**Maria Silva** “Vamos ficar, mamãe,” os olhos piedosos de Benício me fez pensar se o tiraria dali ou não. Eu nunca pensei que estaria aqui, na casa da família de Matheus, lidando com pessoas que não eram minhas, mas que, ao que tudo indicava, eram agora a família do meu filho. Aquele ambiente me sufocava, mas Benício estava tão feliz, tão à vontade no colo de Leila, que minhas palavras saíram como um sussurro forçado. “Tudo bem, filho... vamos ficar, mas não se acostume.” “Obrigado, mamãe.” Benício sorriu, radiante. Antes que eu pudesse completar meus pensamentos, Bruno, sentado do outro lado da sala, falou: “Eu também vou ficar, mãe.” Eu olhei para ele, surpresa, tentando ignorar a lembrança incômoda ou não do que acabara de acontecer entre nós no quartinho dos fundos da mansão. Leila sorriu, como se tudo estivesse perfeitamente bem, como se não soubesse da tensão que pairava no ar. “Depois de tanto tempo você vai dormir aqui em casa, filho. Estou tão feliz,” disse Leila, ra
**Maria Silva**Quando dei por mim, já estava na casa dos Alcântara e Leão havia dois dias. O tempo parecia correr de uma forma estranha ali, como se cada momento fosse um convite para que eu ficasse e no outro que fosse enxotada de lá. Sentada na beira da piscina, observava Bruno e Benício brincando, as risadas ecoando enquanto espirravam água para todos os lados. Leila, radiante, também interagia com eles, como se fosse uma adolescente. Ao fundo, senhor Antônio nos observava com um olhar calculista, mas menos severo do que no dia anterior. Sentir aquilo era estranho, talvez estivesse tramando algo. Mas o sorriso dos três me fez feliz, como se, pela primeira vez em minha vida, eu realmente pertencesse a um lugar. A uma família.Foi essa sensação que me envolveu, sutil e avassaladora. Era difícil acreditar que eu estava ali, observando Bruno carregar Benício nos ombros, o pequeno sorrindo como nunca. E eu, como se fosse uma peça daquela família… mesmo que por um breve instante.“Mamãe
**Maria Silva** As mãos dela apertaram meu braço com uma força inesperada. Débora me encarava com aqueles olhos ferozes, como se tentasse me expulsar de sua vida pela força do olhar. Era um confronto direto, uma batalha silenciosa entre o que eu representava e o que ela queria para si mesma. Eu sabia que ela era a noiva de Bruno, mas não seria ela a me fazer desistir de lutar pela vida do meu filho. "Você não vai me dar ordens," minha voz saiu mais firme do que eu esperava, sem um traço de hesitação. Débora sorriu, mas era um sorriso gelado. "Não? Posso não te dar ordens, mas posso fazer da sua vida um inferno." "Eu já vivi no inferno, Débora. Não me assusto fácil." E então, antes que ela pudesse responder, me afastei. Ela não era meu problema – Bruno era. E eu sabia que ele estava por perto, sempre vigiando. Peguei Benício no colo e segui para dentro da casa. O pequeno ainda queria brincar, mas eu não tinha forças para sorrir. Ele se mexeu, inquieto, e me deu aquele olhar pidão
**Maria Silva** Bruno estava tão perto de mim, tão próximo que meu coração se acelerava com a simples percepção de sua presença. Cada movimento dele fazia meus sentidos gritarem, e, apesar de saber que deveria resistir, era como se nossos corpos fossem ímãs irresistivelmente atraídos um pelo outro. Nossas respirações se misturavam, e eu tentava manter o controle, mas a intensidade do olhar dele me desarmava. Ele segurou minha nuca com firmeza, forçando-me a encará-lo, e foi impossível não me perder naqueles olhos verdes, carregados de desejo e mistério. Sem uma palavra, ele inclinou-se lentamente, os lábios dele se encontraram com os meus em um beijo quente, intenso e profundo. Aquele beijo carregava promessas e pecados, e eu podia sentir a tensão em cada toque, cada segundo que nossas bocas se exploravam. Bruno tinha um jeito de me beijar que me deixava sem ar, perdida em uma dança que não pedia licença. O mundo ao nosso redor deixou de existir, e eu sabia que havia cruzado uma li
