**Maria Silva**Eu estava sentada na beira da cama, minhas mãos tremendo ao ponto de mal conseguirem segurar o lençol que puxava contra meu peito, como se aquilo pudesse me proteger. Gabriel estava ali, a poucos passos, mas parecia uma fera à solta. Seus olhos queimavam, vermelhos de raiva, e o sorriso cínico que sempre estampava seu rosto havia desaparecido. “Por favor... não faça nada comigo,” sussurrei, com a voz falhando. Tinha medo que ele tentasse… não quero nem pensar. Meus lábios estavam secos, e meu coração batia tão forte que parecia querer sair do peito. “Eu não quero... Por favor... Eu...” Fechei meus olhos, e pedi que ele não fizesse nada comigo.Antes que pudesse terminar, ele deu um passo em minha direção, agarrando meu rosto com força. Senti o aperto firme de seus dedos contra a minha pele, forçando-me a olhar diretamente em seus olhos. “Quando eu quiser que você seja minha, Maria, ninguém vai te ajudar,” ele rosnou, sua voz baixa e ameaçadora. O calor de sua respi
**Maria Silva**O cômodo parecia abafado, aquela mulher parecia preencher espaço demais ali dentro. E o que me corria por dentro era não saber do porque ela estava ali, olhando para mim. Meus olhos se fixaram na cadeira que ela colocou bem no centro do espaço. O macacão preto justo desenhava em seu corpo magro, pude ver que não no pescoço a mulher tinha tatuagens, mas também na mão e em seu rosto um pequeno desenho de aranha, embaixo do olho esquerdo estava escondida pelas sombras. A voz dela cortou o silêncio como uma lâmina: “Não tenho a noite toda. Sente-se.”Engoli seco. Cada célula do meu corpo gritava para fugir, mas como eu iria sair dali. Olhei para a maleta preta, tentando adivinhar o que havia lá dentro. Meus instintos diziam que nada de bom sairia dali. A única certeza que eu tinha era que algo que iria sair dali iria me machucar, se não fosse física, seria psicologicamente ofensivo para mim.“Vamos, Maria. Não me faça repetir.” A voz dela era firme, quase impaciente. Ela
**Maria Silva**O reflexo no espelho era de uma estranha. Cabelos loiros, tão claros que pareciam brancos, cortados em um Chanel perfeito, escorrendo suavemente sobre os ombros. Nada ali era eu. Era como se tivesse sido forçada a vestir a pele de alguém que nunca conheci. O ódio por Gabriel ferveu dentro de mim, consumindo cada parte do meu ser. Ele havia me roubado até a última essência do que eu era, não só fisicamente, mas também minha identidade. Porém, enquanto encarava aquele reflexo impessoal, algo dentro de mim se recusava a se render. Eu não seria definida por aquela imagem. Não por ele. Não por ninguém.Quantas vezes a vida vira de cabeça para baixo sem que a gente tenha pedido? Eu não queria mudar, não queria ser essa mulher que agora me encarava. Mas a mudança havia sido imposta. E talvez... talvez eu pudesse usá-la a meu favor. “Pare de chorar e lute, garota, eu não sou fraca,” murmurei para o reflexo, a voz trêmula, mas carregada de determinação. “É isso que Gabriel qu
**Maria Silva** O peso do celular em minhas mãos parecia multiplicar-se, trazendo-me com uma angústia insuportável. A tela exibia uma imagem que me dilacerava a alma: meu filho, inocente e despreocupado, brincava na sala de Heitor. Uma mão desconhecida segurava o telefone, parecia escondê-lo, não deixando que ninguém visse a transmissão da cena em tempo real. O medo gelou meu coração.Meu olhar se encontrou com o de Gabriel, que me observava com um sorriso triunfante, como se fosse o mestre de um jogo macabro. Seu olhar radiante de confiança e superioridade me fez sentir impotente. Ele parecia desfrutar da minha dor, saboreando cada momento de terror. Ele me causava tanto medo. Ele era um verdadeiro psicopata."Quem está te mostrando tudo isso?" Minha voz saiu vacilante, carregada de um medo que não consegui esconder. Gabriel, ao meu lado, soltou um riso que gelou meu sangue. "Ah, Maria, querida. Você acha mesmo que eu