ENTRANDO NO JOGO

Ana

Acordo cedo e saio bem devagar para não acordar meu hóspede. Na noite de ontem ele chegou tarde, me avisou que precisava sair mas que não iria longe. Fiquei preocupada, pensei várias coisas, mas não perguntei nada. Esse homem é um verdadeiro mistério.

Encontro Lili logo na entrada do café, hoje decidimos sentar em uma mesa, temos muita coisa pra conversar. Ela parece ansiosa como sempre fica. Faz tempo que rola uma química entre ela e o rapaz atendente, porém minha amiga é muito orgulhosa pra assumir. Seu término com Bruno foi doloroso, ela quase nunca fala sobre o que houve entre eles. Mas sei que Lili ainda não superou tudo, e acredita naquela famosa frase que diz " que todos os homens são iguais e não prestam".

Quando entramos, começo a compreender o motivo de sua aflição, mesmo que Lili tente disfarçar, sei que toda essa inquietação é porque já fizemos nossos pedidos e o rapaz que nos atende todos os dias, ainda não apareceu.

— Por que será que ele não está aqui. Logo hoje que vamos pedir uma mesa?— falo e ela disfarça.

— Quem não está?

Minha amiga é péssima em sua atuação, mesmo assim entro em seu jogo.

— O rapaz, atendente.

Ela dá de ombros.

— Ah, nem percebi — ela fala enquanto nos sentamos.

Enquanto bebemos nosso café fico boquiaberta quando surge um rapaz familiar muito bem vestido ainda por de trás do balcão. Ele usa uma roupa social impecável e em seu terno tem um broche com seu nome escrito, Lucas Albuquerque e logo abaixo as palavras " Gerente". Então entendo o motivo pelo qual ele não nos atendeu no balcão, o affer da minha amiga foi promovido á gerente.

Noto que ele percebe nossa presença, após orientar uma atendente, seus olhos seguem em nossa direção, somente agora ele nos vê, Lili ignora, mas sei que se animou ao menos um pouquinho.

Cochicho surpresa:

— Ele agora é o gerente!

Minha amiga me olha por cima dos óculos de leitura.

— Que bom, pra ele — responde como se fosse algo insignificante.

Mas quando o novo gerente vem em nossa direção ela fica apreensiva.

— Bom dia, garotas!— ele fala sorrindo.

Lili não consegue disfarçar o quanto fica mexida ao ver ele tão bem vestido.

Os dois trocam aquele olhar de todos os dias.

Ele dispara a falar de forma gentil:

— Bom, fui promovido à gerente, e como sempre vejo vocês por aqui. Decidi fazer um agrado as clientes fiéis do café.

Ele faz um gesto e um garçom surge com dois capputinos e um cupcake. Como eu imaginava minha amiga recebe o bolinho.

— Obrigada, adoro o café de vocês e esse capputino é divino!— falo já experimentando minha bebida.

Estou adorando ver minha amiga tão tímida diante desse rapaz. Eles trocam olhares tão intensos, só não vou embora porque Lili logo o ignora novamente.

— Sou Lucas, se vocês precisarem de algo é só me chamar.

Já que minha amiga não reage, disparo a falar por nós duas:

— Eu sou, Ana, e essa é minha amiga Liliane.

Lili sorri, um sorriso sem graça, mas pelo menos o faz, vejo Lucas ficar todo inchado e tenta puxar assunto.

—Vocês trabalham no jornal, não é mesmo?

Novamente Lili não abre a boca, ela consegue ser durona quando quer!

Respondo o rapaz para que ele não fique constrangido com tanto desprezo.

— Sim, trabalhamos.

Por um instante vejo que Lucas parece desistir, ele murcha ao notar que não será correspondido, sinto tanta pena que dou um bom chute em minha amiga por debaixo da mesa.

Lili geme discretamente e me olha brava.

— Bem, vou deixar vocês em paz. Bom trabalho — ele fala tímido.

— Obrigada, pela gentileza — falo enquanto ele sai.

Quando ele está longe percebo que já posso dar bronca.

— Liliane! Você nem o agradeceu!

Ela começa a se recompor e continua dando uma de durona.

— E por que você me chutou?— fala brava.

Sinto vontade de socar ela de verdade.

— Porque você poderia ter sido um pouco mais simpática com ele.

Ela pega seu celular afim de me ignorar.

— Ele nos presenteou simplesmente por que somos clientes, não há nada demais nisso.

— Ah, tá, e por que somente você ganhou um bolinho?

