Nesse dia, quando cheguei em casa, Victor subiu para o quarto e eu fui para a cozinha conversar com as minhas cúmplices. Diana não estava e aproveitei para desabafar. — Amanhã tem outra festa e o Alberto vai estar lá! — Mas o que isso importa, menina?— Norma quis saber. — É, tome cuidado com isso! Você conhece o patrão!— aconselhou Amélia. — E roupa, Nora? Você tem roupa para essa festa?— Zilma quis saber. — Comprei um vestido horrível!— eu respondi desanimada. — Outro vestido horrendo! Meu Deus!— Mary falou indignada. — Victor cismou que eu tenho que parecer indesejável nas festas! Ele sabe quando o Alberto vai estar presente. Eu saí dali mais leve, depois de conversar com as criadas. Eu subi para tomar o meu banho e quando me aproximava do quarto ouvi a voz de Diana. — Precisa impedir que ela fique adiando essa ida ao médico! Pode ser algo grave! Victor concordava preocupado: — Ela passou mal na reunião, Diana! Isso está ficando sério!
Quando eu voltei do salão, Victor já estava me esperando para irmos embora. — Demorei muito?— eu quis saber olhando nos olhos impacientes do meu marido. — Sim, mas valeu a pena! Você está linda!— ele disse me olhando admirado. — Pena que aquele vestido não ajuda!— eu disse desanimada. — Venha! Você fica sempre linda de qualquer jeito!— ele disse me puxando pela mão. Chegamos em casa e eu fui me trocar no meu antigo quarto. Zilma veio me ajudar. — Sinto-me horrível!— eu disse diante do espelho de parede, enquanto Zilma arrumava o meu cabelo. — Você é linda, Nora e fica elegante de qualquer jeito!— ela disse sem tirar a atenção do meu penteado. Fiquei pronta, enfim. Saí do quarto um pouco animada. Victor estava na porta, lindo no seu traje de gala. Ele me ofereceu o braço, mas não fez qualquer elogio. Eu devia estar bem sem graça! Fechei logo o semblante. Chegamos no carro e ele comentou: — Eu sei que deve estar se sentindo mal com
Eu suspirei aliviada. Eu confiei em Alberto. Ele me abraçou feliz por me ver tranquila. — Obrigada, Alberto!— eu disse saindo. — Espere!— ele puxou a minha mão. Eu voltei inocente. Alberto suplicou: — Me dê uma chance, Nora! Não consigo te esquecer. Eu vou te fazer feliz! Eu sou diferente dele! — Não posso! Eu amo o Victor! Vamos ter outro filho!— eu disse sorrindo e chorando emocionada. Alberto me soltou e ficou olhando a minha mão correr livre. — Não vá, Nora!— ele suplicou emocionado. — Eu vou contar para o meu marido a novidade, Alberto!— eu disse inocente. Alberto ficou surpreso e eu saí correndo. Ele saiu procurando o Victor, assim como eu, só que fomos por lados opostos. Para minha infelicidade, Angeline chegou primeiro e soltou o seu veneno. Victor lhe recusava o convite de ir se dar ao desfrute no estacionamento. — Me deixe, Angeline! Eu quero estar bem com a minha esposa! Nosso tempo já passou! Fique bem com o seu m
Diana chorava muito inconformada. — O que está acontecendo aqui? — indaguei descendo apressada. As criadas voltaram para a cozinha chorando. — Onde está o Victor?— eu quis saber. — Ele está lhe esperando no escritório, senhora!— um dos seguranças, Tony, namorado de Zilma, falou desolado. Eu corri e empurrei a porta do escritório. Victor estava lá de costas e girou sua cadeira, ficando de frente para mim. — Victor, o que está acontecendo? Por que mandou fazer as minhas malas? Victor me olhou frio e respondeu: — Você vai embora desta casa, simples assim! Eu protestei — O quê! Nós temos um acordo! Victor gesticulava casualmente, como se estivesse resolvendo um negócio. Não parecia que estava terminando um casamento desastroso. — Isso mesmo, seus bens já foram devolvidos, não me deve mais nada! Os meus seguranças vão lhe colocar num avião particular e vão lhe acompanhar até a sua casa! Tudo o que é seu já foi colocado nas malas. Ro
