Entramos no quarto sorrindo, parecendo um casalzinho de adolescentes que acabara de descobrir o amor. Essa história poderia acabar aqui, mas ainda havia dor, mágoa e insegurança entre nós. Mas eu fiquei feliz por ele ter vindo dormir em casa. Eu me despi da armadura que criei antes do meu retorno àquela casa e me joguei de corpo e alma. Victor não tinha mais poder de me chantagear. Eu já havia recuperado os meus bens e aceitei ser sua criada para estar perto do meu filho e ele não parecia ter coragem de me mandar embora, porque era nítido que sentia minha falta. — Deixa eu tirar esse casaco!— ele disse carinhoso. Esse era o Victor que eu sempre quis pra mim. Tão atencioso e até onde eu pude perceber, apaixonado. Ele correu para preparar a hidro, enquanto eu suspirava. Eu achava que estava sonhando. — Vem meu amor!— ele disse se despindo tranquilamente. Eu fui rindo e me livrando das minhas roupas. A camisola e a calcinha, praticamente se
No dia seguinte, eu desci, como sempre, uniformizada, mas estava sisuda. Passei por Diana, que logo me repreendeu: — Desmanche essa tromba, menina! Victor se levantou rapidamente ao me ver e deixou sua cadeira arrastar para trás. — Bom dia, Nora!— ele estava nervoso e um tanto ansioso. Eu não lhe dei bola, nem respondi e me aproximei para servi-lo. Ele me surpreendeu, puxando uma cadeira, enquanto disse: — Sente-se, meu amor! Não preciso que me sirva mais! Eu fiquei incrédula e fui me sentando assustada, bem devagar. Victor se ajeitou, agoniado, olhou para Diana e ordenou: — Diana, traga todos os funcionários até aqui, sem exceção. Diana franziu a testa, desconfiada e saiu. Logo depois, estavam todos presentes na sala de jantar. Victor começou o seu discurso: — Pessoal, chamei todos aqui para comunicar a minha decisão e espero que não haja qualquer dúvida posterior. Os olhares curiosos estavam sobre Victor, até
Diana ficou atrapalhada e saiu resmungando: — Só acho que você é jovem para ficar tanto tempo dentro de casa! Eu ri achando graça. Às vezes achava a Diana estranha. — Vou dar um beijo de boa noite no Júnior!— Victor disse inquieto. No quarto do menino a discussão continuou porque Diana estava lá. — O que você quer? Acabar com o meu casamento? Logo agora que eu e Nora estamos nos entendendo? — Victor, se livre dessa dona Marlene enquanto pode! Estou te avisando, Nora não é tão inocente quanto pensa! Victor ficou entristecido. — Queria que ela confiasse em mim! Eu não tive outra mulher desde que a conheci, eu juro! — Mas a sua fama não é das melhores! E outra coisa, você pressiona a menina com essa história do senhor Alberto, como se você fosse um santo! — Diana! Está contra mim! Tem que ficar do meu lado! Você acredita que estou traindo a Nora e tudo o que sinto por ela? — Então porque não se declarar de uma vez? Por que tortura a menina co
Na festa tinha muita gente bonita. Todos pareciam conhecer o Victor. Eu sentia que, de alguma forma, encontraria Alberto e Angeline. Ele parecia estar às espreitas, só esperando Victor se afastar para se aproximar. — Nora! Achei que não fosse mais vê-la!— ele disse se curvando para me cumprimentar. Ele olhou em volta, como se procurasse por Victor e só então tomou a minha mão para beijar. — Por que você sumiu, Nora?— ele quis saber. Eu respondi um tanto áspera: — Você sabe o porquê, Alberto! Nessa sociedade hipócrita em que vocês vivem, se sabe tudo a respeito da vida do outro! Alberto sorriu irônico. — Posso te garantir que eu sei mesmo, e se você também soubesse, nunca teria retomado o seu casamento de fachada! Eu fiquei curiosa, mas a princípio achei que Alberto só estivesse com ciúmes. — Você sabia que eu e Angeline estamos divorciados? — Sério!— exclamei, naturalmente. Alberto continuou. — Pois é, estou fazendo o mes
