**Maria Silva**O som do primeiro estrondo foi como um trovão rasgando o local. As paredes tremeram, e eu senti o impacto reverberar pelo chão sob meus pés. Gabriel virou-se para mim, seus olhos cheios de alerta. Algo estava claramente errado. Tínhamos acabado de entrar no que ele chamava de seu “império”, e já parecia que tudo estava desmoronando, literalmente. Outro estrondo soou, mais forte, mais próximo. Um arrepio subiu pela minha espinha. As paredes, velhas e mal conservadas, rangiam sob a pressão, e eu tive medo de que todo aquele lugar caísse sobre nós. As pessoas ao redor começaram a entrar em pânico, correndo de um lado para o outro, gritando. Algumas se jogaram no chão, enquanto outras tentavam fugir para qualquer canto que parecesse seguro. O caos se intensificou. Gabriel me agarrou pelo braço, sua força bruta me puxando para trás de uma pilha de caixas. Ele sussurrou algo entre dentes que eu não consegui entender, minha mente estava turva demais com o barulho e a conf
Maria Silva** O peso do meu corpo pendurado nos canos foi um lembrete cruel de quão frágil minha vida estava naquele momento. Meus dedos ardiam, minhas forças desapareciam, e a única coisa que ecoava em minha mente era o rosto do meu filho. Será que ele se lembraria de mim? Será que ele entenderia por que sua mãe não estava lá para abraçá-lo? As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e uma mistura de arrependimento e amor me sufocava. Dizem que, no instante da morte, nossa vida passa como um filme. Era exatamente assim que me sentia: revivendo momentos bons e ruins, tentando sorrir, perdoar e, ao mesmo tempo, não chorar. Meus dedos escorregaram. Senti meu corpo ser tragado pelo vazio. A queda parecia inevitável, mas, de repente, algo firme segurou minha mão. Uma força que não era minha me puxava para cima. Meu coração disparou, e eu fechei os olhos com medo de encarar o que estava acontecendo. “Maria, segura firme! Não vou deixar você cair!” Com um último puxão, senti meus pés t
**Maria Silva**Bruno cruzou os braços, a expressão oscilando entre dúvida e desconforto. “Maria, isso não faz sentido. Ninguém além de mim entra aqui. Como você pode conhecer minha casa?” Sentei-me na beirada da cama, o coração disparado, enquanto minha mente parecia tentar encaixar peças de um quebra-cabeça perdido há anos. Fechei os olhos, buscando no fundo da memória respostas para o inexplicável. E então, como flashes de um filme antigo, as imagens vieram: um riso abafado, uma voz que ainda fazia eco na minha mente, e o som distante de uma música suave tocando ao fundo. “Matheus,” murmurei, mal reconhecendo minha própria voz. “O quê?” Bruno se aproximou de repente, agachando-se diante de mim, o rosto tenso. “O que você disse?” “Matheus,” repeti, agora com mais convicção. Olhei diretamente nos olhos dele, enfrentando a incredulidade que eu sabia que encontraria ali. “Eu estive aqui antes, Bruno. Com Matheus.” O silêncio que se seguiu era quase ensurdecedor. Bruno parecia
**Bruno de Alcântara e Leão**Maria estava em choque. Eu podia ver isso nos seus olhos, na forma como ela me observava, como se eu fosse uma espécie de fantasma do passado que ela não queria acreditar. Ela se afastou um pouco, talvez sem saber o que fazer com a revelação que acabara de ouvir. Mas, eu não a culpei. Quem poderia entender algo assim de imediato? Eu também não conseguia entender. Era uma loucura, um pesadelo que eu não estava pronto para encarar, mas não havia mais como voltar atrás.Ela me olhou, os olhos se enchendo de lágrimas, mas ela não disse nada. Eu sabia que tudo o que eu podia fazer era tentar explicar, tentar fazer com que ela entendesse que eu estava falando a verdade, que as peças estavam se encaixando de uma forma assustadora, mas, finalmente, fazia sentido.