Eu acordei no dia seguinte e veio tudo na minha mente. Eu estava perdida. Eu pensei em gritar até me cansar, mas isso eu já tinha feito. Ana, chegou com o seu jeito carinhoso falando comigo como se fosse a minha mãe: — Bom dia, Nora! Eu queria arrancar essa dor de você menina e colocar aqui, bem dentro do meu peito, só para não vê-la sofrendo! Eu abri os braços e ela veio me abraçar quase chorando. — Levanta dessa cama e acorda pra vida!— ela disse ao se afastar. Eu suspirei desanimada e retruquei: — Eu não sei por onde começar, Ana! Estou em frangalhos! Ana, muito sábia, cruzou os braços e disse: — Comece lutando para ter o seu filho de volta! Se possível, entregue tudo o que tem para isso! Mãe de verdade, não abre mão da sua cria por nada desse mundo! — Foi como uma luz, aquelas palavras da Ana. Era isso mesmo, só me restava lutar e não baixar a cabeça. Levantei da cama e decidi: — Vamos Ana! Vamos procurar um bom advogado! Você vai comigo! Ana concordou e saiu resmunga
Victor ficou no quarto com o filho e passou a brigar com as lágrimas teimosas que insistiam em cair toda vez em que o filho chamava pela mãe. Muitos dias de angústia ainda estavam por vir. — Você não pode estar falando sério, mãe!— eu dizia agitada. A dona Armênia insistia: — É simples Nora, você dá a guarda para o Victor Sorano, você não vai ganhar essa causa! — Eu nunca vou abrir mão do meu filho!— eu gritei. — Aqueles advogados se venderam fácil, filha! Eu sai totalmente do sério. Levantei da cama descompensada falando sem parar: — O quê? Está querendo dizer que está assistindo a minha queda sem fazer nada para me ajudar? Me entregou para o Victor? É isso? A minha mãe baixou ao máximo o tom de voz, para soltar uma bomba em cima de mim: — Ele comprou todos os advogados dessa cidade, antes mesmo de você procurar um. Eu engoli em seco e senti um ódio tão grande que comecei a quebrar tudo o que podia, tudo o que via na minha fren
Chegamos em casa e eu estava mais calma, serena. Dona Armênia veio curiosa para saber das novidades. — Saiu logo cedo! Está tudo bem? Maria falou que você foi às compras! Eu olhei em volta. Nossa, esqueci desse detalhe! Tudo bem, eu sacudi a cabeça e subi as escadas falando: — Não estava inspirada hoje! Preciso de um banho, preciso me alimentar bem, cuidar de mim! Minha mãe olhou desconfiada e saiu para se trancar na nossa biblioteca. Era de lá que ela fazia as suas ligações secretas. — Victor, desculpe lhe incomodar, mas é que a Nora saiu cedo e voltou muito estranha. Ela disse que ia às compras, mas voltou sem sacolas! — Ela está melhor? Ela já conseguiu sair?— ele quis saber. — Pois é, estranho que melhorou da água para o vinho! Victor ficou intrigado. — A senhora tem certeza de que ela não foi se encontrar com aquele ex dela? — Não, claro que não! Eu estou de olho, pode deixar!— minha mãe puxa-saco! Victor suspirou impaciente e disse
Um dos seguranças, mais especificamente o namorado de Zilma, Tony, trouxe o meu filho nos braços. — Obrigada, Tony!— eu disse pegando o meu filho. Júnior me olhou curioso, depois sorriu. — Ma… mamá…mamãe! Eu desmanchei no choro. Meu Deus! O meu amor ali na minha frente. Eu saí levando ele para dentro. Ana convidou os rapazes para entrar, mas eles disseram que ficariam num hotel, onde já havia reserva para eles. — Senhora, diga a Nora que nos perdoe, mas por ordem do patrão, iremos revezar entre o hotel e a casa, a cada duas horas! Nós somos oito. Estamos em dois carros. Ana ficou boquiaberta, assentiu com a cabeça e entrou na casa. Júnior fazia a festa. Todos queriam vê-lo me chamar de mãe. Durval e Maria brincavam com ele fazendo-o sorrir. Minha mãe desceu as escadas e abriu um sorriso ao ver o neto. — Ao que devo a honra de receber o filho de Victor Sorano em minha casa? — Mãe! Ele é meu filho também e é seu neto, sabia?— eu