser a Matilde! É um prazer finalmente a conhecer, sou como a irmãzinha do Diogo, eu sou...

— Rebeca!

Rebeca continua a segurar meu olhar até que ela me observa de cima a baixo, me avaliando. Se não estivesse olhando para ela, acho que ela teria zombado da minha aparência. Minha loba sentia uma maldade nela, uma frieza que ela nasceu com. Diogo é frio por natureza, mas minha loba pode sentir que ele é capaz de calor, que ele o reprime por algum motivo. Reprime por causa dela.

— Desculpe ter chegado assim sem avisar, enfrentei algumas dificuldades que sabia que só Diogo poderia me ajudar!

Ela diz enquanto coloca a mão no braço superior do meu marido, o acariciando. Me Sentia mal só de a ver tocando meu marido, o pai do bebê que está crescendo na minha barriga.

— Espero que você não se importe que eu esteja aqui, seria bom conhecer minha cunhada de qualquer maneira!

Cunhada? Isso é um pouco demais, não é? Eu vi as fotografias, sei o que eles foram um para o outro. Diogo se recusa a encontrar meu olhar, seus olhos permanecem fixos em Rebeca. Será que ele estava percebendo meu desconforto com a aparição repentina dela?

— A Matilha de Rebeca foi atacada por renegados, ela mal conseguiu sair viva.

Diogo finalmente fala, arrancando um suspiro de mim.

— Naturalmente a vamos abrigar!

Ele está ordenando ou perguntando?

— Claro.

Concordo imediatamente, ela teve sorte de ainda estar viva.

— Onde Rebeca vai ficar?

Temos algumas casas de hóspedes disponíveis perto das fronteiras que poderia mandar os funcionários limparem imediatamente.

— Ela pode ficar nos meus antigos quartos aqui na casa do Alfa!

Meu coração afunda ao ver oferecer isso a ela.

— Oh, não, eu não poderia fazer isso, vou ficar no quarto de hóspedes da frente.

Gemo internamente com sua resposta. Ela poderia ter oferecido ficar nas casas de hóspedes em vez de aqui na mansão do Alfa.

— São os meus quartos...

Respondo constrangida, meu rosto ficando vermelho. Agora ela saberá que não compartilhamos os quartos do Alfa.

— Está decidido então, meus antigos quartos.

Ele confirma a Rebeca com um sorriso.

— Muito bem. Vou pedir ao pessoal de catering para falar com você sobre suas preferências alimentares.

Concordo com o pedido de Diogo, tentando manter minha postura de Luna.

— Você é uma estrela! Obrigada, Matilde.

Ela oferece docemente, abrindo os braços para me abraçar. Minha loba, não querendo ser tocada por ela, rosna internamente, o que resulta em dar um passo para o lado, se esquivando de seu abraço.

— Vou pedir aos funcionários que preparem seus quartos agora.

Aceno antes de sair apressadamente da sala, antes que Diogo pudesse perceber meu tumulto interior. Ao sair do escritório, deixo a porta ligeiramente entreaberta. Enquanto me afasto, ouço o murmúrio suave e as risadinhas da voz de Rebeca. Estariam falando de mim? Respiro fundo, tentando acalmar o ciúme da minha loba. Quando percebi algo. Fiquei tão abalada com a chegada de Rebeca que não contei a Diogo sobre o bebê. Terei que manter isso em segredo por enquanto, até que ela vá embora.

Voltei ao escritório de Danilo no centro médico, ele era o único verdadeiro companheiro que eu tinha, afinal. Disse que não tive chance de contar a Diogo sobre o bebê por causa da aparição repentina de Rebeca de volta à Matilha Luar Vermelho. Se pudesse manter a gravidez em segredo por enquanto, certamente Rebeca não ficaria muito tempo, e então poderia contar a Diogo depois que ela tivesse partido. Poderíamos planejar a chegada do nosso pequeno, só nós dois. Isso nos aproximaria, não tinha dúvida disso.

