Ponto de Vista de MatildeMeus olhos se abrem sem reconhecer o teto acima de mim. Onde eu estava? Lembro de cair da escada... correção, de ser puxada escada abaixo por Rebeca. Onde estava Diogo, por que ele não estava aqui? Vejo Danilo parado ao pé da minha cama, digitando em seu notebook.– Danilo, onde está Diogo? – Pergunto, olhando ao redor do quarto e até tentando olhar para fora, para ver se ele estava conversando com algum membro da Matilha ali fora, mas ainda perto o suficiente para estar aqui para mim quando eu acordasse.– Tenho certeza de que ele estará aqui em breve.Meu coração afunda com a notícia... estará aqui em breve? Ele nem sequer veio me ver ainda? Ele queria estar com ela, a mulher que colocou a vida do nosso bebê em perigo, para roubar meu marido.– Ele já veio visitar? – Verifico, mas já sei a resposta.– Não, ainda não... – Danilo responde calmamente, tentando acalmar minha crise interna.A porta do quarto do hospital se abre com um estrondo, a aparente raiva d
Ponto de Vista da Matilde— Eu disse, você vai ter que me banir também! — Repito, encarando os olhos furiosos de Diogo.— Isso é impossível! — Ele rosna para mim, seu corpo tremendo de raiva. Rebeca coloca a mão no ombro dele antes de tentar acalmar a situação deteriorada que ela causou.— Diogo, por favor, não brigue por minha causa. — Ela murmura no ouvido dele.Meu próprio rosnado é ensurdecedor, o rosnado de uma Luna e filha de Alfa, furiosa com Rebeca. A loba de Rebeca não tem escolha a não ser choramingar... com seu Alfa e Matilha mortos, ela não é mais de status de Luna. Viro as costas para os dois e começo a puxar Danilo para longe também.— Você está indo embora com ele? — A voz fria de Diogo ressoa pelo pátio.— Se você insistir em banir Danilo, então sim. Eu não vou o deixar para trás. — Firmemente mantenho minha decisão.— Eu disse que ela tinha sentimentos por ele. — Rebeca murmura no ouvido de Diogo, o que lhe rende um rosnado irritado, até mesmo dele.— Ele deve ser bani
Ponto de Vista de Diogo— Eu, Matilde, Luna da Matilha Luar Vermelho, rejeito minha posição como esposa do Alfa e Luna! Quando as palavras saem dos lábios de Matilde, sinto como se tivesse levado um tiro no coração com uma bala de prata, meu lobo uivando em minha mente e querendo sair. O ar saiu dos meus pulmões e não conseguia respirar. Já fui empalado em batalha antes, mas isso dói mais do que qualquer ferida de guerra. Como isso é possível, eu nem a marquei.— Matilde. — Suspiro de dor, dando um passo em direção a ela, mas sou puxado de volta por Rebeca. Meu lobo ruge em minha mente enquanto Matilde vira as costas para mim e entrelaça os braços com Danilo.Queria matar o desgraçado, o idiota que nunca saiu do lado dela. Ele sempre esteve no maldito caminho e agora eu sabia por quê. Ele a queria para si há se sabe lá quanto tempo. Eu não toleraria esse nível de traição dela, será que ela realmente estava dormindo com o médico enquanto era casada comigo? Esse tempo todo pensei que el
Acordar ao lado de seu rosto lindo e a lembrança de seu corpo viciante, esbelto e incrivelmente suave, me fez perceber que estava começando a ter sentimentos por ela. Seu perfume tinha se tornado mais potente desde aquela noite, agora eu conseguia distinguir flor de cerejeira com um toque de sal marinho. Não falei com ela sobre aquela noite, me sentia constrangido pela maneira como saí correndo do quarto. Toda vez que a via, queria mencionar o ocorrido, mas muito tempo havia passado para trazer o assunto de volta. Eu nem conseguia transar com outra loba desde aquela noite, no fundo, eu precisava dela de novo. Então, ao saber que ela estava grávida, fiquei exultante. Eu queria filhos, só não sabia se ela os queria com um Alfa frio como eu. Ela era uma das doadoras da vida, e eu era um dos receptores.— Por que ela teve que discutir com Rebeca? Por que ela teve que empurrar Rebeca escada abaixo... Por que não foi mais cuidadosa com o bebê? O que ela esperava que eu fizesse, rejeitasse Re
