Dr. Harris me olha aparentemente confuso, parecendo estar processando o que havia acabado de dizer.— O que foi que disse? — Ele pergunta finalmente, num tom baixo hesitante. Engulo em seco, notando que o silêncio havia predominado naquele ambiente, não dava nem para escutar as respirações que haviam ali.— Eu. Estou. Com. O. Coração. De... — digo pausadamente, levando — Elena Mackenzie. Os olhos dele se tornam vidrados, enquanto os fixa no vazio, processando as minhas palavras. Por um momento, ele empalidece e até temo que estivesse sentindo alguma coisa.— Senta aí! — diz o segurança, me empurrando para a cadeira.— Tira a mão de mim! — digo elevando a voz, olhando dentro dos olhos dele que, no mesmo instante, tenta me fazer sentar novamente.— Ei. Calma — diz Dr. Harris, se colocando entre nós, fazendo com que o segurança se afastasse de mim — Ela ainda está se recuperando de uma cirurgia e é paciente deste hospital, então se não for medico, por gentileza, tire
— Você não pode estar falando estar falando sério — diz Beth, enquanto preencho a mala sobre a cama com roupas. Havia dado uma rápida olhada no clima no interior Minnessota e não havia muita diferença com o clima de Rochester, só estava dois graus abaixo — Ir atrás dos pais de Elena Mackenzie! Não poderia negar que aquela decisão havia sido tomada de última hora ou melhor, após o breve café com Jonah. Por alguma razão, ele havia despertado ainda mais a minha curiosidade, precisava saber mais sobre Elena e mesmo que eu já tivesse explicado para Beth, que a minha doadora era a esposa falecida de Brian Harris, ela ainda continuava a achar que era uma péssima ideia. Continuo arrumando minha mala, sem saber se estava colocando roupa demais ou roupa de menos, nunca fui muito boa em fazer malas e sempre esquecia do essencial e isto me fazia odiar viagens. A única coisa que sabia e que estava levando naquela mala, era a minha vontade crescente de decifrar a vida d
Me sentia paralisada diante da senhora, seus olhos distantes, entretanto, penetrantes, pareciam ler a minha alma, meus pensamentos... Ela não esboçou qualquer reação enquanto me olhava, seus lábios finos, mantinham uma linha reta séria. Seus rosto redondo, tinha algumas marcas da idade, o que não era muito relevante, até mesmo o seu cabelo grisalho, solto, não era apenas o que me chamava atenção; Mas sim o modo que estava em minha frente, como uma assombração.— Oi — digo baixo, esperando que assim quebrássemos o gelo que estava ali, na verdade, um iceberg — Meu chamo Rebeca e... — Me detenho quando uma mulher surge da parte de trás da casa, aparentemente mais nova que eu, uma trança lateral enfeitava seu cabelo, as roupas que vestia era composta por uma jardineira e camiseta branca.— Mãe!— diz com um breve sorriso no rosto, subindo os degraus rapidamente, secando o suor do rosto com uma flanela ao se aproximar. Ela afaga os ombros da mãe, para em seguida me
— Achou quem estava procurando? — A garçonete pergunta, me servindo mais café e eu simplesmente aceitar, mesmo não sendo minha bebida com café preferida. Desde que deixei a casa dos Mackenzie, não me sentia como antes, se antes já estava me sentindo outra pessoa, agora definitivamente me sentia outra pessoa. Eu senti na pele a dor da Billie, irmã caçula da Elena, era como se já a conhecesse a anos e compartilhássemos a mesma dor. E não compartilhávamos? Solto o ar bruscamente pela boca, imaginando o quão querida Elena, o quanto seu espírito era livre, aventureiro e em como agora só sobrou lembranças daqueles que a conhecia. E eu sentia tanto por isto, que não conseguia descrever ou se quer explicar. Eu queria poder arrancar todos aqueles sentimentos, sensações e d’javús e os guardar todos em um pote e enterrar. Eu sei que era algo injusto e até mesmo egoísta com a história de vida que aquele coração carregava, mas tudo aquilo estava me esmagando, esta
