**Luana Sartori** Acordei com os raios de sol atravessando as cortinas brancas do quarto de hotel. Piscando algumas vezes para afastar o sono, virei o rosto e vi Scott sentado no sofá, olhando para mim com aquele olhar calmo e protetor que sempre me deixava sem palavras. Ele estava abatido e pareceu que não tinha dormido nada naquela noite. Virei o rosto para o outro lado e encontrei Alice ainda dormindo profundamente, sua respiração suave e ritmada. A viagem devia ter sido cansativa para ela. Sentei-me na beira da cama e olhei para Scott, tentando encontrar palavras, mas ele me interrompeu antes que eu dissesse qualquer coisa. “Não me diga nada. Vamos levar a nossa filha para a praia e, depois, seguimos para a vinícola.” Assenti, sentindo um aperto no peito. “É o que eu mais quero neste momento.” Levantei-me e caminhei até ele. Passei a mão pelo seu rosto, sentindo o calor e a familiaridade de seu toque. Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para o seu colo, me e
**Luana Sartori**Abri os olhos em um sobressalto e lá estava ele. Benício. De camisa branca aberta, calça de linho e óculos escuros, parecendo totalmente fora de lugar naquela praia tranquila. “O que você está fazendo aqui?” Minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia. Ele abaixou os óculos lentamente, deixando os olhos fixos nos meus. “Vim cumprir o convite da Alice. Não era isso que você queria?” O tom provocador me irritou. Olhei ao redor, tentando manter a calma. Scott e Alice ainda estavam no mar, alheios ao que acontecia. “Você não tinha que estar aqui, Benício. Isso não foi um convite para invadir a minha vida. Você deve viver a sua vida junto com a sua noiva.”Ele se aproximou, inclinando-se ligeiramente, tão perto que eu senti o cheiro amadeirado familiar dele. “Pode fingir o quanto quiser, mas eu vejo nos seus olhos que você me quer.”Tentei me afastar, mas minha voz vacilou. “Vá embora. Saia da minha vida, eu não quero você me atormentando a cada minuto,
**Luana Sartori**Assim que cheguei ao carro estacionado em frente à praia, notei dois outros veículos próximos. Reconheci imediatamente que eram dos seguranças de Benício. Eles sempre estavam por perto, observando, garantindo que ele estivesse protegido. A porta do carro estava aberta, e Alice já estava acomodada lá dentro. Mas o que realmente me deixou surpresa foi vê-la sentada em uma cadeirinha para automóveis, perfeitamente ajustada para ela. Franzi a testa. “De quem é essa cadeirinha?” “Da Alice.” Benício respondeu, como se fosse óbvio. “Pedi que comprasse uma para ela.” A tensão em meu peito aumentou. “Por que você comprou?” Ele virou-se para mim, os olhos fixos nos meus. “Porque sei que não vai ser a primeira vez que vamos andar juntos com ela no meu carro.” Antes que eu pudesse reagir, ele segurou meu braço, me obrigando a encará-lo. “Não engoli essa sua história.” Senti minha respiração vacilar. “De que história você está falando?” Os olhos dele se estreita
**Luana Sartori**Scott me encarou com uma mistura de preocupação e curiosidade. “Luana, quem é essa mulher? E por que ela está falando com você desse jeito?” Antes que eu pudesse responder, Fiona deu um passo à frente, como se fosse dona do barco e do mundo. “Eu pergunto o mesmo. De quem você está dando em cima desta vez, Luana? Marido de alguém que foi ao banheiro e você se aproveitou?” Ela gargalhou.Minha respiração travou. Fiona soube como me fazer ficar irritada, do que ela estava falando? Se nem mesmo havia motivo algum para isso. Esse ataque sem nexo.