O Homem da Minha Vida
A música ao vivo voltou a soar e os casais se achegaram novamente.
Mel viu as amigas saírem para dançar e procurou por Rodolpho, mas ele não estava mais na mesa com a irmã. Sentiu-se triste e caminhou em direção ao mar.
Podia ver as espumas que as ondas provocavam e seu coração se acalmou. Aquele era o seu lugar. Sempre viveu ali, naquela cidade pacata, onde todos se conheciam e o céu estrelado que emoldurava aquela paisagem, era o céu do Rio Grande do Norte, e aquela era uma praia conhecida pelas águas cristalinas, um paraíso do nordeste brasileiro. Aquele estado era rico em beleza natural. As praias se estendiam por todo o seu território, mas ele era também conhecido por sua grande plantação de cana de açúcar e era aí que entrava o famoso empresário Antônio Queiroz, o pai de Rodolpho. Ele morava na cidade vizinha, que também não era muito grande e não era banhada pelo mar, mas gostava de viver na cidade onde cresceu e a sua casa era a maior e parecia uma fortaleza. Todos comentavam e Mel já imaginava Rodolpho adentrando no seu castelo, como um príncipe!
Ela olhou para o céu e as estrelas pareciam tão cúmplices que ela sorriu e suspirou.
— Não vou perdê-lo de vista! Eu o encontrei! — ela falava ao vento e a brisa do mar tocava o seu rosto lhe fazendo suspirar.
Algum tempo se passou e Mel pensava em voltar para junto das amigas, quando sentiu-se abraçada por trás e o seu pescoço inclinou-se naturalmente para um lado, enquanto sentia os lábios quentes de Rodolpho roçando a pele do outro lado, lhe fazendo arrepiar.
— Pronto, agora não vou mais sair de perto de você! — Ele sussurrou.
Mel virou-se lentamente emocionada.
— E a sua irmã?— ela quis saber.
Rodolpho fechou o semblante para responder:
— Já a levei para casa! Passou da hora, ela é apenas uma criança, nem devia estar aqui!
Mel olhou ao longe, era um grande quiosque com música ao vivo à beira mar, não via nenhum mal nisso.
— Você é duro com ela!— ela concluiu.
Rodolpho ergueu as sobrancelhas e respondeu alterado:
— Vim até aqui por causa dela! É filha da outra! Não sabe? O meu pai tem uma amante e eu faço o papel de bom irmão!
Mel franziu a testa e sentiu-se tonta. Vivia numa família rígida, jamais aceitaria uma situação daquela com naturalidade.
— Você se sente à vontade numa situação dessa?— ela falava num tom de crítica.
— O que eu posso fazer? Ela é minha irmã! — Rodolpho respondeu subitamente.
Mel insistiu na discussão:
— Mas e a sua mãe? Ela deve sofrer sabendo que você aceita a outra mulher de seu pai!
Rodolpho suspirou e disse vencido:
— Sim, ela sofre, mas Rose é minha irmã querida e eu a amo!
Mel ficou em silêncio, não tinha direito de julgar Rodolpho, mas para ela, aquela situação de seu pai, era um alerta para que ficasse com um pé atrás.
Rodolpho pareceu perceber e começou a falar brincalhão:
— O que foi? Porque está me olhando assustada? Não sou igual ao meu pai! Não sou mulherengo e nem aproveitador, não que o meu pai seja!
Mel olhou para o seu príncipe e viu um abismo entre eles, como se de repente tivesse consciência da diferença de classe social que havia entre eles. Os seus pés quiseram recuar, mas as mãos de Rodolpho lhe seguravam com força.
— Não fuja de mim, por favor!— ele implorou.
Mel baixou a cabeça e olhou os pés descalços, depois sorriu dizendo:
— Vamos sentir a água do mar!
Rodolpho sorriu aliviado e começou a arregaçar as calças brancas, ele também estava descalços.
Os dois saíram de mãos dadas na direção do mar e logo alcançaram a água morna.
Caminhavam se olhando, como se o mundo se resumisse a eles dois.
