— E como ele era? — O policial em minha frente pergunta, com um bloco de notas na mão.— Eu não sei. Eu não vi — digo ainda abalada com o que aconteceu instantes atrás ou quase aconteceu. Eu mesma havia me prendido no banheiro, por sei lá quanto tempo, a única coisa que eu sabia fazer era tremer e pensar que eu poderia morrer a qualquer instante. O silêncio do lado de fora daquele banheiro, não estava cooperando, não sabia o que a pessoa que estava tentando entrar naquele quarto de motel, queria comigo ou até mesmo fazer comigo. A verdade é que eu nem sabia o que queria comigo e por que de estar fazendo toda aquela pressão psicológica em mim. Eu só consegui ficar sentada naquele banheiro imundo, esperando que terminasse logo ou que alguém fosse ali para me salvar mas, só bastou em ouvir a voz do policial, que voltei a vida rapidamente, era como se alguém tivesse me puxado para fora de toda aquela escuridão. E ali estava eu, tentando dar o máximo de in
Definitivamente meu dia não havia começado do jeito que eu queria. Havia pedido desculpas para Jonah, mais do que já pedi para qualquer pessoa e no final ele apenas disse que poderia jantar comigo naquela noite. Apesar de eu ter esquecido do compromisso que eu mesma havia marcado, ele ainda queria me ver, mas isso não diminuía o caos que meu dia havia se tornado depois disso, já que depois desse meu esquecimento, Frank fez questão de me lembrar de outro. Estava em pé diante da mesa dele, acreditando que aquele não era um bom momento para me sentar e tentar ter uma conversa civilizada, já que o conhecia algum tempo e sabia o quão cruel ele poderia ser as vezes com palavras que poderiam ser simples, mas que eram usadas como uma verdadeira arma com ele e aquele não era o momento para ele e nem eu, testar meus limites ou a minha paciência.— Não tem que me dizer alguma coisa? — diz ele por fim, lembrando que eu não poderia ser uma estátua para sempre e nem fingir até ele
O restaurante escolhido por Jonah, era um dos restaurante mais renomados que havia em Rochester e que nunca com meu salário de jornalista, conseguiria pagar se quer um prato ali. Mas ali estava eu, observando todo aquele movimento contínuo de pessoas bem vestidas, conversando em tom baixo, sendo servidos por pratos minuciosamente decorados. O maître se aproxima de mim e disfarçadamente ele me olha, com certeza reparando no vestido barato que estava usando. Não havia tido tempo de ir até uma loja, comprar algo que as pessoas percebessem que era caro.— Boa noite — diz com a voz suave — Já tem mesa reservada?— Na verdade... — Antes que eu terminasse, percebo quando Jonah vem em minha direção com um largo sorriso no rosto — Estou com ele — Termino a frase, abrindo um grande sorriso no meu rosto, me sentindo radiante por dentro em apenas ver Jonah, sentindo todo meu corpo aquecer em seguida, quando um de seus braços deslizam pela minha cintura.— Claro — diz o maî
Na manhã seguinte, tomei a decisão mais inesperada naquele momento, após buscar a informação que precisava em sites de buscas e descobrir que o que eu precisava, estava alguns quilômetros do meu apartamento. O dia mal havia amanhecido e eu já estava em pé, na verdade, caminhando pelas ruas desérticas, esperando não ser assaltada ou morta. Mas por sorte, encontro um táxi naquele horário, que faz a bondade de me levar até meu destino. Por alguma razão, mais uma vez inexplicável, me sentia mais do que determinada naquela manhã, me sentia inundada por... coragem e não era qualquer tipo de coragem. Era uma coragem que com certeza movia o mundo. Era como se estivesse indo para uma guerra, na verdade sentia como se estivesse, já que estava indo enfrentar Brian Harris. Estava ciente de que dessa vez, poderia não conseguir apenas um processo, mas sim acabar presa. Não que eu estivesse planejando invadir uma mansão, que deveria ser mais protegia do que a própria
