Capítulo 0004
Ponto de Vista de Matilde

Nos dias seguintes, tentei ficar a sós com Diogo, mas Rebeca estava com ele a cada momento. Ela até se infiltrou nas reuniões de negócios da Matilha e ficou quieta ao lado. Ela observava Diogo como se estivesse maravilhada com sua liderança, mas ficava feliz em comentar quando ele pedia minha opinião como Luna.

Eu não estava me sentindo bem. Os estágios iniciais da gravidez estavam tirando muita energia do meu corpo, além do estresse adicional de Rebeca estar aqui e saber suas intenções, me impedindo de dormir à noite.

Danilo exigia me ver todos os dias. Ele conseguia perceber que eu estava estressada com algo, e as olheiras embaixo dos meus olhos informavam que não estava dormindo bem. Eu estava de volta ao consultório dele, onde ele estava medindo minha pressão arterial e verificando meu peso.

– Você já perdeu peso, Matilde. Está tendo dificuldades com enjoo matinal? – Seus olhos me olham por cima dos óculos de aro dourado, ele também estava cansado. Provavelmente preocupado comigo, o que me fazia sentir ainda pior.

– Estou sentindo um pouco de náusea, mas também não estou com muita fome – Dou de ombros para ele. Na verdade, não conseguia comer por causa da preocupação de Diogo marcar Rebeca e depois me expulsar, junto com nosso filho, da Matilha. Estava tendo muitos pesadelos sobre isso.

– Você precisa fazer um esforço consciente para comer mais, Matilde. O bebê só vai tirar mais nutrientes de você. Você deveria estar ganhando peso, não perdendo. A partir de agora, quero que você beba isso todos os dias.

– O que é isso? – Olho para a garrafa verde de líquido que ele colocou na mesa.

– É uma bebida vitamínica repleta de todos os nutrientes que você precisa no primeiro trimestre. Quero que você a beba todos os dias aqui na minha frente, para que eu saiba que você a tomou. Você também vai ficar comigo por vinte minutos para que eu saiba que você não a vomitou.

– Por que eu vomitaria?

– Não tem o melhor gosto. Agora beba – Ele ordena.

Faço como ele diz. A bebida realmente tem um gosto horrível e tenho que lutar contra o impulso do meu corpo de a vomitar.

– Você está estressada por contar a Diogo? Por que ainda não contou a ele? – Ele pergunta gentilmente.

– Só não encontrei a oportunidade certa. Vamos dizer que ele não está muito sozinho ultimamente – Suspiro, meu humor entristecendo novamente.

– Você se lembra daquela vez em que você quase se afogou no lago lá em casa, e eu tive que te resgatar? – Danilo ri, percebendo meu humor deprimido.

– Eu não estava me afogando, e você não me resgatou – Rio de volta.

– Poderia ter me enganado – Ele sorri, feliz com minha mudança de humor, ao lembrar dos nossos anos felizes de infância juntos.

Cerca de vinte minutos depois, quando Danilo sabia que eu tinha mantido a bebida, saímos do consultório dele rindo de nossas memórias de infância. Minha risada era tão alegre que algumas cabeças se viraram na sala de espera. Mas foi de curta duração. Diogo e Rebeca estavam vindo em minha direção, Diogo com uma carranca no rosto. Danilo tinha me receitado alguns comprimidos contra enjoo, que agora escondia cuidadosamente atrás das costas enquanto eles se aproximavam. Minha loba rosnava na minha mente ao ver o braço de Diogo envolto na cintura de Rebeca, quase ajudando a se manter de pé. Ela ainda mantinha sua personagem inocente, incapaz de se cuidar, ao redor do meu marido.

– Quem é este? – Rebeca de repente se sente forte o suficiente para descobrir quem é Danilo.

– Este é o Doutor Danilo – Diogo responde bruscamente, a carranca permanecendo em seu rosto.

– Danilo, esta é Rebeca, ela precisa de atenção médica imediata. Ela quase desmaiou no meu escritório – Diogo diz com um pânico evidente em seus olhos.

