AnaApós comer feito uma esfomeada, Liliane e eu sentamos no sofá e colocamos uma série para assistir, e mesmo sobre todas as minhas reclamações, pois detesto suspense, eu cedo.Não havia percebido que estava tão cansada, acho que estávamos no primeiro episódio quando eu dormi, certamente, como fui tarde para cama e os pensamentos noturnos me atormentaram, estava cansada. Caí num sono profundo no sofá da casa da minha amiga.Quando abro os olhos, a TV está ligada, mas estou sozinha. Sinto um peso em minha cabeça por dormir tanto, vejo pela janela que começa a escurecer. Olho no meu celular e percebo que dormi por horas. Estranhamente, Marco não me ligou e nem deixou mensagem. Mas deixo isso para depois, pois algo me chama atenção. Vejo na mesinha de canto da sala os comprimidos que Liliane havia comprado, alguns estão abertos. Um pânico invade meu corpo, pensei que estivesse resolvido isso, eu acredito que Liliane tomou esses comprimidos. E se ela estiver desmaiada ou coisa parecida? C
MarcoAssim que chego em minha cidade sou recebido por meus pais em um enorme abraço de saudades. É estranho estar aqui sem Ana, prefiro que ela tivesse vindo, mas compreendo que precise trabalhar. Seguimos direto para minha casa, o corretor e os novos compradores nos aguardam para fecharmos negócio. Quando chegamos, há mais dois carros estacionados logo na porta, Fernando o responsável pela venda da casa na imobiliária, e logo atrás observo sair de dentro do outro veículo uma bela família, um casal bem jovem com uma linda garotinha, confesso que esta cena me faz voltar ao passado, quando minha princesinha ainda estava comigo. Sinto um nó na garganta ao me lembrar de minha filha. Felizmente a voz do corretor invade meus pensamentos me tirando de toda tristeza.— Marco Fontanni ? — o cliente fala me estendendo a mão. Noto que a família está bem próxima de nós.— Sou Antony Cruz.Todos nos apresentamos e logo entramos na casa. Está tudo vazio, meus pais venderam os móveis como eu havia
AnaConfiro pela terceira vez se está tudo certo. Marco já deve estar chegando.Na volta pra casa depois de ter ajudado minha amiga, passei em um restaurante e comprei algumas coisas, acabo de arrumar a mesa e tomei um banho rápido. Depois da nossa quase conversa ao telefone, confesso que fiquei um tanto insegura, então resolvi fazer esse agrado para que nossa conversa seja o mais tranquila possível.Confesso que por dentro estou aflita e morta de saudades, uma mistura de sentimentos! Me pergunto, como é que vou ficar sem ele aqui comigo se em apenas um final de semana longe dele me deixou assim, como se faltasse um pedaço do meu coração?Respiro fundo tentando conter o meu nervosismo e ouço barulho de chaves na porta, meu coração bate mais rápido, me sinto feito uma adolescente. Tento me conter e... Logo ele surge à porta, tão lindo como sempre, seus cabelos estão bem penteados e ele usa aquela jaqueta preta que o deixa sexy pra caramba! Tenho vontade de beijá-lo até perder o fôlego
AnaTrês meses passaram rápido. Estamos bastante ocupados com a inauguração do restaurante, felizmente estou de férias, então posso ajudar Marco com tudo. Esses últimos dias foram uma loucura, mas finalmente o grande dia chegou, a inauguração do FontanniDuo.Marco está ansioso, mas acredito que tudo ocorrerá bem, ele e seu pai trabalharam muito para chegar até aqui. Contrataram dois ajudantes para cozinha, uma recepcionista e alguns garçons, Gil é um deles, depois de passar três meses na reabilitação, ele é um novo homem, continua o tratamento, mas está liberado para trabalhar e não mora mais na rua. Marco alugou uma casa para ele, no outro dia ele se encorajou e procurou suas filhas, segundo Marco foi um reencontro emocionante, eles não se viam há oito anos. Gil também irá ajudar Marco num projeto para continuar ajudando os outros moradores de rua, todas as tardes eles permanecerão recebendo alimento, além de outras doações que conseguiram.Tento acalmar Marco, ele está uma pilha de
