Capítulo 0006
Ponto de Vista da Matilde

— Eu disse, você vai ter que me banir também! — Repito, encarando os olhos furiosos de Diogo.

— Isso é impossível! — Ele rosna para mim, seu corpo tremendo de raiva. Rebeca coloca a mão no ombro dele antes de tentar acalmar a situação deteriorada que ela causou.

— Diogo, por favor, não brigue por minha causa. — Ela murmura no ouvido dele.

Meu próprio rosnado é ensurdecedor, o rosnado de uma Luna e filha de Alfa, furiosa com Rebeca. A loba de Rebeca não tem escolha a não ser choramingar... com seu Alfa e Matilha mortos, ela não é mais de status de Luna. Viro as costas para os dois e começo a puxar Danilo para longe também.

— Você está indo embora com ele? — A voz fria de Diogo ressoa pelo pátio.

— Se você insistir em banir Danilo, então sim. Eu não vou o deixar para trás. — Firmemente mantenho minha decisão.

— Eu disse que ela tinha sentimentos por ele. — Rebeca murmura no ouvido de Diogo, o que lhe rende um rosnado irritado, até mesmo dele.

— Ele deve ser banido, mas você não pode deixar a posição de Luna, você é minha esposa.

— Qual é o ponto, Diogo? Por dois anos eu tentei fazer você me amar, para você me ver. Mas eu não posso te fazer feliz. Por que continuar com essa fachada, por que nos fazer miseráveis? Eu posso ver agora que nunca tive realmente uma chance. — Você pode ver um coração se partir? Eu sinto como se cada espectador estivesse assistindo meu coração ser destruído bem na frente dos seus olhos.

— Mesmo assim, você NÃO estará com ele, você ainda é a Luna desta Matilha e obedecerá minhas ordens. — Seus olhos parecem mudar de cor, seu lobo tentando se manifestar.

Eu não tenho mais energia para lutar por ele, não com ela aqui. Preciso proteger o bebê dele, até mesmo dele. Lágrimas silenciosas escorrem pelo meu rosto ao saber o que devo fazer.

— E se eu não fosse mais sua Luna? — Digo, ouvindo um suspiro dos membros da Matilha reunidos. Enxugo minhas lágrimas enquanto me preparo, junto com minha loba, para minhas próximas palavras.

— O que você quer dizer? — Ele murmura.

— Eu, Matilde, Luna da Matilha Pedra Preta, rejeito minha posição como esposa do Alfa e Luna. — Como você pode sentir uma conexão de Matilha se quebrar quando você nunca foi marcada? Foi quase como se eu pudesse sentir o próprio coração dele se partindo. A queda das escadas não foi nada comparada a essa dor emocional.

— Matilde... — Ele dá um passo em minha direção, mas é puxado por Rebeca.

Viro as costas, entrelaço meu braço no de Danilo e caminho de volta para a mansão do Alfa. Ouço Diogo rugir atrás de mim, mas decido não virar, não continuar... não quando ela é tudo para ele.

— Eu não vou deixar você me abandonar! — Ele ruge antes que eu possa o ouvir se transformar e correr para longe.

……

— Matilde? — Danilo fecha a porta do meu quarto atrás de si.

— Danilo, precisamos fazer as malas... precisamos partir. Leve apenas o essencial, o resto podemos conseguir quando estivermos de volta em casa. — Corro tentando encontrar uma bolsa grande para colocar algumas roupas essenciais.

— Casa?

— Sim, teremos que voltar para a Matilha Pedra Preta até eu pensar no meu próximo passo. — Correndo com adrenalina no momento, não parando um segundo para pensar na gravidade do que eu tinha acabado de fazer.

— Matilde... — Danilo toca gentilmente meu cotovelo.

— ...você não precisa fazer isso, não por mim. Eu vou ficar bem. Você precisa lutar pelo seu título de Luna, não desista, não deixe ela vencer.

— Eu não quero mais isso. Você estava certo, ele nunca vai me amar. Eu só quero amar meu filho.