Meus tênis faziam barulho no piso encerrado a medida que eu avançava para o interior da empresa de Brian Harris. Saber que ele estava a minha espera, alguns andares acima, me trouxe uma pequena sensação de medo. Era pequena, poderia não dar importância e fingir que não estava ali, era o mais apropriado a se fazer naquele momento e foi o que tentei fazer a medida que aquele elevador avançava para cima. E foi diante desse cabo de guerra, que um d’javú me atingiu em cheio. Era como se mais uma vez, estivesse apenas assistindo. Havia um frio na minha barriga persistente, eu queria me livrar dele a qualquer momento, era impossível. Só que não era um frio da barriga comum, era um frio misturado com medo e ansiedade, como se estivesse pressentindo que algo de ruim fosse acontecer. Por um momento, me vi desejando que aquele elevador desse alguma pane no sistema e que simplesmente, por uma obra do destino ou não, desabasse e acabasse no subsolo e meu corpo se cortass
Entre ter que lidar com a pressão de Frank e toda a agitação do jornal, preferi ir para um lugar aonde tinha agitação mas, que poderia desfrutar de uma boa xícara de Cappuccino. Para qualquer outra pessoa talvez, poderia parecer estranho, eu gostar tanto de ficar perto do hospital. Não que eu gostasse do hospital, eu gostava daquela cafeteria e também... poderia correr o risco de ver Jonah, não que este fosse meu plano desde do começo. A voz de Brian ecoava em minha cabeça pelos fones de ouvidos, já era a segunda vez que ouvia aquela entrevista e com base nisso, começava a escrever. Se Frank queria uma entrevista, ele teria uma. Meus dedos deslizavam rapidamente sobre o teclado do notebook, meus olhos estavam fixados na tela e estava completamente alheia a tudo que estava ao meu redor. E mesmo com o conteúdo que eu tinha, que poderia dividir opiniões, estava disposta em enfrentar as consequências. Pego a xícara com um pouco de Cappuccino de Avelã, lev
Antes mesmo de virar a esquina da rua onde morava, pessoas correndo naquela direção chamou minha atenção. Assustada, olho para trás, verificando se não estavam correndo de um ladrão em específico. Mas não havia nada lá, além de mais algumas pessoas correndo. Por instinto, acabo fazendo o mesmo e ao virar a esquina, me dou conta do que estava acontecendo, ao ver carros de bombeiros em frente da minha casa, que agora estava em chamas. Não conseguia acreditar no que estava bem diante dos meus olhos, mesmo com o calor que me envolvia, juntamente com os gritos. O lugar que estava morando já a algum tempo, que tinha como lar, estava em chamas. Os nossos vizinhos se moviam de um lado para o outro, sem saber o que fazer, enquanto as chamas engolia minha casa e ameaçava fazer o mesmo com as casas vizinhas. Os bombeiros tentavam de alguma forma impedir que o fogo se alastrasse, permitindo assim que as chamas apenas engolissem minha casa ou o que restou
Não era um dia diferente dos demais. O hospital Mayo Clinic era um dos melhores hospitais dos EUA, o que significava que uma quantidade grande da população o frequentava. Por ali havia o cheiro característico de anti- séptico, sussurros vindo dos corredores e da sala de espera, os sons dos intercomunicadores e quase que frequentemente os gritos dos enlutados. Nada parecia fora do comum, para o médico cirurgião residente, até que foi chamado de repente na sala de emergência, após minutos ao sair de uma cirurgia.O som familiar do intercomunicador soou pelos corredores, seguido por:— Chamando Dr. Harris, comparecer à emergência. Dr. Harris, comparecer à emergência — A voz suave e feminina, ainda repete o recado duas vezes, enquanto andava na direção a sala de cirurgia que havia acabado de ser ocupada. Mas ao entrar na sala, após se vestir novamente com a roupa cirúrgica com a ajuda de uma das enfermeiras, que iriam ajudar na cirurgia, simplesmente sente todo seu corpo parali