Ela fica vermelha e me olha sem graça. Agora não saberá o que responder.

— Não sei! Talvez porquê ele seja um idiota.

Começo a rir do mau humor dela por não ter uma resposta pronta e lhe provoco;

— Um belo idiota, com essa roupa ele está muito mais lindo!

Mesmo assim ela permanece constante.

— Pare, Ana! Você está parecendo aquelas adolescente do colégio.

— E você está parecendo aquelas velhas chatas de tanto mau humor.

Sinto minha amiga me encher de tapinhas. No fundo acredito que esse joguinho lhe deixa mais interessada. Mesmo que quase de forma imperceptível, sei que ela o observa por cima dos óculos às vezes.

Terminamos nosso café da manhã e logo vamos para redação, não conseguimos ver mais o pobre novo gerente, certamente minha amiga acabou com o dia dele.

Quando estamos ao lado de fora, me lembro de que preciso preparar meu psicológico para encarar Nicolas e sua noivinha feliz.

Tenho muito trabalho atrasado e por isso fico ocupada. Felizmente na parte da manhã não vejo o casal do ano. Lili e eu voltamos do almoço depois de conversamos muito, contei tudo sobre o meu Mateo, sobre a delícia do macarrão e como ele não se abriu comigo além de ter ficado de mau humor. Não contei da nossa troca de olhares é claro, mas falei de sua saída misteriosa, o que a deixou também intrigada.

Falta pouco para irmos embora e quando eu pensava que não veria o canalha, do Nicolas, ele surge na redação rindo e contente. Permaneço no meu posto e lhe ignoro, mesmo porque em quinze minutos vou embora.

Começo a desligar meu computador quando noto que ele está chamando atenção de todos e para piorar sua noivinha surge tão elegante como sempre é.

Nicolas grita no meio da redação:

— Pessoal! Quero a atenção de todos antes de saírem. — o idiota sorri até no canto.

Fico curiosa sobre o que ele tem a dizer. Será que já marcaram a data do casamento?

Do outro lado Lili me olha preocupada.

— Bom, Laura e eu, decidimos fazer uma festinha de noivado no sábado lá em casa. Aguardo todos vocês, não aceito que ninguém falte!

Não sei se é impressão minha, mas acho que Nicolas me olhou de forma desafiadora? Esse canalha quer que eu vá?

Um alvoroço se forma. Uns parabenizam, outros escolhem a bebida e eu, junto os pedaços do meu ego e minhas coisas, me preparando pra sair. Quando me viro infelizmente dou de cara com o casal top.

Merda!

Nicolas está com as mãos na cintura de sua noiva de forma ousada. Sinto que ele faz de propósito.

Respiro fundo tentando fingir que não me importo.

Dou alguns passos e é impossível não passar por eles.

Surpreendo quando Nicolas fala:

— Ouviu não é mesmo, Ana?— sorri da forma mais cínica que conheço — Queremos todos lá, aproveita e leva seu namorado, o do Tinder.

O canalha fala em tom alto e provocativo.

Xingo ele mentalmente, pois, agora sou o centro das atenções na redação. Todos me encaram como se eu fosse de outro mundo. Curiosos em saber que tenho um namorado e que ele é do Tinder! Agora sei que serei o assunto do mês.

Laura se aproxima mais curiosa que todos.

— O quê, você tá namorando? —escuto a voz irritante da perua cheia de ironia.

Estou morta de vergonha pela exposição e sei que de alguma forma, Nicolas quis me expor assim por vingança. Basta olhar seu sorrisinho no rosto mais radiante.

Respiro fundo e decido não ficar por baixo.

—Sim, eu tenho um namorado! E claro, vou ao evento de vocês... e levo ele comigo.

Visto meu personagem com esplendor, até que a noivinha dele ainda se manifesta.

— Cuidado, esses caras do Tinder costumam querer apenas sexo. Tô falando pra você não se iludir.

Respiro fundo para não lhe dizer sobre como o seu novinho quis somente sexo comigo várias vezes. O canalha desvia o olhar, parece sem graça.

Falo para me defender:

— Estou com Mateo faz um tempinho, querida. — enfatizo para que Nicolas pense que eu não levava a sério nosso relacionamento, e acho que minto muito bem, pois, expressão muda.

Xeque mate, estou começando a gostar desse jogo!

Nicolas puxa a noiva lhe apressando para saírem.

— Acho melhor nós irmos, amor.