“Você está louca?” retruquei. “E quem é você para vir aqui e questionar a minha presença? Conheço a família a muito mais tempo que você e Maria e Bruno são meus padrinhos, quero respeito comigo.” Ela cruzou os braços, sem nem disfarçar o desprezo. “Eu? Eu sou a noiva do dono deste barco. E você? Uma ninguém. E ele, quem é esse aí?” Ela apontou para Scott. Scott deu um passo à frente, mantendo a postura firme. “Eu so
**Luana Sartori**O almoço foi servido em uma sala ampla, com paredes de vidro que permitiam uma visão deslumbrante da piscina e do mar ao fundo. A luz natural preenchia o ambiente, e a brisa que entrava pelas janelas abertas era refrescante. A casa tinha um charme único, simples e sofisticada ao mesmo tempo, com detalhes que refletiam o bom gosto da minha madrinha. Alice estava sentada ao meu lado, e seu entusiasmo era contagiante. Ela apontava para tudo ao seu redor, encantada com a beleza do lugar. “Olha, mamãe! Dá pra ver o mar daqui!” disse ela, com os olhos brilhando. Benício, que até então parecia distante, sorriu e puxou assunto com ela: “Gosta do mar, pequena?” Alice assentiu energicamente, com a boca cheia de comida. “Eu achei o mar lindo, onde morávamos as praias não eram assim tão lindas.”“O que acha de irmos até ele e nadar um pouco?” Benício já inventava mais coisas para fazer. “Um passeio de barco pelo mar, talvez?”“Eu acho que voce deve descansar, dona Al
**Luana Sartori**O vento chicoteava meu rosto e a água fria castigava minha pele, mas nada importava. Eu me agarrei à borda do barco, gritando: “Benicio!”A resposta era apenas o rugido do mar. Minhas mãos tremiam enquanto olhava para as ondas que pareciam devorar tudo ao redor. Fiona apareceu ao meu lado, o pânico estampado em seu rosto. “O que está acontecendo?”Eu a encarei, meu coração em pedaços. “Benício caiu no mar. Eu não posso deixá-lo morrer!” “Caiu no mar?” Fiona ofegou, seus olhos se arregalando. Pela primeira vez, ela parecia genuinamente preocupada. “Como caiu no mar?”“Fiona, eu preciso que você cuide da Alice para mim.” Eu estava frenética, vasculhando os armários em busca dos coletes salva-vidas e Fiona atrás de mim fazendo perguntas. “Você me promete cuidar da minha filha, eu preciso ir atrás do Benício?” “Sim, eu prometo, mas…” Sua voz tremia. “Me promete!” insisti, segurando seus ombros e a encarando. “Você ama o Benício?” Ela demorou um pouco para resp
O JUIZ - Tio do Meu FilhoCapítulo 1Eu sou mais uma Maria na multidão, aquela que não deu certo na vida. Assim como tantas outras, vou levando, dia após dia, matando um, dois, três leões por dia. Tento ser mãe, provedora, trabalhadora, mas o mundo parece sempre estar contra mim. Eu sou apenas mais uma Maria lutando para sobreviver no cruel mundo dos humanos.******Maria Silva**"Até mais, meninas. Bom descanso." Deixei o trabalho aliviada por ter sobrevivido a mais uma noite na boate. Os saltos altos e a minissaia de couro, que eu era obrigada a usar, pareciam instrumentos de tortura. Cada passo doía, cada movimento parecia exibir uma ferida que eu escondia. Quando finalmente troquei aqueles sapatos desconfortáveis pelos meus velhos tênis de guerra, senti um alívio imediato. Estava livre, ainda que por algumas horas."Cansada... Como estou cansada," murmurei para mim mesma enquanto caminhava até o ponto de ônibus.O ônibus estava lotado como de costume, repleto de trabalhadores que
**Maria Silva**Ele apertou mais o meu braço, seus olhos penetrantes me encarando com desdém. "Vamos, me diga quem você é," ele repetiu, sua voz carregada de ameaça."Eu..." minha voz falhou. Não sabia o que responder. Estava apavorada."Você não deveria estar aqui," ele rosnou. "Eu vou fazer da sua vida um inferno se não me disser o que sabe." Ele se aproximou ainda mais, sussurrando no meu ouvido. "Mal posso esperar para descobrir o que está escondendo."Minhas pernas começaram a tremer, o medo me consumindo por completo. Eu não deveria ter vindo. Estava claro que eu havia cometido um erro terrível. Mas antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para mais perto."Você vai sair daqui agora, e vamos conversar em um lugar mais privado," ele disse, guiando-me em direção à saída. O pânico me dominou, e minha mente começou a correr em busca de uma saída. Não podia deixar que ele me levasse.Eu me sentia como se estivesse flutuando em um mar de confusão e angústia. As memórias da minha vida