MarcoAinda estou devastado. Ver Ana tão decepcionada comigo me fez sentir como e eu fosse um lixo. Fecho a mão e soco a parede várias vezes.— Marco, seu burro! Medroso, era só você ter sido sincero! — falo comigo mesmo tentando descarregar minha raiva.Ainda fico algum tempo me recompondo. Olho no relógio e vejo que são onze e pouco da noite, certamente mais umas horas de movimento e poderei fechar. Quando saio do escritório dou de frente com a pessoa que eu jamais desejava ver nesse momento, Priscila.Respiro fundo, pois não posso deixar essa louca me fazer perder a razão também.— Até que enfim te encontrei sozinho. Quero te parabenizar de uma forma diferente.Vejo ela se aproximar lentamente, está próxima demais, me afasto rapidamente para fugir do beijo que ela tenta me dar. — Priscila, pare com isso! — falo nervoso.O sorriso que ela lança, me deixa mais irritado. Priscila sempre foi assim, dissimulada.— Que isso, Marco. Era apenas um beijo, que mal tem nisso? Já fizemos co
AnaDormi muito mal, não fui pra casa, pois sabia que Marco iria aparecer por lá. Também não procurei Liliane, na verdade eu não estava afim de conversar sobre o que aconteceu. Dormi no carro, em algum lugar qualquer da cidade, estou exausta e com dores por todo corpo. Sigo até uma cafeteria e procuro logo o banheiro, tento dar um jeito em minha aparência, que a propósito está horrível. Meu cabelo está todo bagunçado e estou cheia de olheiras. Quando saio e vou direto ao balcão e peço um café forte. Não consigo comer nada, depois volto para meu carro e sigo para meu destino. Não tenho muitas alternativas, então decido ir para casa da minha mãe.Não sei ainda como consegui chegar até aqui, em minha cidade. Sinto como se fosse um deja vú, como naquela vez em que estive aqui parada nesta porta, com meu coração em pedaços por causa de Nicolas. Desligo o carro e respiro fundo. Pelo menos desta vez será diferente, não tem a presença do maldito do Zeca e meu relacionamento com minha mãe está
Gatilho.......ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA.AnaDesperto ainda zonza. De imediato pareço ter dormido e que acabo de acordar. Não me recordo de nada. Tento me mexer e percebo que estou com minhas mãos para frente amarradas e os pés também, ainda me sinto meio confusa, até que aos poucos as coisas começam a fazer sentido, me lembro da carta que encontrei no quarto da minha mãe, e de ter visto aquele monstro, o Zeca.Minha cabeça dói bastante. A sala está vazia e escurecida, olho ao redor e não vejo quase nada. As janelas parecem terem sido tapadas com uma espécie de madeira. Ouço barulho distante de batidas de martelo, parece estar vindo de outra parte da casa. Tento me mexer, me soltar ou sair do lugar, mas é quase impossível. Estou bem amarrada. Um pânico começa a tomar conta quando penso em minha mãe. Neste exato momento vejo que atrás do sofá há dois pés calçados com tênis de corrida, são dela, os mesmos que ela usa para caminhar. Minha respiração se acelera ao ri
MarcoDepois que Ana me deixou destroçado no estacionamento, demorei para colocar a cabeça no lugar. Resolvo que não vou me afundar novamente na escuridão em que estive um dia. Priscila não vai destruir minha vida novamente. Respiro fundo e volto para o hospital afim de ter notícias de minha mãe. Ignoro a presença da minha tia Margoh, pois minha vontade é de vomitar toda minha raiva, sobre como ela interferiu no meu casamento e toda sua parcela de culpa por nunca ter dado certo minha relação com sua filha. Ao invés de aconselhar Priscila a ser uma mãe melhor para Melissa, e não alimentar suas paranóias de que eu a traia o tempo todo, minha tia sempre lhe apoiava, sem nem ao menos disfarçar o quanto desprezava nosso relacionamento e desejava que sua filha tivesse se casado com alguém que pudesse dar ela a vida que Priscila desejava. Meu pai me abraça preocupado e me guia direto para o quarto de minha mãe. Vejo seu rostinho corado e me sinto satisfeito. Felizmente ela está bem, há um