**Maria Silva** O peso do celular em minhas mãos parecia multiplicar-se, trazendo-me com uma angústia insuportável. A tela exibia uma imagem que me dilacerava a alma: meu filho, inocente e despreocupado, brincava na sala de Heitor. Uma mão desconhecida segurava o telefone, parecia escondê-lo, não deixando que ninguém visse a transmissão da cena em tempo real. O medo gelou meu coração.Meu olhar se encontrou com o de Gabriel, que me observava com um sorriso triunfante, como se fosse o mestre de um jogo macabro. Seu olhar radiante de confiança e superioridade me fez sentir impotente. Ele parecia desfrutar da minha dor, saboreando cada momento de terror. Ele me causava tanto medo. Ele era um verdadeiro psicopata."Quem está te mostrando tudo isso?" Minha voz saiu vacilante, carregada de um medo que não consegui esconder. Gabriel, ao meu lado, soltou um riso que gelou meu sangue. "Ah, Maria, querida. Você acha mesmo que eu não ia colocar alguém lá naquela fazenda? Vocês são tão previsí
**Maria Silva** A tensão dentro do carro era sufocante, como se o próprio ar conspirasse contra mim. Gabriel, mantinha uma expressão severa. Ele desligou o telefone com um clique seco, girando lentamente o rosto na minha direção. "Você não vai conseguir sair, sua idiota." Suas palavras eram como uma sentença, e minha pele se arrepiou. Mas ele não sabia da força que o desespero me dava. Do outro lado do vidro, Bruno e Heitor estavam ali, parados na calçada. Era a minha chance. Talvez a única. Meu coração disparou. O carro parou no semáforo, Gabriel tentou sair de lá mais um guardinha de rua, não deixou. "Está tentando fazer o quê, Maria?" Gabriel estreitou os olhos, sua voz baixa e cheia de ameaça. Ignorei sua pergunta. Meus olhos estavam fixos neles. *Eles podiam me salvar. Eles tinham que me salvar.* Minha mão trêmula encontrou a maçaneta da porta, e comecei a
**Bruno de Alcântara e Leão**Eu mal tinha desligado o telefone e o pânico tomou conta de mim. Eles haviam levado Maria. Heitor ligara avisando que Maria havia desaparecido. As palavras ainda ecoavam na minha mente, repetindo como um mantra cruel. Desaparecida. Essa era a única coisa que eu precisava ouvir para saber que minha vida estava prestes a sair dos trilhos. “Filho? O que está acontecendo? Por que está pedindo para que preparem o havia?” “Pegaram a Maria, mãe. Heitor acabou de me dizer.”“Meu Deus. E Benício? Levaram meu neto também?”“Não, Benício está bem. Está na casa de Heitor. Mas eu preciso encontrar a mulher que eu amo.”“Tome cuidado meu filho. Eu amo vocês.” Ela me deu um beijo e um abraço.O calor era sufocante, denso como uma segunda pele que grudava em cada parte do meu corpo. O zumbido constante dos insetos era quase ensurdecedor, mas eu mal notava. Minha mente estava em outro lugar, completamente focada no que Heitor havia me dito pelo telefone. Maria desapa
**Maria Silva**Acordei com a dor de cabeça tão forte que parecia que minha cabeça ia explodir. Eu passei a mão na testa, e o toque gelado e dolorido me fez arrepiar. A lembrança da coronhada de Gabriel estava tão nítida quanto a dor em meu corpo. Eu me lembrei da última coisa que vi antes de desmaiar: Gabriel com o olhar furioso, sua mão cerrada, e então a dor. A dor insuportável. Depois, a escuridão.Olhei ao redor, tentando entender onde eu estava. Estava num avião, o som do motor e o balançar suave da aeronave eram a única coisa que preenchia o silêncio. Gabriel estava na minha frente, a respiração profunda e irregular. Ele estava se recuperando, ou tentando, da raiva que sentia de Bruno. Pude ouvir os gemidos de Gabriel, a dor que ele sentia. Ele estava furioso, mas, ao mesmo tempo, exausto.“Olha o que seu juizinho de merda me fez, eu espero que ele esteja pior que eu depois só atropelamento.”“Atropelamento? Só que você tá falando.”