De repente, Rodolpho parou segurando as duas mãos de Mel e olhou fixamente nos seus olhos.
Havia um brilho no seu olhar, ele respirava ofegante e Mel fechou os olhos para encontrar os seus lábios macios e delicados. Foram tantos beijos que ela viu ele tirar a camisa e estendê-la sobre a areia e depois fazê-la deitar sem que conseguisse resistir.
Rodolpho inclinou-se sobre ela e a beijou intensamente. As mãos dele deslizavam suavemente pelo seu corpo. Mel nunca tinha sentido aquela sensação de entrega. Sentia o mesmo desejo que ele, acreditava que não se separariam mais e viu as suas roupas cederem ao toque sutil que lhe escravizava, ela estava à mercê daquele estranho.
Quando os lábios de Rodolpho se afastaram e ele sorriu maliciosamente, ela sentiu-se dominada por um medo terrível de ser julgada. Olhou para os lados e viu a blusa paciente lhe esperando e esticou as mãos para alcançá-la. Num minuto, estava sentada cobrindo os seios com a roupa.
Rodolpho estava assustado e confuso.
Mel se levantou e vestiu a blusa branca, depois abotoou o short. Ela respirava ofegante e olhava para Rodolpho como se o acusasse de assédio.
— Me perdoe!— ele disse desesperado olhando nos olhos dela, enquanto se levantava.
Mel saiu correndo e Rodolpho ficou desolado com as mãos na cintura. Não compreendia o que se passava. Nunca havia passado por tal situação. Não tinha tempo de namorar. Trabalhava muito, mas quando circulava na sua cidade com o seu carro possante, as garotas vinham lhe cumprimentar e uma acabava aceitando o seu convite para uma volta que terminava em intimidades em algum lugar isolado da cidade. Não sabia lidar com uma garota como Mel. Haviam só cinco irmãos machistas espalhados naquele lugar e um pai rigoroso que usava uma frase para lhe assustar:" Se der um erro, eu coloco para fora de casa!"
Mel saiu correndo, como se ouvisse a voz do pai lhe perseguindo e conseguiu chegar num lugar seguro onde Rodolpho não a encontraria.
Nice e Iara estavam à sua procura.
— Pelo amor de Deus, onde ela está?— Era Rodolpho que segurava a camisa nas mãos e tinha um olhar de desespero.
Iara o examinou dos pés a cabeça e respondeu:
— Mel não é como as outras! Ela é tímida! Você a assustou!
Nice sorriu zombeteira e disse:
— Vai achá-la fácil! Essa cidade é pequena! O pai dela é José Aquino, e trabalha numa das usinas do seu pai.
Iara arregalou os olhos sem acreditar que Nice estava entregando a amiga descaradamente.
— Sabe a rua do mercado de peixe?— Nice dizia com uma mão apontando para um ponto na direção do centro, mas Iara a interrompeu.
— Nice! Pare de falar, pelo amor de Deus!
Rodolpho parecia alheio às moças e os seus olhos procuravam por Mel incansavelmente. De repente ele saiu correndo.
As duas moças os seguiram com o olhar, curiosas, enquanto o viam andar em passos largos vestindo a camisa desajeitadamente.
— Ele a encontrou! — Nice disse séria sem tirar os olhos de Rodolpho.
Iara ficou pensativa e as palavras saíram naturalmente dos seus lábios:
— Acho que essa história vai longe!
Depois de um suspiro, as duas voltaram para o local onde estavam e voltaram a dançar.
