Eu desci para servir o meu patrão com um sorriso no rosto. Victor reparou e enquanto ele segurava a sua xícara, me olhava curioso. — Está tão contente, pelo jeito se aliviou. Pensando em mim, aposto! Eu continuei sorrindo e lhe servindo. Eu cheirava a banho e com certeza Victor podia perceber, mas o cheiro dele exalava pelo ambiente. — Está tão cheirosa!— ele disse inclinando-se na direção do meu pescoço. Eu saí rebolando, faceira. Ele nem imaginava o que lhe esperava. Eu terminei de servi-lo e voltei para a cozinha, onde eu me sentia à vontade. Eu, Zilma e Mary tínhamos quase a mesma idade, elas eram um pouco mais velha, mas nós nos entendíamos muito bem. — Cuidado, menina! Não vá pela cabeça dessas duas aí não! Elas não tem muito juízo! — Norma, não fala isso delas, coitadas, até estão namorando sério!— eu disse brincalhona. Norma deu de ombros e resmungou: — Esses dois aí, tem é muita paciência! Não deve ser fácil segurar essas
Eu ergui o queixo e ajeitei a blusa vermelha de seda por dentro do cinto de couro e me sustentei nos saltos, tudo emprestado. — Vou sair, é minha folga!— eu disse fechando o semblante. Victor engoliu em seco, provavelmente pensando nos conselhos de Diana. — Eu sou um idiota mesmo!— ele disse entre os dentes. — O quê?— Me fiz de boba. Victor se irritou e gesticulou impaciente. — Vá, vá logo! Mas vou mandar uns seguranças por precaução! — Não sou mais sua esposa!— eu, debochada, ainda saí com essa. Victor rebateu sem piscar: — Eu sei disso! Se fosse minha esposa não andaria vestida desse jeito! Eu coloquei a mão na cintura e o desafiei, poderosa: — O que tem a minha roupa? Victor começou a gaguejar: — Parece, sei lá o quê, uma… Eu o interrompi: — Uma vadia? Dessas que você pega por aí? Os olhos de Victor brilharam de ódio e Diana ficou tentando lhe acalmar, enquanto eu saí correndo, quase caindo com aqueles salt
Eu fiquei boquiaberta. Ele continuou e quase rasgou a minha saia. A calcinha delicada não resistiu aos puxões que vinha, um após o outro, e ele só parou quando me despiu inteira. Eu vi ele se despindo, me olhando com ódio e pensei que fosse me machucar. — Não quero!— eu disse quase sem voz. — Você quer!— ele retrucou segurando minha nuca e me trazendo para um beijo ardente. Meu corpo se inclinou e eu não tive forças para resistir. Eu desejei ter tomado muito vinho branco para ter uma defesa. Naquele momento, só me restou fingir que estava bêbada. Eu sabia que Victor não ia parar, mas eu diria no dia seguinte que fui abusada. Que droga! Eu só queria aquele homem dentro de mim! Ele não tirava os olhos de mim, acreditava me intimidar, mas na verdade me seduzia mais ainda, porque eu fingia que estava sendo forçada e me desculpava por estar fazendo o que jurei nunca mais fazer, quando fui expulsa daquela casa. Eu abri as pernas e esperei que ele acreditasse que estava mesmo me forçan
Entramos no quarto sorrindo, parecendo um casalzinho de adolescentes que acabara de descobrir o amor. Essa história poderia acabar aqui, mas ainda havia dor, mágoa e insegurança entre nós. Mas eu fiquei feliz por ele ter vindo dormir em casa. Eu me despi da armadura que criei antes do meu retorno àquela casa e me joguei de corpo e alma. Victor não tinha mais poder de me chantagear. Eu já havia recuperado os meus bens e aceitei ser sua criada para estar perto do meu filho e ele não parecia ter coragem de me mandar embora, porque era nítido que sentia minha falta. — Deixa eu tirar esse casaco!— ele disse carinhoso. Esse era o Victor que eu sempre quis pra mim. Tão atencioso e até onde eu pude perceber, apaixonado. Ele correu para preparar a hidro, enquanto eu suspirava. Eu achava que estava sonhando. — Vem meu amor!— ele disse se despindo tranquilamente. Eu fui rindo e me livrando das minhas roupas. A camisola e a calcinha, praticamente se
