**Maria Silva** A princípio, achei que fosse minha mente pregando peças. Talvez a luz fraca do depósito estivesse me confundindo. Mas não, era ele. Gabriel. O homem alto, com sua jaqueta de couro surrada e coturnos que ecoavam no chão frio. Estava ali, materializado diante de mim, entre as sombras dos barris. "Como foi que você me achou?" minha voz saiu trêmula, quase um sussurro. "Você achou que ia fugir de mim até quando?" Ele deu um passo à frente, os olhos escuros fixos nos meus, carregados de algo entre raiva e obsessão. "Eu não estava fugindo de você. Eu só não queria mais te ver," respondi, tentando soar firme, mas meu corpo inteiro tremia. Ele riu, uma risada baixa e perigosa que ecoou pelo galpão. "E você acha que as coisas são assim? Que você não quer mais me ver e simplesmente desaparece com aquele filho da Puta do Bruno?"
**Maria Silva** Eu mal podia respirar. A cada curva, o carro parecia que ia sair da estrada, a velocidade era absurda, e Gabriel mantinha as mãos firmes no volante como se estivesse no controle absoluto. Eu não estava. Meu coração disparava, minha mente corria ainda mais rápido do que o carro, tentando absorver tudo o que ele havia acabado de confessar. “Por que eu? Por que você veio até mim?” questionei. “Porque eu quero acabar com Bruno de Alcântara e Leão. E você era o alvo mais fácil para chegar até ele.” "Você... você armou aquele atropelamento na frente do hospital?" A pergunta saiu fraca, quase como um sussurro. Gabriel riu, uma risada fria e cortante, que reverberou no espaço fechado do carro como um trovão. "Armei. Gostou? Mamãe disse que qualquer mulher ficaria apaixonada pelo homem que a salvaria,” ele riu. “Aquele idiota fez tudo errado. E quase você morreu ali mesm
**Maria Silva**Eu ainda estava de pé. O impacto não veio. Abri os olhos lentamente e vi Gabriel abaixar a arma, um sorriso cruel no rosto. Ele deu um passo para trás, me observando como se fosse um predador brincando com a presa. "Isso foi só o começo, Maria. E tudo isso,” ele gesticulou. “É para você saber que se eu quiser matar você e deixar aquele seu filho órfão de pai e de mãe, eu faço sem pestanejar.”Voltei para o carro com passos vacilantes, como se o chão pudesse se abrir a qualquer momento e me engolir. Gabriel abriu a porta do passageiro com violência e me empurrou para dentro, batendo-a logo em seguida. Minha respiração estava descompassada, e meu corpo todo tremia. Dentro daquele carro, o ar parecia rarefeito, como se fosse impossível respirar perto dele. Enquanto ele ligava o motor e acelerava pela estrada deserta, minha mente era um turbilhão. Eu precisava encontrar uma saída. Tinha que pensar em algo, mas a cada segundo que passava, as palavras dele martelavam na
**Maria Silva**Eu estava sentada na beira da cama, minhas mãos tremendo ao ponto de mal conseguirem segurar o lençol que puxava contra meu peito, como se aquilo pudesse me proteger. Gabriel estava ali, a poucos passos, mas parecia uma fera à solta. Seus olhos queimavam, vermelhos de raiva, e o sorriso cínico que sempre estampava seu rosto havia desaparecido. “Por favor... não faça nada comigo,” sussurrei, com a voz falhando. Tinha medo que ele tentasse… não quero nem pensar. Meus lábios estavam secos, e meu coração batia tão forte que parecia querer sair do peito. “Eu não quero... Por favor... Eu...” Fechei meus olhos, e pedi que ele não fizesse nada comigo.Antes que pudesse terminar, ele deu um passo em minha direção, agarrando meu rosto com força. Senti o aperto firme de seus dedos contra a minha pele, forçando-me a olhar diretamente em seus olhos. “Quando eu quiser que você seja minha, Maria, ninguém vai te ajudar,” ele rosnou, sua voz baixa e ameaçadora. O calor de sua respi
**Maria Silva**O cômodo parecia abafado, aquela mulher parecia