Quando Sheryl falou com a mãe ao telefone, era
aproximadamente dez da noite. Nesta mesma noite, em Springfield, o oficial
Jones não se encontrava em casa. Chegara aproximadamente meia noite,embriagado e fora dormir sem escutar a secretária eletrônica. Não imaginavao que acabara de gravar. No dia seguinte, ao ouvir toda a conversa, quaseteve um surto quando percebeu a voz de Sheryl ao telefone e voltou agravação inúmeras vezes. Sabia que não podia partilhar aquilo com ninguém.Lembrou-se do oficial Larry, que já fizera parceria com ele em algunscasos. lembrou-se que o mesmo lhe fora bastante solícito no passado e atépensou em comentar, mas sabia que se o fizesse o tenente Oliver poderiatomar conhecimento e sua carreira estaria arruinada. Definitivamente issonão poderia acontecer. Se a história da escuta e da investigaEm uma madrugada de domingo, fazia bastante frio em VelikyNovgorod. Era lindo de se ver as luzes no céu semelhante à aurora boreal. -Meu Deus, que linda paisagem! -Dizia Sheryl. Olhava para a cama e via osmaiores amores de sua vida, Tony e a pequena Valentina, dormindo comoanjos. Ela perdera o sono, desceu para fazer um café. Era aproximadamentecinco da manhã. Ela foi até a cozinha, ligou a cafeteira e ficou ali apensar enquanto a água era aquecida. Franzia o cenho preocupada com aspalavras que ouvira da sua mãe. Estava tudo muito bem, mas ela sentia a suafelicidade ameaçada desde que ouvira tais coisas. Aquele oficial nunca atirara da cabeça e ela não poderia imaginar que a sua obsessão chegaria atal ponto. Parecia uma sina maldita. Ele a prendera da primeira vez e agorapoderia muito bem estar lhe "caçando". Não estava preparad
Jones estava em casa quando de repente recebeu um telefonema.Era o senhor William do aeroporto, dizendo que tinha encontrado algo e ooficial prontamente partiu para lá. Ao chegar viu a filmagem e ficouchocado com o que acabara de ver. Sheryl e Valentina, as três da madrugadaembarcando. Ficou perplexo com o que ouvira do senhor William:-Checamos a lista de passageiros desse dia. O senhor temcerteza que o nome dessa garota é Sheryl Madison?-Absoluta!-Aqui consta como Tânia Clarckson e a criança ChelseaClarckson, suposta filha da mesma.-Eu não acredito. -Respirou apreensivo.-Senhor. O senhor está bem?-Sim, estou. Apenas pensei alto.-Tem mais alguma coisa que eu possa fazer pelo senhor?-Sim, claro. Para onde elas embarcaram?-Para Novosibirsk, na Rússia.-Na Rússia? O senhor tem certeza? -Levantou-se assustado.-Absolut
No empório, Tony e Sheryl mantinham um diálogo sobre aviagem. Tony não conseguia acreditar que os pais da Sheryl sabiam de tudo eentão lhe perguntou:-Mas querida, você tem certeza que seus pais não lherecriminaram? Assim... Eles aceitaram isso numa boa?-Nem tanto! O meu pai é mais evoluído, sabe? Mais avançado.Sempre me identifiquei mais com ele. Sei lá, parece que ele sempre meentendia mais que a minha mãe. Ele sim, sempre procurando entender o meulado. A minha mãe relutou um pouco. No começo até fiquei preocupada porqueela me fazia tantas perguntas que mais parecia uma investigadora depolícia. Sabe... Temi que ela, pensando estar a fazer o meu bem, ligassepara a polícia.-Nossa, nem quero pensar nisso, querida! Se ela o fizesseseria o nosso fim.-O meu, não é? pois
Em Springfield o oficial Jones preparava-se para viajar. Iriapara Novosibirsk em busca de Sheryl e Tramell. Estava nervoso. Mentiu parao seu superior e sabia dentro dele, que estava indo longe demais.Arriscava-se e não era pouco. Sabia que sozinho jamais prenderia o Tramell,mas por outro lado convidar algum colega para essa missão seria uma tarefaainda mais arriscada. Jones havia perdido todo o resto de noção que aindalhe restara e por precaução falsificara um documento. Pensou no que Sherylhavia feito e mesmo a criticando para si mesmo, acabou, subitamente caindono mesmo erro. Precisava de um documento falso, assim como uma autorizaçãopara prender e trazer o Tramell de volta aos Estados Unidos e ele nãopensou duas vezes, fez! Se o tenente Oliver soubesse disso, ele estariafora da polícia, mas Jones tinha tanta certeza que iria encontrar o Tramell
