Em Veliky Novgorov, Tony sequer desconfiava que seria pai
outra vez. Algum tempo já havia se passado e ele notava que a sua queridaSheryl engordara alguns quilos, mas isso não lhe levantava suspeita alguma.Ela estava aflita para lhe dar a notícia, mas faria isso no dia do seucasamento e estava muito perto. Teria que ser o quanto antes, pois seadiasse, provavelmente não haveria vestido que desse nela, já que haviaengordado. Às vezes olhava-se diante do espelho e sentia-se feia, gorda,desajeitada. Fazia parte da sensibilidade que toda mulher grávida possuía.Outras vezes chorava sem motivo algum e tinha crises de nervos. Tony nãoentendia o porquê daquele comportamento, mas sempre era amável ecompreensivo com a mesma. Sabia que tinha algo errado, mas nem imaginava oque era. Sheryl havia cismado completamente com Katrina. Talvez por estarsentiVinte anos se passaram depois daquele incidente. Muita coisaaconteceu. Steven falecera e o tenente Oliver também. Jones agora, com seus50 anos, parecia nunca ter esquecido de toda aquela tragédia. Cumprira asua pena e encontrava-se sozinho. Mais sozinho do que nunca. A doutora Katehavia se casado há alguns anos atrás e saíra dali, mudara-se paraMassachusetts. Ellen ainda estava viva, porém bastante debilitada, devido àdemência senil, fora viver em uma casa de repouso. Uma noite, Jones estavaem uma casa noturna e lembrou-se da Katrina, pois havia uma linda moça queo olhava sem parar, embora fosse totalmente diferente. Muito mais bela. Ajovem mulher tinha aproximadamente uns vinte e quatro anos, olhos verdes,cabelos longos e lisos e um corpo perfeito. Depois de muitos olhares amesma aproximou-se:-Sozinho?-Sim. E você? O que faz sozinha aqu
Quem via Sheryl Madison feliz, naquela grande e bucólica casa de campo,cozinhando e olhando pela janela, enquanto a pequena Valentina brincava nojardim da frente, jamais poderia imaginar o que lhe havia acontecido háalguns anos atrás. Era início de outono, ano de 1991. Os dias ensolarados,porém frios e a felicidade dela e daquela pequena criança era visivelmentenotória. Quando aquele homem chegou, a alegria de ambas aumentara. Apequena Valentina correu para os braços dele. Um homem alto, muito alto!Cabelos castanhos escuros, quase pretos e olhos verdes. Com aquelas mãosimensas a levantou como num impulso e a segurou em seus braços. A pequenafalava:-Papai, papai! O que trouxe para mim? -Ele, com voz grossae um sorriso no rosto lhe respondeu:-Venha para o papai. Hoje não lhe trouxe nada! -A meninaentristeceu-se, mas logo riu-s
Finalmente chegara o dia do julgamento de Sheryl. Ela estavanervosa e apreensiva, porém confiante. Instruída pela sua advogada, teriaque mentir para conseguir sua liberdade, mesmo que provisória, pois essesprocessos costumavam ser longos e enfadonhos, devido às constantesinvestigações e contradições de algumas testemunhas. Sheryl estava arrumadae partiu. Esperava ser questionada. Estava tensa, nervosa e insegura. Adoutora Kate tentava deixá-la o mais calma possível e então iniciou-se. Eranotório a todos ali presentes a apreensão de Sheryl, mas muita genteentendeu que fora emoções causadas devido ao sofrimento. O promotor começoua fazer perguntas constrangedoras a Sheryl e a mesma respondia apreensiva.A advogada, à Data vênia, interrompia alegando abuso devido às perguntasconstrangedoras e
Tony saiu pela janela e Sheryl ficou ali deitada. Tentou dormir novamentemas não conseguiu. Ainda era cedo, mas ela estava apreensiva. Não sabia oque seria daqui pra frente, sem notícias do Tony. Sabia que os diasseguintes seriam um tormento. Seriam dias decisivos, dias que mudariam parasempre a sua vida. Em apenas um mês sua vida daria uma reviravolta em 360graus. Seria vida nova e isso incluía deixar tudo para trás, inclusive osseus pais. Ela se sentia triste, mas estava realmente decidida. Não iriadar pra trás agora. Desistir do Tony seria desistir do sentimento que elajulgava ser amor de verdade, seria desistir de si mesma, já que ele era oúnico que a entendia, que a protegia e que com ela possuía uma cumplicidadeúnica, um magnetismo diferente. Sheryl sentia calafrios só de pensar emTony. Respirava ofegante e seu olhar se per
