Capítulo 2°

O Homem da Minha Vida

A música ao vivo voltou a soar e os casais se achegaram novamente. 

Mel viu as amigas saírem para dançar e procurou por Rodolpho, mas ele não estava mais na mesa com a irmã. Sentiu-se triste e caminhou em direção ao mar.

Podia ver as espumas que as ondas provocavam e seu coração se acalmou. Aquele era o seu lugar. Sempre viveu ali, naquela cidade pacata, onde todos se conheciam e o céu estrelado que emoldurava aquela paisagem, era o céu do Rio Grande do Norte, e aquela era uma praia conhecida pelas águas cristalinas, um paraíso do nordeste brasileiro. Aquele estado era rico em beleza natural. As praias se estendiam por todo o seu território, mas ele era também conhecido por sua grande plantação de cana de açúcar e era aí que entrava o famoso empresário Antônio Queiroz, o pai de Rodolpho. Ele morava na cidade vizinha, que também não era muito grande e não era banhada pelo mar, mas gostava de viver na cidade onde cresceu e a sua casa era a maior e parecia uma fortaleza. Todos comentavam e Mel já imaginava Rodolpho adentrando no seu castelo, como um príncipe! 

Ela olhou para o céu e as estrelas pareciam tão cúmplices que ela sorriu e suspirou.

  — Não vou perdê-lo de vista! Eu o encontrei! — ela falava ao vento e a brisa do mar tocava o seu rosto lhe fazendo suspirar.

Algum tempo se passou e Mel pensava em voltar para junto das amigas, quando sentiu-se abraçada por trás e o seu pescoço inclinou-se naturalmente para um lado, enquanto sentia os lábios quentes de Rodolpho roçando a pele do outro lado, lhe fazendo arrepiar. 

  — Pronto, agora não vou mais sair de perto de você! — Ele sussurrou.

Mel virou-se lentamente emocionada.

  — E a sua irmã?— ela quis saber.

Rodolpho fechou o semblante para responder:

  — Já a levei para casa! Passou da hora, ela é apenas uma criança, nem devia estar aqui!

Mel olhou ao longe, era um grande quiosque com música ao vivo à beira mar, não via nenhum mal nisso.

  — Você é duro com ela!— ela concluiu. 

Rodolpho ergueu as sobrancelhas e respondeu alterado:

  — Vim até aqui por causa dela! É filha da outra! Não sabe? O meu pai tem uma amante e eu faço o papel de bom irmão!

Mel franziu a testa e sentiu-se tonta. Vivia numa família rígida, jamais aceitaria uma situação daquela com naturalidade.

  — Você se sente à vontade numa situação dessa?— ela falava num tom de crítica. 

  — O que eu posso fazer? Ela é minha irmã! — Rodolpho respondeu subitamente. 

Mel insistiu na discussão:

  — Mas e a sua mãe? Ela deve sofrer sabendo que você aceita a outra mulher de seu pai!

Rodolpho suspirou e disse vencido:

  — Sim, ela sofre, mas Rose é minha irmã querida e eu a amo!

Mel ficou em silêncio, não tinha direito de julgar Rodolpho, mas para ela, aquela situação de seu pai, era um alerta para que ficasse com um pé atrás. 

Rodolpho pareceu perceber e começou a falar brincalhão:

  — O que foi? Porque está  me olhando assustada? Não sou igual ao meu pai! Não sou mulherengo e nem aproveitador, não que o meu pai seja!

Mel olhou para o seu príncipe e viu um abismo entre eles, como se de repente tivesse consciência da diferença de classe social que havia entre eles. Os seus pés quiseram recuar, mas as mãos de Rodolpho lhe seguravam com força. 

  — Não fuja de mim, por favor!— ele implorou.

Mel baixou a cabeça e olhou os pés descalços, depois sorriu dizendo:

  — Vamos sentir a água do mar!

Rodolpho sorriu aliviado e começou a arregaçar as calças brancas, ele também estava descalços.

Os dois saíram de mãos dadas na direção do mar e logo alcançaram a água morna. 

Caminhavam se olhando, como se o mundo se resumisse a eles dois.

De repente, Rodolpho parou segurando as duas mãos de Mel e olhou fixamente nos seus olhos.

Havia um brilho no seu olhar, ele respirava ofegante e Mel fechou os olhos para encontrar os seus lábios macios e delicados. Foram tantos beijos que ela viu ele tirar a camisa e estendê-la sobre a areia e depois fazê-la deitar sem que conseguisse resistir.

Rodolpho inclinou-se sobre ela e a beijou intensamente. As mãos dele deslizavam suavemente pelo seu corpo. Mel nunca tinha sentido aquela sensação de entrega. Sentia o mesmo desejo que ele, acreditava que não se separariam mais e viu as suas roupas cederem ao toque sutil que lhe escravizava, ela estava à mercê daquele estranho. 

Quando os lábios de Rodolpho se afastaram e ele sorriu maliciosamente, ela sentiu-se dominada por um medo terrível de ser julgada. Olhou para os lados e viu a blusa paciente lhe esperando e esticou as mãos para alcançá-la. Num minuto, estava sentada cobrindo os seios com a roupa.

Rodolpho estava assustado e confuso.

Mel se levantou e vestiu a blusa branca, depois abotoou o short. Ela respirava ofegante e olhava para Rodolpho como se o acusasse de assédio. 

  — Me perdoe!— ele disse desesperado olhando nos olhos dela, enquanto se levantava.

Mel saiu correndo e Rodolpho ficou desolado com as mãos na cintura. Não compreendia o que se passava. Nunca havia passado por tal situação. Não tinha tempo de namorar. Trabalhava muito, mas quando circulava na sua cidade com o seu carro possante, as garotas vinham lhe cumprimentar e uma acabava aceitando o seu convite para uma volta que terminava em intimidades em algum lugar isolado da cidade. Não sabia lidar com uma garota como Mel. Haviam só cinco irmãos machistas espalhados naquele lugar e um pai rigoroso que usava uma frase para lhe assustar:" Se der um erro, eu coloco para fora de casa!"

Mel saiu correndo, como se ouvisse a voz do pai lhe perseguindo e conseguiu chegar num lugar seguro onde Rodolpho não a encontraria. 

Nice e Iara estavam à sua procura.

  — Pelo amor de Deus, onde ela está?— Era Rodolpho que segurava a camisa nas mãos e tinha um olhar de desespero.

Iara o examinou dos pés a cabeça e respondeu:

  — Mel não é como as outras! Ela é tímida! Você a assustou!

Nice sorriu zombeteira e disse:

  — Vai achá-la fácil! Essa cidade é pequena! O pai dela é José Aquino, e trabalha numa das usinas do seu pai. 

Iara arregalou os olhos sem acreditar que Nice estava entregando a amiga descaradamente.

  — Sabe a rua do mercado de peixe?— Nice dizia com uma mão apontando para um ponto na direção do centro, mas Iara a interrompeu.

  — Nice! Pare de falar, pelo amor de Deus! 

Rodolpho parecia alheio às moças e os seus olhos procuravam por Mel incansavelmente. De repente ele saiu correndo.

As duas moças os seguiram com o olhar, curiosas, enquanto o viam andar em passos largos vestindo a camisa desajeitadamente. 

  — Ele a encontrou! — Nice disse séria sem tirar os olhos de Rodolpho. 

Iara ficou pensativa e as palavras saíram naturalmente dos seus lábios:

  — Acho que essa história vai longe! 

Depois de um suspiro, as duas voltaram para o local onde estavam e voltaram a dançar. 

  

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