**Maria Silva**Eu não consegui entender o olhar de Bruno. Havia algo em seus olhos, tantas emoções e dúvidas passaram ali com um filme, que me deixava confusa. O que ele iria dizer? Mentir?"Eu não sei dizer.""O que você não sabe dizer, Bruno?"Ele passou a mão pelo cabelo, e apenas um fio de luz que escapava da pequena janela que iluminava seu rosto, realçando as sombras. "Eu sou noivo," ele murmurou, parecendo incerto. "Na verdade, não sou mais noivo." Ri com incredulidade. "Você é ou não é noivo? Não quero ficar transando com alguém que está comprometido," e afastei-me dele, saindo da penumbra para a entrada da minha “nova casa.”"Maria, entenda…” ele veio atrás de mim."Entender o quê? Que você tem uma noiva e ainda assim está atrás de mim? Que me procura pra isso que acabamos de fazer?" Apontei para o corredor, lembrando do calor que dividimos ali. "Eu não sou uma qualquer, sou a mãe do seu sobrinho e exijo respeito. Não quero você por perto.""Débora e eu brigamos. Ela termin
**Maria Silva**Peguei o telefone novamente. Tantos problemas rondando minha cabeça e lá estava eu, olhando o nome dele no visor, hesitante. "Gabriel... o que vou fazer com você?"Ele era bonito e charmoso, e, acima de tudo, parecia interessado em minha vida de merda. Mais do que isso, ele se importava com Benício, isso era o mais importante. Mas havia algo nele que me assustava, uma possessividade escondida nos sorrisos e nas gentilezas. Ainda assim, talvez ele fosse o escape que eu precisava. Talvez, ao lado dele, conseguisse esquecer Bruno de Alcântara e Leão. Suspirei e finalmente digitei a mensagem.“Podemos nos ver amanhã?”Sua resposta foi quase imediata. “Pensei que nunca fosse me responder.”“Boa noite, Gabriel.” Enviei a mensagem e desliguei o celular, ignorando as outras mensagens que ele insistiu em mandar. Meu coração se debatia de inquietação. Será que eu estava errada? Seria essa a saída certa? Não sabia dizer, mas estava cansada. Eu merecia um descanso dessa luta inter
**Maria Silva**O táxi parou e eu entrei depressa. Dei o endereço ao motorista e me virei para conferir se havia alguém me seguindo. Para minha surpresa, consegui escapar da vigilância dos seguranças de Bruno. Não sabia ao certo se isso era algo positivo ou preocupante, considerando que era meu filho quem estava sendo cuidado por eles. Enquanto o carro passava pelas ruas iluminadas, me perdi em pensamentos, tentando entender o que eu realmente buscava.“Chegamos, moça,” o taxista me avisou.Acordei dos meus devaneios, paguei a corrida e desci, olhando ao redor em busca de Gabriel. A rua estava molhada por uma recente chuva, folhas espalhadas pelo asfalto, e uma fina neblina ainda pairava no ar. Atravessei a rua e o encontrei encostado em uma caminhonete preta no estacionamento do hospital. Usando sua jaqueta de couro, jeans e botas, ele tinha uma postura confiante, com um olhar que parecia querer desvendar o que se passava em minha mente.“Pensei que você não viria. Parece até que est
**Maria Silva**Meu coração acelerou, um pressentimento atravessando minha espinha. Virei-me devagar e o vi: Bruno, sentado na poltrona, me observando com uma expressão grave que fazia a tensão no ar se intensificar."O que você está fazendo aqui?" minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, um misto de surpresa e algo mais que eu relutava em admitir.Ele apenas inclinou a cabeça e estreitou os olhos. "Onde você estava, Maria? Tem ideia do que poderia ter acontecido com você?"Tentei relaxar os ombros e manter o tom indiferente. "Eu não sou uma riquinha, Bruno. Quem ia querer fazer alguma coisa comigo?" Dei de ombros, tentando mascarar meu desconforto sob uma fachada de despreocupação."Meus inimigos, caralho," ele rosnou e bateu a mão no braço da poltrona. "Você realmente não sabe quem eu sou, não é?""Um juiz bem-sucedido, cheio da grana, filho de família rica." O sarcasmo aflorou em minha voz. "Pelo que eu sei, você não é nada além disso."Ele levantou-se com uma rapidez que