Ponto de Vista de Matilde Quatro Anos Depois Respire fundo, expire devagar. Eu havia esquecido como este lugar era tranquilo. Esta foi a primeira vez que voltei ao lago desde aquele dia bárbaro, quatro anos atrás. Meu primeiro descanso em quatro anos. Respire fundo, expire devagar. Uma leve rajada de vento faz com que algumas mechas do meu cabelo caiam no meu rosto, cobrindo meus olhos momentaneamente. Enquanto afasto as mechas, vejo o vento criar uma pequena onda que quebra na margem pedregosa do lago. Suspiro profundamente, enquanto um flashback daquele dia em que meus pais foram brutalmente assassinados invade minha mente. A imagem fria de seus corpos deixados de forma tão desumana... deixados por um monstro. Meus flashbacks eram menos frequentes hoje em dia, mas ainda me torturavam regularmente à noite. Ouço risos ao longe e o som de pequenos pés correndo na minha direção. Eles interrompem meu flashback instantaneamente! Obrigada, Deusa da Lua, obrigada pelos meus doi
— RUGINDO. — Ana entra na brincadeira, fingindo ser a grande loba assustadora que precisa salvar seu irmão. Ela estica a mão para fazer cócegas em Danilo, defendendo seu irmão.— Ah, oh não... Fui atacado. — Danilo finge estar ferido e lentamente cai no chão, mantendo Ricardo e agora Ana seguros em seus braços.Danilo me ajudou a os criar, ele esteve presente em todos os momentos. Até no nascimento, ele me deu forças quando pensei que toda minha energia tinha me abandonado. Para Ana, Danilo era seu papai. Ela o idolatrava e ele era o único que podia ler sua história de dormir. Ele também tinha que usar o spray de monstro de mentira embaixo da cama dela todas as noites antes de ela dormir.Enquanto isso, Ricardo via Danilo mais como um tio. Ele sabia, lá no fundo, que Danilo não era seu pai, que subconscientemente um Beta nascido não poderia ter um Alfa. Ricardo não sabia oficialmente seu status, mas com o tempo ele começaria a questionar por que se sente diferente de Ana, por que sabe
Ponto de Vista de Matilde— E não pelo fato de que você ainda não superou Diogo. — Danilo me pega de surpresa com sua sugestão. Não consigo evitar que minhas mãos se fechem firmemente em punhos sobre minhas coxas. Minha raiva tentando tomar conta de mim, controlar minha loba.— Superar Diogo? — Rosno com a própria ideia. Era uma sorte que minhas mãos estivessem cerradas no meu colo porque queriam puxar meu cabelo pela lembrança que acabara de entrar na minha mente. A espada prateada brilhante que tinha sido deixada para trás, cravada no peito da minha mãe. A lembrança da cabeça decapitada do meu pai faz uma onda de náusea borbulhar no meu estômago e eu tenho que controlar minha respiração para a manter.— Ele assassinou meus pais e membros inocentes da Matilha... como eu poderia superar isso, superar meu ódio por ele? Por que eu faria isso?... Quem poderia... — Paro no final, minhas palavras se tornando mais um lembrete pessoal da minha vingança contra ele. Eu não conseguiria encontrar
– Podemos ouvir uma história, mamãe... por favor? – Ana junta as mãos como se estivesse rezando, um gesto fofo ao qual sempre cedo.– Uma história, depois cama. – Concordo, tentando lembrar a eles quem mandava aqui.– Você escolhe, mamãe. – Ana diz enquanto eu a deito na cama e beijo sua testa. Ricardo se aproxima de sua cama para se juntar a nós.De volta à casa Alfa da Matilha Pedra Preta, eu tinha colocado os dois filhos juntos no mesmo quarto e não queria perturbar sua rotina enquanto estávamos na Casa do Lago. Sabia que, com o tempo, eles iriam querer quartos separados, mas por agora ainda encontravam conforto na companhia um do outro. Também ajudava com meus pesadelos saber que estavam juntos em um quarto, facilitava para mim os verificar durante a noite.– Que tal Cinderela? – Sugiro, tentando esconder meu riso ao ver Ricardo revirar os olhos.– Sério? Uma história de amor... – Ele resmunga como se já fosse um adolescente.– Sim, sério, cala a boca, Ricardo... você é tão irritan