Nossa saída da Matilha foi constrangedora. Os membros da Matilha imploravam para eu ficar, para eu dar outra chance a ele. Meu coração gritava para eu ficar, cada fibra do meu ser me dizia para permanecer e lutar por ele, lutar pela família que eu poderia ter. Mas minha cabeça sobrepujava meu coração, antecipando a decepção contínua que eu sentiria se ficasse. Confusa até o último segundo, mesmo quando Maria correu atrás de mim pedindo para eu esperar, que ele logo perceberia que Rebeca era uma vadia e como ele realmente estava apaixonado por mim, ele só não sabia disso ainda. Mas minha cabeça venceu.

Viajamos sem parar. Só queria voltar para a Matilha Pedra Preta, ver meus pais. Estava envergonhada do meu casamento fracassado com uma aliança tão poderosa, mas sabia que eles nunca me rejeitariam. Eles sempre me mostraram amor.

Quando chegamos aos terrenos da Matilha, Danilo não parou de dirigir. Ele usou nossa conexão de Matilha reinstalado para informar os guerreiros da nossa chegada e abrir os portões.

Meus pais estavam esperando do lado de fora da casa do Alfa, aguardando por mim. Saí do carro correndo para o conforto de seus braços abertos e permiti que meu corpo finalmente chorasse cada lágrima que queria chorar durante toda a viagem de volta para casa.

Danilo não me deixou uma vez sequer, ele se sentou na poltrona da sala de estar da minha família, onde contei tudo o que havia dado errado. Meu pai teve dificuldade em conter sua raiva. Ele esperava mais de Diogo e minha mãe teve que o acalmar.

Danilo admitiu sua culpa em sua contribuição para o colapso do meu casamento, mas que ele não podia ficar parado e deixar Diogo continuar a me tratar de maneira tão errada. Meus pais sempre gostaram de Danilo e garantiram a ele que nenhuma culpa recaía sobre ele.

— Vou organizar meus homens para visitar Diogo amanhã... — Meu pai começa a declarar, mas não posso deixar que ele entre em um ambiente tóxico quando estava cheio de raiva pelo meu tratamento.

— Não, pai, está feito...

Me viro para Danilo, que acena para mim com encorajamento para compartilhar minha notícia.

— .... Estou grávida e só quero criar meu filho aqui. — Finalmente confesso o que estava guardando. Enxugo uma única lágrima que queima meu olho. Meus pais se olham com olhos arregalados antes de se comunicarem telepaticamente.

— Vamos te apoiar, Matilde, como sempre. Você ficará aqui e criará o filho. — Meu pai concorda, aliviando a tensão apertada no meu peito.

……

Durante a semana seguinte, eu estava principalmente descansando, este bebê era forte. Danilo continuou a me prescrever a bebida vitamínica diária, mas eu ainda tinha dificuldade para comer. Meu coração ainda estava muito machucado, mas eu passava isso como enjoo matinal.

Diogo estava tentando me ligar no celular a semana toda, mas eu não tinha forças para atender, o que restava para dizer?

— Você acha que ele virá aqui? — Minha mãe pergunta, parecendo um pouco preocupada.

— Eu não vejo por que...

— Talvez você devesse tirar alguns dias, Matilde, por que não visita o lago? Você adorava ir lá quando criança. — Minha mãe sugere, preocupada que se Diogo aparecesse, isso poderia causar estresse indevido a mim e ao bebê.

— Sim, mãe, acho que vou. — Sorrio suavemente para ela.

— Eu vou te acompanhar, garantir que você continue com suas vitaminas. — Danilo oferece, o que me faz sentir um pouco aliviada sabendo que ele estaria comigo.

……

Minha mãe estava certa, visitar meu lugar favorito na infância fez maravilhas para mim. As suaves ondulações do lago trouxeram uma nova calma para mim. Sabia que sempre estaria ligada a Diogo pelo filho dele e sempre o amaria, mas eu tinha a chance de felicidade e paz com meus pais e meu filho, e agarraria isso com ambas as mãos.

Acho que a viagem também ajudou Danilo. Ele deixou seu lobo correr ao redor do lago sabendo que estava sentada com segurança no deque da casa do lago. Eu não tinha percebido o quanto o preocupava.

