No dia seguinte, eu desci, como sempre, uniformizada, mas estava sisuda. Passei por Diana, que logo me repreendeu: — Desmanche essa tromba, menina! Victor se levantou rapidamente ao me ver e deixou sua cadeira arrastar para trás. — Bom dia, Nora!— ele estava nervoso e um tanto ansioso. Eu não lhe dei bola, nem respondi e me aproximei para servi-lo. Ele me surpreendeu, puxando uma cadeira, enquanto disse: — Sente-se, meu amor! Não preciso que me sirva mais! Eu fiquei incrédula e fui me sentando assustada, bem devagar. Victor se ajeitou, agoniado, olhou para Diana e ordenou: — Diana, traga todos os funcionários até aqui, sem exceção. Diana franziu a testa, desconfiada e saiu. Logo depois, estavam todos presentes na sala de jantar. Victor começou o seu discurso: — Pessoal, chamei todos aqui para comunicar a minha decisão e espero que não haja qualquer dúvida posterior. Os olhares curiosos estavam sobre Victor, até
Diana ficou atrapalhada e saiu resmungando: — Só acho que você é jovem para ficar tanto tempo dentro de casa! Eu ri achando graça. Às vezes achava a Diana estranha. — Vou dar um beijo de boa noite no Júnior!— Victor disse inquieto. No quarto do menino a discussão continuou porque Diana estava lá. — O que você quer? Acabar com o meu casamento? Logo agora que eu e Nora estamos nos entendendo? — Victor, se livre dessa dona Marlene enquanto pode! Estou te avisando, Nora não é tão inocente quanto pensa! Victor ficou entristecido. — Queria que ela confiasse em mim! Eu não tive outra mulher desde que a conheci, eu juro! — Mas a sua fama não é das melhores! E outra coisa, você pressiona a menina com essa história do senhor Alberto, como se você fosse um santo! — Diana! Está contra mim! Tem que ficar do meu lado! Você acredita que estou traindo a Nora e tudo o que sinto por ela? — Então porque não se declarar de uma vez? Por que tortura a menina co
Na festa tinha muita gente bonita. Todos pareciam conhecer o Victor. Eu sentia que, de alguma forma, encontraria Alberto e Angeline. Ele parecia estar às espreitas, só esperando Victor se afastar para se aproximar. — Nora! Achei que não fosse mais vê-la!— ele disse se curvando para me cumprimentar. Ele olhou em volta, como se procurasse por Victor e só então tomou a minha mão para beijar. — Por que você sumiu, Nora?— ele quis saber. Eu respondi um tanto áspera: — Você sabe o porquê, Alberto! Nessa sociedade hipócrita em que vocês vivem, se sabe tudo a respeito da vida do outro! Alberto sorriu irônico. — Posso te garantir que eu sei mesmo, e se você também soubesse, nunca teria retomado o seu casamento de fachada! Eu fiquei curiosa, mas a princípio achei que Alberto só estivesse com ciúmes. — Você sabia que eu e Angeline estamos divorciados? — Sério!— exclamei, naturalmente. Alberto continuou. — Pois é, estou fazendo o mes
Fiquei boquiaberta. — Não se importa em deixar a festa? Não se importa com o que vão falar?— eu quis saber. Alberto fez um gesto vago com as mão e sacudiu os ombros. — Se você for embora daqui, para mim, não tem graça nenhuma! Se quiserem falar, que falem! — Mas você trouxe a sua secretária!— eu argumentei. — Sim e ela está deslumbrada por aí!— Alberto retrucou de súbito. Eu baixei a cabeça e sentei num banco. Alberto sentou ao meu lado. — Eu fico aqui com você então!— ele disse divertido. Eu ri achando graça. — Você é tão diferente do Victor! — Mas é a ele que você a ama! Ficamos em silêncio olhando para frente, balançando os pés. Eu olhei para Alberto e ele parecia tão relaxado naquele traje de gala sentado tranquilamente no banco. — Não queria acreditar que você jogou sujo para me separar do Victor, Alberto! Alberto não se alterou e retrucou: — Você acha que do jeito que o seu marido se porta, precisa da ajuda de alguém para estragar o seu casamento? Aposto que