Ele parece chateado. Me sinto vitoriosa mais uma vez. O casal do ano sai e vejo Laura lhe dar um beijo rápido .

Me viro evitando assistir esta cena.

Quando eles finalmente desaparecem do meu campo de visão, vejo minha amiga aparecer rapidamente para me dar suporte.

— Ana!

Ela me conhece bem e sabe que estou a ponto de desabar com todo esse showzinho. Minha amiga me leva até o banheiro para que eu possa colocar tudo que sinto para fora.

Lavo meu rosto na pia de mármore enquanto vejo minha imagem desastrosa no espelho: olhos inchados em lágrimas.

— Ele é um babaca, Ana.

Fungo.

Quando consigo colocar a cabeça no lugar, percebo que tenho um grande problema. Me viro para Lili desesperada.

— Droga! Como vou fazer? Meu hóspede vai embora depois de amanhã. Se eu for sozinha, todos vão saber que tudo é uma grande mentira e Nicolas vai rir da minha cara mais uma vez!

— Merda, Ana! Você precisa convencer ele a ficar.

Bufo quando me lembro sobre como ele é difícil. Se não quiser ficar não há nada que eu faça para convencer ele.

— Isso vai ser difícil.

—Vamos rezar para que ele aceite —Lili fala e pegamos a bolsa para ir para casa.

Me lembro que tenho que passar no supermercado. E olha que odeio fazer compras, mas lá em casa não tenho nada. Se o pobrezinho passava fome na rua, agora está passando fome comigo e isso não é justo.

❄️

Confesso que estou exausta e faminta.

Passo no mercado e compro algumas coisas.

Abro a porta do meu apartamento e fico surpresa com o que vejo, nem parece ser a minha casa. Observo pra todos os lados para ter certeza de que estou no lugar certo, pois está tudo organizado e limpo.

Coloco a sacolas na mesa ainda em transe. Faço bastante barulho para que ele perceba que eu cheguei, mas não há sinal de ninguém na casa. Acho estranho pois já são quase 19:00 hs. Dou mais uma volta pela casa observando como tudo está perfeitamente organizado, então decido tomar um bom banho e até lavo meus cabelos.

Quando termino, vou para cozinha,  me assusto quando dou de frente com ele, meu hóspede.

— Nossa, que susto! — falo parada na porta sentindo meu coração bater rápido.

Ele está vestido de um dos moletons que lhe dei, parte das doações, e tem um pano de prato jogado num dos ombros.

— Oi, me desculpe. Devia ter feito sinal de que tinha chegado — ele fala de forma tímida.

— Tudo bem. Só estou com fome, trouxe algumas coisas do supermercado.

Ele pega uma colher e me oferece o que estava cozinhando. Purê de batatas.

Pego a colher e experimento, confesso que fico em êxtase com o sabor. 

— Que delícia! — falo, aínda com a boca cheia.

Ele, como na última vez, sorri satisfeito.

— Que bom que gostou.

— Caramba, você cozinha muito bem. Que tempero e esse?

Ele começa a listar todos os ingredientes que usou. E noto que não foram nada do que comprei. Então...onde ele conseguiu?

Não lhe confronto, decido deixar pra depois, pois o cheiro está me fazendo querer mais disto.

— Está pronto, só aqueci pra  você. Fiz antes de sair, precisei ir na rua.

Fico pensando se lhe pergunto sobre o que ele faz na rua, neste horário, mas decido não falar, pois preciso que ele aceite minha proposta então não quero deixar ele de mau humor.

— Você sabe que tem que fazer repouso. Não fica passeando na rua — falo como se fosse uma mãe que se preocupa com seu filho.

Ele me olha.

— Eu sei, mas juro que fiquei o dia em repouso.

Franzo a sobrancelha para ele quase lhe chamando de mentiroso.

— Ah é, e quem arrumou essa casa deixando ela tão aconchegante enquanto o senhor descansava? — falo com ironia.

Ele sorri timidamente.

— Só coloquei as coisas no lugar e passei um pano na casa. Pode abrir os armários, está tudo tumultuado, vai cair na sua cabeça.

Acho que ele tentou fazer uma piada, mas lhe encaro seriamente.

— É sério? E você não vai se recuperar rápido se não fizer repouso.

Sua expressão muda.

— Não se preocupe, mesmo que eu não melhore, vou embora depois de amanhã como combinamos.

Não queria que ele me interpretasse mal, fico constrangida, e na verdade, agora preciso dele até sábado. Talvez seja a oportunidade certa para falar.

