Dentro do carro, a caminho de casa, o clima era de muita tensão. Victor foi me intimidando durante todo o trajeto. — Não vou admitir que fique de papo com aquele infeliz, nas minhas costas! — Então leve a dona Marlene, recatada, na próxima vez! Victor soltou o meu braço e virou-se de frente, fechando o semblante. — Quer que a demita? Tem ciúmes de toda mulher que está próxima de mim! Eu respirei fundo e segurei o choro. Eu não tinha mais disposição para discutir com o Victor, sempre pelo mesmo motivo. Depois da dona Marlene viriam outras. — Faça como quiser, Victor! Você permitiu a ousadia desta mulher, como fez com a Rafaella! Talvez esse seja o tipo de mulher que lhe atraia. Victor fechou os olhos guardando a sua dor e em seguida já virou-se para mim usando a sua defesa que vinha sempre em forma de intimidação. — Já perdeu seu filho uma vez, se não aprendeu a lição, posso repetir a dose e desta vez não voltará a minha casa, nem mesmo como uma serviçal! Eu sacudi o meu br
Eu acordei e Victor já não estava no quarto. Na verdade, ele estava trancado no escritório com Diana. Victor andava de um lado para o outro, irritado, revoltado e falando sem parar: — Você foi contar para Nora, a respeito da dona Marlene! Agora ela fica me comparando com o Alberto e ele aproveita para se mostrar o homem perfeito! Diana se defendia desesperada: — Eu não contei para ela, Victor! Eu não quero que ela vá embora desta casa! Victor se aproximou falando alterado: — Sabia que se ela se unir àquele infeliz do Alberto, ela pode tirar o Júnior de mim? Ele pode suprir todas as regalias que eu lhe proporciono! Ela pode se sujeitar a casar com ele para ter o filho com ela! Diana deu de ombros e rebateu cruzando os braços nervosa: — Pensasse em tudo isso antes de fraquejar diante de qualquer rabo de saia! — Não se importa comigo, Diana? Sabe o que eu passei longe dela, não sabe? Muitas vezes tive que beber para conseguir dormir! — Sim,
No dia seguinte, eu desci junto com Victor para o café da manhã, Eu sabia que as criadas estavam curiosas para saber das novidades, pois eu não consegui falar com elas desde então. No domingo todo, estava com o Victor do meu lado, e agora estávamos prontos para trabalhar. Claro, eu não iria descansar enquanto não olhasse para a cara daquela dona Marlene. Victor já foi me orientando no caminho. — Por favor, Nora, não crie nenhuma situação escandalosa. Eu vou demitir a dona Marlene, já que ela lhe incomoda e pronto! Eu estava inquieta e me ajeitava no assento, enquanto falava: — Não se trata de demiti-la apenas, Victor! Ela é inconveniente! Já viu as redes sociais dela? — Diana me contou— Victor tinha o semblante fechado. — E isso lhe parece normal?— eu insisti no assunto. — Acredito que ela seja apenas uma deslumbrada, como tantas outras! Eu perdi a paciência e comecei a falar alterada: — Victor, e as roupas que essa mulher usava nas festas? Você preci
Eu não podia acreditar no que ouvia. Quando tudo começou a desmoronar? Quando Alberto apareceu ou quando eu simplesmente descobri que nunca estaria segura do lado do homem que amava, mas que não amava ninguém? — Você, Marcel, todos mentiram para mim! Aquela mulher estava lá, trabalhando tranquilamente, depois de insinuar para todos do seu ciclo de amizade, que eram amantes! Você deixou isso acontecer, você sempre se acomoda às situações onde eu não faça parte! — Eu me importo com você, Nora!— a voz de Victor saiu por um fio. Eu cabisbaixa e ele se retirando da minha frente. Foi uma dor tão grande. Victor se sentou a sua mesa e falou no interfone com o Marcel: — Marcel! Chame Durval aqui, agora! Eu ergui os olhos assustados, sem querer acreditar que ele tivesse coragem, mas ele teve. Quando Durval chegou ele ordenou: — Durval, leve a sua patroa para casa! Eu fiquei indignada. Nem Durval acreditou. Pela sua expressão, dava para ver qu