O lago ficava na periferia dos terrenos da Matilha, mas longe o suficiente para justificar algumas noites fora para um merecido descanso. A pausa me deu a chance de reavaliar minha situação, meu coração partido. Mas eu tinha um novo futuro para ansiar.

Meu pai se tornaria o Alfa do meu bebê, a figura masculina importante na vida dele ou dela. Não era o que havia originalmente sonhado para mim, me lembro de vestir meu vestido de noiva com uma visão tão romântica do que o casamento com Diogo envolveria, mas agora acordei daquele sonho.

Estávamos voltando para os terrenos da Matilha quando não consegui entrar em contato com a patrulha da fronteira através da conexão mental. A patrulha externa sempre solicitava que você anunciasse sua chegada com antecedência para não atrasar o movimento dos carros, menos chances de levantar suspeitas humanas.

Uma sensação fria percorre minha espinha e minha loba uiva em minha mente, quando chegamos ao portão externo e o

encontramos vazio.

— Algo está errado. — Digo a Danilo, da segurança do carro.

— Está estranhamente quieto e não consigo contato com a patrulha do portão interno. — Danilo me olha com profunda preocupação nos olhos. A patrulha do portão interno protegia a parte mais densamente povoada da Matilha, se não conseguíamos contato com eles, algo realmente estava errado.

Danilo, sendo de status beta, sempre foi confiável com os códigos dos portões da Matilha. Ele brevemente sai do carro para digitar o código para abrir os grandes portões de ferro. Enquanto dirigimos mais para dentro da Matilha, vemos um fogo ardendo à frente, próximo à patrulha do portão interno.

— O que é isso? — Pergunto a Danilo.

— Não tenho certeza. — Ele responde, claramente em alerta.

À medida que nos aproximamos, Danilo pisa no freio de emergência do carro e estende o braço para me impedir de bater no painel. No começo, meu cérebro não consegue entender o que estou testemunhando até que o puro medo me atinge como um trem. Saio do carro e corro em direção ao fogo, soltando um grito angustiado. Corpos mortos estavam empilhados uns sobre os outros e deixados para queimar. Corpos de membros da Matilha.

— Pais, — minha loba grita na minha cabeça.

Começo a correr o mais rápido que posso em direção à casa dos meus pais.

— Merda, Matilde, espera! — Ouço Danilo rugir atrás de mim antes de começar a correr atrás de mim.

Corpos mortos estavam espalhados pela grama enquanto eu passava pela estrada e corria pelos campos. Quando chego à casa, vejo membros da Matilha sentados chorando nos braços uns dos outros. Sobreviventes deixados para lamentar os mortos, espero que mais tenham conseguido chegar ao abrigo a tempo.

— Luna? — Um guerreiro se levanta e tenta bloquear minha casa da família.

— O que aconteceu? — Ofego enquanto tento passar por ele.

— Fomos emboscados, eram muitos.

— Matilde! — Danilo ofega atrás de mim, o que distrai o guerreiro por tempo suficiente para me permitir passar por ele. Eu corro para dentro da casa dos meus pais e encontro completa e total devastação.

O corpo do meu pai estava irreconhecível, sua cabeça decapitada estava ao lado dele no chão. O corpo da minha mãe ainda intacto, mas ela havia sido golpeada com uma espada de prata. Uma espada que havia sido deixada cravada em seu coração... que tinha o emblema da Matilha Luar Vermelho. Um símbolo de uma coroa com um lobo uivando para a lua de sangue vermelha.

Caio no chão, meus pulmões incapazes de segurar minha própria respiração. Como ele pôde ser tão implacável, como ele pôde ser tão cruel comigo e com os meus? Diogo, você é realmente um monstro. Aperto a lâmina afiada da espada de prata com minha mão, a apertando com força. A dor cortante da ferida fazendo o sangue escorrer pelo meu braço, mas eu não podia sentir a dor.

— Como... como você pôde? — Grito. Um surto de raiva percorre meu sangue pelo que ele fez comigo. Minhas lágrimas param, uma determinação as substituindo.

— Diogo... você nunca saberá o que é seu! — Esta foi minha promessa, minha promessa sangrenta.
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