Em Veliky Novgorov, Tony sequer desconfiava que seria paioutra vez. Algum tempo já havia se passado e ele notava que a sua queridaSheryl engordara alguns quilos, mas isso não lhe levantava suspeita alguma.Ela estava aflita para lhe dar a notícia, mas faria isso no dia do seucasamento e estava muito perto. Teria que ser o quanto antes, pois seadiasse, provavelmente não haveria vestido que desse nela, já que haviaengordado. Às vezes olhava-se diante do espelho e sentia-se feia, gorda,desajeitada. Fazia parte da sensibilidade que toda mulher grávida possuía.Outras vezes chorava sem motivo algum e tinha crises de nervos. Tony nãoentendia o porquê daquele comportamento, mas sempre era amável ecompreensivo com a mesma. Sabia que tinha algo errado, mas nem imaginava oque era. Sheryl havia cismado completamente com Katrina. Talvez por estarsenti
Vinte anos se passaram depois daquele incidente. Muita coisaaconteceu. Steven falecera e o tenente Oliver também. Jones agora, com seus50 anos, parecia nunca ter esquecido de toda aquela tragédia. Cumprira asua pena e encontrava-se sozinho. Mais sozinho do que nunca. A doutora Katehavia se casado há alguns anos atrás e saíra dali, mudara-se paraMassachusetts. Ellen ainda estava viva, porém bastante debilitada, devido àdemência senil, fora viver em uma casa de repouso. Uma noite, Jones estavaem uma casa noturna e lembrou-se da Katrina, pois havia uma linda moça queo olhava sem parar, embora fosse totalmente diferente. Muito mais bela. Ajovem mulher tinha aproximadamente uns vinte e quatro anos, olhos verdes,cabelos longos e lisos e um corpo perfeito. Depois de muitos olhares amesma aproximou-se:-Sozinho?-Sim. E você? O que faz sozinha aqu
Quem via Sheryl Madison feliz, naquela grande e bucólica casa de campo,cozinhando e olhando pela janela, enquanto a pequena Valentina brincava nojardim da frente, jamais poderia imaginar o que lhe havia acontecido háalguns anos atrás. Era início de outono, ano de 1991. Os dias ensolarados,porém frios e a felicidade dela e daquela pequena criança era visivelmentenotória. Quando aquele homem chegou, a alegria de ambas aumentara. Apequena Valentina correu para os braços dele. Um homem alto, muito alto!Cabelos castanhos escuros, quase pretos e olhos verdes. Com aquelas mãosimensas a levantou como num impulso e a segurou em seus braços. A pequenafalava:-Papai, papai! O que trouxe para mim? -Ele, com voz grossae um sorriso no rosto lhe respondeu:-Venha para o papai. Hoje não lhe trouxe nada! -A meninaentristeceu-se, mas logo riu-s
Finalmente chegara o dia do julgamento de Sheryl. Ela estavanervosa e apreensiva, porém confiante. Instruída pela sua advogada, teriaque mentir para conseguir sua liberdade, mesmo que provisória, pois essesprocessos costumavam ser longos e enfadonhos, devido às constantesinvestigações e contradições de algumas testemunhas. Sheryl estava arrumadae partiu. Esperava ser questionada. Estava tensa, nervosa e insegura. Adoutora Kate tentava deixá-la o mais calma possível e então iniciou-se. Eranotório a todos ali presentes a apreensão de Sheryl, mas muita genteentendeu que fora emoções causadas devido ao sofrimento. O promotor começoua fazer perguntas constrangedoras a Sheryl e a mesma respondia apreensiva.A advogada, à Data vênia, interrompia alegando abuso devido às perguntasconstrangedoras e