Capítulo 0005
Ponto de Vista de Matilde

Meus olhos se abrem sem reconhecer o teto acima de mim. Onde eu estava? Lembro de cair da escada... correção, de ser puxada escada abaixo por Rebeca. Onde estava Diogo, por que ele não estava aqui? Vejo Danilo parado ao pé da minha cama, digitando em seu notebook.

– Danilo, onde está Diogo? – Pergunto, olhando ao redor do quarto e até tentando olhar para fora, para ver se ele estava conversando com algum membro da Matilha ali fora, mas ainda perto o suficiente para estar aqui para mim quando eu acordasse.

– Tenho certeza de que ele estará aqui em breve.

Meu coração afunda com a notícia... estará aqui em breve? Ele nem sequer veio me ver ainda? Ele queria estar com ela, a mulher que colocou a vida do nosso bebê em perigo, para roubar meu marido.

– Ele já veio visitar? – Verifico, mas já sei a resposta.

– Não, ainda não... – Danilo responde calmamente, tentando acalmar minha crise interna.

A porta do quarto do hospital se abre com um estrondo, a aparente raiva de Diogo o impedindo de pegar a porta antes que ela bata na parede. O ambiente fica pesado com sua chegada, sua aura sombria girando ao redor como um lembrete ameaçador de quem está no comando aqui.

– Você está acordada. Algum dano? – Ele caminha em direção à minha cama como um predador pronto para infligir dor em sua presa.

– Alguns hematomas... – Danilo começa a listar meus pequenos ferimentos, mas é interrompido bruscamente por Diogo.

– Ela parece bem para mim. Rebeca, por outro lado, ainda está com muita dor. – Ele diz friamente para mim com os olhos semicerrados. – Por que você fez isso, Matilde? Rebeca me contou tudo.

– O que ela te contou? – Olho para ele completamente confusa com sua contínua proteção a ela. Eu estava neste hospital por causa dela.

– Rebeca me contou como você ficou com ciúmes porque ela morava comigo antes, que nós já ficamos juntos. Como ela tentou te acalmar, te tranquilizar, mas você só via vermelho. Ela queria te deixar sozinha, te deixar se acalmar, mas você a seguiu até o topo das escadas e a empurrou, e ela te agarrou para tentar evitar a queda. Graças à Deusa ela não se machucou mais seriamente, Matilde... uma Luna não está acima das leis da minha Matilha!

Sua crença na versão de Rebeca dos eventos era nauseante, como ele podia pensar que eu machucaria alguém de maneira tão maldosa e calculada.

– Então você acha que eu empurrei Rebeca escada abaixo?

– Acho que no calor do momento, o ciúme tomou conta de você. Não acredito que você realmente quis que isso acontecesse... mas confie em mim quando digo que isso não vai acontecer de novo! – Seu tom para comigo era ainda mais frio do que antes, quase cheio de desprezo.

Não consigo conter as lágrimas que se formam nos meus olhos, sinto que elas não são apenas minhas, mas também do meu bebê não nascido.

– Você acredita na Rebeca em vez da sua própria esposa? – Danilo pergunta calmamente a Diogo. – Você acha que Matilde colocaria o próprio bebê em perigo de propósito?

– O quê? – Diogo ofega com a revelação de Danilo. – Você está grávida? – Diogo dá alguns passos em minha direção e tenta segurar minha mão, mas eu a evito de propósito. Suas próprias revelações continuando a partir meu coração.

– Isso não importa mais...

– O que você quer dizer? – Diogo olha para mim antes de virar seu olhar para Danilo.

Fecho meus olhos para que ele não veja minha ligação mental com Danilo, que faz o mesmo quando empurro a conexão.

– Você vai dizer a ele que eu perdi o bebê! – Ordeno a ele.

– Matilde... – Danilo tenta argumentar comigo.

– Faça isso! – Ordeno mais firmemente através da nossa ligação mental.

– Matilde...? – Abro meus olhos e encontro Diogo me encarando, pânico em seus olhos.

– O bebê não sobreviveu à queda... – Danilo informa Diogo enquanto lágrimas de dor e culpa escorrem como uma cachoeira dos meus olhos.

Nunca vi um Rei Alfa perder o controle. Sua raiva explode, tornando o ambiente espesso com uma aura sufocante de fumaça que dificulta a respiração. Com um rugido gigante, ele começa a destruir o quarto, jogando a cadeira pela janela, quebrando o armário de remédios e lançando o monitor no chão... antes de voltar sua raiva para mim.

– Por que você não foi mais cuidadosa? Se você não tivesse ficado com ciúmes da Rebeca, nada disso teria acontecido. Ela só precisava de um lugar para ficar até eu encontrar uma nova Matilha para ela... por que você não podia ver isso, por que não podia simplesmente gostar dela? Se você não tivesse sido tão estúpida, o bebê estaria vivo...

Danilo já tinha ouvido o suficiente, seu status de Beta tomando o lugar do título de médico. Ele agarra o Alfa pela garganta e o empurra contra a parede, mostrando seus dentes descendentes em um aviso.