– Sinto muito que Rebeca não esteja se sentindo bem, Alfa, mas eu sou o médico particular de Matilde, não o médico da Matilha – Danilo responde, e eu não perco o sorriso malicioso no rosto de Rebeca.

– O médico da Matilha de plantão hoje teve que atender algo fora do local. Você pode não ser um médico da Matilha, mas vive na minha Matilha e vai atender às necessidades de Rebeca – a aura Alfa de Diogo cobriu fortemente a sala de espera. Seu comando enrijecendo as costas de Danilo. O Beta em Danilo era forte contra a aura de um Alfa, mas não o suficiente. Eu podia ver suas mãos se contraindo pela dor que corria por todo o corpo dele. Olhei para Diogo, que parecia estar gostando de infligir essa dor ao meu querido amigo.

Eu me coloquei na frente de Danilo, o bloqueando completamente de Diogo enquanto tentava aliviar a tensão na sala antes que as coisas saíssem do controle.

– Danilo, você poderia gentilmente examinar Rebeca para mim? Ela é uma convidada na mansão Alfa...

– Ela parece bem – Ele sussurra para mim.

– Mesmo assim – Suspiro de volta, igualmente baixo.

– Muito bem, por aqui! – Danilo gesticula para Rebeca entrar em seu consultório. Enquanto ela entra na sala, vejo a oportunidade de finalmente falar a sós com Diogo. Dou um passo em direção a ele quando ela o chama do consultório de Danilo.

– Oh, Diogo, você não vai ficar? Estou preocupada que possa ser algo sério – ela começa a fingir chorar de preocupação.

– Na verdade, Diogo... – Eu ia pedir para ele ficar comigo por um momento quando ele me ignora completamente e responde a ela.

– Claro, Rebeca – Ele responde a ela, me cortando completamente. Ele nem me reconhece enquanto entra no consultório de Danilo e bate a porta quase na minha cara.

Voltei para os meus aposentos, arrasada por Diogo me ignorar e se curvar para Rebeca. Nunca pedi nada a ele. Nunca gritei com ele, mesmo tendo vontade centenas de vezes, para que ele me amasse, para que ele me valorizasse. No entanto, ela pisca os olhos uma vez e ele já a está tratando como a Luna da Matilha.

Eu não conseguia me acalmar, estava andando de um lado para o outro e desgastando o carpete. Minha loba implorava para me sentar, para nos deixar descansar. Ela estava tentando me confortar, dizendo na minha mente que somos as escolhidas de Diogo, só não usamos sua marca ainda. Mas quando o bebê nascer e fortalecer nossa conexão, ele finalmente nos reivindicará.

Minha loba estava pressionando para contar a Diogo, esperando que, uma vez que eu contasse a boa notícia, ele não consideraria mais Rebeca e que ela nos deixaria em paz. Minha loba via as coisas de forma muito preto no branco, enquanto eu sabia que havia áreas cinzentas na vida. Mas eu não podia a desanimar, ela estava feliz por estarmos tendo um filho e, de uma forma ou de outra, realmente precisava contar a Diogo.

Devo ter adormecido na cama, minha loba finalmente venceu quando ordenou que parasse de andar. O cansaço deve ter tomado conta de mim assim que minha cabeça bateu no travesseiro. Uma batida na porta me acorda e demoro um momento para perceber que horas eram. Julgando pela escuridão do quarto e pelo brilho do sol se pondo pela janela, eu havia perdido o almoço e dormido a tarde toda.

– Entre! – Respondo ao ouvir outra batida na porta. Achei que poderia ser Maria ou Bianca verificando como eu estava. O que eu não esperava era que Rebeca entrasse no meu quarto.

Meu humor azeda imediatamente. Ela demora um momento para olhar ao redor do meu quarto, até zombando da foto de mim e dos meus pais. A menos que Diogo estivesse escondido debaixo da minha cama, ele claramente não estava aqui, então por que ela estava no meu quarto?