qua
**Bruno de Alcântara e Leão**Eu estava furioso. Furioso com Maria, com meus seguranças, com a falta de controle que sentia ao seu redor. Assim que a deixei na cama, ainda respirando com dificuldade, depois de ter feito ela gozar, segui direto para o meu apartamento. Ela ainda estava em mim: seu cheiro em minha mão, sua presença, tudo nela despertava em mim um desejo incontrolável. Eu queria voltar, invadir aquele quarto, ignorar o cansaço e fazer dela minha.O elevador subiu, mas parecia lento demais, a cada andar a tensão aumentando, o calor do meu corpo ainda queimando minha pele. O jeito que ela olhava, a ingenuidade em cada gesto. Maria era pura, mas não uma santidade intocável. Ela era uma mulher de carne e osso, só que ainda intocada, e o pensamento de moldá-la, de ser o primeiro a descobrir cada parte dela, só atiçava minha fome. Quando pensava que ela era uma prostituta, ela já me despertava desejo; agora, sabendo que é uma mulher que foi só de meu irmão, e agora é minha, me
**Maria Silva**Eu estava há dois dias sem ver Bruno, e o vazio em sua ausência parecia crescer mais e mais. Como ele me fazia falta. Já Gabriel mandou várias mensagens e muitas ligações querendo sempre mais de mim e eu não sabia o que fazer com ele. Não sabia o que fazer com nenhum dos dois. Mas, naquela tarde, Leila apareceu em casa, trazendo consigo um certo alívio para o ambiente. Leila estava visivelmente apreensiva, mas, de alguma forma, estar ali com Benício parecia lhe dar um pouco de paz. A cena das duas, Leila e minha madrinha, sentadas na sala do meu novo apartamento brincando com o meu menino, trouxe uma sensação inesperada de harmonia para mim. Eu não sentia mais aquele ciúme pungente ao ver Benício e Leila juntos; pelo contrário, parecia que por um breve momento eles formavam uma família. A minha família?A cirurgia de Benício estava cada vez mais próxima, e não conseguia afastar o medo constante que me dominava. Todos ali sentiam a mesma coisa: um pavor sutil, mas prof
**Maria Silva**Quando aquele homem colocou a mão sobre a minha boca, meu coração começou a martelar como se quisesse escapar do peito. Suas palavras eram baixas, quase um sussurro que tentava me acalmar: “Shi. Não diga nada. Vou tirar a mão de sua boca.” Assim que ele relaxou os dedos, soltei um grito desesperado, “Socorro…”Mas ele rapidamente tapou minha boca de novo, abafando o som. Com um impulso que nem sabia que possuía, usei a única defesa que tinha: minha mão deslizou até os testículos dele, e eu apertei com toda a força. Ele grunhiu, os olhos arregalados de dor.“Por que você fez isso?” ele arfou, a voz embargada.“Porque você está tentando me sequestrar!” repliquei, meu corpo estava tenso e pronto para atacar de novo se fosse necessário.Ele deu um passo para trás, ainda segurando entre as pernas, o rosto contorcido em dor. “Eu não estou tentando te sequestrar,” sussurrou, com dificuldade. “Me pediram para levá-la para ver uma pessoa.”“Que pessoa? Quem é você?”Eu o obser
**Maria Silva**Saí do hospital com passos firmes, mas meu coração batia em uma cadência frenética. Cada detalhe do plano de Bruno estava em execução, como uma peça de teatro bem ensaiada. O helicóptero ergueu voo, carregando um homem que todos acreditavam ser Bruno de Alcântara e Leão. Outra aeronave sobrevoava a área, enquanto as notícias falavam sobre o acidente de caminhão com o juiz implacável, mas cuidadosamente ocultando o tiroteio. Diziam que um dos homens havia morrido no hospital e que Bruno lutava entre a vida e a morte.Eu e Leila desempenhamos nossos papéis com perfeição. Saímos do hospital em lágrimas, nos arrastando até o carro na entrada, visivelmente abaladas, como mandava o plano. Débora, sempre disposta a se colocar em cena, assumiu o papel de porta-voz, transmitindo o boletim médico aos jornalistas. Era tudo uma farsa, é claro. Bruno ainda estava no hospital, oculto na ala segura que Leila havia reservado para ele. E o pai de Bruno já estava a caminho de São Paulo