não ia colocar alguém lá naquela fazenda? Vocês são tão previsí
**Maria Silva** A tensão dentro do carro era sufocante, como se o próprio ar conspirasse contra mim. Gabriel, mantinha uma expressão severa. Ele desligou o telefone com um clique seco, girando lentamente o rosto na minha direção. "Você não vai conseguir sair, sua idiota." Suas palavras eram como uma sentença, e minha pele se arrepiou. Mas ele não sabia da força que o desespero me dava. Do outro lado do vidro, Bruno e Heitor estavam ali, parados na calçada. Era a minha chance. Talvez a única. Meu coração disparou. O carro parou no semáforo, Gabriel tentou sair de lá mais um guardinha de rua, não deixou. "Está tentando fazer o quê, Maria?" Gabriel estreitou os olhos, sua voz baixa e cheia de ameaça. Ignorei sua pergunta. Meus olhos estavam fixos neles. *Eles podiam me salvar. Eles tinham que me salvar.* Minha mão trêmula encontrou a maçaneta da porta, e comecei a
**Bruno de Alcântara e Leão**Eu mal tinha desligado o telefone e o pânico tomou conta de mim. Eles haviam levado Maria. Heitor ligara avisando que Maria havia desaparecido. As palavras ainda ecoavam na minha mente, repetindo como um mantra cruel. Desaparecida. Essa era a única coisa que eu precisava ouvir para saber que minha vida estava prestes a sair dos trilhos. “Filho? O que está acontecendo? Por que está pedindo para que preparem o havia?” “Pegaram a Maria, mãe. Heitor acabou de me dizer.”“Meu Deus. E Benício? Levaram meu neto também?”“Não, Benício está bem. Está na casa de Heitor. Mas eu preciso encontrar a mulher que eu amo.”“Tome cuidado meu filho. Eu amo vocês.” Ela me deu um beijo e um abraço.O calor era sufocante, denso como uma segunda pele que grudava em cada parte do meu corpo. O zumbido constante dos insetos era quase ensurdecedor, mas eu mal notava. Minha mente estava em outro lugar, completamente focada no que Heitor havia me dito pelo telefone. Maria desapa
**Maria Silva**Acordei com a dor de cabeça tão forte que parecia que minha cabeça ia explodir. Eu passei a mão na testa, e o toque gelado e dolorido me fez arrepiar. A lembrança da coronhada de Gabriel estava tão nítida quanto a dor em meu corpo. Eu me lembrei da última coisa que vi antes de desmaiar: Gabriel com o olhar furioso, sua mão cerrada, e então a dor. A dor insuportável. Depois, a escuridão.Olhei ao redor, tentando entender onde eu estava. Estava num avião, o som do motor e o balançar suave da aeronave eram a única coisa que preenchia o silêncio. Gabriel estava na minha frente, a respiração profunda e irregular. Ele estava se recuperando, ou tentando, da raiva que sentia de Bruno. Pude ouvir os gemidos de Gabriel, a dor que ele sentia. Ele estava furioso, mas, ao mesmo tempo, exausto.“Olha o que seu juizinho de merda me fez, eu espero que ele esteja pior que eu depois só atropelamento.”“Atropelamento? Só que você tá falando.”“Tomara que ele tenha morrido. Aquele filho d
**Maria Silva**A casa de Gabriel era imensa, com paredes altas e janelas que pareciam observar cada movimento, assim como me lembrava. Senti-me como uma presa na cova dos leões. O olhar de desprezo vindo da mulher loira, Valquíria, a viúva de Mateus, me atingia como lâminas afiadas. Ao lado dela, a mãe de Gabriel, com a mesma expressão de julgamento, completava o cenário. Era uma atmosfera sufocante, e, ironicamente, Gabriel parecia ser o menos ameaçador ali. Ele se aproximou, sua presença pesada como uma sombra. "Não tente fugir, Maria", ele advertiu, sua voz carregada de falsa tranquilidade. "Você está sendo vigiada 24 horas por dia. Qualquer tentativa será inútil." Eu queria responder, mas as palavras travaram na garganta. Gabriel chamou a mãe, que, sem dizer nada, me conduziu para um quarto luxuoso, o meu cativeiro. Eu ainda estava fraca do ferimento, e isso parecia agradar a todos ali. Ser uma presa ferida tornava mais fácil me manter sob controle. “Não tente nada, garota