Dentro do carro, a caminho de casa, o clima era de muita tensão. Victor foi me intimidando durante todo o trajeto. — Não vou admitir que fique de papo com aquele infeliz, nas minhas costas! — Então leve a dona Marlene, recatada, na próxima vez! Victor soltou o meu braço e virou-se de frente, fechando o semblante. — Quer que a demita? Tem ciúmes de toda mulher que está próxima de mim! Eu respirei fundo e segurei o choro. Eu não tinha mais disposição para discutir com o Victor, sempre pelo mesmo motivo. Depois da dona Marlene viriam outras. — Faça como quiser, Victor! Você permitiu a ousadia desta mulher, como fez com a Rafaella! Talvez esse seja o tipo de mulher que lhe atraia. Victor fechou os olhos guardando a sua dor e em seguida já virou-se para mim usando a sua defesa que vinha sempre em forma de intimidação. — Já perdeu seu filho uma vez, se não aprendeu a lição, posso repetir a dose e desta vez não voltará a minha casa, nem mesmo como uma serviçal! Eu sacudi o meu br
Eu acordei e Victor já não estava no quarto. Na verdade, ele estava trancado no escritório com Diana. Victor andava de um lado para o outro, irritado, revoltado e falando sem parar: — Você foi contar para Nora, a respeito da dona Marlene! Agora ela fica me comparando com o Alberto e ele aproveita para se mostrar o homem perfeito! Diana se defendia desesperada: — Eu não contei para ela, Victor! Eu não quero que ela vá embora desta casa! Victor se aproximou falando alterado: — Sabia que se ela se unir àquele infeliz do Alberto, ela pode tirar o Júnior de mim? Ele pode suprir todas as regalias que eu lhe proporciono! Ela pode se sujeitar a casar com ele para ter o filho com ela! Diana deu de ombros e rebateu cruzando os braços nervosa: — Pensasse em tudo isso antes de fraquejar diante de qualquer rabo de saia! — Não se importa comigo, Diana? Sabe o que eu passei longe dela, não sabe? Muitas vezes tive que beber para conseguir dormir! — Sim,
No dia seguinte, eu desci junto com Victor para o café da manhã, Eu sabia que as criadas estavam curiosas para saber das novidades, pois eu não consegui falar com elas desde então. No domingo todo, estava com o Victor do meu lado, e agora estávamos prontos para trabalhar. Claro, eu não iria descansar enquanto não olhasse para a cara daquela dona Marlene. Victor já foi me orientando no caminho. — Por favor, Nora, não crie nenhuma situação escandalosa. Eu vou demitir a dona Marlene, já que ela lhe incomoda e pronto! Eu estava inquieta e me ajeitava no assento, enquanto falava: — Não se trata de demiti-la apenas, Victor! Ela é inconveniente! Já viu as redes sociais dela? — Diana me contou— Victor tinha o semblante fechado. — E isso lhe parece normal?— eu insisti no assunto. — Acredito que ela seja apenas uma deslumbrada, como tantas outras! Eu perdi a paciência e comecei a falar alterada: — Victor, e as roupas que essa mulher usava nas festas? Você preci
Eu não podia acreditar no que ouvia. Quando tudo começou a desmoronar? Quando Alberto apareceu ou quando eu simplesmente descobri que nunca estaria segura do lado do homem que amava, mas que não amava ninguém? — Você, Marcel, todos mentiram para mim! Aquela mulher estava lá, trabalhando tranquilamente, depois de insinuar para todos do seu ciclo de amizade, que eram amantes! Você deixou isso acontecer, você sempre se acomoda às situações onde eu não faça parte! — Eu me importo com você, Nora!— a voz de Victor saiu por um fio. Eu cabisbaixa e ele se retirando da minha frente. Foi uma dor tão grande. Victor se sentou a sua mesa e falou no interfone com o Marcel: — Marcel! Chame Durval aqui, agora! Eu ergui os olhos assustados, sem querer acreditar que ele tivesse coragem, mas ele teve. Quando Durval chegou ele ordenou: — Durval, leve a sua patroa para casa! Eu fiquei indignada. Nem Durval acreditou. Pela sua expressão, dava para ver qu