Capítulo 0003
Ponto de Vista de Matilde

Levei Rebeca para fora, para a frente da mansão do Alfa. Queria verificar se ainda havia algo a ser arrumado e, sabendo que Maria e Bianca estavam nos fundos da casa, nossa conversa não deveria ser ouvida. Rebeca se virou para mim, uma aura fria emanando, que ela estava se esforçando para manter escondida, mas minha loba percebeu e choramingou em minha mente. Minha loba sabia que essa fêmea não era de confiança.

– Fiquei surpresa de você ter os quartos de hóspedes da frente e que Diogo me deixou ficar nos quartos antigos dele. Com certeza deveria ser o contrário, não? – Ela riu de maneira debochada, minhas costas se enrijecendo com suas palavras. Talvez Danilo estivesse certo, talvez ela estivesse aqui com um motivo oculto. Não tinha tempo para jogos, abandonei minha Matilha familiar para me mudar para cá e trabalhei duro como Luna da Matilha Luar Vermelho nos últimos dois anos. Não ia deixar ela estragar isso. Eu tinha que lutar pelo que era meu.

– Rebeca... – Mudei minha abordagem com ela, não sendo mais a Luna acolhedora. – ... estamos sozinhas agora, você pode dizer o que quiser!

Sua postura mudou instantaneamente! A loba feliz e distraída desapareceu. Agora, na minha frente, estava uma fêmea perigosamente determinada a conseguir o que queria.

– Vou deixar bem claro então... – Ela rosnou para mim. – ... Eu quero ser a Luna desta Matilha!

– Mas eu sou a Luna! – Respondi, perplexa com o que ela acabara de dizer.

– Mas você não é, não é mesmo? Você não está marcada por Diogo. Ele tem esperado por algo... ou por alguém. – Ela sorriu com um brilho arrogante nos olhos. – Se não tivesse ido embora, eu seria a Luna e estaria marcada! Quero dizer, olhe para você e depois olhe para mim. – Ela disse, olhando para a minha aparência.

Suas palavras me machucaram. Trabalhei duro como Luna da Matilha. Eu tinha o respeito da Matilha e frequentemente era chamada para dar minha opinião em formações de batalha. O conselho de Diogo sempre considerava minha abordagem mais diplomática para as situações. Independentemente do nosso relacionamento, sabia que Diogo confiava em mim para liderar a Matilha quando ele estava fora. Não estava aqui para me vestir bem e usar saltos altos na mansão dando ordens aos funcionários. Eu estava aqui para ser uma membra comprometida com a Matilha e ajudar Diogo na liderança. Sim, a falta de interesse dele por mim romanticamente resultou em não usar roupas lisonjeiras, mas eu me acostumei com isso.

– Quero dizer, dois anos de casamento e você nem está marcada... – Ela riu friamente de mim, continuando a fixar no fato de eu não estar marcada. – Você claramente não o faz feliz, enquanto eu sempre o fiz feliz. Nunca recebi reclamações, se é que você me entende? Ele claramente não te ama!

Me senti enjoada com suas palavras, o filhote em meu ventre achando suas palavras insultantes. A traição do afeto de seu pai por outra fêmea que não era sua mãe. Ele praticamente vivia com ela, dormia com ela todas as noites... enquanto tinha quartos separados e só tínhamos consumado nosso casamento há dois meses.

– Bem, você parece estar bem informada. – Tive que dizer algo para não parecer fraca, mas na verdade queria vomitar em cima dos sapatos de salto dela.

– Claro. Voltei com um propósito e você não vai me impedir! – Ela rosnou para mim.

Dei alguns passos para trás, chocada com seu comportamento abertamente frio e agressivo. De repente, muito protetora do lugar legítimo do meu filho nesta Matilha.

– Rebeca, sou casada com Diogo. – Talvez ela só precisasse ouvir eu dizer isso.

– Um casamento sem amor... seria melhor para você se terminasse imediatamente. – Ela rosnou novamente para mim.

Não, não podia mais a ouvir. A criança crescendo em meu ventre, seu filho, nos aproximaria. Derreteria seu comportamento frio. Eu ainda acreditava que ele era capaz de amar, capaz de me amar.

– Você esteve fora por muito tempo, Rebeca, o que te faz pensar que ele ainda tem sentimentos por você? – Tentei dizer com confiança.

– Matilde, por favor. Vi nossas fotografias na gaveta da mesa dele. Se ele não me amasse, ele as teria jogado fora. No entanto, não vejo fotos suas emolduradas na mansão do Alfa. É quase como se você nem morasse lá, porque em breve não vai mais! – Ela disse com um sorriso maligno.

Essa fêmea era absolutamente vil. Tinha que lutar pelo meu filho, lutar pelo meu casamento com Diogo. Se ele pudesse nos mostrar como uma frente unida, ela entenderia a dica e iria embora. No entanto, o fato de ela ter percebido as fotografias preservadas na gaveta da mesa dele, me deixou em pânico. Minha mente estava ocupada com suas palavras que não percebi sua aproximação, nem mesmo senti seu cheiro. Minha mente agora se juntava ao meu peito e entrava em modo de pânico. Ela percebeu. Suas costas se endireitaram e seus seios foram empurrados para fora com sua aproximação. Sua linguagem corporal mudou de agressiva para feminina, fingindo uma inocência falsa. Ela não era nada inocente.

– Diogo. – Rebeca chamou meu marido com um quase ronronar. Ela correu até ele, a certificar de que seus seios balançassem e quase saíssem de seu top apertado. Quando o alcançou, ela colocou a mão no braço dele e o acariciou. A raiva inflamou em meu estômago e senti minhas orelhas ficando vermelhas com a acumulação dessa emoção estrangeira para mim.

– Eu me perguntava onde vocês duas tinham ido... o que estão fazendo? – Ele perguntou, olhando para mim propriamente pela primeira vez hoje. Eu ia responder, mas a vadia me interrompeu.

– Eu estava apenas agradecendo a Matilde por ajudar os funcionários a limpar meu novo quarto. Ela fez um trabalho soberbo. – Ela piscou para ele.

– De fato, Matilde, você fez um trabalho soberbo. – Ele me elogiou, mas usou as palavras dela, o que só me irritou mais. Seu olhar permaneceu em mim por mais tempo do que o usual, ele estava percebendo minha raiva, meu desconforto?

– Me Deixe mostrar o quarto, Diogo, e, se estiver tudo bem, que mudanças gostaria de fazer? – Ela gesticulou para entrarem na casa e ele fez o que ela pediu.

– Matilde? – Ele parou na minha frente, com preocupação nos olhos.

Eu ia abrir a boca para dizer que queria que ela fosse embora. Que precisava falar com ele sozinho, mas não consegui dizer nada.

– Vamos, Diogo, deixe Matilde descansar. Tenho certeza de que ela precisa de uma pausa. – Rebeca sugeriu firmemente enquanto o puxava para longe de mim. Eu os observei subindo os degraus da frente da mansão do Alfa juntos. A tristeza me dominou ao ver como eles pareciam bem juntos.

Coloquei minhas mãos na parte inferior do abdômen, tocando o pequeno bebê dentro. Precisava defender meu casamento e meu título de Luna da Matilha por este bebê. Se não por mim, então pelo bebê dele.
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