O Homem da Minha VidaMel estava trêmula por trás de uns arbustos e não percebeu quando Rodolpho se aproximou por trás. Ela se virou já sentindo a respiração forte no seu pescoço e se atirou nos seus braços num misto de medo e desejo.Se beijaram longamente e Rodolpho se controlou para não lhe assustar. As suas mãos comportadas seguravam a cintura fina de Mel enquanto ela acariciava o rosto dele. O toque dos seus dedos delicados era como um calmante para o seu desejo. Ela era diferente, não iria se entregar tão fácil. Rodolpho sorriu quando ela se afastou com olhar de menina. Era tão meiga e ingênua, pensava se a merecia. Na sua cidade, já se envolveu com metade das moças e a sua fama não era das melhores, ele imaginava. Começava a pensar em como eram diferentes e ao mesmo tempo se encaixavam de forma tão harmônica. Aquela menina simples de olhar doce e puro era uma jóia e não sabia como agir diante dela. Sempre foi tão simples para ele as coisas. Queria alguém, ia lá e era só este
O Homem da Minha Vida José de Aquino voltou a se acalmar depois de ver que a filha dormia como um anjo, pelo menos era o que parecia. — Vou mandar os imprestáveis dos seus filhos ficarem de olho nela!— José disse isso indo na direção do seu quarto, seguido por Helena que caminhava olhando para trás pensando em Mel. "Como a filha se recolheu debaixo dos lençóis tão rápido?" Mel se sentou na cama sorrindo aliviada. Tinha algo de menina peralta que aflorava toda vez que pensava em enganar o carrasco do seu pai. Ela se levantou e ficou diante do espelho se admirando. Suspirava pensando em Rodolpho, o seu primeiro amor! Prometeu amá-lo para sempre e não deixar que ninguém os separasse. Depois voltou a deitar-se e adormeceu. A menina sonhadora, que vivia com a cabeça nas nuvens, acreditava estar vivendo aquele amor inesquecível, aquele que atravessa a barreira do tempo e parece intacto! Quantas pessoas guardam uma história assim e ficam remoendo, pensando no que deu errado ou no q
O Homem da Minha VidaO percurso entre as duas cidades não era longo, mas Rodolpho estava ansioso por encontrar Mel.Joel fez a viagem em silêncio. Vez ou outra, lançava um olhar de curiosidade para o patrão. Enfim chegaram. Joel ficou logo no começo da orla marítima e Rodolfo seguiu para o local combinado com Mel.Ela esperava ansiosa ao lado das amigas. Ele parou o carro e ela correu para encontrá-lo. Nice e Iara ficaram de braços cruzados observando de longe, encostadas numa mureta do quiosquebar.Ela se inclinou quando Rodolpho baixou o vidro do carro. — Entra aí! — ele disse baixando os óculos de sol. Mel o achou ainda mais lindo. Os olhos escuros dele brilhavam ainda mais com o reflexo solar.Ela sorriu animada e disse se afastando do carro: — De jeito nenhum! Adoro andar! Quero pôr os pés na areia! Sai logo desse carro!Rodolpho não gostou muito da sua negativa, mas estava tão empolgado, que encostou o carro e foi ao seu encontro sorrindo. Durante o percurso, tirou a cam
O Homem da Minha Vida Mel e Rodolfo fugiam dos olhos vigilantes dos irmãos. Eles eram cinco e estavam espalhados pela orla marítima, mas eles tinham uma fraqueza, estavam sempre atrás de um rabo de saia.Tito era o mais velho e vivia às escondidas com Iara, viviam num relacionamento cheio de idas e vindas. — Entra no meu carro, Mel, por favor!— Rodolpho implorava.Mel apenas negava com a cabeça.Ele já estava impaciente segurando a porta do carro e sem pensar, bateu a porta. Só nesse momento, se deu conta de que deixou a chave na ignição e a porta travou.Mel percebeu na hora e elevou as mãos à boca.Rodolpho colocou as mãos na cabeça desesperado. Olhou em volta procurando socorro e viu Joel se aproximando ansioso.Rodolpho suspirou aliviado e começou a falar, enquanto via o homem vindo na sua direção em passos largos: — Joel, me ajuda! Deixei a chave dentro do carro! A porta travou!Joel caminhou curioso em volta do carro, enquanto Nice observava ao longe. Ela tentava assimilar