— Você sabe que pode ficar. Só me preocupo, não quero que piore.

Mas ele permanece irredutível.

— Ana, eu vou embora de qualquer jeito.

Respiro fundo escolho as palavras certas.

— Você não pode ir embora!— ele me olha surpreso. — Não até sábado.

Faço aquela carinha de cachorro que caiu da mudança, assim quem sabe ele não se comova.

— E, por quê?— pergunta curioso.

Falo sem rodeios:

— Nicolas e Laura vão dar uma festa no sábado, convidaram todos na redação do jornal. — percebo que meus motivos não estão lhe convencendo.— Ele disse em alto e bom som pra todos os meus amigos da trabalho, que eu estou namorando um cara do Tinder, e depois de ouvir um belo conselho sobre o quanto os caras do Tinder só querem levar uma mulher pra cama, eu confessei pra todos que há algo sério entre nós, agora querem que eu o leve!

É notório o quanto ele fica insatisfeito com tudo o que falei.

Há um silêncio. Fico pensando como fui irresponsável deixando as coisas chegarem onde chegaram.

Ele fala de forma direta:

— Não posso te ajudar. Sinto muito. —Seu humor muda consideravelmente. — Você disse que está com fome.Então se sente que eu vou lhe servir. — ele fala dando o assunto por encerrado.

Ainda permaneço parada no mesmo lugar refletindo sobre o quanto estou ferrada. Mas não significa que desisti,  ainda tenho tempo para tentar convencer ele, assim espero.

Nosso jantar é bastante agradável. Nunca imaginei que meu hóspede soubesse contar piadas. Quem diria que aquele homem tão primitivo seria um Cozinheiro de mão cheia além de ser uma companhia tão agradável.

Depois que comemos, começo a recolher os pratos antes que ele decida lavar a louça também. O deixo na sala assistindo tv.

Estou quase terminando quando ouço gemidos, me aproximo da sala e o vejo massageando o tornozelo. Talvez esteja sentindo dor, certamente porque hoje abusou fazendo tantas tarefas domésticas, além de ficar perambulando pela rua fazendo sabe se lá o quê.

Me aproximo.

— Está tudo bem com você? — pergunto, pois estou preocupada.

Ele se levanta com mais dificuldade que o normal, e se senta no sofá.

— Sim, estou bem. Só preciso descansar.

Quando ele se ajeita na poltrona, tenta disfarçar, porém noto que geme com mais intensidade.

— Você não parece nada bem. — falo em tom recriminatório. — Está sentindo dor, e não minta pra mim?

Vou me aproximando disposta a examiná-lo mesmo que não aceite.

— Estou bem... — fala acreditando que irá me impedir, porém, já estou ajoelhada no chão afim de olhar o seu tornozelo.

Levanto a barra de sua calça e confirmo minhas suspeitas, está inchado.

— Olha isso! — falo num tom bastante zangado.

Ele me olha sério, um pouco sem graça, mas sério.

— Eu sei... Deveria te feito um pouco mais de repouso.

Lhe encaro brava.

— Eu sabia, você é muito teimoso!

Mas ele parece nem me ouvir.

— Ana, o aquecedor está com problemas, está bem frio aqui — ele fala abraçando o próprio corpo.

Fico muito preocupa, afinal o aquecedor está no nível 3, hoje.

Me levanto e coloco minha mão em sua testa, ele está fervendo, certamente está com febre e alta.

— Você está com febre!

Falo e me afasto. Vou até a gaveta e pego um termômetro.

— Não precisa, eu estou bem.

Franzo a sobrancelha zangada.

— Sim está muito bem! Posso até fritar ovos em sua testa.

Me aproximo, mas sei que ele precisará tirar o moletom, só não sei como pedir.

Felizmente ele compreende e leva a mão no zíper abrindo a roupa.

— Tudo bem, mas eu disse que não precisa...

— Deixa e ser teimoso! — brigo.

Ele retira a peça, está usando apenas uma camiseta por baixo que revela seus braços fortes.

Foco, Ana!

Falo mentalmente.

Coloco o termômetro debaixo de sua axila e enquanto aguardamos, noto como seus olhos, estão um pouco caídos, são bem claros, e ainda assim, lindos.

Ouvimos o apito do termômetro.

— Caramba, 39° ! — falo assustada. Me levanto rapidamente. — Vou pegar um remédio, você precisa de um antitérmico urgente.

Vou para cozinha e quando volto com o remédio ele está tremendo.

—Bebe — ordeno.

Ele me obedece e continua tremendo.