– Você está se sentindo melhor? – Pergunto, querendo que ela pare de abusar mentalmente do meu quarto.

– Estou bem, Diogo só se preocupa demais – Ela ri, mas eu sei que isso foi uma indireta para mim.

– Ele não está aqui...

– Não, ele já esteve? – Ela retruca enquanto se senta na beira da minha cama.

– Eu vim procurar você, queria conversar sobre algo – Rebeca vai direto ao assunto.

– Rebeca, seja o que for, não estou interessada. Agora, se me der licença, preciso resolver algumas coisas – Digo ousadamente, me levantando e saindo do meu próprio quarto, a deixando lá. Quando estou prestes a abrir a porta, ela rosna, querendo minha atenção completa, mas eu lhe dei as costas.

– Eu sei que você está grávida.

Eu podia sentir meu coração batendo rápido demais, o ritmo acelerado resultando em um aperto no peito. Completamente em choque, me viro para a encarar, incapaz de dizer qualquer coisa, incapaz de negar.

Eu vi a bebida vitamínica que o médico te deu... Eu sei que é só para lobas grávidas – Ela zomba de mim.

– Não quero falar sobre isso, Rebeca! – Realmente não queria, e não com ela. Eu queria encontrar Diogo e compartilhar a boa notícia.

– Diogo ainda não sabe, certo?

– Ainda não, estou prestes a contar a ele agora!

– Você não pode esperar que uma criança mantenha sua posição como Luna, não agora que eu estou de volta – Ela ri, como se possuída por um demônio.

– Rebeca, Diogo é meu marido, e ele não negaria seu próprio filho nem privaria esta Matilha da segurança de ter um descendente Alfa – Me viro para ela, completamente perplexa com sua atitude. Certamente, ela deve ver que Diogo não negaria o legado de seu próprio filho, que ele não abandonaria seu próprio filho por ela.

Já tinha o suficiente. Estava determinada a contar a Diogo e faria isso sem Rebeca na mesma sala que ele. Entrei no patamar superior e estava no topo das escadas quando Rebeca puxou meu cotovelo.

– Bem, não tenho certeza se Diogo conhecerá a criança – Ela murmura antes de passar na minha frente e descer as escadas primeiro.

– O quê? – O que ela quis dizer com isso?

Rebeca se vira para mim quando está no próximo degrau e finge gritar bem na minha frente. Perplexa com seu comportamento estranho, vou dar um passo para trás, mas ela agarra minha camiseta larga no peito e começa a cair para trás. Assisto horrorizada enquanto ela perde o equilíbrio de propósito nas escadas e me puxa junto com ela. Sou lenta demais para perceber o que está acontecendo a tempo de impedir.

Ela me puxa escada abaixo, cada batida e colisão batendo na minha cabeça, nas minhas costas e no meu estômago. Até que caímos no chão. Ouço passos rápidos correndo em nossa direção quando Diogo entra no corredor e nos encontra no fundo das escadas. Estou enrolada de lado, minhas mãos agarrando meu estômago dolorido. A dor é muito mais excruciante do que o inchaço sem dúvida aparecendo na minha cabeça e os hematomas colorindo minhas costelas e costas.

O ar foi arrancado de mim. Não apenas pela queda, mas pela tentativa deliberada de machucar meu filho inocente, o filho inocente de Diogo. Rebeca era maliciosa, ardilosa e pura maldade.

– Matilde! – Diogo ofega ao me ver com dor no chão. Ele corre até mim, mas para quando Rebeca grita seu nome.

– Diogo... Diogo, me ajude! – Seus gemidos eram poderosos.

Ele se agacha ao lado de Rebeca, de costas para mim. A dor que estava no meu estômago agora se movia para o meu coração. Talvez eu nunca vença!

– Diogo... – Eu o chamo gentilmente, segurando meu ventre, tentando proteger nosso bebê.

– Diogo... o bebê... – Sussurro, mas não sou ouvida enquanto a escuridão me toma e eu desmaio.
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