A reação de Danilo ao meu pedido de manter a gravidez em segredo não foi exatamente o que eu esperava. Ele ficou frustrado comigo, dizendo que precisava contar ao Alfa imediatamente. Mas não tinha escolha, simplesmente não era o melhor momento agora. Diogo precisava ajudar Rebeca e, como Luna, eu o apoiaria nisso.

Estava atualmente no antigo quarto de Diogo o ajudando a preparar para Rebeca. Em dois anos vivendo aqui, nunca entrei nesse quarto. Nunca entrei em nenhum quarto que não tivesse sido convidada, para mim parecia rude e intrometido. Olhando ao redor, percebi que tinha mais da identidade de Diogo do que o quarto do Alfa. Tendo agora entrado nesse quarto, isso me irritava secretamente ainda mais que Rebeca fosse ficar nele.

— Não acredito que ela voltou... Não acredito que o Alfa permitiu que ela ficasse.

Maria reclama, interrompendo meus pensamentos.

— Por que ele não permitiria?

Pergunto.

— Ela era um pesadelo. Agia como a Luna quando eles estavam juntos. Nos mandava como se fôssemos servas.

Ela elabora enquanto ela e Bianca trocam a roupa de cama.

— Eu não faço isso?

Rio, tentando encontrar alguma diversão na situação.

— Não, Luna, você tem uma maneira de pedir. Nunca sentimos que somos suas servas. Mas ela... ah, a loba é má.

— Maria!

A repreendo por falar fora de hora.

— Acho que o que ela quer dizer, Luna, é que quando Rebeca ficava nesses quartos antes...

Bianca começa a defender Maria, mas estou mais surpresa com a nova informação que estou ouvindo.

— O quê? Ela costumava ficar nesses quartos com ele?

— Sim, Luna.

Bianca franze a testa para mim. Nunca uma vez Diogo me deixou ficar em seus quartos de Alfa. Eu tinha meus próprios quartos, mas era cuidadosa em manter a pretensão de que eram simplesmente para eu relaxar. Nunca uma vez dei a entender que não dormia todas as noites na cama de Diogo. A dolorosa lembrança de dois meses atrás, quando ele saiu apressadamente do quarto, me atinge a mente. O nojo em seu rosto enquanto ele corria do quarto, de eu estar em sua cama. Um enjoo me atinge ao pensar nisso e cambaleio ligeiramente enquanto trocava a roupa de cama.

— Luna... você está bem?

Bianca segura meu braço e me coloca na beira da cama.

— Sim, obrigada Bianca.

Respondo, enquanto tomo um momento para me recompor.

— Lá... um exemplo perfeito. Ela nem se incomodava em saber nossos nomes!

Maria zomba, mas é interrompida pelo olhar fulminante e rosnado de Bianca.

— Tenho certeza de que ela não ficará aqui por muito tempo. Assim que o Alfa a ajudar a se reerguer, ela irá embora. Tentem ser pacientes com ela, ela passou por muita coisa.

Tento acalmar Maria.

— Não me surpreenderia se ela fosse responsável pela destruição da própria Matilha...

— Maria!

Rosno para ela, mas é tarde demais. Rebeca entra no quarto. Olho para Maria e Bianca, que ambas encaram Rebeca, Maria levemente com um sorriso. Tenho certeza de que Rebeca deve ter ouvido, mas se ouviu, estava fingindo que não.

— Por favor, continuem a preparar o quarto!

Ordeno a ambas, e elas simplesmente acenam para mim em confirmação. Ao sair do quarto, Rebeca toca meu cotovelo para me segurar.

— Matilde, gostaria de falar sobre algo, em particular?

Ela sorri para mim, mas não perco o olhar fulminante que ela dá a Maria. Assim que termina de olhar com raiva para as duas funcionárias que preparam seu quarto, é como se ela se lembrasse de que estou observando e um sorriso reaparece em seu rosto.

— Claro, Rebeca.

Respondo, mas temo passar mais tempo com essa loba do que o necessário.
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