Diana chorava muito inconformada. — O que está acontecendo aqui? — indaguei descendo apressada. As criadas voltaram para a cozinha chorando. — Onde está o Victor?— eu quis saber. — Ele está lhe esperando no escritório, senhora!— um dos seguranças, Tony, namorado de Zilma, falou desolado. Eu corri e empurrei a porta do escritório. Victor estava lá de costas e girou sua cadeira, ficando de frente para mim. — Victor, o que está acontecendo? Por que mandou fazer as minhas malas? Victor me olhou frio e respondeu: — Você vai embora desta casa, simples assim! Eu protestei — O quê! Nós temos um acordo! Victor gesticulava casualmente, como se estivesse resolvendo um negócio. Não parecia que estava terminando um casamento desastroso. — Isso mesmo, seus bens já foram devolvidos, não me deve mais nada! Os meus seguranças vão lhe colocar num avião particular e vão lhe acompanhar até a sua casa! Tudo o que é seu já foi colocado nas malas. Ro
Eu acordei no dia seguinte e veio tudo na minha mente. Eu estava perdida. Eu pensei em gritar até me cansar, mas isso eu já tinha feito. Ana, chegou com o seu jeito carinhoso falando comigo como se fosse a minha mãe: — Bom dia, Nora! Eu queria arrancar essa dor de você menina e colocar aqui, bem dentro do meu peito, só para não vê-la sofrendo! Eu abri os braços e ela veio me abraçar quase chorando. — Levanta dessa cama e acorda pra vida!— ela disse ao se afastar. Eu suspirei desanimada e retruquei: — Eu não sei por onde começar, Ana! Estou em frangalhos! Ana, muito sábia, cruzou os braços e disse: — Comece lutando para ter o seu filho de volta! Se possível, entregue tudo o que tem para isso! Mãe de verdade, não abre mão da sua cria por nada desse mundo! — Foi como uma luz, aquelas palavras da Ana. Era isso mesmo, só me restava lutar e não baixar a cabeça. Levantei da cama e decidi: — Vamos Ana! Vamos procurar um bom advogado! Você vai comigo! Ana concordou e saiu resmunga
Victor ficou no quarto com o filho e passou a brigar com as lágrimas teimosas que insistiam em cair toda vez em que o filho chamava pela mãe. Muitos dias de angústia ainda estavam por vir. — Você não pode estar falando sério, mãe!— eu dizia agitada. A dona Armênia insistia: — É simples Nora, você dá a guarda para o Victor Sorano, você não vai ganhar essa causa! — Eu nunca vou abrir mão do meu filho!— eu gritei. — Aqueles advogados se venderam fácil, filha! Eu sai totalmente do sério. Levantei da cama descompensada falando sem parar: — O quê? Está querendo dizer que está assistindo a minha queda sem fazer nada para me ajudar? Me entregou para o Victor? É isso? A minha mãe baixou ao máximo o tom de voz, para soltar uma bomba em cima de mim: — Ele comprou todos os advogados dessa cidade, antes mesmo de você procurar um. Eu engoli em seco e senti um ódio tão grande que comecei a quebrar tudo o que podia, tudo o que via na minha fren
Chegamos em casa e eu estava mais calma, serena. Dona Armênia veio curiosa para saber das novidades. — Saiu logo cedo! Está tudo bem? Maria falou que você foi às compras! Eu olhei em volta. Nossa, esqueci desse detalhe! Tudo bem, eu sacudi a cabeça e subi as escadas falando: — Não estava inspirada hoje! Preciso de um banho, preciso me alimentar bem, cuidar de mim! Minha mãe olhou desconfiada e saiu para se trancar na nossa biblioteca. Era de lá que ela fazia as suas ligações secretas. — Victor, desculpe lhe incomodar, mas é que a Nora saiu cedo e voltou muito estranha. Ela disse que ia às compras, mas voltou sem sacolas! — Ela está melhor? Ela já conseguiu sair?— ele quis saber. — Pois é, estranho que melhorou da água para o vinho! Victor ficou intrigado. — A senhora tem certeza de que ela não foi se encontrar com aquele ex dela? — Não, claro que não! Eu estou de olho, pode deixar!— minha mãe puxa-saco! Victor suspirou impaciente e disse