– Danilo... – Grito, saindo da cama. Jogo Danilo para longe dele e me volto para Diogo, querendo que ele fosse embora. – Você precisa ir embora. Eu quero você fora! Vá para Rebeca, você claramente a ama. Você não precisa mais de mim... apenas vá. – Rosno, deixando minha própria raiva tomar conta de mim.

– Conte a ele sobre o bebê. – Danilo ordena através da ligação mental.

Diogo observa enquanto eu corto minha ligação mental com Danilo. Viro as costas para ele, se dissesse mais alguma coisa, me arrependeria depois. Enquanto volto para a cama, ouço Diogo murmurar sobre eu descansar e que ele voltaria para me ver mais tarde, enquanto ele saía do quarto.

– Por que você não contou a verdade a ele? – Danilo sussurra para mim assim que Diogo está fora de alcance.

– Qual verdade, Danilo... – Mais lágrimas incontroláveis queimam meus olhos. – ...ele acredita nela de qualquer maneira, ele nunca vai acreditar em mim.

.....

Danilo me deu alta do hospital no dia seguinte, desde que eu fizesse repouso na mansão do Alfa. Eu não saí do meu quarto. Rebeca também tinha saído do hospital e eu podia a ouvir dando ordens aos empregados lá embaixo, comendo com Diogo em todas as refeições, sem dúvida no meu lugar, e rindo sempre que podia, provavelmente para me provocar. Eu não queria estar perto do caráter tóxico dela ou dele.

Maria e Bianca se revezavam para me trazer comida no quarto e verificar como estava regularmente. Não conseguia comer, meu coração partido tirando qualquer vontade de me alimentar. Danilo também me visitava todos os dias, garantindo que eu bebesse o líquido vitamínico e comesse pelo menos uma fatia de torrada na presença dele.

– Matilde, você precisa comer. – Ele sussurra para mim enquanto Maria estava no meu closet guardando roupas recém-lavadas. Depois que Danilo sai, Maria volta para o meu quarto principal e se senta na beirada da cama. – Você precisa descer, Luna, Rebeca está sempre com o Alfa... você precisa lutar por ele. – As palavras dela eram para me encorajar, mas só resultam em um soluço saindo dos meus lábios. Secretamente abraço minha barriga mais forte, protegendo meu bebê de mais dor.

....

Eu ainda estava no meu quarto e tinha terminado meu almoço quando Maria irrompe pela porta do meu quarto com o rosto pálido.

– Maria?

– Luna, Alfa e o Doutor Danilo estão brigando no pátio. Você precisa vir rápido. – Ela me apressa a sair da cama e descer as escadas. Quando corro para o pátio, encontro Danilo no chão, com um olho inchado e sangrando no canto da boca.

Corro até Danilo e me viro para ver Diogo se preparando para mais um soco, Rebeca ao seu lado como uma víbora vil sussurrando maldades em seu ouvido.

– Ele está sangrando! – Rosno para meu marido que agrediu um membro da minha Matilha.

– Sua vadia, quem sabe o que vocês dois têm feito pelas minhas costas? – Ele cospe em mim. A essa altura, uma multidão se formou, os empregados e alguns membros da Matilha observando chocados com o comportamento pouco característico de seu Alfa. Austero e poderoso, sim. Frio e implacável comigo, nunca.

Danilo não consegue se controlar, ele quer me proteger de qualquer maneira que puder, até mesmo dos ataques verbais cruéis. Ele se levanta e se lança em direção a Diogo, mas eu o puxo de volta a tempo. Diogo se transforma no meio do ataque de Danilo, seu lobo visando morder seu pescoço. Mirando para matar.

Protegendo Danilo, bloqueio meu próprio corpo na frente do dele.

– O que você quer dizer? – Exijo de Diogo enquanto ele volta à forma

humana. Rebeca aproveitando a oportunidade para admirar o corpo impressionante do meu marido.

Ele se vira de costas para mim antes de resmungar e me acusar implacavelmente de adultério.

– Não é óbvio? Danilo é o único que sabia que você estava grávida. Talvez Rebeca estivesse certa, talvez aquele bebê no seu ventre não fosse... – Ele para mesmo a palavra, meu, sendo dolorosa demais para ele dizer em voz alta.

Grito com ele, puxando meu próprio cabelo com minhas mãos e puxando implacavelmente.

– Rebeca... Ela diz para pular, você pergunta 'quão alto'! Não tivemos problemas por dois anos até ela voltar... por que você não pode ver o quão maldosa ela é. – Eu grito com ele.

Danilo tenta ficar na minha frente, tentando desafiar o Rei Alfa novamente. Mas meu marido apenas zomba das tentativas do meu médico.

– Danilo, seus serviços não são mais necessários. – Diogo ordena com sua aura de Alfa.

Não acredito no que estou ouvindo, Diogo quer banir o único aliado que tenho aqui, meu único amigo. A raiva começa a ferver dentro do meu ventre.

– Se você está banindo Danilo, então terá que me banir também! – Afirmo calmamente, minha voz segurando uma força que eu nunca soube que tinha.

Diogo olha para mim com seus olhos voltando ao profundo azul tempestuoso do oceano.

– O que você acabou de dizer?
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