Fiquei ali no banheiro até me sentir melhor. Precisava criar coragem para encarar o Victor. Eu sabia que ele devia estar preocupado com a minha saúde e estava se aproximando o momento de ser descoberto a minha real situação. Eu respirei fundo e voltei para a mesa. Victor se levantou para puxar a minha cadeira. Evitei o seu olhar e sentei. O jantar prosseguiu normalmente e conseguimos o nosso objetivo, fechamos um bom negócio. Voltamos para casa em silêncio. Victor parecia intrigado, mas esperou chegarmos para falar do assunto. Entramos no quarto e ele já começou: — Nora, eu já falei e espero que me ouça. Você precisa ir ao médico. Eu sei que você não escuta ninguém! Diana tem estado preocupada com você, com a sua teimosia! Eu concordei com a cabeça e passei direto para me trocar no closet. Voltei de camisola e Victor me olhou sério, depois foi se trocar também. Eu me fechei. Definitivamente não estava preparada para falar sobre aquel
Nesse dia, quando cheguei em casa, Victor subiu para o quarto e eu fui para a cozinha conversar com as minhas cúmplices. Diana não estava e aproveitei para desabafar. — Amanhã tem outra festa e o Alberto vai estar lá! — Mas o que isso importa, menina?— Norma quis saber. — É, tome cuidado com isso! Você conhece o patrão!— aconselhou Amélia. — E roupa, Nora? Você tem roupa para essa festa?— Zilma quis saber. — Comprei um vestido horrível!— eu respondi desanimada. — Outro vestido horrendo! Meu Deus!— Mary falou indignada. — Victor cismou que eu tenho que parecer indesejável nas festas! Ele sabe quando o Alberto vai estar presente. Eu saí dali mais leve, depois de conversar com as criadas. Eu subi para tomar o meu banho e quando me aproximava do quarto ouvi a voz de Diana. — Precisa impedir que ela fique adiando essa ida ao médico! Pode ser algo grave! Victor concordava preocupado: — Ela passou mal na reunião, Diana! Isso está ficando sério!
Quando eu voltei do salão, Victor já estava me esperando para irmos embora. — Demorei muito?— eu quis saber olhando nos olhos impacientes do meu marido. — Sim, mas valeu a pena! Você está linda!— ele disse me olhando admirado. — Pena que aquele vestido não ajuda!— eu disse desanimada. — Venha! Você fica sempre linda de qualquer jeito!— ele disse me puxando pela mão. Chegamos em casa e eu fui me trocar no meu antigo quarto. Zilma veio me ajudar. — Sinto-me horrível!— eu disse diante do espelho de parede, enquanto Zilma arrumava o meu cabelo. — Você é linda, Nora e fica elegante de qualquer jeito!— ela disse sem tirar a atenção do meu penteado. Fiquei pronta, enfim. Saí do quarto um pouco animada. Victor estava na porta, lindo no seu traje de gala. Ele me ofereceu o braço, mas não fez qualquer elogio. Eu devia estar bem sem graça! Fechei logo o semblante. Chegamos no carro e ele comentou: — Eu sei que deve estar se sentindo mal com
Eu suspirei aliviada. Eu confiei em Alberto. Ele me abraçou feliz por me ver tranquila. — Obrigada, Alberto!— eu disse saindo. — Espere!— ele puxou a minha mão. Eu voltei inocente. Alberto suplicou: — Me dê uma chance, Nora! Não consigo te esquecer. Eu vou te fazer feliz! Eu sou diferente dele! — Não posso! Eu amo o Victor! Vamos ter outro filho!— eu disse sorrindo e chorando emocionada. Alberto me soltou e ficou olhando a minha mão correr livre. — Não vá, Nora!— ele suplicou emocionado. — Eu vou contar para o meu marido a novidade, Alberto!— eu disse inocente. Alberto ficou surpreso e eu saí correndo. Ele saiu procurando o Victor, assim como eu, só que fomos por lados opostos. Para minha infelicidade, Angeline chegou primeiro e soltou o seu veneno. Victor lhe recusava o convite de ir se dar ao desfrute no estacionamento. — Me deixe, Angeline! Eu quero estar bem com a minha esposa! Nosso tempo já passou! Fique bem com o seu m