**Maria Silva**Eu não consegui entender o olhar de Bruno. Havia algo em seus olhos, tantas emoções e dúvidas passaram ali com um filme, que me deixava confusa. O que ele iria dizer? Mentir?"Eu não sei dizer.""O que você não sabe dizer, Bruno?"Ele passou a mão pelo cabelo, e apenas um fio de luz que escapava da pequena janela que iluminava seu rosto, realçando as sombras. "Eu sou noivo," ele murmurou, parecendo incerto. "Na verdade, não sou mais noivo." Ri com incredulidade. "Você é ou não é noivo? Não quero ficar transando com alguém que está comprometido," e afastei-me dele, saindo da penumbra para a entrada da minha “nova casa.”"Maria, entenda…” ele veio atrás de mim."Entender o quê? Que você tem uma noiva e ainda assim está atrás de mim? Que me procura pra isso que acabamos de fazer?" Apontei para o corredor, lembrando do calor que dividimos ali. "Eu não sou uma qualquer, sou a mãe do seu sobrinho e exijo respeito. Não quero você por perto.""Débora e eu brigamos. Ela termin
**Maria Silva**Peguei o telefone novamente. Tantos problemas rondando minha cabeça e lá estava eu, olhando o nome dele no visor, hesitante. "Gabriel... o que vou fazer com você?"Ele era bonito e charmoso, e, acima de tudo, parecia interessado em minha vida de merda. Mais do que isso, ele se importava com Benício, isso era o mais importante. Mas havia algo nele que me assustava, uma possessividade escondida nos sorrisos e nas gentilezas. Ainda assim, talvez ele fosse o escape que eu precisava. Talvez, ao lado dele, conseguisse esquecer Bruno de Alcântara e Leão. Suspirei e finalmente digitei a mensagem.“Podemos nos ver amanhã?”Sua resposta foi quase imediata. “Pensei que nunca fosse me responder.”“Boa noite, Gabriel.” Enviei a mensagem e desliguei o celular, ignorando as outras mensagens que ele insistiu em mandar. Meu coração se debatia de inquietação. Será que eu estava errada? Seria essa a saída certa? Não sabia dizer, mas estava cansada. Eu merecia um descanso dessa luta inter
**Maria Silva**O táxi parou e eu entrei depressa. Dei o endereço ao motorista e me virei para conferir se havia alguém me seguindo. Para minha surpresa, consegui escapar da vigilância dos seguranças de Bruno. Não sabia ao certo se isso era algo positivo ou preocupante, considerando que era meu filho quem estava sendo cuidado por eles. Enquanto o carro passava pelas ruas iluminadas, me perdi em pensamentos, tentando entender o que eu realmente buscava.“Chegamos, moça,” o taxista me avisou.Acordei dos meus devaneios, paguei a corrida e desci, olhando ao redor em busca de Gabriel. A rua estava molhada por uma recente chuva, folhas espalhadas pelo asfalto, e uma fina neblina ainda pairava no ar. Atravessei a rua e o encontrei encostado em uma caminhonete preta no estacionamento do hospital. Usando sua jaqueta de couro, jeans e botas, ele tinha uma postura confiante, com um olhar que parecia querer desvendar o que se passava em minha mente.“Pensei que você não viria. Parece até que est
**Maria Silva**Meu coração acelerou, um pressentimento atravessando minha espinha. Virei-me devagar e o vi: Bruno, sentado na poltrona, me observando com uma expressão grave que fazia a tensão no ar se intensificar."O que você está fazendo aqui?" minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, um misto de surpresa e algo mais que eu relutava em admitir.Ele apenas inclinou a cabeça e estreitou os olhos. "Onde você estava, Maria? Tem ideia do que poderia ter acontecido com você?"Tentei relaxar os ombros e manter o tom indiferente. "Eu não sou uma riquinha, Bruno. Quem ia querer fazer alguma coisa comigo?" Dei de ombros, tentando mascarar meu desconforto sob uma fachada de despreocupação."Meus inimigos, caralho," ele rosnou e bateu a mão no braço da poltrona. "Você realmente não sabe quem eu sou, não é?""Um juiz bem-sucedido, cheio da grana, filho de família rica." O sarcasmo aflorou em minha voz. "Pelo que eu sei, você não é nada além disso."Ele levantou-se com uma rapidez que qua