Fiquei boquiaberta. — Não se importa em deixar a festa? Não se importa com o que vão falar?— eu quis saber. Alberto fez um gesto vago com as mão e sacudiu os ombros. — Se você for embora daqui, para mim, não tem graça nenhuma! Se quiserem falar, que falem! — Mas você trouxe a sua secretária!— eu argumentei. — Sim e ela está deslumbrada por aí!— Alberto retrucou de súbito. Eu baixei a cabeça e sentei num banco. Alberto sentou ao meu lado. — Eu fico aqui com você então!— ele disse divertido. Eu ri achando graça. — Você é tão diferente do Victor! — Mas é a ele que você a ama! Ficamos em silêncio olhando para frente, balançando os pés. Eu olhei para Alberto e ele parecia tão relaxado naquele traje de gala sentado tranquilamente no banco. — Não queria acreditar que você jogou sujo para me separar do Victor, Alberto! Alberto não se alterou e retrucou: — Você acha que do jeito que o seu marido se porta, precisa da ajuda de alguém para estragar o seu casamento? Aposto que
Dentro do carro, a caminho de casa, o clima era de muita tensão. Victor foi me intimidando durante todo o trajeto. — Não vou admitir que fique de papo com aquele infeliz, nas minhas costas! — Então leve a dona Marlene, recatada, na próxima vez! Victor soltou o meu braço e virou-se de frente, fechando o semblante. — Quer que a demita? Tem ciúmes de toda mulher que está próxima de mim! Eu respirei fundo e segurei o choro. Eu não tinha mais disposição para discutir com o Victor, sempre pelo mesmo motivo. Depois da dona Marlene viriam outras. — Faça como quiser, Victor! Você permitiu a ousadia desta mulher, como fez com a Rafaella! Talvez esse seja o tipo de mulher que lhe atraia. Victor fechou os olhos guardando a sua dor e em seguida já virou-se para mim usando a sua defesa que vinha sempre em forma de intimidação. — Já perdeu seu filho uma vez, se não aprendeu a lição, posso repetir a dose e desta vez não voltará a minha casa, nem mesmo como uma serviçal! Eu sacudi o meu br
Eu acordei e Victor já não estava no quarto. Na verdade, ele estava trancado no escritório com Diana. Victor andava de um lado para o outro, irritado, revoltado e falando sem parar: — Você foi contar para Nora, a respeito da dona Marlene! Agora ela fica me comparando com o Alberto e ele aproveita para se mostrar o homem perfeito! Diana se defendia desesperada: — Eu não contei para ela, Victor! Eu não quero que ela vá embora desta casa! Victor se aproximou falando alterado: — Sabia que se ela se unir àquele infeliz do Alberto, ela pode tirar o Júnior de mim? Ele pode suprir todas as regalias que eu lhe proporciono! Ela pode se sujeitar a casar com ele para ter o filho com ela! Diana deu de ombros e rebateu cruzando os braços nervosa: — Pensasse em tudo isso antes de fraquejar diante de qualquer rabo de saia! — Não se importa comigo, Diana? Sabe o que eu passei longe dela, não sabe? Muitas vezes tive que beber para conseguir dormir! — Sim,
No dia seguinte, eu desci junto com Victor para o café da manhã, Eu sabia que as criadas estavam curiosas para saber das novidades, pois eu não consegui falar com elas desde então. No domingo todo, estava com o Victor do meu lado, e agora estávamos prontos para trabalhar. Claro, eu não iria descansar enquanto não olhasse para a cara daquela dona Marlene. Victor já foi me orientando no caminho. — Por favor, Nora, não crie nenhuma situação escandalosa. Eu vou demitir a dona Marlene, já que ela lhe incomoda e pronto! Eu estava inquieta e me ajeitava no assento, enquanto falava: — Não se trata de demiti-la apenas, Victor! Ela é inconveniente! Já viu as redes sociais dela? — Diana me contou— Victor tinha o semblante fechado. — E isso lhe parece normal?— eu insisti no assunto. — Acredito que ela seja apenas uma deslumbrada, como tantas outras! Eu perdi a paciência e comecei a falar alterada: — Victor, e as roupas que essa mulher usava nas festas? Você preci