— Obrigado.

Sento-me ao seu lado. E ligo a tv.

— Você parece exausta, vai se deitar, amanhã precisa trabalhar. — ele fala de forma divertida batendo o queixo de frio.

Pego o controle da tv lhe ignorando.

— Vou ficar aqui. Preciso assistir a última temporada de Lá casa de papel.—  minto, na verdade nunca assisti esta série, apenas quero monitorar seu estado.

Ele se ajeita para que eu fique a vontade e se deita. Finjo que não estou ali pra cuidar dele, mas fico de olho, esperando que a febre baixe.

Sou despertada com a luz do sol na janela, abro os olhos com dificuldade e percebo que estou bem confortável, de repente me recordo por quê estou aqui no sofá, noto a tv ligada e somente então caio em si de que estou deitada sobre as pernas de um homem, meu hóspede. Ele ainda dorme, sereno e tranquilo, sua aparência não é de quem esteve febril. Toco sua testa bem lentamente e percebo que realmente não há mais febre, sorrio. Pego meu celular no centro de mesa, são 6:15. Preciso me levantar e tomar um banho para ir trabalhar. Faço movimentos lentos e quando finalmente estou de pé, ouço a voz dele.

— Você passou a noite aqui?

— Sim, devo ter caído num sono bem profundo.

Ele sorri.

— Você estava exausta. Não deveria ter se importado comigo. Sei que ficou pra cuidar de mim e sou grato por isso.

Sorrio novamente, por ele me agradecer.

— Bom, eu preciso tomar um banho e me arrumar —falo seguindo para o meu quarto.

Já no chuveiro fico refletindo sobre o quão confortável estive deitada com aquele homem no sofá. Acho que estou ficando louca.

Depois de sair do chuveiro escolho uma roupa para ir ao trabalho, observo sobre o quanto minhas roupas tem cores mortas, verde musgo, bege, marrom... Pela primeira vez, penso em comprar algo novo, preciso de cores mais alegres. Ao passar pelo espelho também me sinto incomodada com meus cabelos, decido que vou cortá-los em breve.

Quando finalmente estou pronta, sinto um cheiro incrível, café. Meu hóspede já está na cozinha. Saio do quarto e noto uma bela mesa posta com xícaras, torradas, leite, suco e o divino, café. Penso em recriminá-lo por se esforçar depois se ter ficado doente e não fazer repouso, mas por outro lado sei que se trata de um gesto de agradecimento.

— Não precisava, você sabe que tem fazer repouso. —digo tomando um gole do café.

— Eu juro que vou ficar bem quieto, hoje. Preciso ficar bom, pois temos um jantar sábado.— ele diz sorrindo.

Fico surpresa, quase sem reação.

— Você ... Então vai, ficar?— falo devagar associando as palavras.

Ele resmunga enquanto coloca uma torrada na boca.

— Sim.

Fico radiante de alegria, sem perceber me lanço em seu pescoço em um abraço de agradecimento.

— Muito obrigada! Você não imagina o quanto irá me ajudar indo a essa festa comigo!

Estamos muito próximos, ele parece sem graça com meu abraço, mesmo assim retribui e gentilmente.

Então me afasto.

— Esse café está delicioso!— tento quebrar o gelo segurando minha xícara.

— Marco — ele fala sem tirar os olhos do copo em mãos.

Fico confusa, não sei o que ele quer dizer.

— Não entendi?

De repente ele me olha, seus olhos tem uma expressão séria.

— Me chamo Marco. Marco Fontanni. Ainda não tinha lhe falado meu nome.

Fico assimilando tudo lentamente, então ele se chama Marco!

— Que bom saber o seu nome.

— Mas pode continuar me chamando de Mateo, só pensei que você deveria saber o meu nome verdadeiro.

Sorrio, fico contente que ele esteja começando a ficar mais a vontade.

Termino meu café e saio, afinal, preciso trabalhar. Pego a chave do meu carro, minha bolsa e saio.

Marco Fontanni, esse nome ecoa em minha mente. Ainda não entendi porque ele finalmente resolveu falar, mas acho que se sentiu mexido com o fato de que eu cuidei dele a noite toda. Ganhei um ponto, dois na verdade, pois ele aceitou ir ao jantar no sábado. Ao me lembrar que vou poder ver a expressão de babaca de Nicolas no jantar quando me ver com Marco fico contente e me animo. Pego meu caro no estacionamento do prédio e sigo contente para a redação ao som de Memories - Maron5.

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