O Homem da Minha Vida Os beijos de Rodolpho eram quentes e Mel sentiu um calor percorrer todo o seu corpo. A pele dele parecia colada na sua e ela tinha a impressão de estar despida também. — Rodolpho… — Mel…Apenas suspiros e as mãos do príncipe exploravam o corpo da princesa sem resistência, vencida. Mel teve a impressão de ouvir a voz estridente do pai à gritar:" Se der um erro, é rua! Coloco pra fora de casa! Não quero filha minha falada aqui dentro! Ela se afastou com os olhos arregalados e cobriu os seios com as mãos. — Não sou como as moças do seu convívio!— ela dizia enquanto abotoava o vestido leve estampado que vestia sobre o biquíni.Rodolpho ouviu passos se aproximando e se enrolou rapidamente com um lençol que cobria o colchão de uma das camas. Era o quarto dos cinco irmãos e haviam muitas roupas espalhadas também.Mel cruzou os braços assustada e ficou encostada na parede atrás da porta.Helena colocou a cabeça para dentro do quarto e disse simpática: — Es
O Homem da Minha Vida Rodolpho baixou a cabeça sobre a mesa, desanimado. — Detesto ver minha mãe sofrer sem poder fazer nada!— ele disse com voz sofrida.Antonio suspirou e se ajeitou para começar a almoçar, quando os dois filhos mais novos chegaram sorridentes. — E aí preferido? Eu vi você todo apaixonado lá na praia!— disse Roberto brincalhão.Rodolpho ergueu os olhos preguiçosamente para o irmão caçula, mas não disse nada. — Que garota bonita, hein?— comentou Ronaldo, o do meio.Os irmãos de Rodolpho eram muito diferentes dele. Se pareciam mais com a mãe. Eram mais encorpados e se vestiram de forma desleixada. Rodolpho parecia um príncipe. Andava sempre muito elefante. Era fino no trato com as pessoas e chamava muito a atenção por onde andava.Antonio lhe dava mais atenção e fazia questão que ele andasse com seguranças e quando ele teimava em sair sem, ele mandava Joel segui-lo sem que ele percebesse. Antonio encarava os dois filhos mais novos com ar de reprovação.Eles pe
O Homem da Minha Vida Nos dias que se seguiram, Mel não viu Rodolpho e era obrigada a ouvir piadas dos irmãos, enquanto ficava pensativa deitada na rede do terraço na frente da sua casa. — Cadê o filho do doutor Antônio Queiroz? Se arrependeu de falar com o pai? Não quer mais namorar a moça pobre?— Era Tito, que parecia um chefe de gangster, andava sempre acompanhado do irmão Celso e logo atrás vinha os outros Joaquim e Jonas. — O pai nem gostou que o play boy estivesse aqui!— disse Celso com olhar desafiador. Mel sacudiu a cabeça e deu de ombros, os ignorando. O que estava doendo mesmo, era o fato de Rodolpho ter sumido. Ela sabia que era diferente das moças daquele lugar. Parecia ter medo de homem, mas com o pai que tinha e os irmãos a lhe perseguir, de que outro jeito poderia ser? Pensava que Rodolpho a tinha esquecido. Voltou à realidade quando ouviu a voz de Dino, seu irmão querido. — Não liga para eles, Mel, você vai vê como o seu namorado vai voltar!— ele disse se senta
O Homem da Minha Vida Mel chegou em casa feliz. Agora podia sonhar com o seu príncipe. Tinha certeza que a amiga iria convencer o seu irmão. E ela não estava errada. Iara esperava por Tito no dia seguinte na porta de sua casa quando ele chegou cansado e suado do trabalho. Tito trabalhava com o irmão Celso no plantio de cana de açúcar numa fazenda que fornecia cana e o pai na Usina que também ficava nos arredores da cidade.Os olhos dele brilharam ao ver Iara encostada na mureta do terraço da sua casa. Iara usava um short bem curto, branco cheio de detalhes bordados e uma blusa preta colada ao corpo. Tito já foi logo lhe agarrando pela cintura e lhe beijando, deixando Iara sem fôlego. Ele estava sujo, o uniforme amassado, mas ela gostava desse jeito atrevido dele.Celso vinha logo atrás, passando a mão na testa para espalhar o suor e olhou sério para Iara. Ele sempre falava para Tito que ela só ficava com ele quando não tinha outra opção. Ele achava Iara atirada e também não gos