“Tomara que ele tenha morrido. Aquele filho d
**Maria Silva**A casa de Gabriel era imensa, com paredes altas e janelas que pareciam observar cada movimento, assim como me lembrava. Senti-me como uma presa na cova dos leões. O olhar de desprezo vindo da mulher loira, Valquíria, a viúva de Mateus, me atingia como lâminas afiadas. Ao lado dela, a mãe de Gabriel, com a mesma expressão de julgamento, completava o cenário. Era uma atmosfera sufocante, e, ironicamente, Gabriel parecia ser o menos ameaçador ali. Ele se aproximou, sua presença pesada como uma sombra. "Não tente fugir, Maria", ele advertiu, sua voz carregada de falsa tranquilidade. "Você está sendo vigiada 24 horas por dia. Qualquer tentativa será inútil." Eu queria responder, mas as palavras travaram na garganta. Gabriel chamou a mãe, que, sem dizer nada, me conduziu para um quarto luxuoso, o meu cativeiro. Eu ainda estava fraca do ferimento, e isso parecia agradar a todos ali. Ser uma presa ferida tornava mais fácil me manter sob controle. “Não tente nada, garota
**Maria Silva**Gabriel me encarava, parado no meio do quarto, e eu sentia a tensão no ar. Sua voz, geralmente controlada, agora transbordava uma mistura de paixão e obsessão que me deixou sem chão e com medo. De onde tinha vindo aquele amor todo?“Maria, eu trouxe você para cá contrariando a todos, porque estou apaixonado por você.” Soltei uma risada nervosa, tentando disfarçar o incômodo. “Gabriel… Não faça brincadeiras. Você é o meu algoz.”“Você nunca se perguntou o porquê da minha obsessão por você.”“Eu pensei que você queria atingir Bruno. E estava me usando para isso.” Ele parecia o Gabriel que eu tinha conhecido. “Eu só quero encontrar meu filho.” Seus olhos se estreitaram e, por um momento, ele pareceu ofendido. “Você quer que eu traga o menino para cá? Para ficar com você? Eu sei que minha mãe não vai gostar, mas eu posso convencê-la. Ela vai acabar aceitando.” Senti um calafrio percorrer meu corpo. A ideia de Benício estar naquele lugar me aterrorizava. “Não, deixe
**Maria Silva**“Entra no carro.” O motor do carro rugiu assim que cruzamos o portão lateral que eu nunca havia notado antes. A escuridão da madrugada se misturava ao brilho ocasional dos faróis das motos que nos escoltavam, duas na frente e duas atrás. Os homens estavam armados. Eu estava no banco da frente e sua mãe no banco de trás. “Por que estamos saindo assim?” arrisquei perguntar, minha voz trêmula. Gabriel olhou para mim com desdém, mas foi sua mãe quem respondeu, sem sequer se dar ao trabalho de olhar na minha direção: “Não te interessa.” Eu não sabia para onde estávamos indo, o motivo dessa saída repentina, e pior, sabia que qualquer resposta ou insistência minha seria inútil. Apenas me calei e olhei para fora, tentando ignorar a presença opressora de ambos. Enquanto o carro acelerava pelas ruas, notei o som inconfundível de hélices cortando o ar acima de nós. Um helicóptero estava nos seguindo. Virei a cabeça para trás, tentando vê-lo melhor através do vidro, e me
**Maria Silva**A noite era uma mistura de caos e tensão. A mãe de Gabriel resmungava incessantemente, o som de sua voz ecoando pela pequena casa. Cada palavra dela parecia uma faca afiada, cortando o pouco de paciência que ainda me restava. Gabriel, por outro lado, estava inquieto. Ele falava ao celular e pelo rádio quase sem parar, sempre com o cenho franzido, as palavras saindo rápidas e cortantes. “Espero que a polícia não tenha que invadir aqui por causa dessa vagabunda,” ouvi a mãe dele dizer, sua voz carregada de desprezo. Gabriel suspirou, irritado, mas respondeu firme: “Eles não vão subir. Eu não vou deixar.” “Espero mesmo que não. Da última vez que subiram, seu pai foi preso. Ou você quer o mesmo destino e ver seu império cair por causa de uma mulher que ama outro homem?” “Eu não vou ser pego, mama. Confie em mim.” Mas algo na forma como ele falou não inspirava confiança nem nele mesmo. Havia uma tensão no ar que não podia ser ignorada, e isso só piorava o peso e