“Maria, você é a garota por quem eu me apaixonei. Eu não consegui te encontrar. Eu passei a vida toda acreditando que não podia ter filhos. Mateus e eu fizemos aquele exame por causa de uma brincadeira i
**Maria Silva de Alcântara e Leão** Eu nunca pensei que um dia estaria vivendo um momento tão surreal como esse. Depois de tudo o que aconteceu, de tantas reviravoltas e descobertas, aqui estava eu, prestes a casar com Bruno, o homem que eu amava, o pai do meu filho… A vida era uma loucura, mas, de algum jeito, ela parecia ter conspirado para nos unir, como se tudo o que passamos fosse apenas um caminho inevitável até este dia. A manhã começou cedo, e o clima era perfeito. O céu estava de um azul cristalino, como se até ele quisesse celebrar conosco. Eu estava na casa dos Alcântara e Leão, um lugar que agora sentia como meu lar, observando pela janela enquanto as pessoas se acomodavam no jardim decorado para o casamento. Os bancos brancos estavam dispostos de forma elegante, cercados por flores de todas as cores que exalavam um perfume suave. Tudo parecia saído de um conto de fadas. Minha madrinha estava comigo, ajudando nos últimos preparativos. Eu vestia um vestido de noiva
LIVRO 2O Juiz Herdeiro Redescobrindo o AmorSinopse O que se faz depois de uma desilusão?Luana Sartori escolheu o exílio como forma de sobreviver à dor. Anos vivendo no exterior trouxeram paz e uma nova razão para viver. Mas a promessa de cuidar da empresa da família a traz de volta ao Brasil, onde o passado está pronto para cobrar seu preço. Luana, porém, não volta sozinha. Anos vivendo no exterior ajudaram-na a reconstruir sua vida e a proteger o que mais importa para ela.Benício de Alcântara e Leão, um juiz impecável aos olhos da sociedade, é um homem metódico e ambicioso. Mas por trás de sua fachada perfeita, esconde segredos que jamais poderiam vir à tona. O retorno inesperado de Luana, a mulher que o assombrou, é um terremoto que ameaça desmoronar tudo o que construiu.Quando o destino os coloca frente a frente, antigas feridas são reabertas e novas paixões surgem, entrelaçadas a mentiras, vinganças e verdades que podem mudar tudo.Capítulo 1**Luana Sartori**Assim que de
O mundo ao nosso redor parecia ter desaparecido. Só existiam nós dois e aquela tensão que vinha se acumulando há anos. Foi um choque de eletricidade que percorreu meu corpo inteiro. Por um instante, fiquei imóvel, incapaz de processar o que estava acontecendo. Mas então, algo em mim cedeu. Não era apenas um beijo. Era um desabafo. Era dor, saudade e uma história inacabada que insistia em nos ligar, mesmo quando tudo dizia que deveríamos nos afastar. Seus lábios eram quentes e exigentes, e o jeito como ele segurava minha cintura, como se temesse que eu pudesse fugir, dizia mais do que qualquer palavra. As mãos dele eram firmes, quase possessivas, enquanto os dedos pressionavam levemente minhas costas, me trazendo ainda mais para perto. A distância entre nós era inexistente, como se o universo tivesse decidido naquele momento que precisávamos nos fundir, nem que fosse por alguns segundos. Minha mente gritava para eu parar aquilo. Ele não podia significar nada mais para mim
**Luana Sartori**Eu estava ali, encarando Benício, o homem que habitava meus sonhos e pesadelos há tanto tempo. Seus olhos verdes eram uma tempestade de emoções, refletindo desejo, esperança e algo mais que eu não conseguia decifrar. O peso de sua presença me fazia sentir pequena, e ao mesmo tempo, estranhamente poderosa. Ele me desejava."Benício," minha voz saiu quase como um sussurro, mal se sustentando contra o som do vento ao nosso redor. Ele estava tão perto que eu podia sentir o calor de seu corpo irradiando, mesmo no ar fresco da noite. "Diga que sim, por favor. Preciso de você." Sua voz era grave, carregada de uma urgência que eu conhecia bem. Ele me queria. Não apenas meu corpo, mas a essência de quem eu era. A Essência de nós dois.Eu não respondi. Não havia palavras suficientes para expressar o que eu sentia naquele momento. Então, o beijei. O beijo foi como um incêndio que se alastra sem controle. Eu me joguei nele com tudo que tinha, esquecendo o mundo, os problemas,