Marcel saiu com a ordem de procurar emprego para dona Marlene, mais especificamente, na empresa de Alberto. — Olá! No que posso ajudar? Do que o seu patrão precisa, exatamente? Marcel teria ligado para o assessor de Alberto que duvidou que o patrão ficasse interessado, mas se enganou. — Deixe que eu mesmo falo com ele!— foi o que Alberto falou. Marcel estava nervoso, jamais acreditou que pudesse falar direto com um homem tão importante quanto Alberto. — Mas por que Victor a está demitindo?— ele quis saber. Marcel ficou gaguejando, não estava preparado para aquela conversa. — É que ela está num contrato temporário, que está acabando e como é muito competente, estou procurando emprego para ela, mas não gostaria de incomodá-lo. Estou vendo em várias empresas. — Pode mandá-la aqui, então! Terei um prazer imenso em ajudá-la. Victor ficou empolgado e chamou dona Marlene na sua sala. Ela entrou toda sem graça, fazendo-se de vítima. — Eu
Voltamos para a cama depois do jantar e Victor me conduziu gentilmente. — Venha, meu amor! Vou fazê-la dormir! Ele me ajudou a vestir a camisola e deitou-se ao meu lado, fazendo-me carinhos nos cabelos. Eu estava calma. Claro que não confiava mais no Victor como antes. Eu tinha um pé bem atrás com ele. Ele falava calmo e terno, mas expunha os seus sentimentos: — Você queria que eu fosse diferente, não é? Queria que eu fosse gentil e cavalheiro como o Alberto, mas eu nunca me aproveitaria de uma mulher embriagada e vulnerável! Eu fiquei calada porque, para falar a verdade, eu não queria alimentar um sentimento de ódio pelo Alberto. Eu sabia que se Victor me colocasse novamente para fora da sua vida, eu tinha uma saída para brigar pela guarda do meu filho. Eu tinha que guardar as armas para uma possível batalha judicial. Ao lado de Alberto eu não seria mais uma qualquer, eu poderia oferecer para o Júnior as mesmas condições financeiras. Eu acho que Victor já pensava nisso. Eu já
No dia do tal casamento, eu percebi que Diana estava inquieta. Ela evitava me olhar nos olhos e não parava de andar pela casa. De vez em quando ia ao jardim conversar com o Clóvis e voltava mais agitada. Eu percebi que passava da hora de Victor chegar e estranhei. — Diana, Victor tem algum compromisso hoje? Diana ficou me olhando assustada como se tivesse sido pega em flagrante. — Não sei!— ela disse segurando a parede atrás de si. — O que houve, Diana? Está me olhando esquisito o dia todo! Eu fui para a frente do monitor no escritório e lá fiquei resmungando: — Não sei para quê Victor mudou essa senha! Como você se esqueceu de perguntar, Diana! Eu ergui os olhos e Diana estava pressionando as mãos uma contra a outra, me olhando impaciente, querendo dizer desesperadamente alguma coisa. — Fala Diana! Fala de uma vez! O que o seu filho aprontou dessa vez? Está o dia inteiro querendo me contar! Fale, vai se sentir melhor! Diana deu um
Eu aceitei a mão estendida e segui por entre as árvores. Passamos pelo estacionamento e eu pensei que Alberto fosse querer me levar para o seu carro. Já estava pronta para recusar, mas ele passou direto, e como se estivesse no jardim da sua própria casa, ele me conduziu para um lugar silencioso, onde não podia-se ouvir mais o som da música que animava a festa. Paramos numa mureta que dava vista para a rua deserta, e que rodeava o espaço gigantesco, escolhido para a festa. Alberto soltou a minha mão e ficou de frente para mim. Eu encostada na mureta, olhando os olhos tranquilos dele. — Está melhor agora?— ele quis saber. Eu suspirei aliviada e um sorriso saiu dos meus lábios. — Você sempre me socorre. Está sempre num lugar estratégico quando eu preciso. Parece me conhecer muito bem! Alberto sorriu com ternura e afastou os fios finos de cabelos que voavam sobre o meu rosto. Ele suspirou calmamente e falou carinhoso: — Eu amo você. Sou capaz de