Diana chorava muito inconformada. — O que está acontecendo aqui? — indaguei descendo apressada. As criadas voltaram para a cozinha chorando. — Onde está o Victor?— eu quis saber. — Ele está lhe esperando no escritório, senhora!— um dos seguranças, Tony, namorado de Zilma, falou desolado. Eu corri e empurrei a porta do escritório. Victor estava lá de costas e girou sua cadeira, ficando de frente para mim. — Victor, o que está acontecendo? Por que mandou fazer as minhas malas? Victor me olhou frio e respondeu: — Você vai embora desta casa, simples assim! Eu protestei — O quê! Nós temos um acordo! Victor gesticulava casualmente, como se estivesse resolvendo um negócio. Não parecia que estava terminando um casamento desastroso. — Isso mesmo, seus bens já foram devolvidos, não me deve mais nada! Os meus seguranças vão lhe colocar num avião particular e vão lhe acompanhar até a sua casa! Tudo o que é seu já foi colocado nas malas. Ro
Eu acordei no dia seguinte e veio tudo na minha mente. Eu estava perdida. Eu pensei em gritar até me cansar, mas isso eu já tinha feito. Ana, chegou com o seu jeito carinhoso falando comigo como se fosse a minha mãe: — Bom dia, Nora! Eu queria arrancar essa dor de você menina e colocar aqui, bem dentro do meu peito, só para não vê-la sofrendo! Eu abri os braços e ela veio me abraçar quase chorando. — Levanta dessa cama e acorda pra vida!— ela disse ao se afastar. Eu suspirei desanimada e retruquei: — Eu não sei por onde começar, Ana! Estou em frangalhos! Ana, muito sábia, cruzou os braços e disse: — Comece lutando para ter o seu filho de volta! Se possível, entregue tudo o que tem para isso! Mãe de verdade, não abre mão da sua cria por nada desse mundo! — Foi como uma luz, aquelas palavras da Ana. Era isso mesmo, só me restava lutar e não baixar a cabeça. Levantei da cama e decidi: — Vamos Ana! Vamos procurar um bom advogado! Você vai comigo! Ana concordou e saiu resmunga
Victor ficou no quarto com o filho e passou a brigar com as lágrimas teimosas que insistiam em cair toda vez em que o filho chamava pela mãe. Muitos dias de angústia ainda estavam por vir. — Você não pode estar falando sério, mãe!— eu dizia agitada. A dona Armênia insistia: — É simples Nora, você dá a guarda para o Victor Sorano, você não vai ganhar essa causa! — Eu nunca vou abrir mão do meu filho!— eu gritei. — Aqueles advogados se venderam fácil, filha! Eu sai totalmente do sério. Levantei da cama descompensada falando sem parar: — O quê? Está querendo dizer que está assistindo a minha queda sem fazer nada para me ajudar? Me entregou para o Victor? É isso? A minha mãe baixou ao máximo o tom de voz, para soltar uma bomba em cima de mim: — Ele comprou todos os advogados dessa cidade, antes mesmo de você procurar um. Eu engoli em seco e senti um ódio tão grande que comecei a quebrar tudo o que podia, tudo o que via na minha fren
Chegamos em casa e eu estava mais calma, serena. Dona Armênia veio curiosa para saber das novidades. — Saiu logo cedo! Está tudo bem? Maria falou que você foi às compras! Eu olhei em volta. Nossa, esqueci desse detalhe! Tudo bem, eu sacudi a cabeça e subi as escadas falando: — Não estava inspirada hoje! Preciso de um banho, preciso me alimentar bem, cuidar de mim! Minha mãe olhou desconfiada e saiu para se trancar na nossa biblioteca. Era de lá que ela fazia as suas ligações secretas. — Victor, desculpe lhe incomodar, mas é que a Nora saiu cedo e voltou muito estranha. Ela disse que ia às compras, mas voltou sem sacolas! — Ela está melhor? Ela já conseguiu sair?— ele quis saber. — Pois é, estranho que melhorou da água para o vinho! Victor ficou intrigado. — A senhora tem certeza de que ela não foi se encontrar com aquele ex dela? — Não, claro que não! Eu estou de olho, pode deixar!— minha mãe puxa-saco! Victor suspirou impaciente e disse