Ponto de Vista de Matilde Quatro Anos Depois Respire fundo, expire devagar. Eu havia esquecido como este lugar era tranquilo. Esta foi a primeira vez que voltei ao lago desde aquele dia bárbaro, quatro anos atrás. Meu primeiro descanso em quatro anos. Respire fundo, expire devagar. Uma leve rajada de vento faz com que algumas mechas do meu cabelo caiam no meu rosto, cobrindo meus olhos momentaneamente. Enquanto afasto as mechas, vejo o vento criar uma pequena onda que quebra na margem pedregosa do lago. Suspiro profundamente, enquanto um flashback daquele dia em que meus pais foram brutalmente assassinados invade minha mente. A imagem fria de seus corpos deixados de forma tão desumana... deixados por um monstro. Meus flashbacks eram menos frequentes hoje em dia, mas ainda me torturavam regularmente à noite. Ouço risos ao longe e o som de pequenos pés correndo na minha direção. Eles interrompem meu flashback instantaneamente! Obrigada, Deusa da Lua, obrigada pelos meus doi
— RUGINDO. — Ana entra na brincadeira, fingindo ser a grande loba assustadora que precisa salvar seu irmão. Ela estica a mão para fazer cócegas em Danilo, defendendo seu irmão.— Ah, oh não... Fui atacado. — Danilo finge estar ferido e lentamente cai no chão, mantendo Ricardo e agora Ana seguros em seus braços.Danilo me ajudou a os criar, ele esteve presente em todos os momentos. Até no nascimento, ele me deu forças quando pensei que toda minha energia tinha me abandonado. Para Ana, Danilo era seu papai. Ela o idolatrava e ele era o único que podia ler sua história de dormir. Ele também tinha que usar o spray de monstro de mentira embaixo da cama dela todas as noites antes de ela dormir.Enquanto isso, Ricardo via Danilo mais como um tio. Ele sabia, lá no fundo, que Danilo não era seu pai, que subconscientemente um Beta nascido não poderia ter um Alfa. Ricardo não sabia oficialmente seu status, mas com o tempo ele começaria a questionar por que se sente diferente de Ana, por que sabe
Ponto de Vista de Matilde— E não pelo fato de que você ainda não superou Diogo. — Danilo me pega de surpresa com sua sugestão. Não consigo evitar que minhas mãos se fechem firmemente em punhos sobre minhas coxas. Minha raiva tentando tomar conta de mim, controlar minha loba.— Superar Diogo? — Rosno com a própria ideia. Era uma sorte que minhas mãos estivessem cerradas no meu colo porque queriam puxar meu cabelo pela lembrança que acabara de entrar na minha mente. A espada prateada brilhante que tinha sido deixada para trás, cravada no peito da minha mãe. A lembrança da cabeça decapitada do meu pai faz uma onda de náusea borbulhar no meu estômago e eu tenho que controlar minha respiração para a manter.— Ele assassinou meus pais e membros inocentes da Matilha... como eu poderia superar isso, superar meu ódio por ele? Por que eu faria isso?... Quem poderia... — Paro no final, minhas palavras se tornando mais um lembrete pessoal da minha vingança contra ele. Eu não conseguiria encontrar
– Podemos ouvir uma história, mamãe... por favor? – Ana junta as mãos como se estivesse rezando, um gesto fofo ao qual sempre cedo.– Uma história, depois cama. – Concordo, tentando lembrar a eles quem mandava aqui.– Você escolhe, mamãe. – Ana diz enquanto eu a deito na cama e beijo sua testa. Ricardo se aproxima de sua cama para se juntar a nós.De volta à casa Alfa da Matilha Pedra Preta, eu tinha colocado os dois filhos juntos no mesmo quarto e não queria perturbar sua rotina enquanto estávamos na Casa do Lago. Sabia que, com o tempo, eles iriam querer quartos separados, mas por agora ainda encontravam conforto na companhia um do outro. Também ajudava com meus pesadelos saber que estavam juntos em um quarto, facilitava para mim os verificar durante a noite.– Que tal Cinderela? – Sugiro, tentando esconder meu riso ao ver Ricardo revirar os olhos.– Sério? Uma história de amor... – Ele resmunga como se já fosse um adolescente.– Sim, sério, cala a boca, Ricardo... você é tão irritan