No dia seguinte, eu desci, como sempre, uniformizada, mas estava sisuda. Passei por Diana, que logo me repreendeu: — Desmanche essa tromba, menina! Victor se levantou rapidamente ao me ver e deixou sua cadeira arrastar para trás. — Bom dia, Nora!— ele estava nervoso e um tanto ansioso. Eu não lhe dei bola, nem respondi e me aproximei para servi-lo. Ele me surpreendeu, puxando uma cadeira, enquanto disse: — Sente-se, meu amor! Não preciso que me sirva mais! Eu fiquei incrédula e fui me sentando assustada, bem devagar. Victor se ajeitou, agoniado, olhou para Diana e ordenou: — Diana, traga todos os funcionários até aqui, sem exceção. Diana franziu a testa, desconfiada e saiu. Logo depois, estavam todos presentes na sala de jantar. Victor começou o seu discurso: — Pessoal, chamei todos aqui para comunicar a minha decisão e espero que não haja qualquer dúvida posterior. Os olhares curiosos estavam sobre Victor, até
Diana ficou atrapalhada e saiu resmungando: — Só acho que você é jovem para ficar tanto tempo dentro de casa! Eu ri achando graça. Às vezes achava a Diana estranha. — Vou dar um beijo de boa noite no Júnior!— Victor disse inquieto. No quarto do menino a discussão continuou porque Diana estava lá. — O que você quer? Acabar com o meu casamento? Logo agora que eu e Nora estamos nos entendendo? — Victor, se livre dessa dona Marlene enquanto pode! Estou te avisando, Nora não é tão inocente quanto pensa! Victor ficou entristecido. — Queria que ela confiasse em mim! Eu não tive outra mulher desde que a conheci, eu juro! — Mas a sua fama não é das melhores! E outra coisa, você pressiona a menina com essa história do senhor Alberto, como se você fosse um santo! — Diana! Está contra mim! Tem que ficar do meu lado! Você acredita que estou traindo a Nora e tudo o que sinto por ela? — Então porque não se declarar de uma vez? Por que tortura a menina co
Na festa tinha muita gente bonita. Todos pareciam conhecer o Victor. Eu sentia que, de alguma forma, encontraria Alberto e Angeline. Ele parecia estar às espreitas, só esperando Victor se afastar para se aproximar. — Nora! Achei que não fosse mais vê-la!— ele disse se curvando para me cumprimentar. Ele olhou em volta, como se procurasse por Victor e só então tomou a minha mão para beijar. — Por que você sumiu, Nora?— ele quis saber. Eu respondi um tanto áspera: — Você sabe o porquê, Alberto! Nessa sociedade hipócrita em que vocês vivem, se sabe tudo a respeito da vida do outro! Alberto sorriu irônico. — Posso te garantir que eu sei mesmo, e se você também soubesse, nunca teria retomado o seu casamento de fachada! Eu fiquei curiosa, mas a princípio achei que Alberto só estivesse com ciúmes. — Você sabia que eu e Angeline estamos divorciados? — Sério!— exclamei, naturalmente. Alberto continuou. — Pois é, estou fazendo o mes
Fiquei boquiaberta. — Não se importa em deixar a festa? Não se importa com o que vão falar?— eu quis saber. Alberto fez um gesto vago com as mão e sacudiu os ombros. — Se você for embora daqui, para mim, não tem graça nenhuma! Se quiserem falar, que falem! — Mas você trouxe a sua secretária!— eu argumentei. — Sim e ela está deslumbrada por aí!— Alberto retrucou de súbito. Eu baixei a cabeça e sentei num banco. Alberto sentou ao meu lado. — Eu fico aqui com você então!— ele disse divertido. Eu ri achando graça. — Você é tão diferente do Victor! — Mas é a ele que você a ama! Ficamos em silêncio olhando para frente, balançando os pés. Eu olhei para Alberto e ele parecia tão relaxado naquele traje de gala sentado tranquilamente no banco. — Não queria acreditar que você jogou sujo para me separar do Victor, Alberto! Alberto não se alterou e retrucou: — Você acha que do jeito que o seu marido se porta, precisa da ajuda de alguém para estragar o seu casamento? Aposto que