Após escrever a carta Sheryl respirou fundo, guardou-ajuntamente com as outras coisas no sótão e ficara por ali pensando emalguns detalhes finais.Finalmente chegara o grande dia. O dia da sua partida e elajá estava tão ansiosa que nem comer direito naquele dia conseguiu. Estavatriste também, pois sabia que por tão cedo veria os seus pais, porémlembrava-se dos quatro anos que passara afastada dos mesmos e saberia queuma hora isso teria que acontecer. Era realmente ruim por esse lado, mas jáestava com tudo pronto. Seus pais chegaram normalmente como todos os dias ede nada desconfiaram. As coisas seguiram como de costume e após tomar cafécom seus pais Sheryl foi com Valentina para o seu quarto. A criança dormiucomo de costume e Sheryl andava de um lado para o outro, com a portatrancada. Era quase meia noite e ela teria que partir
Em Springfield, Steven e Ellen sofriam com a decisão deSheryl. Ellen estava apreensiva e achava que era hora de procurar apolícia, já que havia se passado alguns dias e eles não tiveram um contatosequer. Steven, pacientemente disse à esposa:-Calma, querida! A Sheryl vivia me dizendo que uma hora iriapartir. Ela precisava desse tempo, dessa mudança. Veja, vamos esperar pelomenos dois meses. Se ela não der notícias em dois meses, procuraremos apolícia, tudo bem?-Dois meses? Você enlouqueceu? Em dois meses a minha filha ea minha neta podem ter sido assassinadas, raptadas, ou... Sei lá o que.Melhor nem pensar no pior.-Ellen, escute. A Sheryl nos deixou uma carta. Você achamesmo que se ela fosse assassinada, raptada ou sei lá o quê teria escrito amesma?-Steven, quem lhe garante que ela não foi coa
Em Veliky Novgorod os dias estavam ensolarados porém frios. Apequena Valentina estava muito gripada e os pais ficaram muito preocupados.Já havia tomado medicamentos mas a tosse e febre alta não regredia. Sherylestava triste e apreensiva e Tony também. A pequena precisou ficarhospitalizada e ambos não conseguiam mais concentrar-se em nada. Tonytrabalhava, mas fechava o estabelecimento mais cedo para ficar no hospitalcom Sheryl e a filha. Todos os dias eram assim. Finalmente depois de umasemana, a pequena teve alta e saiu do hospital. Sheryl e Tony comemoraram erespiraram aliviados. O telefone tocou, era Dasha. Sheryl ficou muito felizao falar com a amiga e a convidou, juntamente com Sergei para passar unsdias lá e os mesmos concordaram. Arrumaram as malas e caíram na estrada. Aochegar foram muito bem recebidos pelos donos da casa. Dasha e Sergeiestavam muito feli
O dia em Springfield amanhecera frio e nublado. Ellen e Stevepareciam mais conformados embora não tivessem mais nenhuma notícia daSheryl. A doutora Kate segurava o celular, olhava para o visor e pensava emligar para o Jones. Digitou os números, olhou novamente para a tela edesligou. Foi até a cozinha, tomou um gole de café e depois retornou para oquarto decidida a ligar. Ligou e notou uma certa frieza do oficial para coma mesma. Ficou intrigada porém pensou que, por ser uma segunda-feira, elepoderia estar atribulado e mal humorado, então resolveu dar um tempo eligar novamente no final de semana. Havia gostado muito de sair com oJones, mesmo achando estranho as perguntas que ele lhe fizera todasrelacionadas a sua cliente, Sheryl Madison. Infelizmente naquela noite, elaestava um pouco alta pelo efeito da bebida, pois deveria ter-se aprofundadomais para saber o porqu