Ponto de Vista de Matilde— O que isso significa? — Me viro para Danilo tentando entender o anúncio estranho.— Continue lendo. — Ele me empurra gentilmente para terminar o convite por e-mail, para obter todos os fatos.Era estranho, era um convite para o macho Alfa da Matilha Luar Vermelho, um ardil inteligente para o trazer discretamente para fora do esconderijo.— A Matilha Luar Vermelho expandiu a um ritmo excepcional nos últimos quatro anos. Mas ninguém realmente conheceu o chamado Alfa. — Danilo diz enquanto dá um passo em minha direção e coloca a mão no meu ombro.— Você deve ter sabido que não poderia ficar escondida para sempre, manter as crianças escondidas para sempre. Você causou um grande impacto na aliança da sua Matilha. Ele está chamando o Alfa para fora. — Danilo nunca falha em ser meu conselheiro, me confrontando quando mais ninguém o faria.É verdade que uma das condições de iniciar minha própria aliança com as Matilhas era que eles não se encontrassem comigo. Danilo
Minha mente volta ao momento em que deixei a Matilha Luar Vermelho, como Diogo atacou Danilo e nos acusou de ter um caso. Como recusei a posição de Luna e Diogo como meu marido. Como voltei da casa do lago... Não, não posso continuar voltando a essa memória. Dou um longo gole de vinho e, antes que eu perceba, já esvaziei a taça.Estendo o braço para pegar a garrafa e vou encher outra taça, mas minhas mãos estão tremendo demais. Passei os últimos quatro anos reconstruindo nossas vidas... a minha, a de Danilo, a da Matilha... e, mais importante, a de Ricardo e Ana. No entanto, aqui estou eu, um único e-mail e estou tremendo novamente. Eu tinha sido uma máquina trabalhando duro como a nova Alfa, mantendo minhas emoções sob controle, me mantendo forte para que um dia pudesse o enfrentar, um dia pudesse o desafiar. Implementei novas estratégias de segurança na Matilha, construí uma nova casa Alfa, construí um centro médico no local e até uma pequena escola para as crianças menores. Se qualq
Ponto de Vista de Matilde— Desperta! — Meus olhos se abrem de repente enquanto meu corpo começa a balançar involuntariamente com a cama em movimento, me fazendo acordar com uma risada.— Venham aqui, seus pestinhas — Rosno brincando para meus dois filhos que gritam, tentando se esconder debaixo do meu edredom para escapar das minhas mãos que fazem cócegas.A Garra era um dos jogos favoritos deles. Eles começam a rir de antecipação enquanto minha mão parece ganhar vida própria. Às vezes, Ana ria tanto que a garra nem sempre precisava a tocar. Ela gostava muito mais da expectativa.— Não, mamãe, não — Ricardo ri incontrolavelmente enquanto minha mão faz cócegas em suas costelas.— Corre, Ana, eu vou te proteger — Ordena à irmã no meio de sua risada infantil.Ana grita enquanto tenta sair da cama, mas eu consigo envolver meus braços ao redor dela e a puxa de volta brincando.Permanecemos assim até eu ouvir o inconfundível rugido da barriga de Ricardo roncando, pronta para o café da manhã
Aproveitei a oportunidade de estar sozinha com Ricardo para me agachar ao nível dele. A Sra. Bianca tinha ido buscar Ana e, sem dúvida, sua boneca ou ursinho que teriam que estar presentes por necessidade.— O que está acontecendo? — Sussurrei para Ricardo, colocando minha mão na parte de trás da cabeça dele.— Nada... — Ele tentou afastar minha mão dele.— Ricardo? — Disse mais firmemente, me levantando e liberando um pouco da minha aura.— Meu lobo está apenas se tornando mais presente, só isso. — Ele tentou afastar minha preocupação. Ele sempre parece muito avançado para um menino de quatro anos.— Isso é porque você é meu sucessor. Você vai tomar meu lugar como Alfa da Matilha um dia, quando for mais velho. Você será um ótimo Alfa, Ricardo, mas precisa aprender a manter seu lobo sob controle. Talvez devêssemos começar com algum treinamento? — Isso era estranho para mim. Tinha nascido de um Alfa e uma Luna, mas fui filha única. Não comecei meu treinamento até meus anos de adolescênc