preencher espaço demais ali dentro. E o que me corria por dentro era não saber do porque ela estava ali, olhando para mim. Meus olhos se fixaram na cadeira que ela colocou bem no centro do espaço. O macacão preto justo desenhava em seu corpo magro, pude ver que não no pescoço a mulher tinha tatuagens, mas também na mão e em seu rosto um pequeno desenho de aranha, embaixo do olho esquerdo estava escondida pelas sombras. A voz dela cortou o silêncio como uma lâmina: “Não tenho a noite toda. Sente-se.”Engoli seco. Cada célula do meu corpo gritava para fugir, mas como eu iria sair dali. Olhei para a maleta preta, tentando adivinhar o que havia lá dentro. Meus instintos diziam que nada de bom sairia dali. A única certeza que eu tinha era que algo que iria sair dali iria me machucar, se não fosse física, seria psicologicamente ofensivo para mim.“Vamos, Maria. Não me faça repetir.” A voz dela era firme, quase impaciente. Ela
**Maria Silva**O reflexo no espelho era de uma estranha. Cabelos loiros, tão claros que pareciam brancos, cortados em um Chanel perfeito, escorrendo suavemente sobre os ombros. Nada ali era eu. Era como se tivesse sido forçada a vestir a pele de alguém que nunca conheci. O ódio por Gabriel ferveu dentro de mim, consumindo cada parte do meu ser. Ele havia me roubado até a última essência do que eu era, não só fisicamente, mas também minha identidade. Porém, enquanto encarava aquele reflexo impessoal, algo dentro de mim se recusava a se render. Eu não seria definida por aquela imagem. Não por ele. Não por ninguém.Quantas vezes a vida vira de cabeça para baixo sem que a gente tenha pedido? Eu não queria mudar, não queria ser essa mulher que agora me encarava. Mas a mudança havia sido imposta. E talvez... talvez eu pudesse usá-la a meu favor. “Pare de chorar e lute, garota, eu não sou fraca,” murmurei para o reflexo, a voz trêmula, mas carregada de determinação. “É isso que Gabriel qu
**Maria Silva** O peso do celular em minhas mãos parecia multiplicar-se, trazendo-me com uma angústia insuportável. A tela exibia uma imagem que me dilacerava a alma: meu filho, inocente e despreocupado, brincava na sala de Heitor. Uma mão desconhecida segurava o telefone, parecia escondê-lo, não deixando que ninguém visse a transmissão da cena em tempo real. O medo gelou meu coração.Meu olhar se encontrou com o de Gabriel, que me observava com um sorriso triunfante, como se fosse o mestre de um jogo macabro. Seu olhar radiante de confiança e superioridade me fez sentir impotente. Ele parecia desfrutar da minha dor, saboreando cada momento de terror. Ele me causava tanto medo. Ele era um verdadeiro psicopata."Quem está te mostrando tudo isso?" Minha voz saiu vacilante, carregada de um medo que não consegui esconder. Gabriel, ao meu lado, soltou um riso que gelou meu sangue. "Ah, Maria, querida. Você acha mesmo que eu não ia colocar alguém lá naquela fazenda? Vocês são tão previsí
**Maria Silva** A tensão dentro do carro era sufocante, como se o próprio ar conspirasse contra mim. Gabriel, mantinha uma expressão severa. Ele desligou o telefone com um clique seco, girando lentamente o rosto na minha direção. "Você não vai conseguir sair, sua idiota." Suas palavras eram como uma sentença, e minha pele se arrepiou. Mas ele não sabia da força que o desespero me dava. Do outro lado do vidro, Bruno e Heitor estavam ali, parados na calçada. Era a minha chance. Talvez a única. Meu coração disparou. O carro parou no semáforo, Gabriel tentou sair de lá mais um guardinha de rua, não deixou. "Está tentando fazer o quê, Maria?" Gabriel estreitou os olhos, sua voz baixa e cheia de ameaça. Ignorei sua pergunta. Meus olhos estavam fixos neles. *Eles podiam me salvar. Eles tinham que me salvar.* Minha mão trêmula encontrou a maçaneta da porta, e comecei a