Um dos seguranças, mais especificamente o namorado de Zilma, Tony, trouxe o meu filho nos braços. — Obrigada, Tony!— eu disse pegando o meu filho. Júnior me olhou curioso, depois sorriu. — Ma… mamá…mamãe! Eu desmanchei no choro. Meu Deus! O meu amor ali na minha frente. Eu saí levando ele para dentro. Ana convidou os rapazes para entrar, mas eles disseram que ficariam num hotel, onde já havia reserva para eles. — Senhora, diga a Nora que nos perdoe, mas por ordem do patrão, iremos revezar entre o hotel e a casa, a cada duas horas! Nós somos oito. Estamos em dois carros. Ana ficou boquiaberta, assentiu com a cabeça e entrou na casa. Júnior fazia a festa. Todos queriam vê-lo me chamar de mãe. Durval e Maria brincavam com ele fazendo-o sorrir. Minha mãe desceu as escadas e abriu um sorriso ao ver o neto. — Ao que devo a honra de receber o filho de Victor Sorano em minha casa? — Mãe! Ele é meu filho também e é seu neto, sabia?— eu
Eu olhei para ele com os olhos pintados, o cabelo amarelo de palhaço engraçado. Ele vinha olhando para o nosso filho, achando graça. Ele ergueu os olhos de repente e eu ainda estava deslumbrada. Um príncipe! Um príncipe de pedra! Eu desviei os olhos e ele ficou confuso, piscou algumas vezes e tomou o Júnior no colo antes que eu o alcançasse. Eu tentei chegar antes, mas apenas consegui sentir o toque das suas mãos ágeis. Quantas lembranças! Ele se foi na direção de Diana, que me olhou penalizada. Tudo bem, eu teria muitas oportunidades durante a festa. Victor sumiu no meio dos convidados com Júnior no colo e Diana se aproximou de mim. — Calma, Nora! Terá muitas oportunidades ainda, eu vou te ajudar!— ela disse carinhosa. Eu continuei olhando na direção por onde Victor seguiu e respondi: — Sim, eu sei! — O danado está cada vez mais bonito, não? — Sim! Ele está cada vez mais lindo, mas frio também!— eu suspirei. Diana riu assustada e
Victor chegou afobado falando a Diana: — Diana, é ela! É ela, Diana! Onde ela está? — Do que está falando, Victor?— Diana tentou parecer normal, enquanto que Júnior no seu colo, olhava na direção onde eu havia saído correndo. — É ela, eu sei, Diana!— Victor insistiu mostrando o anel na mão. Diaba olhou curiosa, mas ainda tentou parecer natural. — Não sei do que está falando, Victor. — Era ela, aquela palhaça, Diana, eu sei!— Victor quase gritou. Diana olhou para Junior que ficou assustado. — Está assustando o seu filho!— ela se queixou. Victor olhava em volta nervoso, devia estar à minha procura. Ele falava alterado: — Onde ela está? Eu sei que foi você quem a ajudou! Diana se balançou impaciente e retrucou: — Ela é mãe, Victor! Ela tem direito. É o primeiro aniversário do filho! Pelo amor de Deus! Que implicância! Victor se inclinou para falar entre os dentes, para poupar o filho; — Depois do que ela me fez, não devia sentir piedade dela, devia estar do meu lado!
Quando Victor desligou, eu corri desesperada pela casa. Eu procurei Ana, meu porto seguro. — O que foi, menina? Que alvoroço é esse? — Ana, eu vou embora desta casa amanhã! Me ajuda a arrumar as minhas coisas, por favor! Ana subiu as escadas atrás de mim curiosa. — Mas para onde você vai, assim de repente? — Para perto do meu filho!— respondi sem me virar. Ana veio falando sem parar até chegar no quarto, onde eu entrei. — Meu Deus, sua vida parece uma gangorra! Vai voltar com o homem de pedra? Eu não conseguia falar e só então Ana percebeu que eu chorava e se desesperou a falar: — Meu Deus menina! O que aconteceu? Não está feliz? Vai ficar perto do seu filho e também do traste que você ama! — Eu vou como uma serviçal, uma criada. — O quê!— Ana não acreditou. — É isso, Ana. Victor foi capaz de me fazer tal proposta! Eu estou chocada! — Pois eu não!— Ana disse amuada. Eu virei franzindo a testa. — Seria capaz de imaginar tal af