Ainda tinha a impressão que meu coração estava prestes a sair do meu peito a qualquer momento ou melhor, saltar para fora da minha boca. Estava sendo ainda difícil acreditar no que acabara de acontecer, a verdade era que eu não conseguia me mexer, mesmo com Louise andando de um lado para o outro do lado de fora do carro, xingando cada vez mais que percebia o tamanho do estrago que havia sido feito na traseira do carro. Os meus batimentos cardíacos continuavam pulsando em meus ouvidos e poderia jurar que a minha pressão arterial havia caído drásticamente, já que estava começando a me sentir enjoada e tonta. E tinha certeza que estava prestes... Abro abruptamente a porta do carro, não conseguindo tirar o cinto de segurança, quase vomitando dentro do carro. Eu sabia que de uma forma ou de outra, as duas xícaras de café que havia tomado, iriam me fazer mal até o final do dia e nem precisei chegar até o final do dia.— Espero que não tenha sujado meu carro! — Louise gr
— E como ele era? — O policial em minha frente pergunta, com um bloco de notas na mão.— Eu não sei. Eu não vi — digo ainda abalada com o que aconteceu instantes atrás ou quase aconteceu. Eu mesma havia me prendido no banheiro, por sei lá quanto tempo, a única coisa que eu sabia fazer era tremer e pensar que eu poderia morrer a qualquer instante. O silêncio do lado de fora daquele banheiro, não estava cooperando, não sabia o que a pessoa que estava tentando entrar naquele quarto de motel, queria comigo ou até mesmo fazer comigo. A verdade é que eu nem sabia o que queria comigo e por que de estar fazendo toda aquela pressão psicológica em mim. Eu só consegui ficar sentada naquele banheiro imundo, esperando que terminasse logo ou que alguém fosse ali para me salvar mas, só bastou em ouvir a voz do policial, que voltei a vida rapidamente, era como se alguém tivesse me puxado para fora de toda aquela escuridão. E ali estava eu, tentando dar o máximo de in
Definitivamente meu dia não havia começado do jeito que eu queria. Havia pedido desculpas para Jonah, mais do que já pedi para qualquer pessoa e no final ele apenas disse que poderia jantar comigo naquela noite. Apesar de eu ter esquecido do compromisso que eu mesma havia marcado, ele ainda queria me ver, mas isso não diminuía o caos que meu dia havia se tornado depois disso, já que depois desse meu esquecimento, Frank fez questão de me lembrar de outro. Estava em pé diante da mesa dele, acreditando que aquele não era um bom momento para me sentar e tentar ter uma conversa civilizada, já que o conhecia algum tempo e sabia o quão cruel ele poderia ser as vezes com palavras que poderiam ser simples, mas que eram usadas como uma verdadeira arma com ele e aquele não era o momento para ele e nem eu, testar meus limites ou a minha paciência.— Não tem que me dizer alguma coisa? — diz ele por fim, lembrando que eu não poderia ser uma estátua para sempre e nem fingir até ele
Não era um dia diferente dos demais. O hospital Mayo Clinic era um dos melhores hospitais dos EUA, o que significava que uma quantidade grande da população o frequentava. Por ali havia o cheiro característico de anti- séptico, sussurros vindo dos corredores e da sala de espera, os sons dos intercomunicadores e quase que frequentemente os gritos dos enlutados. Nada parecia fora do comum, para o médico cirurgião residente, até que foi chamado de repente na sala de emergência, após minutos ao sair de uma cirurgia.O som familiar do intercomunicador soou pelos corredores, seguido por:— Chamando Dr. Harris, comparecer à emergência. Dr. Harris, comparecer à emergência — A voz suave e feminina, ainda repete o recado duas vezes, enquanto andava na direção a sala de cirurgia que havia acabado de ser ocupada. Mas ao entrar na sala, após se vestir novamente com a roupa cirúrgica com a ajuda de uma das enfermeiras, que iriam ajudar na cirurgia, simplesmente sente todo seu corpo parali